Pintura Sonora

Desde tempos imemoriais que a pintura Indiana é berço de uma rede de amores antigos, melodias melancólicas, pinturas espantosas e de poesia poderosa. Esta tradição converge na forma de Ragamala, a confluência da música clássica, poesia e pintura. Ragamala na linguagem, sânscrito significa "uma grinalda de modos musicais". É uma colecção de melodias, dividida em ragas e raginis. Raga refere-se “a qualquer coisa que pinta a mente com um sentimento ou emoção particular”. A música na totalidade é feita de sete notas elementares. O “Do, ré, mi” da melodia ocidental e o “sa, re, ga” da música clássica indiana. Cada nota ou “Swara” relata um carisma da natureza, o corpo humano, animais, cores e emoções. As personagens nas pinturas, também tem o nome de ragas que são os príncipes e raginis que são as princesas, estes personificam o espírito das várias melodias. Cada raga ou ragini é associada a uma certa época e tempo, na qual cada espaço temporal tem um verso concreto de poesia, que acompanha os amantes num estado de separação ou união. Ragamala é uma tentativa de explicar o sentido sublime da música através da pintura e da poesia, olhando para a raga do ponto de vista de um músico, de um poeta e de um pintor. Ao explorarmos as ragas, acabamos por nos apercebermos do sentido de cada uma delas e o que explica o seu sentimento, o seu tempo no dia em que é para ser cantada, o que simboliza a época estival, a circunstância, as emoções e o lugar onde sobressai o melhor da raga.

Existem quatro versões da obra "O Grito" pintadas por Edvard Munch em 1893. A poderosa figura, angustiada, contra o fundo vermelho é uma das imagens mais conhecidas no mundo da arte, símbolo de desespero e alienação do homem moderno, para quem Deus está morto e para quem o materialismo não fornece consolo. Munch escreveu várias versões de uma prosa-lírica associada ao tema: "Eu estava a andar por um caminho com dois amigos – o sol estava se pondo – de repente o céu ficou vermelho sangue – parei, sentindo-me exausto, e apoiei-me na cerca – havia sangue e línguas de fogo acima do fiorde preto-azulado e da cidade – os meus amigos seguiram a caminhar, e fiquei lá trémulo de ansiedade – e senti um grito infinito passando pela natureza. Este som inaudível é visível ao nosso olhar.”