O Caranguejo

O caranguejo ermitão tem o abdómen mole e é devido a essa peculiaridade que se protege a utilizar conchas de caracóis abandonadas, vivendo em casas emprestadas por um determinado tempo. Quando crescem abandonam as conchas e procuram novas casas. Quando uma casa maior se torna disponível, os caranguejos que necessitam dela reúnem-se ao seu redor, formam uma fila do maior ao menor. Quando o caranguejo maior se move para a nova concha, o segundo maior caranguejo anda para a concha recém-desocupada, fazendo desta forma a sua concha disponível para um terceiro caranguejo, e assim por diante. As conchas intactas são um recurso limitado, existindo concorrência entre os ermitões. A disponibilidade de conchas vazias num determinado local depende da abundância de gastrópodes e ermitões. Os caranguejos também podem competir entre eles e em último recurso matar o adversário para ter acesso à casa. Alguns caranguejos-eremitas levam anémonas nas suas conchas para aumentar a sua protecção, pois os tentáculos das anémonas são venenosos. Este hábito de viver numa concha deu origem ao nome popular "ermitão", por analogia a um eremita que vive sozinho. Apesar do seu apelido, os caranguejos são animais sociais, podem ser encontrados em colónias com uma centena ou mais de ermitões, numa verdadeira comunhão.

Os ermitões também costumam ser vendidos no comércio dos aquários marinhos, são mantidos como animais de estimação. Estas espécies omnívoras comem algas e detritos e ajudam na limpeza dos aquários. Os caranguejos ermitões também podem tornar-se meramente decorativos aprisionados em bolas de vidro, paralisados no tempo, ficam condenados para todo o sempre a serem vistos pelo nosso olhar. Estas bolas “mágicas” captam somente uma submissão resignada, a rendição completa a um único momento suspenso no tempo, o torpor da morte.