Costus spiralis

Nomes popularesCana-do-brejo, cana-de-macacoNome científicoCostus spiralis (Jacq.) RoscoeSinônimosFamíliaCostaceaeTipoNativa, não endêmica do Brasil.DescriçãoErva ereta, 1,2–2,0 m alt. Folha com bainha 10-20 mm diâm., glabra ou glabrescente; lígula truncada 2-9 mm compr., glabra ou com tricomas predominantemente nas margens; pecíolo 5-17 mm compr., glabro a glabrescente; lâmina 9-32 cm compr., 4,5–12,0 cm larg., estreitamente elíptica a obovada, ápice curtamente acuminado, base arredondada a cuneada, glabra com exceção das margens, que podem ser glabrescentes a vilosas. Inflorescência cilíndrica a ovoide, 5-14 cm compr., 3,7–7,0 cm larg.; bráctea vermelha, coriácea, largamente ovada ou elíptica, glabra a pubescente, ápice obtuso ou agudo, 2,5-4,0 cm compr., 2-4 cm larg.; calo nectarífero 5–8 mm compr.; bractéola 18-27 mm compr. Flor com cálice 3 lobado, vermelho-purpúreo, 7-12 mm compr., lobos triangulares; corola rosada a vinácea, 40-55 mm compr.; tubo ca. 10 mm compr.; lobos obovados, 30-45 mm compr.; labelo tubular, rosado ou avermelhado, amarelado internamente próximo ao ápice, 22-30 mm compr., ápice irregularmente crenulado; estame vermelho, petaloide, elíptico, 20-30 mm compr., ápice emarginado ou agudo, unido na base com o labelo, antera 8 mm compr.; ovário 6-10 mm compr., glabro, estigma bilamelado, ciliado, com tricomas vilosos. Cápsula loculicida 1,0-1,5 cm compr. Semente negra, 2-3 mm compr., envolta por arilo branco (ANTAR, 2016).CaracterísticaCostus spiralis pode ser confundida com Costus spicatus (Jacq.) Sw. e Costus scaber Ruiz & Pav., pelas semelhanças na forma e tamanho das folhas, brácteas sem apêndices e flores tubulares; entretanto, pode ser diferenciada por possuir labelo de cor rosada ou avermelhada e estame com o ápice emarginado (ANTAR, 2016).Floração / frutificaçãoColetada com flores de janeiro a julho e com frutos em março (JARDIM, 2016).DispersãoZoocórica, sementes dispersadas por aves e formigas (JARDIM, 2016).HabitatPode ser encontrada praticamente em todo o país, especialmente associada a locais úmidos, principalmente em matas ciliares, mas também em florestas pluviais, matas semideciduais, afloramentos graníticos, restingas, savanas amazônicas e até locais degradados, como beira de rodovias (ANTAR, 2016).Distribuição geográficaOcorrências confirmadas: Norte (Amazonas, Amapá, Pará, Rondônia, Roraima, Tocantins); Nordeste (Alagoas, Bahia, Ceará, Maranhão, Pernambuco, Piauí, Rio Grande do Norte, Sergipe); Centro-Oeste (Distrito Federal, Goiás, Mato Grosso do Sul, Mato Grosso); Sudeste (Espírito Santo, Minas Gerais, Rio de Janeiro, São Paulo); Sul (Paraná, Rio Grande do Sul, Santa Catarina)Domínios Fitogeográficos: Amazônia, Caatinga, Cerrado, Mata Atlântica, PantanalTipo de Vegetação: Floresta Ciliar ou Galeria, Floresta de Terra Firme, Floresta Estacional Semidecidual, Floresta Ombrófila (= Floresta Pluvial), Palmeiral, Restinga, Savana Amazônica (COSTACEAE, 2019).EtimologiaPropriedadesFitoquímicaEstudos fitoquímicos realizados, por mais de três décadas, com parte aérea de C. spiralis mostram que esta espécie produz principalmente os flavonoides 3,5-diidroxi-7,4’-dimetoxiflavona-3-O-neohesperidosídeo, canferol-3-O-neohesperidosi_ deo, canferídeo 3-O–neohesperidosídeo, quercetina 3-O-neohesperidosídeo e tamarixetina 3-O-neohesperidosídeo (Silva, Parente e Antunes, 2000), esteroides, alcaloides (Braga et al., 2007), saponinas (3β,25R)-26-(β-D-glicopiranosiloxi)-22-hidroxifurost-5-en-3-il-O-D-apio-β-D-furanosil-(1→2)-O-[α-L-ramnopiranosil-(1→4)-β-D-glicopiranosideo e (3β,25R)-26-(β-D-glicopiranosiloxi)-22-hidroxifurost-5-en-3-il-O-D-apio-β-D-furanosil-(1→4)-O-[α-L- ramnopiranosil-(1→2)-β-D-glicopiranosideo (Silva e Parente, 2004), inulina, taninos, sistosterol, mucilagens, sapogeninas, pectinas e oxalato de cálcio (Albuquerque, 1989; Correa, Siqueira – Batista e Quintas, 1998; Vieira e Albuquerque, 1998; Oliveira, Saito e Chunzum, 1986). Além destes compostos, diosgenina também foi isolada dos rizomas, o que tem atraído à atenção de muitos pesquisadores por ser uma nova fonte precursora de hormônios esteroidais (DUARTE, 2017).FitoterapiaUtilizada na medicina popular em tratamentos de afecções urinárias, cálculo renal, no processo de cicatrização, perda do excesso de líquido no corpo e controle da diabetes (JARDIM, 2016).Na medicina popular brasileira o relato é antigo de uso de Costus spiralis como um agente diurético, para aliviar dores na bexiga e na uretra e para expelir pedras nos rins (Corrêa, 1984; Cruz, 1965). Existem ainda relatos para tratar hipertensão e disfunção renal (Cruz, 1982; Di Stasi e Hiruma-Lima, 2002 e Araújo e Oliveira, 2007).Além disso, tem sido relatado na literatura sua utilização como um agente antimicrobiano, antifúngico e antioxidante (Habsah et al., 2000; Braga et al., 2007), bem como leishmanicida, citotóxica anti-inflamatória e atividade imunomoduladora (Whittle, 1964; Silvia e Parente, 2000; Silva, 2003). Pio Corrêa (1984) também descreveu a utilidade de C. spiralis no suco, para tratamento de taquicardia.Segundo Habsah et al. (2000), Braga et al. (2007) e Hafidh et al. (2009a) esta planta também é comumente utilizada na medicina popular para diabetes. A planta também atua como um antioxidante, um agente antibacteriano e diurético e para promover a cura de feridas.Na Mata Atlântica (Brasil), a infusão das folhas é usada contra hipertensão e como diurético. A decocção de suas folhas, contra diarreias graves, e a infusão dos colmos é usada internamente contra hepatite e dores de barriga (Di Stasi e Hiruma-Lima, 2002) A partir dos vários artigos utilizados nesta revisão, destacamos a forte preocupação com a melhora da comunicação entre profissionais e usuários de plantas medicinais, mais especificamente sobre o Costus spiralis, no sentido de troca de informações sobre a terapia, devido a sua pluralidade em propriedades medicinais, a fim de evitar maiores complicações à saúde. Ressaltamos que apesar da pouca literatura, ou seja, dados quantitativos e qualitativos sobre a dose e terapêutica de C. spiralis na medicina popular ou científica (extrato aquoso ou droga vegetal), as pesquisas revisadas neste artigo sugerem, de forma indireta, a possibilidade de utilização desta planta quando prescrito para o tratamento da síndrome metabólica e sua comorbidades.Estudos multidisciplinares ainda são necessários para que sejam ampliados os conhecimentos sobre C. spiralis, como agem nas comorbidades da síndrome metabólica, quais são os seus efeitos tóxicos e colaterais, como seriam suas interações com novos medicamentos alopatas e quais as estratégias mais adequadas para o controle de qualidade e produção de fitoterápicos, atendendo às novas normas das agências reguladoras, como as resoluções da ANVISA. (DUARTE, 2017).FitoeconomiaÉ uma espécie muito cultivada devido ao seu potencial ornamental e seu efeito medicinal relacionado a enfermidades renais, confirmado, em parte, por pesquisas (ANTAR, 2016).Suas inflorescências são vistosas, sendo bastante usadas como ornamentais; as flores costumam ser visitadas por beija-flores como o Ramphodon naevius e o Phaethornis spp. (JARDIM, 2016).InjúriaComentáriosBibliografiaANTAR, G.M.; SANO, P.T. Flora da Serra do Cipó, Minas Gerais: Costaceae. Bol. Bot. Univ. São Paulo, São Paulo, v. 34, p. 1-5, 2016. Disponível em: <http://www.revistas.usp.br/bolbot/article/view/122753>.COSTACEAE in Flora do Brasil 2020 em construção. Jardim Botânico do Rio de Janeiro. Disponível em: <http://floradobrasil.jbrj.gov.br/reflora/floradobrasil/FB110658>. Acesso em: 31 Out. 2019.DUARTE, R.C.; ANDRADE, L.A.; OLIVEIRA, T. Revisão da planta Costus spiralis (Jacq.) Roscoe: Pluralidade em propriedades medicinais. Revista Fitos, Rio de Janeiro, Vol. 11(2), 119-249, 2017. Disponível em: <http://revistafitos.far.fiocruz.br/index.php/revista-fitos/article/view/486>.JARDIM, A.B. et al. Flora da Bahia: Costaceae. Sitientibus série Ciências Biológicas. 2016. Disponível em: <http://periodicos.uefs.br/index.php/sitientibusBiologia/article/viewFile/1094/882>.