O Planeta

Desde há muito que o Planeta está a ser transformado pela acção humana. Permanentemente, existem conflitos armados e económicos, desestabilizando o equilíbrio do ser humano no globo. Um estudo realizado sobre os conflitos armados desde 1992, pelo Instituto Português de Relações Internacionais e Segurança, distinguiu três grupos, para verificar a intensidade da guerra. Por exemplo, numa guerra de intensidade baixa, como a do Nepal, que ocorreu entre 1997 a 2000, morreram entre 25 a 1000 pessoas; numa guerra de intensidade média, como a de Caxemira, entre a Índia e o Paquistão que teve início em 1947 e ainda continua, morreram entre 25 a 1000 pessoas em qualquer dos anos. Na guerra entre Israel e a Palestina, estimam-se 13.000 mortos desde o início do conflito, em 1948. Uma guerra de intensidade alta, como a que ocorreu em Angola desde 1975, significa a morte de mais de 1000 pessoas por ano. No Afeganistão, que se encontra desde 1978 em guerra, as estimativas totais apontam para 1.500.000 mortos. Segundo o relatório, podemos também saber o número de conflitos armados que estão activos ou cessaram nos diversos países. Assim, foram encontrados cinco grupos: em África ocorreram 34 conflitos distribuídos por 21 países, nas Américas, 10 conflitos por 9 países, na Ásia, 31 conflitos por 14 países, na Europa 21 conflitos por 9 países e no Médio Oriente, 10 conflitos por 7 países. As operações de Paz realizadas pelas Nações Unidas a partir de 1948 até 2002 dividem-se entre: Militar: 33.171 operações, Policial: 7.208 operações e Civis: 11.496 operações para além de terem ocorrido 661 mortos.

O Diagnóstico da saúde da população mundial mantém-se no eterno ciclo vicioso: pobreza – fome – epidemias – subdesenvolvimento. Doenças, que se pensava estarem erradicadas, voltam a surgir. A malária mata 2,7 milhões de pessoas anualmente, 1,6 mil milhões de pessoas não tem acesso a água potável, 2,5 mil milhões não tem infra-estruturas sanitárias, 1,6 mil milhões não tem ainda electricidade, 40 milhões de pessoas estão infectadas com o vírus HIV, tendo morrido 3 milhões, em 2001. Após dez anos, em 2002, volta a ser realizada a segunda Cimeira Mundial para o Desenvolvimento Sustentado, em Joanesburgo. Por um lado este encontro pretende reafirmar o compromisso tanto da Agenda 21, a primeira Cimeira da Terra realizada no Rio de Janeiro em 1992, como da Agenda do Milénio, acordada em 2000, que, por um lado pressupunha reduzir para metade a pobreza mundial no mundo até 2015 e, por outro, arranjar soluções específicas para os cinco grandes temas da Cimeira: água, energia, saúde, agricultura e biodiversidade. Para tal, 40 mil delegados e 100 chefes de Estado estarão em Joanesburgo, 27 mil polícias foram destacados para manter a segurança e as primeiras manifestações surgiram logo da parte do Movimento dos Sem-Terra (MST).

O Porta-voz do movimento social Indaba, Trevor Ngwane, no início da Cimeira, declara que esta é mais uma farsa, pois desde a Cimeira do Rio que nenhuma das resoluções foi aplicada. De contradição em contradição, a Cimeira avança, o fosso entre ricos e pobre aumenta, enquanto a assistência internacional anual ao desenvolvimento dos países pobres é de 53,7 mil milhões de euros, os agricultores dos países ricos recebem 335 milhões de euros em subsídios. A redução da emissão dos gazes de efeito de estufa, acordada no Protocolo de Quioto até 2010, representa para os países ricos 56 mil milhões de euros gastos, mas esses mesmos países concederão 57 mil milhões de euros, em subsídios aos combustíveis fósseis.