Psico-Geografia Algorítmica

Em 2002, o Web site Socialfiction propõe e desenvolve, em várias partes do mundo, os seus algoritmos psico-geográficos. Numa cidade qualquer, um grupo reúne-se a partir dos algoritmos propostos, realizando cada indivíduo o seu percurso, que desenha, construindo um mapa, qual topógrafo ou cartógrafo amador, à procura de novos mundos para registar, novos mapas sem portagens, reconhecíveis e utilizáveis por todos. Neste processo não faltam as matrizes dos transportes públicos, do metro, dos autocarros, dos eléctricos. Os destinos turísticos apresentam programas pormenorizados das suas excursões: cada dia, um novo local para explorar; em sete dias, completa-se uma viagem por qualquer país estranho. Cada percurso é entendido num mapa.

“O tomador de ópio do século XIX, Thomas de Quincey, permanece o primeiro caso registado e verdadeiramente o protótipo do nómada obsessivo. Sem outro objectivo senão o de satisfazer a sua curiosidade sobre o que poderia ser descoberto a seguir à próxima esquina. De Quincey passou dias inteiros a caminhar aleatoriamente por Londres. No século XX, os surrealistas, nos anos trinta e os Letristas, nos anos cinquenta, transformaram este impulso numa prática sistemática. Nos anos sessenta, os Situacionistas levaram esta actividade ao nível seguinte, desenvolvendo a Psico-Geografia: a ciência da deriva.” [1]

Psico-Geografia Algorítmica é um princípio genérico utilizado para caminhar na cidade. Os passeios efectuados neste contexto não são, como anteriormente, aleatórios, devendo o psico-geógrafo usar a sua experiência e imaginação no ambiente urbano, de uma nova forma. “Os métodos adoptados são, por exemplo seguir literalmente o nariz, perseguindo cheiros ou navegar por Paris, com um mapa de Londres.”[2] Nos anos setenta, a Psico-Geografia continua a atrair as pessoas mas a nível académico. A curiosidade de descobrir aspectos desconhecidos da cidade levou à organização de explorações urbanas, com carácter cultural, eventos que reúnem entusiastas a nível mundial.

[1] http://socialfiction.org/psychogeography/algoeng.htm: 19th Century opium eater Thomas de Quincey remains the first reported case & indeed the prototype of the obsessive drifter. With no other goal in mind than to satisfy his curiosity about what might be discovered around the next corner, De Quincey spent entire days randomly strolling around London. In the 20th century, the surrealists in the 30ties & the Lettrists in the 50ties elaborated on this urge by transforming it into a systematic practice. In the 60ties the Situationists took this activity to the next level by developing psychogeography: the science of the derive the drift.


[2] http://socialfiction.org/psychogeography/algoeng.htm: Methods they adopted for this were for instance to literally followed their nose by chasing smells or navigating through Paris on a map of London.