O Museu Imaginário

O Museu Imaginário, proposto por Malraux, consiste numa colecção de trabalhos, um processo mnemónico que suscita o estabelecimento de diferentes relações.

O processo de impressão altera a nossa relação com a arte; a fotografia serve a arte e a história da arte, mas “a sua difusão é alimentada por uma prospecção cada vez mais subtil e cada vez mais extensa. Muitas vezes, substitui a obra-prima tradicional pela obra significativa, o prazer de admirar pelo de conhecer.” A fotografia serve para reproduzirmos as imagens, os trabalhos que se encontram espalhados nos museus, juntam-se em conjuntos. A herança de uma estética de uma representação ideal, onde “existia um “passado de ouro” da arte” esbate-se com o surgimento da reprodução fotográfica que modificará incontestavelmente a hegemonia de um “passado de ouro”, que era representado por uma selecção de obras-primas.

O Museu Imaginário é um novo enquadramento de um olhar singular. O Museu Imaginário apenas existe actualmente na nossa memória. É um álbum que criámos através de reproduções, com obras provenientes de todas as civilizações.

Para Malraux, o museu é o lugar onde o objecto se torna obra de arte, separando-se da ideologia que o criou. O museu estabelece um modelo que retira o objecto de arte, da vida, escravizando-o ao funcionalismo e à compensação de imortalidade. Esta imortalidade é de facto a vida da comunidade das obras de arte que interagem no museu. O museu impõe um novo status ao objecto, num processo que Malraux designou por “metamorfose”: a transformação do objecto, ao entrar nesta nova comunidade de objectos de arte, vindo de um outro contexto geográfico, histórico e de uma outra comunidade ideológica.

A diversidade artística, existente nos nossos dias, forma uma teia de relações de objectos expostos num mundo que cabe na nossa sala. Domesticadamente um web site, hoje conectado a inúmeros outros web sites, através dos quais podemos navegar, abrindo uma porta de acesso ao nosso “Museu Imaginário”.