Schinus molle

Nomes popularesAroeira-salso, anacauita, aroeira-folha-de-salso, aroeira-mansa, aroeira-mole, aroeira-periquita, bálsamo, corneíba, molho, molhe, pimenteira-do-peruNome científicoSchinus molle L.SinônimosFamíliaAnacardiaceaeTipoNativa, não endêmica do Brasil.DescriçãoCaracterísticaFloração / frutificaçãoEncontrada florescendo em outubro.DispersãoZoocóricaHabitatDistribuição geográficaOcorrências confirmadas: Sul (Paraná, Rio Grande do Sul, Santa Catarina)Domínios Fitogeográficos: Mata Atlântica, PampaTipo de Vegetação: Área Antrópica, Floresta Estacional Semidecidual, Floresta Ombrófila (= Floresta Pluvial), Floresta Ombrófila Mista (ANACARDIACEAE, 2019).EtimologiaPropriedadesFitoquímicaPode ser usada como fonte de terebintina e tanino.FitoterapiaNa medicina indígena Guarani é usada como otálgica, adstringente, anti-diarréica, antiinflamatória, anti-reumática, balsâmica, cicatrizante, antiúlcera, emenagoga e tônica.Fitoeconomia: Além de ornamental, fornece boa madeira e é planta melífera. Os frutos são utilizados em algumas partes do mundo para o preparo de bebidas. Quando transformados em pó, fornecem uma especiaria utilizada como condimento em carnes, peixes e outros pratos.InjúriaComentáriosBibliografiaANACARDIACEAE in Flora do Brasil 2020 em construção. Jardim Botânico do Rio de Janeiro. Disponível em: <http://floradobrasil.jbrj.gov.br/reflora/floradobrasil/FB4398>. Acesso em: 21 Out. 2019DIAS, J.; COSTA, L. D. Sugestões de Espécies Arbóreas Nativas Ocorrentes no Sul do Estado do Paraná Para Fins Ornamentais. FAFIUV / 2008, Seção de Artigos. ISSN 1809-0559. Curitiba, Paraná, 2008. 28p. Disponível em: <http://www.ieps.org.br/ARTIGOS-BIOLOGIA.pdf>.FLORA ARBÓREA e Arborescente do Rio Grande do Sul, Brasil. Organizado por Marcos Sobral e João André Jarenkow. RiMa: Novo Ambiente. São Carlos, 2006. 349p. il.KINUPP, V. F. Plantas Alimentícias Não-Convencionais da Região Metropolitana de Porto Alegre. Tese de Mestrado, Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Porto Alegre, 2007. 590p. il. Disponível em: <http://www.lume.ufrgs.br/handle/10183/12870>.KINUPP, V. F.; BARROS, I. B. I. Teores de Proteína e Minerais de Espécies Nativas, Potenciais Hortaliças e Frutas. Ciênc. Tecnol. Aliment., Campinas, 28(4): 846-857, out.-dez. 2008. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/cta/v28n4/a13v28n4.pdf>.LOPES, S. B.; GONÇALVES, L. Elementos Para Aplicação Prática das Árvores Nativas do Sul do Brasil na Conservação da Biodiversidade. Fundação Zoobotânica do Rio Grande do Sul. Rio Grande do Sul, 2006. 18p. Disponível em: <http://www.fzb.rs.gov.br/jardimbotanico/downloads/paper_tabela_aplicacao_arvores_rs.pdf>.NOELLI, F. S. Múltiplos Usos de Espécies Vegetais Pela Farmacologia Guarani Através de Informações Históricas. Universidade Estadual de Feira de Santana. Diálogos, DHI/UEM, 02: 177-199, Bahia, 1998. Disponível em: <http://www.dhi.uem.br/publicacoesdhi/dialogos/volume01/Revista%20Dialogos/DI%C1LOGOS10.doc>.PLANTAS DA FLORESTA ATLÂNTICA. Editores Renato Stehmann et al. Rio de Janeiro: Jardim Botânico do Rio de Janeiro, 2009. 515p. Disponível em: <http://www.jbrj.gov.br/publica/livros_pdf/plantas_floresta_atlantica.zip>.

Schinus polygama

Nomes popularesAssobiadeira, aroeira, aroeira-assobiadeira, árvore-de-assobio, assobieira, assobio, assoviadeira, assovieira, catinga-de-porco, coquinho, incenso, molhe, molho, pau-de-espinhoNome científicoSchinus polygama (Cav.) CabreraBasionônioSinônimosFamíliaAnacardiaceaeTipoNativa, não endêmica do Brasil.DescriçãoCaracterísticaFloração / frutificaçãoJulho a setembro, frutificando de outubro a maio.DispersãoZoocóricaHábitatEspécie seletiva higrófita, esciófita, indiferente quanto às condições do solo. Ocorre geralmente em capões e sub-bosques da Mata Atlântica e Pampa.Distribuição geográficaSudeste (Minas Gerais, São Paulo), Sul (Paraná, Santa Catarina, Rio Grande do Sul) (SILVA-LUZ, 2010).EtimologiaPropriedadesFitoquímicaFornece tanino, óleo, resina, monoterpenos e sesquiterpenos.FitoterapiaToda a planta possui aplicações na medicina caseira, sendo usada como depurativa e anti-reumática.FitoeconomiaOs frutos, do mesmo modo que a S, molle e S. terebinthifolius, podem ser utilizados como condimento, sendo que in natura, o sabor é suavemente picante. Com os frutos também podem ser feitas bebidas vinosas e aguardente. Pode ser utilizada para adensamento em reflorestamentos mistos.InjúriaComentáriosPossui galhas lenhosas, encontradas geralmente nos ramos, que são ocas e popularmente utilizadas como apito, provindo daí muitos nomes populares pelos quais a espécie é conhecida.BibliografiaCatálogo de Plantas e Fungos do Brasil, volume 1 / [organização Rafaela Campostrini Forzza... et al.]. -Rio de Janeiro : Andrea Jakobsson Estúdio : Instituto de Pesquisas Jardim Botânico do Rio de Janeiro, 2010. 2.v. 875 p. il. Disponível em: <http://www.jbrj.gov.br/publica/livros_pdf/plantas_fungos_vol1.pdf>.FLORA ARBÓREA e Arborescente do Rio Grande do Sul, Brasil. Organizado por Marcos Sobral e João André Jarenkow. RiMa: Novo Ambiente. São Carlos, 2006. 349p. il.KINUPP, V. F. Plantas Alimentícias Não-Convencionais da Região Metropolitana de Porto Alegre. Tese de Mestrado, Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Porto Alegre, 2007. 590p. il. Disponível em: <http://www.lume.ufrgs.br/handle/10183/12870>.LOPES, S. B.; GONÇALVES, L. Elementos Para Aplicação Prática das Árvores Nativas do Sul do Brasil na Conservação da Biodiversidade. Fundação Zoobotânica do Rio Grande do Sul. Rio Grande do Sul, 2006. 18p. Disponível em: < http://www.fzb.rs.gov.br/jardimbotanico/downloads/paper_tabela_aplicacao_arvores_rs.pdf>.MENTZ, L. A.; LUTZEMBERGER, L. C.; SCHENKEL, E. P. Da Flora Medicinal do Rio Grande do Sul: Notas Sobre a Obra de D’ÁVILA (1910). Caderno de Farmácia, v. 13, n. 1, p.25-48, 1997. Disponível em: <http://www.ufrgs.br/farmacia/cadfar/v13n1/pdf/CdF_v13_n1_p25_48_1997.pdf>.PLANTAS DA FLORESTA ATLÂNTICA. Editores Renato Stehmann et al. Rio de Janeiro: Jardim Botânico do Rio de Janeiro, 2009. 515p. Disponível em: <http://www.jbrj.gov.br/publica/livros_pdf/plantas_floresta_atlantica.zip>.SILVA-LUZ, C.L., Pirani, J.R. 2010. Anacardiaceae in Lista de Espécies da Flora do Brasil. Jardim Botânico do Rio de Janeiro. (http://floradobrasil.jbrj.gov.br/2010/FB004400).

Schinus terebinthifolia

Nomes popularesAroeira, aroeira-branca, aroeira-da-praia, aroeira-de-remédio, aroeira-mansa, aroeira-pimenteira, aroeira-vermelha, aroeirinhaNome científicoSchinus terebinthifolia RaddiSinônimosSchinus terebinthifolius RaddiFamíliaAnacardiaceaeTipoNativa, não endêmica do Brasil.DescriçãoÁrvore dióica, 3-15m alt.; copa ovóide, base plana; tronco curto, ca. 2m alt., casca marrom-avermelhada a cinzentaescura, áspera; ramos eretos ou apoiantes, flexíveis quando novos, pubescentes, tricomas tectores simples; resina incolor presente. Folhas 8-19cm compr., compostas, imparipinadas, glabras; pecíolo 1,5-3,7cm compr., eventualmente com alas pilosas ca. 1mm larg.; segmentos interfoliolares 1-3cm compr., segmento terminal com alas ca. 1mm larg., eventualmente toda a raque alada; folíolos 2-7 pares, subsésseis, opostos, 2,5-7 x 1-3,5cm, lâmina elíptica, oblonga, lanceolada ou linear-lanceolada, ápice agudo, eventualmente acuminado, obtuso ou mucronado, base cuneada, margem inteira ou serreada, cartácea, levemente discolor, face adaxial verde-escura, abaxial verde-amarelada, peninérvea, com tricomas tectores unicelulares principalmente nas nervuras, broquidódroma, nervura principal mais evidente na face abaxial, atenuando-se em direção ao ápice, nervuras secundárias alternas e ascendentes; peciólulo terminal 0,5-0,7mm compr. a folíolo subséssil, folíolo terminal às vezes mais desenvolvidos do que os laterais, 4-9,5 x 1,3-3,5cm, semelhante em forma aos laterais. Panículas terminais ou axilares, às vezes muito reduzidas, piramidais, 6-12 x 2-3,5cm 9-14-fasciculadas, fascículos, alternos pubescentes a densamente pilosos, tricomas glandulares presentes; pedúnculo 1-1,5cm compr.; brácteas persistentes ou caducas na floração, ca. 1,5 x 1mm, ovais, ápice mucronado, base truncada, margem inteira; bractéolas menores, ca. 1 x 1mm, ovais, obtusas, ápice atenuado, base truncada, margem inteira, glabras. Flores estaminadas ca. 2 x 2mm diâm., actinomorfas, pentâmeras, pediceladas, pedicelo 1-3mm compr., articulado; sépalas livres, ca. 1 x 1mm, obtusas, ápice arredondado, base truncada, margem inteira, membranáceas, amareladas, glabras; pétalas 2-3 x 2mm livres, elípticas, ápice mucronado, base truncada, margem inteira, membranáceas, amarelas ou amarelo-claras, glabras; estames (8-)10, inseridos em dois círculos abaixo do disco, 5 externos, antepétalos, menores, ca. 0,5mm compr., 5 internos, antessépalos, maiores, ca. 1mm compr.; anteras reniformes, rimosas, pardacentas ou marrons; disco intra-estaminal arredondado, amarelado; pistilódio ausente. Flores pistiladas com perianto semelhante ao das flores estaminadas; ovário 1-1,5mm compr., globoso, unilocular, uniovulado, placentação basal, estiletes 3, livres, curtos, estigmas indiferenciados; estaminódios ausentes. Baga 4,5-5,5 x 4-4,5cm, globosa, levemente achatada na porção distal, glabra superfície lisa, cálice persistente, epicarpo cartáceo, vermelho-vivo a pupúreo ou rosa-forte quando maduro, mesocarpo enegrecido, endocarpo resinoso, semente reniforme (SANTOS, 2008).CaracterísticaSchinus terebinthifolius apresenta variação morfológica considerável em relação aos folíolos, principalmente na forma, tamanho, número, margem e ápice. Baseado nas estruturas vegetativas, Engler (1876) propôs seus variedades, enquanto que Barkley (1957), na revisão do gênero, reconheceu apenas quatro delas. As análises morfológicas dos espécimes não apontam caracteres consistentes que definam bem todas essas variedades, e estudo morfoanatômicos e fisiológicos demonstram que Schinus terebinthifolius apresenta grande plasticidade morfológica em resposta aos habitats com diferentes condições luminicas (Sabbi et al. 2010), dessa maneira o tratamento a nível intraespecífico parece inviável. As populações das restingas podem ser diferenciadas das populações de outras formações vegetacionais por apresentarem geralmente 5(-7-9) folíolos de (3,2-)4,9-10x(1,7-)2,2-3,3 (LUZ, 2011).Floração / frutificaçãoFloresce de setembro a dezembro. Os frutos amadurecem de dezembro a junho.DispersãoZoocóricaHabitatDistribuição geográficaOcorrências confirmadas: Nordeste (Alagoas, Bahia, Ceará, Paraíba, Pernambuco, Rio Grande do Norte, Sergipe); Centro-Oeste (Mato Grosso do Sul); Sudeste (Espírito Santo, Minas Gerais, Rio de Janeiro, São Paulo); Sul (Paraná, Rio Grande do Sul, Santa Catarina); Possíveis ocorrências: Nordeste (Ceará)Domínios Fitogeográficos: Cerrado, Mata Atlântica, PampaTipo de Vegetação: Área Antrópica, Campo Limpo, Cerrado (lato sensu), Floresta Ciliar ou Galeria, Floresta Estacional Semidecidual, Floresta Ombrófila (= Floresta Pluvial), Floresta Ombrófila Mista, Manguezal, Restinga (ANACARDIACEAE, 2019).EtimologiaPropriedadesFitoquímicaA casca é muito rica em tanantes, e pode produzir tinta para tecidos ou tanino para a curtição de couro e fortalecimento de redes de pesca. Da casca extrai-se o mastique, que é uma resina terebintácea aromática. Da casca também pode-se extrair um óleo volátil, de comprovada propriedade inseticida contra a Musca domestica (Mosca doméstica).FitoterapiaSão atribuídas inúmeras qualidades medicinais à aroeira, restringindo-se o seu uso, no entanto, ao nível doméstico. Em Cuba, onde foi introduzida e recebeu o nome de copal, ela é usada como susbstituta do verdadeiro copal (Protium cubense) do qual se extrai uma resina terebintácea para uso em compressas (ROIG & MESA, 1945). BALBACHAS (1959) recomenda o chá das cascas (100 g/l de água) para curar diarréias e hemoptises. Ela é utilizada também em banhos, com 25 g/litro de água, contra a ciática, a gôta, o reumatismo, e bactérias que se manifestam sob a forma de edemas do tipo erisipela. CORREIA (1926-1978) descreve as propriedades da casca observando seus efeitos depurativos, febrífugos e contra afecções uterinas em geral. As folhas, segundo esse autor, são anti-reumáticas e valioso remédio na cura de úlceras e feridas. Aos frutos, atribui-lhes propriedades diuréticas e recomenda, ainda, precaução no uso da planta, devido às suas propriedades tóxicas, apesar de não haver dúvidas quanto às suas qualidades anti-nevrálgicas, adstringentes, tônica e estimulante (BAGGIO, 1988).** Recomenda-se cuidados no uso interno de medicamentos preparados com esta planta, pois em altas doses possui propriedades tóxicas.FitoeconomiaTem sido amplamente utilizada na culinária nacional e internacional, pois suas sementes, conhecidas como pimenta-rosa, apresentam um sabor suave e levemente apimentado (LUZ, 2011).A madeira da aroeira é resistente, podendo ser utilizada como esteios e mourões, devido à sua durabilidade prolongada (REITZ, et al. 1978, SANCHOTENE, 1985). A lenha desta espécie é de boa qualidade, sendo muito procurada no meio rural. Embora a literatura cite a madeira de aroeira como de alta densidade, não foram encontrados dados numéricos publicados sobre esta variável. Nas análises efetuadas, foi detectada uma densidade média, porém com características energéticas, comparáveis às de espécies como a bracatinga e alguns eucaliptos tradicionalmente utilizados para esse fim. Não existem reflorestamentos energéticos com a aroeira. No entanto, ela é aproveitada na exploração de matas naturais e muito procurada para usos domésticos, nas propriedades rurais e no pequeno comércio. Assim, ela poderá assumir papel importante como fonte energética nos sistemas integrados de produção, se for devidamente manejada para usos múltiplos (BAGGIO, 1988).A aroeira é uma espécie de valor apícola para a produção de mel de qualidade e pólen. Com período de floração prolongado, estendendo-se desde outubro até abril (REITZ et al. 1983), parece haver preferência das abelhas pelas suas flores brancas e pequenas (que se reunem em densos e grandes cachos terminais vistosos), devido à frequência regular de visitação, principalmente quando outras espécies não estão em floração. CARVALHO (1987) observou que a aroeira floresce a partir de três meses de idade, podendo proporcionar receitas precoces ao apicultor. Recomenda-se ao apicultor o plantio de todas as variedades desta espécie existentes na região, pois seus períodos de floração são distintos (BAGGIO, 1988).Nas proximidades de Curitiba, Sul do Paraná, é comum o uso da aroeira como suplemento alimentar para caprinos. Esses animais comem avidamente as folhas e brotos desta espécie. A boa palatabilidade e disponibilidade desta forragem, mesmo em épocas críticas, estimulou um programa de fomento e plantio entre os associados da Cooperativa dos Caprinocultores do Paraná (CAPRIPAR). Pelo valor da digestibilidade in vitro da matéria seca, da ordem de 33%, determinado pelo Centro Nacional de Pesquisa (CNPC), considera-se a forragem da aroeira como razoável. A presença de taninos (CORREIA 1926), que limita o seu uso para outros animais, parece não ser limitante para as cabras, conforme informações dos produtores. No entanto, pesquisas devem ser desenvolvidas para avaliar o seu efeito ao longo do tempo (BAGGIO, 1988).A utilização de palanques vivos (árvores) para fixação de arame é pouco comum no Brasil, ao contrário de muitos países, especialmente dos trópicos. Para a formação de cercas vivas, embora não seja requisito indispensável, são preferidas espécies que se propagam vegetativamente, por estacas de grande tamanho, o que viabiliza a utilização precoce da planta, como palanque vivo. Nesse caso, o arame pode ser fixado assim que a estaca enraize, o que leva de 3 a 6 meses, dependendo da espécie. Outro atributo recomendável é que as espécies possuam potencial para utilização múltipla e rebrotem, permitindo a exploração periódica da copa. A aroeira apresenta estas características desejáveis (SANCHOTENE, 1985). No meio rural, encontram-se árvores antigas que se estendem a partir de estacas enterradas como moirões. A aroeira é uma espécie muito utilizada para esse fim, devido à sua longa durabilidade no solo. Também constatou-se que nem todas essas estacas lenhosas enraizam, evidenciando a necessidade de estudos para este tipo de propagação (BAGGIO, 1988).Pela beleza de sua folhagem (perene, de cor verde a verde escuro, com brotos jovens avermelhados), da sua floração (prolongada) e frutificação (persistente), a aroeira é recomendada e utilizada como ornamental, principalmente em praças e parques municipais. Ela foi introduzida na Europa e Estados Unidos para esta finalidade. Esta espécie foi adotada na arborização de parques e avenidas de quase todas as cidades e núcleos de população da Côte D'Azur e da Riviera Liguriana (CORREIA, 1926). Na área rural, o melhoramento da paisagem contribui para a valorização da propriedade (BAGGIO, 1988).Os frutos da aroeira são utilizados como substitutos da pimenta-do-reino (Piper nigrum). Esta pimenta, conhecida como pimenta-rosa, pimenta-rosada e brazilian pepper, é muito famosa na cozinha européia, principalmente na França, e lá é conhecida como poivre-rose. Apesar de ser uma planta extremamente comum, e até considerada daninha em alguns lugares, o preço dos frutos secos aqui no Brasil pode chegar a R$ 199,00 o Kg (KINUPP, 2007).Os frutos são amplamente consumidos por pássaros, o que explica sua ampla disseminação. Serve de forragem para os caprinos, e possui alto valor de digestibilidade. As flores da aroeira possuem um grande potencial de fornecimento de pólen e néctar, pois o mel dela produzido é de excelente qualidade. Atualmente está sendo muito utilizada em paisagismo, na arborização de ruas e em parques e praças. É muito recomendada para uso em passeios estreitos. Além da beleza da folhagem ampla, é perenifólia, a floração é prolongada, e os frutos atraem a avifauna. Os frutos da aroeira, por serem avidamente consumidos pelas aves em períodos rigorosos como o inverno, são importantes em programas de reflorestamento com mata nativa. Além de ser recomendada para recuperação de solos pouco férteis, pode ser utilizada para recomposição da mata ciliar. Pode e vem sendo utilizada como fonte de palanques e estacas vivas para cercas e palanques de sustentação. Antigamente era utilizada também para o tingimento de redes de pesca (KNEIP, 2009).** Há registros de que algumas pessoas são alérgicas aos compostos existentes nesta planta.InjúriaComo fator negativo, a sua alta capacidade reprodutiva torna-a agressiva na invasão de áreas onde a sua presença não é desejável. Recomenda-se, portanto, Boletim de Pesquisa Florestal, Colombo, n. 17, p.25-32, dez. 1988. cautela no planejamento e manejo dos seus plantios, principalmente fora de sua região de origem. Embora, no Brasil, não se caracterize como tal, ocorrendo em proporções equilibradas na flora nativa, a aroeira introduzida na Flórida tornou-se invasora (SANCHOTENE, 1985). Outras qualidades indesejáveis são suas propriedades alergênicas para pessoas sensíveis, ocasionando lesões e edemas. Ela é tida como tóxica também para o gado bovino (BAGGIO, 1988).ComentáriosÁrvore de crescimento rápido, reproduz-se por estacas de raízes e galhos. Os frutos devem ser colhidos quando passarem da cor verde para róseo-vermelho-viva, não é necessário quebra de dormência. Na língua Guarani, o seu nome é yryvadja rembiu, que significa comida de tiribas (OLIVEIRA, 2009).É uma das 71 plantas medicinais listadas pelo Ministério da Saúde como de interesse ao SUS. Foi incluída na primeira edição da Farmacopéia Brasileira (1926).BibliografiaANACARDIACEAE in Flora do Brasil 2020 em construção. Jardim Botânico do Rio de Janeiro. Disponível em: <http://floradobrasil.jbrj.gov.br/reflora/floradobrasil/FB15471>. Acesso em: 21 Out. 2019BAGGIO, A. J. Aroeira Como Potencial Para Usos Múltiplos na Propriedade Rural. Boletim de Pesquisa Florestal, Colombo, n. 17, p.25-32, 1988. il. Disponível em: <http://www.cnpf.embrapa.br/publica/boletim/boletarqv/boletim17/baggio.pdf>.BOTREL, R. T. et al. Uso da Vegetação Nativa Pela População Local no Município de Ingaí, MG, Brasil. Acta bot. Bras. 20(1): 143-156. 2006. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/abb/v20n1/14.pdf>.CARDOSO, J. H. Aroeira, Cultura e Agricultura: Reflexões que Embasam a Necessidade de Uma Educação Ambiental Rural Para Uma Percepção Social Agroecológica. EMBRAPA Clima Temperado. Pelotas, RS, 2008. 23p. Disponível em: <http://www.cpact.embrapa.br/publicacoes/download/documentos/documento_245.pdf>.Catálogo de Plantas e Fungos do Brasil, volume 1 / [organização Rafaela Campostrini Forzza... et al.]. - Rio de Janeiro : Andrea Jakobsson Estúdio : Instituto de Pesquisas Jardim Botânico do Rio de Janeiro, 2010. 2.v. 875 p. il. 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