Cabralea canjerana

Nomes popularesCanjerana, cacharana, cangerana, canharana, canjarana, cayarana, pau-de-santoNome científicoCabralea canjerana (Vell.) Mart.SinônimosTrichilia canjerana Vell.Cabralea brachystachya C. DC.Cabralea oblongifolia C. DC.Cabralea rojasii C. DC.FamíliaMeliaceaeTipoNativa, não endêmica do Brasil.DescriçãoÁrvore caducifólia, com 5 a 30m de altura e 20 a 120 cm de diâmetro a altura do peito / DAP, podendo alcançar até 35m de altura e 230 cm de DAP, na idade adulta. O tronco é cilíndrico, reto ou geralmente tortuoso; fuste com até 13m de comprimento de acordo com Durlo e Denardi (1998); nos indivíduos maiores ou muito idosos, há presença de raízes tabulares proeminentes. As folhas são opostas e compostas, com 30 a 90 cm de comprimento e 10 a 20cm pares de folíolos opostos com até 15 cm de comprimento; as folhas são paripinadas, mas podem possuir um folíolo terminal vestigial; os folíolos são providos de pontos e linhas translúcidas. As flores têm coloração branco-esverdeada, pequenas, aromáticas, reunidas em inflorescência em tirsos axilares, com 6 a 25 cm de comprimento. O fruto é uma cápsula globosa ou elipsóide, com ápice arredondado e base estreitada de cima para baixo, às vezes com um robusto suspensor, ficando enrugada e marrom-escuro quando seca, com ou sem lenticelas proeminentes; deiscência septífraga, inicialmente carnosa, espessa, provida de 4 a 5 valvas e grossa coluna central e angulosa após a abertura, com cerca de 18 a 43mm de diâmetro se fechado, e 6cm se aberto. O fruto possui o epicarpo glabro, passando de vermelho claro, salpicado de verde, a vermelho-escuro quando maduro; possui um látex branco e pegajoso. Os frutos contém de 1 a 10 sementes, reunidas em diásporos de 1 ou 2 sementes em cada lóculo. Cada fruto pesa, em média, 15,54g. As sementes são ovóides com 6 a 17 mm de comprimento e 6 mm de largura; quando maduras, são envolvidas por um tegumento arilóide, vermelho-alaranjado, de origem funicular, macio, carnoso, que libera uma secreção leitosa. (MARQUES, 2007, p. 90).CaracterísticaA distinção dessa espécie é realizada com base na forma do nectário floral ciatiforme. Entretanto, as folhas geralmente paripinadas, com um pequeno prolongamento da raque entre os folíolos terminais, a face abaxial dos folíolos geralmente com papilas vermelhas dispersas sobre a lâmina e face adaxial geralmente recoberta por pequenas cavidades a semelhança de poros, auxiliam no reconhecimento dessa espécie no campo (FLORES, 2015).Floração / frutificaçãoAparentemente apresenta dois períodos de floração durante o ano no Estado (janeiro abril e junho-setembro). Apesar disso, foram encontrados materiais com frutos apenas entre os meses de setembro e dezembro (FLORES, 2015).DispersãoZoocóricaHabitatPlanta decídua, heliófita, encontrada em praticamente todas as formações florestais, tanto em matas primárias como secundárias. Apresenta preferência por solos úmidos e argilosos de encostas. Distribuição geográficaDistribuição GeográficaOcorrências confirmadas:Norte (Acre, Pará, Roraima)Nordeste (Alagoas, Bahia)Centro-Oeste (Distrito Federal, Goiás, Mato Grosso)Sudeste (Espírito Santo, Minas Gerais, Rio de Janeiro, São Paulo)Sul (Paraná, Rio Grande do Sul, Santa Catarina)Domínios Fitogeográficos Amazônia, Caatinga, Cerrado, Mata AtlânticaTipo de Vegetação Caatinga (stricto sensu), Cerrado (lato sensu), Floresta Ciliar ou Galeria, Floresta Estacional Decidual, Floresta Estacional Semidecidual, Floresta Ombrófila (= Floresta Pluvial) (MELIACEAE, 2019).EtimologiaCayarana em tupi-guarani significa “árvore-de-folha-semelhante”.PropriedadesFitoquímicaÓleos essenciais, Ocoticol, corante vermelho e produtos para perfumaria. O suco dos frutos tem ação inseticida, podendo, portanto, ser tóxico aos animais.FitoterapiaNa medicina caseira, é utilizada como poderoso reconstituinte dos estados anêmicos. Do suco do tronco faz-se um chá que combate doenças de pele, diarréias, prisão de ventre, febres e hidropisia. Outros usos medicinais são: adstringente, fortificante, purgativo, antidispéptico, antitérmico e emético, e também em ferimentos e inflamações dos testículos. Os índios de várias etnias do Paraná e Santa Catarina utilizam as sementes e cascas no tratamento de micoses, meningite, dores de cabeça, primeiro banho do bebê e prevenção da hipotermia. Espécie incluída na Farmacopéia Brasileira, primeira edição (1926).FitoeconomiaPelo aspecto frondoso da folhagem e dos frutos, pode ser empregada em paisagismo e arborização urbana, para plantio em praças, parques, jardins, laterais de rodovias e canteiros centrais. Não é recomendada para plantio em calçadas, pois possui elevado porte e seu sistema de raízes pode danificar as calçadas. As flores são melíferas. Das cascas pode-se extrair corante vermelho para tingimento de pelegos de lã. O arilo que envolve as sementes serve de alimento para muitas espécies e aves e animais, razão pela qual a canjerana deve ser utilizada para recomposição de matas nativas com fins de preservação. É indicada também para recomposição de mata ciliar. A madeira é de excelente qualidade, podendo ser utilizada para palanques, construção civil e naval, canoas, taboado de forro e assoalho, móveis, escultura, artesanatos, marcenaria, torno, esteios, bolandeiras, arados e rodas de engenho e carros.InjúriaO suco dos frutos tem ação inseticida, podendo, portanto, ser tóxico aos animais.ComentáriosFonseca (1922) cita que os frutos são comestíveis, no entanto, creio que refere-se à outra espécie. Na língua Guarani é chamada de kanxarana, kadjarana e kayarana.BibliografiaBOTREL, R. T. et al. Uso da Vegetação Nativa Pela População Local no Município de Ingaí, MG, Brasil. Acta bot. Bras. 20(1): 143-156. 2006. 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