Obra Aberta

Do multifacetado trabalho de Umberto Eco destaca-se a Obra Aberta (1962). Eco, citando Henri Pousseur, define obra “aberta” “como aquela que produz no intérprete actos de liberdade consciente, colocando-o no centro de uma rede de relações inesgotáveis entre as quais, ele insere a sua própria forma.” Umberto Eco refere-se à obra em movimento como um livro que apresenta uma estrutura dinâmica, no qual as páginas não teriam uma ordem fixa, as folhas estariam soltas e organizadas em fascículos, no qual, mesmo com o deslocamento das folhas, se manteria a coerência das suas combinações (o que se conseguiria através das técnicas das matemáticas modernas). Esta obra seria inesgotável e aberta. Antevê-se no hipertexto uma hipótese de concretização da obra preconizada por Eco.

“Obra aberta como proposta de um “campo” de possibilidades interpretativas, como configuração de estímulos dotados de uma substancial indeterminação, de modo que o fruidor seja levado a uma série de “leituras” sempre variáveis; estrutura, enfim, como “constelação” de elementos que se prestam a diferentes relações recíprocas. (...)” [2]

Eco refere-se a uma poética do informal como sendo o resultado final da estrutura dinâmica da obra, onde o seu valor estético não está em causa, continuando a problematizar a dicotomia aberto/fechado da Obra Aberta, explorando os limites dos modelos de interpretação linguística.


[1] UMBERTO ECO – Obra Aberta