The Legible City

Representa um dos primeiros trabalhos artísticos realizados com a tecnologia da realidade virtual. Um espaço onde o espectador pode interagir através de uma bicicleta e explorar um mundo de palavras. Na primeira versão de 1989, o viajante percorria parte de Manhattan, em Nova Iorque, entre as ruas 34th e 66th e a avenida 11th. A partir de um computador, correndo em tempo real, a cidade é visualizada por meio de palavras e frases, construídas tridimensionalmente, e correspondentes à planta e escala actual da cidade. A arquitectura real da cidade é substituída inteiramente por uma nova edificação de texto. Ao pedalarmos pela cidade, viajamos por diversas leituras, que correspondem a diferentes sentidos. As próprias frases repercutem uma ligação particular com a cidade: monólogos do Mayor Kocn, do arquitecto Frank Lloyd Wright, de pessoas comuns, que habitam a urbe no seu dia a dia. Cada história corresponde a um lugar específico da cidade real. As frases podem ser seguidas pela sua cor. Ao escolher uma direcção, ao virar à esquerda em vez da direita, define-se a viagem.

A nova versão desta obra tem como opção mais duas cidades: Amesterdão e Karslsruhe. Em relação a Amesterdão, a área representada é a parte velha da cidade, cuja fronteira temporal é o século XIX. As letras, para além de apresentarem as mesmas cores dos edifícios reais, correspondem também às suas dimensões. Foram utilizados textos, frases e palavras, que derivam de um arquivo documental relativo a eventos ocorridos entre os séculos XV e XIX. Respeita-se o vocabulário da época.

O conceito de labirinto literário ressalta, de certo modo, da afirmação de Calvino: “o que queremos separar e distinguir da literatura de entrega ao labirinto é uma literatura de desafio do labirinto”. Um texto constitui uma teia de relações pré-estabelecidas de vivências, onde o leitor encontra pistas para a construção de uma interpretação pessoal. Constituindo o labirinto, essencialmente, um cruzamento de caminhos dos quais alguns sem saída (becos), é todavia a diversidade que permite descobrir a via que conduz ao centro, isto é, ao seu significado.