Arctium minus

Nomes popularesBardana, pega-pega, carrapicho-grande, carrapicho, carrapicho-de-carneiroNome científicoArctium minus (Hill) Bernh.SinônimosLappa minor HillFamíliaAsteraceaeTipoNaturalizadaDescriçãoPlanta herbácea e bienal, de fácil cultivo, capaz de se desenvolver em ambientes úmidos e sombreados (Figura 1.1). Pode chegar até 1,5 m de altura (FONT QUER, 1988). Suas folhas caracterizam-se pelo tamanho (grandes), podendo alcançar 40 cm de comprimento, além de apresentarem formato oval ou lanceolado (as superiores) e peciolado. As flores são rosadas ou púrpuras, e a floração ocorre no verão, sendo que suas flores (e os frutos também) são formadas após o segundo ano do cultivo. Os frutos, aquênio oblongo-subtrígono, possuem papilos de pêlos muito caducos. As raízes podem chegar a 1,2 m de profundidade e 1 cm de diâmetro. São carnosas, fusiformes, brancas internamente e pardas externamente (SANTOS, 2007).CaracterísticaFloração / frutificaçãoDispersãoHabitatDistribuição geográficaDistribuição GeográficaOcorrências confirmadas:Nordeste (Bahia)Sudeste (Espírito Santo, Minas Gerais, Rio de Janeiro, São Paulo)Sul (Paraná, Rio Grande do Sul, Santa Catarina)Possíveis ocorrências:Nordeste (Paraíba, Pernambuco)Centro-Oeste (Mato Grosso do Sul)Domínios Fitogeográficos Mata Atlântica, PampaTipo de Vegetação Área Antrópica (ARCTIUM, 2020).EtimologiaPropriedadesFitoquímicaQuanto a composição química das raízes da A. lappa, ela contém inulina (45-60%), mucilagens, lactonas sesquiterpenicas, ácidos fenólicos (ácido caféico e derivados, ácido clorogênico e isoclorogênico), óleo essencial, poliacetilenos (ácido arético, arctinona, arctinol, arctinal), taninos (CUNHA et al., 2003), flavonóides (baicalina) (UCHIYAMA et al., 2005) e lignanas (arctigenina) (CHO et al., 2004) (SANTOS, 2007).FitoterapiaAs indicações populares da Bardana são amplas. É utilizada por suas propriedades diuréticas e antipiréticas (CHEN et al., 2004). Também existem relatos de ações da Bardana como depurativa, diaforética (MORGAN, 1997), desmutagênica (MORITA et al., 1984), digestiva e em doenças dermatológicas, como psoríase (CUNHA et al., 2003). A toxicidade da Bardana não é totalmente conhecida, porém pode potencialmente causar sensibilização cutânea por contato (RODRGUEZ et al., 1995; CUNHA et al., 2003). No ano de 2003, SASAKI et al.relataram um caso de anafilaxia como conseqüência da ingestão de Bardana. O consumo da Bardana também não é recomendado durante a gestação, devido a presença de uma atividade estimulante uterina (CUNHA et al., 2003). Estudos comprovaram o efeito da arctigenina atenuando a proliferação de linfócitos B e T, e também a produção de TNF-α (fator de necrose tumoral alfa) estimulada pelo LPS (lipopolissacarídeos) em macrófagos (CHO et al., 1999). Este composto também apresenta ação inibitória sobre a replicação do vírus daimunodeficiência humana (HIV) (EICH, E. et al, 1996; VLIETINCK et al, 1998; CHO et al., 2004). Este efeito anti-HIV, também observado por SCHRODER et al. (1990), foi caracterizado pela redução da expressão de proteínas do HIV (p17 e p24) e redução da atividade da transcriptase reversa em 80-90 %. A baicalina, presente na A. lappa, também atua como anti-HIV (LI et al.,1993; KITAMURA et al., 1998), principalmente quando associada ao zinco, diminuindo a atividade recombinante da transcriptase reversa e a entrada do HIV nas células hospedeiras (WANG et al, 2004). A arctiina, um glicosídeo da arctigenina, está presente nas sementes da Bardana. Foi sugerida a possibilidade de este composto ser indutor de câncer de próstata, em decorrência de sua transformação pelas bactérias intestinais a substâncias estrogênicas e antiestrogênicas e pela indução de enzimas responsáveis pelo metabolismo de drogas. Porém, os resultados obtidos por ZENG et al. (2005), não confirmaram esta suspeita. Ainda contrariando este suposto efeito carcinogênico, o seu efeito anti-cancerígeno foi confirmado pelo teste de indução de tumores cutâneos induzidos pelo 7, 2 di-metil-benzatraceno, em ratos (WANG et al., 2005). UCHIYAMA et al. (2005) citam que a baicalina, presente na Bardana, seria um composto que apresenta atividades antipirética e antiinflamatória. Esta última, também é citada por LIN et al (1996) como uma das propriedades da Bardana, observada através da redução do edema de pata por carragenina, em ratos. A atividade antibacteriana da A. lappa foi confirmada por PEREIRA et al, (2005), utilizando a fração hexânica das folhas, e por GENTIL et al (2006), com a fração acetato de etila em infecções intracanal dentário, em cães. O efeito de um polissacarídeo tipo inulina, presente nas raízes da Bardana, caracterizou-se como supressor da tosse. Esta ação foi equivalente a alguns medicamentos não narcóticos usados na prática clínica para tratar a tosse. Também apresentou significante resposta nos testes de atividade mitogênica e comitogênica, comparável ao do Zymosan (imunomodulador), o que confirma a atividade imunológica das partículas de inulina sugeridas em relatos prévios (KARDOŠOVÁ et al., 2003). A Bardana também apresenta muitos relatos sobre a sua atividade antioxidante. Estudos in vitro demonstraram que a ação antioxidante da Bardana era resultado da redução das espécies reativas ao oxigênio (ROS) e dos danos ao DNA celular (LEONARD et al, 2006). Esta ação antioxidante foi considerada como o mecanismo responsável pela hepatoproteção observada após a hepatotoxicidade induzida pelo acetaminofeno e pelo tetracloreto de carbono (CCl4) (LIN et al, 2000), e após a hepatotoxicidade induzida pelo etanol e potencializada pelo CCl4 (LIN et al, 2002). Em 2003, no departamento de Farmacologia da Universidade Federal do Paraná (UFPR), SBOLLI constatou que o extrato bruto etanólico, obtido das raízes da Bardana e da fração clorofórmica deste extrato, promoveram efeitos depressores sobre sistema nervoso central, provavelmente envolvendo o sistema gabaérgico. Nos estudos sobre as atividades dos extratos brutos da Bardana sobre o trato gastrointestinal, realizados de 2003 até 2005 na UFPR, foram observados efeitos gastroprotetores. O extrato bruto aquoso, extraído das folhas da Bardana, foi capaz de proteger a mucosa gástrica contra lesões agudas induzidas pelo etanol. Esta atividade anti-ulcerogênica seria conseqüência da manutenção de fatores protetores da mucosa gástrica, como a enzima GSH e a camada de muco gástrico (CALIXTO et al., 2003). O extrato bruto etanólico (EBE), extraído das raízes, protegeu a mucosa gástrica contra lesões agudas induzidas pelo etanol pelas vias oral e intraperitoneal. Neste modelo, o EBE manteve os níveis de muco gástrico, justificando assim a citoproteção observada. Também foi efetivo protegendo a mucosa gástrica contra as lesões agudas induzidas pelo estresse e reduzindo o volume e a acidez da secreção gástrica no modelo de ligadura do piloro (MENDES et al., 2005), além de reduzir a atividade da bomba de prótons foi reduzida em 32 % na concentração de 1000 µg/mL (SANTOS, 2007).FitoeconomiaInjúriaComentáriosBibliografia ARCTIUM in Flora do Brasil 2020 em construção. Jardim Botânico do Rio de Janeiro. Disponível em: <http://floradobrasil.jbrj.gov.br/reflora/floradobrasil/FB15953>. Acesso em: 31 ago. 2020.SANTOS, A.C. Mecanismos de ação envolvidos nos efeitos da Bardana (Arctium lappa L.) sobre o trato gastrointestinal. UFPR. Curitiba, PR. 2007. Disponível em: <http://livros01.livrosgratis.com.br/cp067035.pdf>.