Nomes popularesCarqueja, carqueja-amargosaNome científicoBaccharis crispa Spreng.SinônimosBaccharis genistelloides var. crispa (Spreng.) BakerMolina crispa (spreng.) Less.Pingraea crispa (Spreng.) F.H.Hellw.Baccharis cylindrica (Less.) DC.Baccharis genistelloides var. cylindrica (Less.) BakerBaccharis genistelloides var. myriocephala Baker ex G.M.BarrosoBaccharis genistelloides var. trimera (Less.) DC.Baccharis subcrispa Malag.Baccharis trimera (Less.) DC.Baccharis trimera var. carqueja DC.Baccharis triptera Mart.Molina trimera Less.Baccharis genistelloides subsp. crispa (Spreng.) Joch.Müll.FamíliaAsteraceaeTipoNativa, não endêmica do Brasil.DescriçãoSubarbustos 0,15-1 m alt., eretos; aparentemente glabros, indumento em diminutos tufos de tricomas clavados unisseriados e tricomas glandulares bisseriados. Caule e ramos eretos, ramos vegetativos e reprodutivos 3-alados, alas 1-7x0,3-1 cm, aplanadas ou onduladas. Folhas escamiformes, sésseis, 1-4x1-2,5 mm, triangulares. Ramos espiciformes 3-20 cm compr., ramos espiciformes secundários reduzidos a capítulos solitários e glomérulos com 2-5 capítulos. Capítulo masculino 4-5,5x3-4 mm; invólucro campanulado; filárias 3- séries, externas ovaladas a oblongas, medianas elípticas a ovaladas, internas elípticas; margem curtamente a largamente escariosa. Flores masculinas 18-35; corola 3-4,5 mm compr., tubo 2-2,5 mm compr., fauce 0,2-1 mm compr., lacínias 1-1,5 mm compr.; pistilódio 3,5-4,5 mm compr., ápice bífido, ramos divergentes; papilho 3-5 mm compr. Capítulo feminino 4-5,5x2,5-5 mm; invólucro cilíndrico a campanulado; filárias 4-5 séries, externas ovaladas a oblongas, medianas elípticas a ovaladas, internas elípticas, ápice denticulado, margem curtamente a largamente escariosa. Flores femininas 35-60; corola 3-4,5 mm compr., truncada; estilete 3,5-5,5 mm compr. Cipselas 1-1,5 mm compr., cilíndricas, papilosas, 8-12 costadas; papilho 2,5-5 mm compr. Número cromossômico n=9 (Coleman 1968, Bowden 1945) CaracterísticaBaccharis trimera pertence à seção Caulopterae DC., caracterizada por espécies com ramos alados e folhas muito reduzidas, tendo sida tratada por Barroso (1976) como um grupo informal (“Grupo Trimera”), constituído de 19 espécies. A delimitação de espécies desse “grupo” é tênue, principalmente por apresentarem caracteres com grande plasticidade. Baccharis trimera é muito semelhante a outras espécies desse “grupo”, em especial a B. myriocephala DC. e os caracteres utilizados na delimitação são variáveis e pouco consistentes, necessitando de uma revisão. A largura das alas dos ramos, muito utilizada para a distinção de espécies, deveria ser usada com mais cautela, pois foi observado que quando os indivíduos crescem à sombra ou estão em estágio vegetativo, as alas dos ramos ficam maiores e mais largas. Por tratar-se de um “complexo” polimórfico de difícil delimitação, Baker (1882) considerou B. trimera juntamente com outras espécies de caule alado como sendo variedades de B. genistelloides Less. (SOUZA, 2007).Floração / frutificaçãoFloresce e frutifica na primavera e verão.DispersãoAnemocóricaHabitatDistribuição geográficaOcorrências confirmadas:Nordeste (Bahia, Pernambuco)Centro-Oeste (Distrito Federal, Goiás, Mato Grosso do Sul, Mato Grosso)Sudeste (Espírito Santo, Minas Gerais, Rio de Janeiro, São Paulo)Sul (Paraná, Rio Grande do Sul, Santa Catarina)Domínios Fitogeográficos Caatinga, Cerrado, Mata Atlântica, PampaTipo de Vegetação Área Antrópica, Campo de Altitude, Campo Limpo, Campo Rupestre, Cerrado (lato sensu), Floresta Ombrófila (= Floresta Pluvial), Floresta Ombrófila Mista, Restinga, Vegetação Sobre Afloramentos Rochosos (BACCHARIS, 2020).EtimologiaPropriedadesFitoquímicaÓleos essenciais, contendo monotérpenos (nopineno, carquejol e acetato de carquejilo), e -pineno, álcoois sesquiterpênicos, ésteres terpênicos, flavonas e flavanonas, flavonóides, fenólicos, lactonas sesquiterpênicas e tricotecenos, alcalóides, princípios amargos (lactonas), diterpenos, rutina e saponinas. Compostos específicos: apigenina, dilactonas A, B, e C, diterpeno do tipo eupatorina, germacreno-D, hispidulina, luteolina, nepetina e queercetina. Os flavonóides encontrados na carqueja auxiliam na diminuição dos níveis de gordura no sangue e combatem a arteriosclerose, também possuem propriedades anti-hepatotóxicas. As saponinas tem propriedades analgésicas e antiinflamatórias, enquanto que os diterpenos caracterizam-se pelas propriedades relaxantes e vasodilatadoras.FitoterapiaBarroso & Bueno (2002) referiram que, dentre os vários usos de B. trimera como planta medicinal, o mais comum é sob a forma de infusão para problemas digestivos. Além disso, algumas substâncias químicas isoladas dessa espécie tiveram ações biológicas eficazes no tratamento contra a cercária de Schistosoma mansoni Sambon, 1907 e letal para o molusco hospedeiro, além de inibir o crescimento do protozoário causador da doença de chagas (SOUZA, 2007).É uma das 71 plantas medicinais divulgadas pelo Ministério da Saúde como de interesse ao SUS, e o uso medicinal é no combate a ferimentos e como estomáquico. Na medicina popular, é utilizada contra distúrbios digestivos, intestinais, hepáticos e renais, anorexia, má digestão, feridas, febres, úlceras, gota, obesidade, asma, bronquite, lepra, chagas ulceradas, azia, gastrite, derrame cerebral, hipertensão, fraqueza intestinal, afecções do baço, fígado e bexiga, má circulação, congestões, anemia, dispepsia, asma, angina e também como tônico, antibiótico, analgésico, hepatoprotetor, laxante, diurética, eupéptica, anti-hidrópica, sudorífica, colagoga, aromática, anti-reumático, anti-helmíntico, hipoglicêmica, antidiabética, tenífuga e no combate à gripe e para reduzir inchaços. Também possui fama de “emagrecedor” e para “desintoxicação do corpo”. Na Argentina, o uso comum é como cura para a impotência masculina e esterilidade feminina. O uso medicinal na cultura dos índios Guarani é a infusão das folhas e caules como vermífugo. Estudos confirmaram que o extrato desta espécie possui ação analgésica e antiinflamatória. O lenho serve para limpar os dentes.FitoeconomiaNo Rio Grande do Sul é utilizada como substituta do lúpulo na fabricação de cerveja, que possui ótimo sabor, coloração e prováveis funções nutracêuticas; sendo utilizada também para conferir sabor a licores e refrigerantes, além de ser misturada à erva-mate, no preparo do chimarrão. É alelopática, protegendo e estimulando o crescimento da camomila. Na Bolívia é utilizada como inseticida.InjúriaPlanta daninha infestante de pastagens, terrenos baldios e beira de estradas, chegando a formar densas infestações.ComentáriosFoi incluída na Farmacopéia Brasileira, primeira edição (1926). Na língua guarani é chamada de djakare ruguai e tedju ruguai, que significa rabo de lagarto, e também de taxopuã. Pode ser propagada por sementes, rebentos ou estacas.BibliografiaBACCHARIS in Flora do Brasil 2020 em construção. Jardim Botânico do Rio de Janeiro. Disponível em: <http://floradobrasil.jbrj.gov.br/reflora/floradobrasil/FB5169>. 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