Método

Método. Derivado do grego méthodos, formado pelo prefixo metá, "além de", "através de", "para", e o radical odós, "caminho". Poder-se-ia, então, traduzir a palavra por "caminho para" ou, então, "prosseguimento", "pesquisa". O método é um processo intelectual de abordagem de qualquer problema mediante a análise prévia e sistemática de todas a as vias possíveis de acesso à solução. Opõe-se, pois, a um modo de trabalhar confiado exclusivamente na improvisação ou na inspiração repentina. O método é apenas uma disciplina mental, e não pode, por si, suprir o talento nem muito menos a genialidade. Entretanto, um talento, mesmo modesto, trabalhando metodicamente, pode conseguir resultados maiores e mais duradouros, do que um grande gênio habituado à boêmia intelectual. (1)

Método. 1. Um procedimento regular e bem especificado para fazer alguma coisa: uma sequência ordenada de operações dirigida a um objetivo. Cada ramo da matemática, da ciência e da tecnologia tem seus próprios métodos especiais: para calcular, obter amostras, efetuar preparados, observar, mudar etc. Ademais, todas as ciências usam o método científico e algumas empregam igualmente o método experimental. 2. Método experimental. A montagem planejada de um dispositivo para empreender observações ou mensurações sobre particulares de tipos definidos, distribuídos de maneira mais ou menos igual entre dois grupos: o grupo experimental, onde o estímulo está presente, e o de controle, onde ele não está. 3. Método científico. A sequência: levantamento de um corpo de conhecimento ==> escolha do problema neste corpo de conhecimento ==> formulação ou reformulação do problema ==> aplicação ou invenção de uma abordagem para tratar do problema ==> solução tentativa (hipótese, teoria, projeto experimental, instrumento de medida etc.) ==> aferir a solução tentativa ==> avaliar a solução tentativa à luz do teste e do conhecimento básico  ==> revisão ou repetição de quaisquer dos passos prévios ==> estimativa do impacto sobre o conhecimento básico ==> avaliação final (até nova informação). (2)

Figura: Esboço do Método Científico

Método Hipotético-Dedutivo. Método associado sobretudo à filosofia da ciência e enfatiza os méritos da falsificação. Na sua forma mais simples, propõe-se uma hipótese e deduzem-se dela certas consequências, que depois são testadas pelo confronto com a experiência. Se a hipótese for falsificada, aprendemos com a tentativa e ficamos em condições de produzir uma hipótese melhor... (3) 

Método Maiêutico. Do grego maieutikos, o que age como parteira. O método maiêutico consiste extrair ideias por meio de perguntas; a imagem é a de que as ideias já existem na mente “grávida” do sujeito, mas precisam de um “parto” para se tornarem manifestas. (3)

Método Socrático. Maneira de ensinar questionando e analisando mais do que transmitindo informações. O ensino efetivo combina ambos os métodos. O método socrático pode ser adequado para esvaziar por punção o know-how de artesões. Imagine o que um Sócrates poderia aprender acerca dos pormenores dos processos industriais se ele trabalhasse como engenheiro ou administrador de nível médio numa fábrica moderna. (2)

Método Socrático (Sócrates c. 450 a.C.). Método de ensino que consiste em perguntas contínuas. 

Ao contrário dos grandes oradores sofistas de sua época e dos posteriores professores aristotélicos e acadêmicos, que disseminavam informação por meio de palestras cuidadosamente planejadas, Sócrates (470-399 a.C.) conversava com seu público individualmente e num nível pessoal, com uma série de perguntas. Essas perguntas eram projetadas para criar uma perspectiva reflexiva e principalmente cética em relação a diversas ideias filosóficas, políticas e religiosas. Em um caso bem conhecido — retirado do diálogo de Platão Mênon (380 a.C.) —, Sócrates usou seu método para "ensinar" a um garoto escravo não educado uma série de postulados euclidianos, incluindo o teorema de Pitágoras. A suposição central subjacente à abordagem de Sócrates era que o conhecimento é inato — nós não adquirimos novas informações; o que ocorre é que a educação nos faz lembrar daquilo que já sabemos. 

O método socrático foi relegado na Idade Média pela popularidade de oradores clássicos como Aristóteles e Cícero o que levou a uma pedagogia cada vez mais centrada em palestras conhecida como "modelo acadêmico" (também chamada "educação bancária", visto que pressupõe que o conhecimento pode ser "depositado" no aluno assim como o dinheiro no banco). Outro revés se deu no século XVII com a ascensão do empirismo, a visão de que viemos ao mundo como "tabulas rasas" e devemos obter conhecimento por meio da experiência. O empirismo implica que o inatismo não existe e, portanto, desafia a pedagogia baseada no conceito.

A questão da eficácia do método socrático ainda recebe atenção de pesquisadores da área da educação. Alguns afirmam que o método restringe o aprendizado e gera agressão. Outros respondem que, assim como todos os métodos de ensino, o socrático pode ser abusado, mas quando bem usado pode ser eficaz. O método socrático ainda é usado com frequência em escolas de direito, costume muito bem retratado no filme O homem que eu escolhi (1973). (4)

(1) ÁVILA, F. B. de S.J. Pequena Enciclopédia de Moral e Civismo. Rio de Janeiro: M.E.C., 1967.

(2) BUNGE, M. Dicionário de Filosofia. Tradução de Gita K. Guinsburg. São Paulo: Perspectivas, 2002. (Coleção Big Bang)

(3) BLACKBURN, Simon. Dicionário Oxford de Filosofia. Consultoria da edição brasileira, Danilo Marcondes. Tradução de Desidério Murcho ... et al. Rio de Janeiro: Zahar, 1977.

(4) ARP, Robert (Editor). 1001 Ideias que Mudaram a Nossa Forma de Pensar. Tradução Andre Fiker, Ivo Korytowski, Bruno Alexander, Paulo Polzonoff Jr e Pedro Jorgensen. Rio de Janeiro: Sextante, 2014.