The Reign of Narcissism

Nicolas Duruz define o narcisismo, como:

“O narcisismo visa exprimir o que torna possível para o sujeito a individuação, vivida subjectivamente num sentimento de unidade, e de auto-estima e garantida estruturalmente pelo investimento de representações de si necessariamente idealizadas. Assim, nunca se é uma pessoa sem se ser representado pelos seus personagens (máscaras). O paradoxo do narcisismo consiste no facto de unificar sobre uma divisão mal conhecida; daí a dimensão tensional do narcisismo tal como o concebemos. A experiência da coesão de si, com a auto-estima que a ela se junta é operada a partir de um conjunto de representações identificadoras idealizadas que, porque submetidas a um trabalho inconsciente de idealização recalcante, instauram no sujeito uma divisão interior, na qual não existiria uma cena real psíquica. “[1]

Deste modo toda a identidade idealizada pode ser dita narcísica.

Barbara Bloom, na instalação realizada na exposição A Forest of Signs, trabalha a partir do Museu tradicional e do contexto do narcisismo, apresentando a vida como acto estético assinalada pelo seu próprio trabalho. A instalação contém mobiliário, espelhos, bustos, porcelanas, chocolates, cadeiras, à maneira de um salão do estilo neoclássico. A maior parte dos objectos expostos têm a sua imagem, silhueta ou o seu nome. A artista reflecte o fetiche da colecção privada e o desejo do seu reconhecimento. Com este trabalho, a artista publicou, não um catálogo, mas um “livro de artista”, contendo diversos textos e imagens relativas à exposição e ao papel do coleccionador.

A artista interpreta o mito como uma forma de auto-afirmação relacionada com a sua insegurança e o seu sentimento, em relação à tradição e às regras académicas de outrora. Trabalhando sobre a autoconsciência da sua arte, converte a obra no motivo principal da reflexão sobre si, no desejo de encontrar novas relações e refracções da sua própria imagem.

[1] NICOLAS DURUZ – Narcisse en quête de soi