Dédalo

O mito de Dédalo, narra o percurso de um brilhante criador. Arquitecto admirado em Atenas, acabou por fugir devido ao seu orgulho. Apercebendo-se do talento do sobrinho e aprendiz Talo, matou-o e refugiou-se em Creta. Dédalo é recordado pela construção do mais famoso labirinto da história – o labirinto de Cnossos que ergueu a pedido do rei Minos: um puzzle de corredores e caminhos cruzados, para esconder o Minotauro. Em Creta, Dédalo teve o seu filho Ícaro da escrava Naucrates. Caído em desgraça devido a ter ajudado a rainha Pasífae, esposa do rei Minos, é encarcerado no labirinto com o filho. Dédalo, homem de grande engenho, constrói dois pares de asas de penas, ligadas com cera, para fugir. Antes de iniciarem a fuga, Dédalo adverte Ícaro para não se aproximar do sol. Ícaro, jovem e imprudente, maravilhado com a liberdade de voar, esquece-se da recomendação. Aproxima-se demasiado do sol derretendo a cera das asas e caindo no vazio das águas do mar Egeu. A ilha para onde o seu corpo foi levado pelas ondas adquiriu o nome de Icária. Dédalo conseguiu escapar do labirinto e, mais tarde, dedicou as suas asas a Apolo.

Na obra Retrato do Artista Quando Jovem (1916), James Joyce utiliza o mito clássico de Dédalo e Ícaro para estruturar a narrativa. Utilizando o nome de Stephen Daedalus, como referência a Dédalo, o jovem artista desde o inicio da história encontra-se num labirinto, nas ruas de Dublin e no labirinto da própria vida. A rebelião individual de Stephen Daedalus e a descoberta das suas motivações é o percurso estabelecido por Joyce, para o jovem buscar a sua própria identidade.