Nostalgia

Em finais dos anos setenta do século XX, assiste-se a um retorno à pintura e à escultura clássicas, que retomam velhos conceitos de permanente exaltação do passado. Esta época assenta num refazer, num revivalismo académico. Este exaltar do passado é bem exemplificado pelo anacronismo corrente, decadente e nostálgico, que cita um género do passado sem o questionar. Neste contexto, correntes como a Transvanguarda, idealizada por Achille Bonito Oliva, ou os Novos Selvagens retornam, à figuração.

“[...] A área cultural na qual a arte dos anos oitenta opera é a Transvanguarda, que considera a linguagem como um instrumento de transição, ou de passagem de um trabalho para outro, e de um estilo para outro. Enquanto a vanguarda, em todas as suas variações do pós-guerra, se desenvolveu de acordo com a ideia evolutiva do Darwinismo linguístico cujos antecedentes encontramos nos movimentos da vanguarda histórica, a Transvanguarda, num outro sentido, opera fora desta condição obrigatórias, seguindo a atitude nómada da reversibilidade de todas as linguagens do passado.” [1]

Este é um tempo em que os artistas já não representam grupos, tendências ou estilos mas, sim, a diversidade de muitas individualidades autorais e o estabelecimento de pontes de comunicação a outras culturas.

““Hoje, a diversidade das opiniões críticas, dá a um maior número de artistas uma oportunidade de serem reconhecidos.” Por um efeito de sinédoque que se percebe – é difícil distinguir um átomo de outro átomo, de tal forma parecem formar um campo unido ao justaporem-se indefinidamente –, o espaço da arte contemporânea é um espaço elástico, onde o microcosmos se torna macrocosmos e vice-versa. Passa-se de universos extremamente pessoais, muitas vezes confinados, a conglomerados de todos esses universos em exposições, que, cada vez mais, juntam artistas que representam todas as civilizações”.[2]

Os artistas vivem o fenómeno da globalização, torna-se difícil distinguir um autor de um outro, pois formam um tecido de universos artísticos, onde as relações são partes constitutivas do mundo artístico actual.

[1] LEA VERGINE – “Avanguardia Transvanguardia”, in Art on the Cutting Edge[2] CATHERINE MILLET – A Arte Contemporânea