Syagrus romanzoffiana

Nomes popularesJerivá, baba-de-boi, cheribão, coco-de-cachorro, coco-de-catarro, coco-de-sapo, coco-juvena, coqueirinho, coqueiro, coqueiro-jerivá, coquinho, coquinho-babão, coquinho-doce, baba-de-boi, gerivá, imburi-de-cachorro, jeribá, jureva, palmeira, pindó, pindoba-do-sul, tâmara-da-terra, jarobá, jeribá, coco-babãoNome científicoSyagrus romanzzofianum (Cham.) GlassmanSinônimosArecastrum romanzoffianum (Cham.) Becc. var. romanzoffianumCocos romanzoffiana Cham.Arecastrum romanzoffianum var. australe (Mart.) Becc.Arecastrum romanzoffianum var. ensifolium (Drude) Becc.Arecastrum romanzoffianum var. genuinum Becc.Arecastrum romanzoffianum var. micropindo Becc.Cocos acrocomioides DrudeCocos australis Drude & BrandtCocos australis Mart.Cocos geriba Barb.Rodr.Cocos martiana Drude & Glaz.Cocos plumosa Hook.Arecastrum romanzoffianum (Cham.) Becc.FamíliaArecaceaeTipoNativa, não endêmica do Brasil.DescriçãoPorte robusto ou moderado, 4,5-20 m alt. Estipe solitário, colunar, 4-17 x 0,2-0,5 m, com suaves cicatrizes deixadas pelas bainhas de folhas já caídas. Folhas dispostas em espiral ao redor do estipe, 7-27 contemporâneas, arqueadas; bainha, 50-100 cm compr., margens fibrosas; pecíolo, 80-170 cm compr.; raque, 165-450 cm compr., arqueadas; pinas flexíveis, 145-340 pinas de cada lado, verdes, brilhantes, ápice assimétrico, distribuídas irregularmente e dispostas em vários planos ao longo da raque, ápice pendente, as da parte mediana da raque com 60-116 x 1,9-4,3 cm. Inflorescência andrógina, interfoliar; profilo 45-55 x 8-11 cm; bráctea peduncular sulcada, recoberta por tomento esbranquiçado, especialmente na extremidade, 130-225 cm compr. total, parte expandida 100-164 x 7,0-28 cm; pedúnculo coberto por um indumento esparso, de cor ferrugínea ou esbranquiçada logo após a antese, 55-85 x 1,5-3 cm; raque 40-110 cm compr., ramificada ao nível de primeira ordem; ráquilas 44-328, as da parte mediana da raque 25-77 cm compr. Flores, estaminadas 6-10 mm compr., pistiladas 4,5-7 x 4-6 mm. Frutos ovoides, 2,0-3,8 x 1,3-2,4 cm; epicarpo alaranjado, glabro superficialmente, coberto por um tomento esbranquiçado apenas na extremidade. Endocarpo ovoide, ósseo, superfície exterior quase lisa, 1,9-2,5 x 1,5-1,8 cm. Endosperma irregular, giboso (SOARES, 2019).CaracterísticaEsta é a espécie de Syagrus com mais ampla distribuição natural e a mais cultivada no paisagismo urbano e rural. Facilmente separada das outras espécies por apresentar estipe volumoso (20-50 cm diâm.), folhas com pinas flexíveis, e inflorescências com muitas ráquilas (até 328) e flores pequenas (4-10 mm: estaminadas e pistiladas). Trata-se da única espécie que apresenta endosperma irregular-giboso, ou seja, com a superfície interna do endocarpo irregular (mas não ruminado) (SOARES, 2019).Floração / frutificaçãoFloresce e frutifica duas vezes ao ano, uma no outono e outra no verão.DispersãoZoocóricaHabitatEspécie heliófita e seletiva higrófita, ocorre no Uruguai, Argentina, Paraguai e Brasil (sudeste da BA, GO, DF, MG, MS, SP, RJ, ES, PR, SC e RS) (Soares et al. 2014) é abundante nos agrupamentos vegetais primários, sendo comum em solos úmidos, brejosos ou que ficam temporariamente encharcados. Em Santa Catarina está distribuída de forma irregular, praticamente, por todas as formações vegetais, entre 10 e 800 m de altitude (Reitz 1974) (ELIAS, 2018).Distribuição geográficaOcorrências confirmadas:Nordeste (Bahia)Centro-Oeste (Distrito Federal, Goiás, Mato Grosso do Sul)Sudeste (Espírito Santo, Minas Gerais, Rio de Janeiro, São Paulo)Sul (Paraná, Rio Grande do Sul, Santa Catarina)Domínios Fitogeográficos Cerrado, Mata Atlântica, PampaTipo de Vegetação Área Antrópica, Campo de Altitude, Campo de Várzea, Campo Rupestre, Floresta Ciliar ou Galeria, Floresta Estacional Decidual, Floresta Estacional Perenifólia, Floresta Estacional Semidecidual, Floresta Ombrófila (= Floresta Pluvial), Floresta Ombrófila Mista, Vegetação Sobre Afloramentos Rochosos (LEITMAN, 2010).EtimologiaPropriedadesFitoquímicaAs sementes possuem quantidade razoável de proteínas, fibras alimentares e selênio; também é uma boa fonte de goma (polissacarídeos) com características hidrofílicas, solubilidade em água e com capacidade de formação de géis, pois possui alta viscosidade em solução aquosa.FitoterapiaMedicinal: Na medicina popular, é utilizado como diurético, contra a diarréia, amarelão e problemas de rins. O chá da casca e da flor, ou o suco dos frutos, é usado como vermífugo. Os índios guarani utilizam a infusão das raízes para combater a dor de dentes.FitoeconomiaSyagrus romanzoffiana é uma das espécies com maior Valor Potencial de Exploração Sustentável da região Sul de Santa Catarina (Elias & Santos 2016), apresenta vasta utilização, sendo a palmeira mais utilizada para paisagismo no sul do Brasil, além de frutos atrativos para fauna com propriedades bioquímicas e nutricionais. (Zimmermann et al. 2011, Soares et al. 2014, Elias et al. 2015) (ELIAS, 2018).Dos frutos extrai-se óleo, cujos ácidos graxos aí presentes fornecem matéria prima para a fabricação de sabão.Apícola: As grandes inflorescências do jerivá produzem muito pólen e néctar, que são úteis à produção de mel.Artesanato: As sementes podem ser utilizadas para confecção de produtos artesanais.Fibras: As fibras podem ser aproveitadas na confecção de roupas, redes e outros artigos.Forragem: É muito comum, em épocas de estiagem, que suas folhas sejam utilizadas como forragem, a qual é muito apreciada, principalmente pelos eqüinos. Os frutos são muito apreciados pelos porcos, e constituem ótima ração.Alimentação humana: O fruto do jerivá é comestível, e sua polpa é doce e saborosa. Os frutos podem ser fervidos, e o suco extraído serve para fazer geléias e sucos. Em algumas regiões, o palmito das plantas jovens também é consumido, e apresenta um teor de nutrientes bem superior ao do palmito pupunha, e o gosto deste palmito, segundo alguns autores é um pouco mais amargo, mas outros autores afirmam o contrário, considerando-o superior até mesmo ao palmito-verdadeiro (Euterpe edulis). As amêndoas das sementes também são consumidas in natura e muito apreciadas, podendo ainda ser usadas como fonte de óleo ou farinha.Ornamental: Atualmente vem sendo muito utilizado em paisagismo, na arborização de jardins e praças. É muito decorativa e possui um belo efeito paisagístico. Como seu sistema de raízes é pouco profundo, pode ser transplantada mesmo depois de adulta.Ecológico: Os frutos do jerivá são avidamente procurados por várias espécies de animais, como aves, peixes, lagartos e graxains, e as flores costumam ser muito procuradas por toda classe de insetos, o que a torna de extrema importância na recuperação de áreas degradadas.Econômica: As folhas desta palmeira ainda são muito utilizadas pelos indígenas como cobertura das casas. E em áreas rurais são também utilizadas para cobrir galpões de fumo ou como forragem em épocas de seca.Os índios Guaranis de Misiones, Argentina, utilizam o tronco desta espécie para a confecção de tambores, e as fibras das folhas jovens servem para a confecção de instrumentos musicais de corda. InjúriaComentáriosNa língua guarani é conhecida como pindo ete.BibliografiaCatálogo de Plantas e Fungos do Brasil, volume 1 / [organização Rafaela Campostrini Forzza... et al.]. -Rio de Janeiro: Andrea Jakobsson Estúdio: Instituto de Pesquisas Jardim Botânico do Rio de Janeiro, 2010. 2.v. 875 p. il. Disponível em: <http://www.jbrj.gov.br/publica/livros_pdf/plantas_fungos_vol1.pdf>.DIAS, J.; COSTA, L. D. Sugestões de Espécies Arbóreas Nativas Ocorrentes no Sul do Estado do Paraná Para Fins Ornamentais. FAFIUV / 2008, Seção de Artigos. ISSN 1809-0559. Curitiba, Paraná, 2008. 28p. Disponível em: <http://www.ieps.org.br/ARTIGOS-BIOLOGIA.pdf>.DIAS, J. L. Z. A Tradição Taquara e Sua Ligação Com o Índio Kaigang. UNISINOS – Universidade do Vale do Rio dos Sinos. São Leopoldo, RS, 2004. 65p. Disponível em: <http://www.anchietano.unisinos.br/publicacoes/textos/dias2004/jefferson.htm#download>.FLORA ARBÓREA e Arborescente do Rio Grande do Sul, Brasil. Organizado por Marcos Sobral e João André Jarenkow. RiMa: Novo Ambiente. São Carlos, 2006. 349p. il.JURINITZ, C. F.; BAPTISTA, L. R. M. Monocotiledôneas Terrícolas em Um Fragmento de Floresta Ombrófila Densa no Litoral Norte do Rio Grande do Sul. Revista Brasileira de Biociências, Porto Alegre, v. 5, n. 1, p. 09-17, jan./mar. 2007. Disponível em: <http://www6.ufrgs.br/seerbio/ojs/index.php/rbb/article/viewFile/885/41>.KELLER, H. A. Plantas Usadas por los Guaraníes de Misiones (Argentina) Para la Fabricación y el Acondicionamiento de Instrumentos Musicales. Darwiniana 48(1): 7-16. 2010. Disponível em: <http://www2.darwin.edu.ar/Publicaciones/Darwiniana/Vol48(1)/7-16.Keller.pdf>.KINUPP, V. F. Plantas Alimentícias Não-Convencionais da Região Metropolitana de Porto Alegre. Tese de Mestrado, Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Porto Alegre, 2007. 590p. il. Disponível em: <http://www.lume.ufrgs.br/handle/10183/12870>.LINDENMAIER, D. S. Etnobotânica em Comunidades Indígenas Guaranis no Rio Grande do Sul. Universidade de Santa Cruz do Sul. Rio Grande do Sul, 2008. 44p. Disponível em: <http://www.scribd.com/doc/19857491/MONOGRAFIADiogo-Lindenmaier>.MATTEUCCI, M. B. A. et al. A Flora do Cerrado e Suas Formas de Aproveitamento. Universidade Federal de Goiás. Anais Esc. Agron. E Vet., 25(1): 13-30, 1995. Disponível em: <http://www.revistas.ufg.br/index.php/pat/article/viewFile/2732/2744>.OLIVEIRA, D. Nhanderukueri Ka’aguy Rupa – As Florestas que Pertencem aos Deuses. Universidade Federal de Santa Catarina. Florianópolis, 2009. 182p. il. Disponível em: <http://www.pluridoc.com/Site/FrontOffice/default.aspx?Module=Files/FileDescription&ID=4402&lang=>.PLANTAS DA FLORESTA ATLÂNTICA. Editores Renato Stehmann et al. Rio de Janeiro: Jardim Botânico do Rio de Janeiro, 2009. 515p. Disponível em: <http://www.jbrj.gov.br/publica/livros_pdf/plantas_floresta_atlantica.zip>.SCHULTZ, A. R. Botânica Sistemática. 3ª ed. Editora Globo. Porto Alegre, 1963. 428p. il. v. 2.SOARES, K.P. Syagrus in Flora do Brasil 2020 em construção. Jardim Botânico do Rio de Janeiro.Disponível em: <http://floradobrasil.jbrj.gov.br/reflora/floradobrasil/FB15745>. Acesso em: 14 Nov. 2019WEISER, V. L. Árvores, Arbustos e Trepadeiras do Cerradão do Jardim Botânico Municipal de Bauru, SP. Universidade Estadual de Campinas. Tese de Mestrado. 2007. 111p. Disponível em: <http://dominiopublico.qprocura.com.br/dp/72354/Arvores--arbustos-e-trepadeiras-do-cerradao-do-Jardim-Botanico-Municipal-de-Bauru--SP.html>.ZUCHIWSCHI, E. Florestas Nativas na Agricultura Familiar de Anchieta, Oeste de Santa Catarina: Conhecimentos, Usos e Importância; UFSC – Universidade Federal de Santa Catarina. Florianópolis, 2008. 193p. il. Disponível em: <http://www.tede.ufsc.br/tedesimplificado/tde_arquivos/44/TDE-2008-06-17T142512Z-287/Publico/dissertacao_Elaine.pdf>.