Araucaria angustifolia

Nomes popularesPinheiro, pinheiro-do-paraná, pinheiro-brasileiroNome científicoAraucaria angustifolia (Bert.) O. KuntzeBasionônioSinônimosAraucaria angustifolia var. alba ReitzAraucaria angustifolia var. caiova ReitzAraucaria angustifolia var. caiuva MattosAraucaria angustifolia var. dependens MattosAraucaria angustifolia var. indehiscens MattosAraucaria angustifolia var. monoica ReitzAraucaria angustifolia var. nigra ReitzAraucaria angustifolia var. sancti-josephi ReitzAraucaria angustifolia var. semialba ReitzAraucaria angustifolia var. stricta ReitzAraucaria angustifolia var. vinacea MattosAraucaria brasiliana A.Rich.Araucaria brasiliana var. elegans (Carrière) L.H.Bailey & RaffillAraucaria brasiliensis var. saviana (Parl.) Parl.Araucaria brasiliensis LoudonAraucaria dioica (Vell.) StellfeldAraucaria elegans CarrièreAraucaria ridolfiana Pi.SaviAraucaria saviana Parl.Columbea angustifolia Bertol.Columbea brasiliana (A.Rich.) CarrièrePinus dioica Vell.FamíliaAraucariaceaeTipoNativa, não endêmica do Brasil.DescriçãoÁrvore com altura de 10 até 60m, tronco retilíneo e cilíndrico, com 50 até 180 cm de diâmetro. Casca externa grossa, com cor marrom-arroxeada, persistente e áspera. A copa do pinheiro sofre mudanças ao longo da vida, pois no início tem a forma umbeliforme, ou seja, em forma de guarda-chuva, e depois passa a ter a forma de cálice, ou caliciforme. As folhas são simples, espiraladas, lanceoladas, coriáceas, pungentes, com 3-6 cm de comprimento, por 0,5-1 cm de largura. As flores são dióicas, sendo as femininas em estróbilos, conhecidos como pinhas, e as masculinas são cilíndricas, alongadas e com escamas coriáceas. Medem de 10 a 22 cm de comprimento, por 2 a 5 cm de diâmetro.CaracterísticaFloração / frutificaçãoFrutifica nos meses de abril e maio.DispersãoZoocóricaHabitatO Pinheiro é uma árvore perenifólia, heliófita, pioneira e característica das regiões de altitude da Floresta Ombrófila Mista, ou Mata de Pinhais, é a espécie dominante no dossel superior da floresta, mas ocorre também na Floresta Ombrófila Densa e Floresta Estacional Decidual. Geralmente é encontrada em regiões com mais de 500m de altitude, estando associada ao Pinheiro-bravo – Podocarpus lambertii.Distribuição geográficaOcorrências confirmadas: Sudeste (Minas Gerais, Rio de Janeiro, São Paulo); Sul (Paraná, Rio Grande do Sul, Santa Catarina)Domínios Fitogeográficos: Mata AtlânticaTipo de Vegetação: Campo de Altitude, Floresta Estacional Semidecidual, Floresta Ombrófila Mista) (IGANCI, 2019).EtimologiaPropriedadesFitoquímicaComposição por 100 g de parte comestível: Calorias, nutrimentos e minerais; Calorias 282, Proteínas 5,3(g), Lipídios 1,3(g), Glicídios 62,1(g), Fibra 17,1(g), Cálcio 37(mg), Fósforo 78(mg), Ferro 6,5(mg); Composição por 100 g de parte comestível: Vitaminas; Vitamina B1 1,28(mg), Vitamina B2 0,23(mg), Niacina 4,5(mg)FitoterapiaO chá das folhas é diurético e utilizado para combater bronquite, asma, tosses, catarro problemas nos rins, combate à anemia. O óleo obtido do fruto é indicado contra dores musculares, articulares, infecções e catarro pulmonar.FitoeconomiaAs duas maneiras mais comuns de se cozinhar os pinhões são na brasa e na água. Mas existem muitas outras formas de saborear este alimento, dos aperitivos às sobremesas, passando por carnes de panela e farofas. Os pinhões cozidos possuem índice glicêmico 23% menor em relação ao pão branco. Além de ser uma boa fonte de amido, também é importante fonte de fibra alimentar e de minerais como magnésio (Mg) e cobre (Cu). Os brotos da ponta dos ramos também são utilizados ocasionalmente como alimento, é o popular mata-fome. Existe também a produção artesanal de licor produzido a partir da essência das folhas.InjúriaComentáriosNa língua Guarani é chamado de Kuri’y, é uma árvore que está fortemente associada ao universo dos elementos simbólicos da cultura guarani, sendo um importante referencial cosmológico do grupo. É a provável origem do nome do município de Curitiba/PR. Devido à qualidade de sua madeira, o pinheiro encontra-se nas Listas de Espécies Ameaçadas de Extinção, sendo considerada rara. A propagação da espécie depende decisivamente da ave chamada Gralha-azul, pois esta, ao esconder os pinhões no solo para serem consumidos mais tarde, esquece-os ali, facilitando o nascimento de um novo indivíduo.Existem (apesar de raríssimas) pelo menos quatro variedades de pinheiro no Sul do Brasil que fornecem frutos comestíveis; sendo elas: o pinheiro (Araucaria angustifolia var. angustifolia), cuja maturação dos frutos dá-se nos meses de abril e maio (esta é a espécie mais comum atualmente), o pinheiro-caiova(Araucaria angustifolia var. caiova), maturando entre junho e julho, o pinheiro-macaco(Araucaria angustifolia var. indehiscens), de agosto a janeiro, na qual o pinhão não cai da pinha; e o pinheiro-são-josé(Araucaria angustifolia var. sancti josephi), com a maturação em fevereiro e março. Este fornecimento de pinhões durante todo o ano era essencial na sobrevivência dos povos indígenas que habitavam as regiões de Mata de Araucária.FONSECA(1922) afirmava a respeito do pinheiro: “... as cinzas provenientes da queima da casca contém muita potassa, que é empregada no fabrico do sabão...”“... produz uma resina aromática, substituta da terebintina dos pins e sapins europeus...”“... Coritiba (hoje Curitiba) deve o nome à abundância do pinheiro, visto significar em língua indígena muito pinhão: curi = pinhão, e tuva, donde tiba = muito.---------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------ReceitaMacarrão com molho de rúcula e pinhãoIngredientes8 pinhões cozidos sem casca4 xícaras de rúcula lavada e picada2 colheres (sopa) de água1 xícara (café) de azeite1 colher (café) de sal2 dentes de alho150 g de queijo ralado400 g de macarrão furadorúcula para enfeitarModo de fazerBata no liquidificador o pinhão, a rúcula, a água, o azeite, o sal, o alho e 50 g do queijo.Cozinhe o macarrão al dente. Despeje o molho sobre o macarrão. Polvilhe com o restante do queijo.--------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------Bolinho de pinhãoIngredientes2 colheres (sopa) de azeite de oliva (20 g)1;2 kg de pinhão cozido e descascado1 cebola média picada (165 g)1 ovo½ xícara (chá) de arroz bem cozido (90 g)3 colheres (sopa) de parmesão ralado (21 g)½ xícara de salsinha picada (20 g0Azeite de oliva para fritarSal e pimenta-do-reino a gostoModo de fazer Bata no processador o azeite de oliva, os pinhões, a cebola e o ovo. Retire e transfira para uma tigela. Misture o arroz, o queijo, a salsinha, o sal e a pimenta.Despeje colheradas da massa numa panela com o restante do azeite de oliva, bem quente, e frite os bolinhos, aos poucos, até dourarem. Retire e deixe sobre uma toalha de papel para tirar o excesso de gordura. Sirva em seguida.Valor nutricional por bolinho52 calorias; 2,5 g de gorduras (0,5 g de saturada, 1,5 g de monoinsaturada e 0,5 g de poliinsaturada); 8 mg de colesterol; e 0,5 g de fibras.BibliografiaALIMENTOS REGIONAIS BRASILEIROS. Ministério da Saúde, Secretaria de Políticas de Saúde, Coordenação-Geral da Política de Alimentação e Nutrição. Brasília, DF, 2002. 141 p. il. Disponível em: <http://dtr2001.saude.gov.br/editora/produtos/livros/pdf/05_1109_M.pdf>.Catálogo de plantas e fungos do Brasil, volume 1 / [organização Rafaela Campostrini Forzza... et al.]. -Rio de Janeiro : Andrea Jakobsson Estúdio : Instituto de Pesquisas Jardim Botânico do Rio de Janeiro, 2010. 2.v. 875 p. il. Disponível em: <http://www.jbrj.gov.br/publica/livros_pdf/plantas_fungos_vol1.pdf>.CERVI, A. C. et al. Espécies Vegetais de Um Remanescente de Floresta de Araucária (Curitiba, Brasil): Estudo preliminar I. Acta Biol. Par., Curitiba, 18(1, 2, 3, 4): 73-114. 1989. 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