Cérebro Quântico

O físico Roger Penrose no seu livro “The Emperor's New Mind: Concerning Computers, Minds and The Laws of Physics“ (1989) refere que a consciência transcende sistemas de lógicas formais. As leis estabelecidas da física não conseguem explicar, quanto mais simular. A consciência é um processo físico, é uma fórmula especifica quântica.

O médico e anestesista Stuart Hameroff em “The Brain is both Neuro and Quantum computer” (2007) diz-nos que os seus pacientes quando estão sob anestesia não sonham devido a não terem consciência nem noção do tempo. Reparou que com a anestesia a consciência desaparece, mas o cérebro mantém-se activo. Concluiu que a consciência e a actividade cerebral têm uma ligação.

Penrose e Hameroff em conjunto desenvolveram uma teoria radical do funcionamento do cérebro. Dentro das células cerebrais podemos encontrar micro-estruturas, que tem por nome: micro-túbulos. Os micro-túbulos são pequenas estruturas cilíndricas e ocas formadas por proteínas que tem por nome: Tubulinas. Estas proteínas funcionam dentro dos neurónios do cérebro, organizam a forma, a actividade e função ao nível molecular, como “autómatos” celulares. Os micro-túbulos parecem ter sido concebidos como algo análogo a um computador, pois processam a informação, fazendo o transporte via intracelular. A conexão entre as células neuronais é controlada pelo comportamento da coerência quântica que ocorre dentro dos micro-túbulos do neurónio. Ambos argumentam que os micro-túbulos permitem que os neurónios e todo o cérebro funcionem como um computador quântico, e é esse computador quântico que poderá ser a nossa consciência. Este modelo de consciência é conhecido como “Orchestrated Objective Reduction” (Orch OR), onde a consciência é uma sequência de computações quânticas. A visão clássica do funcionamento do cérebro é vista como um conjunto de neurónios individuais. Quando um neurónio dispara envia um sinal ao próximo neurónio, que provoca uma activação desse neurónio, que por sua vez activa outro neurónio, disparando desta forma um conjunto de neurónios. No fundo, é análogo a um computador convencional, onde o sinal percorre um caminho. A nova proposta apresenta-nos o cérebro como um computador quântico, ligado através do entrelaçamento. Quando existe actividade neuronal num determinado ponto do cérebro, este pode ter uma ligação quântica num outro ponto. Uma alteração nos micro-túbulos de uma célula pode afectar os micro-túbulos de outra. Os neurónios estão ligados apesar da separação espacial, mas mantêm a comunicação entre si.

A teoria Penrose-Hameroff consiste em três pontos: a computação, o envolvimento da gravidade quântica e o papel dos micro-túbulos. Os críticos a esta teoria, como o cosmólogo Max Tegmark, realizou diversos cálculos e apresentou-os em “The Importance of Quantum decoherence in brain processes” (2000) diz-nos basicamente que o cérebro é um ambiente hostil a um fenómeno quântico e deste modo à actividade computacional através dos micro-túbulos. Esta teoria encontrou cepticismo como entusiasmo, e nos nossos dias ainda se mantém pertinente.