Euterpe edulis

Nomes popularesPalmiteiro, inçara, juçara, palmito, palmito-juçara, içara, ripeira, ensarova, palmito-doceNome científicoEuterpe edulis Mart.SinônimosEuterpe edulis var. clausa MattosEuterpe espiritosantensis H.Q.B.Fern.FamíliaArecaceaeTipoNativa, não endêmica do Brasil.DescriçãoEstipe solitário, 3-20 m alt., 10-18 cm diâm., liso, com um palmito verde ou alaranjado formado pelas bainhas das folhas, 1-2,1 m compr. Folhas pinadas, 8-17 contemporâneas, 1,2-2,9 m compr.; bainha 1-1,8 m; pecíolo 11-57 cm compr., margem lisa, coberto com tomento escamoso achatado; raque 1,5-3,7 m compr., 40-78 pares de pinas, distribuídas regularmente e num mesmo plano ao longo da raque, com as extremidades pendentes. Inflorescências infrafoliares, ramificadas em nível de primeira ordem; bráctea peduncular papirácea, 50-88 cm; ráquilas 40-117, 25-76 cm compr. Flores unissexuadas, ambas na mesma inflorescência; estaminadas 5-7 mm; pistiladas 3-5 mm. Frutos globosos, 1-2 cm diâm., roxo-escuros ou pretos; mesocarpo fino, fibro-carnosos; endocarpo duro, 0,5-1,6 cm diâm., uma semente. Eófilo palmado (ELIAS, 2018).CaracterísticaFloração / frutificaçãoAbril e novembro.DispersãoZoocóricaHabitatEspécie ciófila, mesófita ou levemente higrófita, ocorre do sul da Bahia e Minas Gerais até o Rio Grande do Sul, presente também nos estados de GO, DF, MS, SP, PR e SC além de Argentina e Paraguai. Em Santa Catarina é amplamente distribuída, sendo considerada dominante e mais abundante do segundo estrato arbóreo da Floresta Atlântica, com variação altitudinal entre 20 e 650 m (Reitz 1974, Lorenzi et al. 2010) (ELIAS, 2018).Distribuição geográficaOcorrências confirmadas:Nordeste (Alagoas, Bahia, Paraíba, Pernambuco, Rio Grande do Norte, Sergipe)Centro-Oeste (Distrito Federal, Goiás)Sudeste (Espírito Santo, Minas Gerais, Rio de Janeiro, São Paulo)Sul (Paraná, Rio Grande do Sul, Santa Catarina)Domínios Fitogeográficos Cerrado, Mata AtlânticaTipo de Vegetação Floresta Ciliar ou Galeria, Floresta Ombrófila (= Floresta Pluvial) (LEITMAN, 2010).EtimologiaPropriedadesFitoquímicaComposição por 100 g de parte comestível: Calorias, nutrimentos e minerais. Calorias 26, Proteínas 2,2(g), Lipídios 0,2(g), Glicídios 5,2(g), Fibra 0,6(g), Cálcio 86(mg), Fósforo 79(mg), Ferro 0,8(mg). Composição por 100 g de parte comestível: Vitaminas: Vitamina B1 0,04(mg), Vitamina B2 0,09(mg), Niacina 0,7(mg), Vitamina C 17(mg)FitoterapiaO suco do caule é usado, internamente, para combater a dor de estômago e hemorragias, externamente, é usado como antiofídico.FitoeconomiaSuas folhas são utilizadas para cobertura de construções rurais e utensílios fibrosos, assim como planta forrageira. Embora tenha a maior parte do seu uso destinado à indústria alimentícia, possui potencial paisagístico e industrial (Reitz 1974) (ELIAS, 2018).Com frutificação abundante, é uma das principais produtoras de alimento para a fauna, e também como um componente epifítico de bromélias e orquídeas. O palmito desta espécie é considerado como um dos melhores, sua extração, porém, é ilegal, uma vez que a espécie está incluída na lista das espécies ameaçadas de extinção. O manejo e exploração sustentável e responsável do palmiteiro pode garantir uma forma de renda alternativa para os pequenos produtores rurais, além de poder ser utilizada para sombreamento em sistemas agroflorestais. A polpa dos frutos, chamadas de polpa-de-juçara, após o devido preparo, também é comestível, sendo ocasionalmente encontrada à venda, e possui mais antocianinas que o açaí-do-pará, espécie tradicional como fonte de polpa comestível. Possui também importância como fonte de corante alimentício ou farmacêutico natural e de compostos antioxidantes. As fibras fornecidas pelas folhas podem ser usadas em ataduras rústicas.InjúriaComentáriosSegundo os critérios da IUCN, se enquadra na categoria VU (Vulnerável), pois além de seu habitat estar ameaçado pela expansão urbana, pela pecuária e agricultura, historicamente, vêm sofrendo com a predação indiscriminada do palmito, uma vez que a espécie não rebrota após o corte (ELIAS, 2018).A coleta dos frutos com cor preta, roxa ou rosada pode ser feita diretamente do chão, e os frutos maiores germinam melhor. Após limpos e secos, os frutos devem permanecer imersos em água fria por 48 horas, ou podem ser escarificados.Devido à intensa exploração para comercialização do palmito, as populações naturais desta espécie diminuíram consideravelmente nos últimos anos. Fato este que ocasionou a inclusão desta espécie pelo Ministério do Meio Ambiente na Lista da Flora Ameaçada de Extinção. Na língua guarani é conhecida com o nome de djedjy ete.BibliografiaCatálogo de Plantas e Fungos do Brasil, volume 1 / [organização Rafaela Campostrini Forzza... et al.]. -Rio de Janeiro : Andrea Jakobsson Estúdio : Instituto de Pesquisas Jardim Botânico do Rio de Janeiro, 2010. 2.v. 875 p. il. Disponível em: <http://www.jbrj.gov.br/publica/livros_pdf/plantas_fungos_vol1.pdf>.DI STASI, L. C.; HIRUMA-LIMA, C. A. Plantas Medicinais na Amazônia e na Mata Atlântica. Editora UNESP. 2. ed. São Paulo, 2002. 592P. il. Disponível em: <http://www.dominiopublico.gov.br/download/texto/up000036.pdf>.DIAS, J. L. Z. A Tradição Taquara e Sua Ligação Com o Índio Kaigang. UNISINOS – Universidade do Vale do Rio dos Sinos. São Leopoldo, RS, 2004. 65p. Disponível em: <http://www.anchietano.unisinos.br/publicacoes/textos/dias2004/jefferson.htm#download>.ELIAS, G.A. et al. Palmeiras (Arecaceae) em Santa Catarina, sul do Brasil. Iheringia, Série Botânica, Porto Alegre, 73(2):1-107, 31 de agosto de 2018. Disponível em: <https://isb.emnuvens.com.br/iheringia/article/view/417>.EUTERPE in Flora do Brasil 2020 em construção. Jardim Botânico do Rio de Janeiro.Disponível em: <http://floradobrasil.jbrj.gov.br/reflora/floradobrasil/FB15712>. Acesso em: 14 Nov. 2019FLORA ARBÓREA e Arborescente do Rio Grande do Sul, Brasil. Organizado por Marcos Sobral e João André Jarenkow. RiMa: Novo Ambiente. São Carlos, 2006. 349p. il.INSTRUÇÃO NORMATIVA Nº 6, de 23 de Setembro de 2008. Espécies da Flora Brasileira Ameaçadas de Extinção. Ministério do Meio Ambiente. 2008. 55p. Disponível em: <http://www.iap.pr.gov.br/arquivos/File/Legislacao_ambiental/Legislacao_federal/INSTRUCAO_NORMATIVA/INSTRUCAO_NORMATIVA_06_DE_23_DE_SETEMBRO_DE_2008.pdf>.JURINITZ, C. F.; BAPTISTA, L. R. M. Monocotiledôneas Terrícolas em Um Fragmento de Floresta Ombrófila Densa no Litoral Norte do Rio Grande do Sul. Revista Brasileira de Biociências, Porto Alegre, v. 5, n. 1, p. 09-17, jan./mar. 2007. Disponível em: <http://www6.ufrgs.br/seerbio/ojs/index.php/rbb/article/viewFile/885/41>.KELLER, H. A. Plantas Textiles de los Guanaríes de Misiones, Argentina. Bonplandia 18(1): 29-37. 2009. Disponível em: <http://ibone.unne.edu.ar/bonplandia/public/18_1/29_37.pdf>.KINUPP, V. F. Plantas Alimentícias Não-Convencionais da Região Metropolitana de Porto Alegre. Tese de Mestrado, Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Porto Alegre, 2007. 590p. il. Disponível em: <http://www.lume.ufrgs.br/handle/10183/12870>.LOPES, S. B.; GONÇALVES, L. Elementos Para Aplicação Prática das Árvores Nativas do Sul do Brasil na Conservação da Biodiversidade. Fundação Zoobotânica do Rio Grande do Sul. Rio Grande do Sul, 2006. 18p. Disponível em: <http://www.fzb.rs.gov.br/jardimbotanico/downloads/paper_tabela_aplicacao_arvores_rs.pdf>.MAY, P. H. et al. (org.). Manual Agroflorestal Para a Mata Atlântica. Ministério do Desenvolvimento Agrário. Brasília, 2008. 196 p. il. Disponível em: <http://permacoletivo.files.wordpress.com/2008/05/apostila-1_manual-agroflorestal-junho-2007.doc>.PLANTAS DA FLORESTA ATLÂNTICA. Editores Renato Stehmann et al. Rio de Janeiro: Jardim Botânico do Rio de Janeiro, 2009. 515p. Disponível em: <http://www.jbrj.gov.br/publica/livros_pdf/plantas_floresta_atlantica.zip>.REIS, A. Dispersão de Sementes de Euterpe edulis Martius – (Palmae) em uma Floresta Ombrófila Densa Montana da Encosta Atlântica em Blumenau, SC. Instituto de Biologia da Universidade Estadual de Campinas. Campinas, 1995. 164p. Disponível em: <http://libdigi.unicamp.br/document/?code=vtls000188795>.