O Castelo e o Museu

Edward Leedskalnin (1887-1951) nasceu na Letónia. Com vinte e seis anos concordou casar-se com Agnes, uma menina de dezasseis anos. Aquela, a que Edward chamava por “Sweet Sixteen” rompeu o noivado na noite antes do casamento. Edward acabou por emigrar para a América do Norte, onde encontrou trabalho. Em 1919 mudou-se para o clima quente da Florida, onde comprou um pequeno pedaço de terra. Durante 20 anos, construiu e viveu dentro de um monumento enorme de coral, a que ele chamou de “Rock Gate Park”, dedicado à menina que o havia deixado anos atrás. Trabalhando sozinho, à noite, escavou e esculpiu mais de mil e cem toneladas de coral. O Castelo de Coral inicialmente localizado na cidade de Florida em 1920, passou em meados de 1930 para a sua actual localização num local de quatro hectares, perto de Homestead, também na Florida. Os seus métodos de construção até hoje permanecem um mistério. Posteriormente abriu o seu monumento ao público. O Castelo de Coral é hoje em dia considerado oficialmente um “património histórico”, um dos feitos mais impressionantes realizados por um homem só, como prova irrefutável da perda do seu amor e da expiação dos seus pecados. As portas de “princesa de Pedra” estão abertas. O enigma ainda está lá.

Manfred Gnädinger (1936-2002), mais conhecido como Man ou Alemán, foi um eremita que viveu de forma simples na praia, junto à vila de Carmelle, na Galiza. Man chegou à vila em 1962, vindo do sul da Alemanha. Supõe-se que enlouqueceu após apaixonar-se por uma professora e ser rejeitado por esta. Alto, barbudo e tendo somente uma tanga para se cobrir, mergulhava no oceano diariamente. Na sua casa não possuía luz eléctrica ou sistema de saneamento e era estritamente vegetariano, alimentando-se apenas de uma pequena horta que cultivava e de algas e mariscos que ele mesmo colhia. Realizou uma variedade de esculturas feitas de pedra, madeira, restos mortais de animais e outros objectos trazidos pelo mar. Criou um museu a céu aberto, onde as suas obras se integravam à paisagem natural. A sua única fonte de renda, era uma pequena taxa cobrada aos turistas que visitavam o seu museu.

Em Novembro de 2002, o navio petroleiro Prestige partiu-se em dois e afundou-se no Oceano Atlântico. Dias depois, toneladas de petróleo invadiram a praia de Carmelle, Man faleceu, devido à visão de destruição e completo aniquilamento do seu modo de vida. O “Museu de Man”, que abrangia a casa e as esculturas, ficou ao abandono. Dez anos depois deu início no tribunal o processo contra os autores deste atentado ambiental, muitos deles fugiram. Em relação ao artista eremita foi erguida uma fundação para conservar e promover o seu trabalho.