Bactris setosa

Nomes popularesTucum, coco-de-natal, marajá, tucum-bravo, tucum-pitanga, tucunzeiro, uva-do-mato, jacum, tucum-amarelo, tucum-do-brejo, uva-da-terra, marajá-ibaNome científicoBactris setosa Mart.SinônimosBactris setosa var. santensis Barb.Rodr.FamíliaArecaceaeTipoNativa, endêmica do Brasil.DescriçãoEstipes múltiplos, espinescentes, 0,8-6 m alt., 3-6 cm diâm., espinhos 2-8 cm compr., dispostos em torno dos entrenós. Folhas pinadas, 4-10 por estipe, bainha, pecíolo, raque e pinas moderadamente armados; espinhos com até 6 cm compr., achatados; bainha 18-33 cm compr.; pecíolo 0,2-1,1 cm compr.; raque, 0,5- 1,2 m compr., 17-62 pinas de cada lado, distribuídas irregularmente ao longo da raque e dispostas em mais de um plano. Inflorescência interfoliar, ramificada; pedúnculo 12-28 cm compr.; profilo 9-19 cm compr.; bráctea peduncular espinhenta, tomentosa, com 18-57 cm compr.; raque 10-18 cm compr.; 10-25 ráquilas, até 15 cm compr. Flores amarelo-creme, masculinas 0,3- 1,0 × 0,02-0,08 cm, femininas 0,5-1,2 × 0,04-0,08 cm na mesma inflorescência, 0,7-1,3 × 0,7-1,4 cm, 3 pétalas e 3 sépalas. Frutos pretos ou purpúreos quando maduros, 1-2,7 cm diâm., globosos; epicarpo glabro, mesocarpo suculento; endocarpo ósseo, 0,7-2,0 cm diâm., 3 poros de germinação e uma única semente; endosperma homogêneo. Eófilo bífido. (ELIAS, 2018).CaracterísticaFloração / frutificaçãoOs frutos amadurecem principalmente no inverno.DispersãoZoocóricaHabitatEspécie esciófita e seletiva higrófita que tem preferênciapor solos úmidos e está distribuída desde o sul da Bahia até o Rio Grande do Sul (Lorenzi et al. 2010, Soares et al. 2014).Em Santa Catarina ocorre entre o extremo norte e extremo sul, presente também no Vale do Itajaí, com distribuição altitudinal variando entre 5 e 400 m (Reitz 1974) (ELIAS, 2018).Desenvolve-se melhor em terrenos alagadiços e com meia-sombra, mas é encontrada também em áreas de solo bem drenado e com pleno sol, onde forma touceiras mais discretas.Distribuição geográficaOcorrências confirmadas:Nordeste (Bahia, Sergipe)Centro-Oeste (Goiás)Sudeste (Espírito Santo, Minas Gerais, Rio de Janeiro, São Paulo)Sul (Paraná, Rio Grande do Sul, Santa Catarina)Domínios Fitogeográficos Cerrado, Mata AtlânticaTipo de Vegetação Floresta de Várzea, Floresta Ombrófila (= Floresta Pluvial), Restinga (BACTRIS, 2019).EtimologiaPropriedadesFitoquímicaFitoterapiaFitoeconomiaTem uso difundido para variedades de cordoaria, por meio de suas folhas, pode ser utilizada para a fabricação de utensílios de caça e pesca, bem como objetos domésticos. Possui polpa agradável e amêndoa comestível (ELIAS, 2018).Os frutos são comestíveis, possuindo polpa fibrosa e suculenta, surgindo daí um dos seus nomes populares: uva-do-mato. As amêndoas podem ser consumidas ao natural ou torradas para usos diversos, sendo ricas em lipídios, servem também para extração de óleo alimentício. O palmito que fornece, apesar das pequenas dimensões, também é comestível. A madeira do estipe é muito forte e era utilizada antigamente para o fabrico de varetas, guardas de peneiras, bengalas e flechas. As fibras das bainhas foliares são muito resistentes, sendo impossível arrebentá-las com as mãos, e são consideradas superiores ao linho ou cânhamo, tanto por sua flexibilidade natural e resistência, como pela sua duração, mesmo quando exposta às intempéries. Apesar do extremo trabalho e tempo necessário para coletar e fabricar redes com estas fibras, elas eram muito utilizadas no passado, devido à excelente resistência e durabilidade que possuíam. Registros etnobotânicos afirmam que redes feitas com fibra de tucum chegavam a durar 50 até 60 anos de uso, enquanto que as atuais de nylon duram bem menos tempo.InjúriaComentáriosNa língua guarani possui dois nomes: karanda’i e mbokadja.BibliografiaBACTRIS in Flora do Brasil 2020 em construção. Jardim Botânico do Rio de Janeiro.Disponível em: <http://floradobrasil.jbrj.gov.br/reflora/floradobrasil/FB15698>. Acesso em: 14 Nov. 2019BERG, E. V. Botânica Econômica. UFLA – Universidade Federal de Lavras. Lavras, MG. 2005. 59p. Disponível em: <http://biologybrasil.blogspot.com/2009/08/botanica-economica.html>.Catálogo de plantas e fungos do Brasil, volume 1 / [organização Rafaela Campostrini Forzza... et al.]. -Rio de Janeiro : Andrea Jakobsson Estúdio : Instituto de Pesquisas Jardim Botânico do Rio de Janeiro, 2010. 2.v. 875 p. il. Disponível em: <http://www.jbrj.gov.br/publica/livros_pdf/plantas_fungos_vol1.pdf>.DIAS, J. L. Z. A Tradição Taquara e Sua Ligação Com o Índio Kaigang. 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