Spiral Jetty

Outrora pensava-se que a energia fluía segundo uma espiral, que simboliza a energia masculina e feminina, o sol e a lua. O trabalho de Robert Smithson refere-se de algum modo a este tipo de manifestação, especialmente no lugar onde se situa a peça, um local deserto, desolado, fracturado, no Utah, em Great Salt Lake.[2] A espiral reflecte a formação circular dos cristais de sal, como também o próprio espaço topográfico onde está inserida, para além de referenciar uma lenda mítica sobre um remoinho que se encontra no centro do lago.

Em 1970, Robert Smithson interessou-se por lagos de sal, dado saber que as microbactérias que surgem em ambientes salinos concentrados tornam a água vermelha. O trabalho que, por vezes, se encontra submerso, ainda hoje atrai um público peregrino que se desloca a este local remoto para caminhar sobre a espiral. A peça de Smithson é um anti monumento. Visão do autor: o mundo é governado não por certezas da razão, mas pela incerteza da matéria. Este trabalho retrata de certo modo um universo em ruína. Segundo Smithson, a sua essência pode ser encontrada na lógica dos cristais, que se partem ao crescer. A viagem até ao seu centro é surpreendente, longa e desestabilizadora. No final da espiral podemos captar o sentido do trabalho. Smithson refere-se também a uma dialéctica do espaço e do não-espaço, que consiste num espaço indeterminado, onde sólido e líquido se diluem.