Zeitgeist

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Para: Westerley / JoseAntônio,

Este é o eixo de solução do Movimento Zeitgeist, para eliminação do sistema monetário... vejam se é o socialismo... ou o que é...

Quais são algumas das características centrais da solução proposta (MEBR - Modelo de Economia Baseado em Recursos)?

1. Ausência de Dinheiro ou de Sistema de Mercado

2. Automação do Trabalho

3. Unificação Tecnológica da Terra através da Abordagem de "Sistemas"

4. Acesso ao invés de Propriedade

5. Cidades Autonômas/Descentralizadas e Sistemas de Produção

6. Ciência como Metodologia de Governança

1. Ausência de dinheiro ou de sistema de mercado

A teoria de mercado assume uma série de coisas que têm provado serem igualmente falsas, pouco benéficas, ou totalmente socialmente prejudiciais.

Os problemas principais a serem considerados são os seguintes:

A) A necessidade de "crescimento infinito", que é matematicamente insustentável e ecologicamente prejudicial. Todo o fundamento do Sistema de Mercado não se baseia na gestão inteligente dos nossos principais recursos finitos neste planeta, mas, sim, na extração e no consumo perpétuos dos mesmos, em prol do lucro e do "crescimento econômico". A fim de manter as pessoas empregadas, as pessoas devem consumir constantemente, independentemente do estado das coisas dentro do ambiente e, frequentemente, independentemente da utilidade do produto. Isto é exatamente o inverso daquilo que uma prática sustentável exigiria, que é a preservação estratégica e utilização eficiente dos recursos.

B) O Sistema de Incentivos à "Geração de Corrupção". Costuma-se dizer que o mercado competitivo cria o incentivo para agir em prol do progresso social. Enquanto isto é parcialmente verdade, isto também gera uma igual, se não, maior, quantidade de corrupção sob a forma de obsolescência planejada, crimes comuns, guerras, fraudes financeiras em grande escala, exploração do trabalho e muitos outros problemas. A grande maioria das pessoas na prisão, hoje em dia, está lá devido a crimes relacionados ao dinheiro ou a delitos não violentos associados às drogas. A maioria das legislações constituem-se no contexto de crimes de ordem financeira.

Além disso, se alguém fosse examinar criticamente a história e investigar as biografias documentadas/as mentalidades dos maiores cientistas e inventores do nosso tempo, como N. Tesla, A. Einstein, A. Bell, os irmãos Wright, e muitos outros – seria verificado que eles não encontraram suas motivações na perspectiva de ganho monetário. O interesse de se ganhar dinheiro não deve ser confundido com o interesse de se criar produtos socialmente benéficos, coisas que muito frequentemente estão em desacordo.

C) Um complexo industrial fragmentado e ineficiente, que desperdiça enormes quantidades de recursos e energia. Hoje em dia, com o advento da globalização, tornou-se mais rentável importar e exportar tanto mão de obra, quanto mercadorias, através do globo, do que produzir localmente. Importam-se bananas do Equador para os EUA e água engarrafada de Fuji, no Japão, enquanto as empresas ocidentais irão para o pobre terceiro mundo explorar mão de obra barata, etc. Da mesma forma, o processo de extração, para a geração de componentes, a montagem e a distribuição de um determinado produto, pode atravessar vários países para um único produto final, simplesmente devido aos custos de trabalho e produção / custos de propriedade. Esta "eficiência de custos" gera extrema "ineficiência técnica", e é apenas justificável dentro do sistema de mercado, devido ao objetivo de poupar dinheiro.

Em um MEBR, o foco é a eficiência técnica máxima. O processo de produção não é disperso, mas, sim, é feito de modo o mais centralizado e fluido possível, com elementos que se deslocam em muito menor quantidade, poupando o que poderia ser uma enorme quantidade de energia e de trabalho, se comparada aos métodos de hoje em dia. O alimento é produzido localmente sempre que possível (o que é, na maioria das vezes, dado pela flexibilidade da tecnologia atual de agricultura interior), enquanto toda a extração, produção e distribuição são logicamente organizadas para demandar o menor trabalho/transporte/espaço possíveis, enquanto estão sendo produzidos os "estrategicamente melhores" produtos possíveis. (Veja mais abaixo). Em outras palavras, o sistema é planejado para maximizar a eficiência e minimizar o desperdício.

D) A propensão para "Instituições". Muito simplesmente, as ordens corporativas/financeiras instituídas têm tomado parte na tendência de inviabilizarem a realização de adventos novos e socialmente positivos, quando há uma perda de quota de mercado prenunciada, lucro e, portanto, poder. É importante considerar a natureza fundamental de uma corporação e a sua necessidade inerente de auto perpetuação.

Se uma pessoa abre uma empresa, contrata funcionários, cria um mercado e torna-se rentável, o que deste modo foi criado, em parte, é o meio de sobrevivência de um grupo de pessoas. A partir do momento em que cada pessoa neste grupo torna-se normalmente dependente de sua organização para obter renda, uma tendência protecionista natural é criada, ao passo que qualquer coisa que ameace a instituição, ameace, deste modo, o bem-estar do grupo/dos indivíduos. Esta é a estrutura de uma mentalidade "competitiva". Enquanto as pessoas pensam na competição do livre mercado como uma batalha entre duas ou mais empresas em uma determinada atividade, elas geralmente perdem o outro nível - que é a competição contra as inovações que as tornariam obsoletas, por completo.

A melhor maneira de aprofundar este ponto é simplesmente dar um exemplo, como é o caso do governo norte-americano e do conluio das “grandes empresas de petróleo”, para limitarem a expansão do Carro (totalmente) Elétrico (EV) nos Estados Unidos. Esta questão foi bem apresentada e fundamentada no documentário "Quem Matou o Carro Elétrico?" (Who Killed the Electric Car?). O ponto principal aqui é que a necessidade de preservar uma ordem estabelecida, objetivando o bem-estar daqueles na ‘função de pagamento’, leva a uma tendência inerente de sufocar o progresso. Uma nova tecnologia que possa tornar uma tecnologia anterior obsoleta será recebida com resistência, a menos que haja uma maneira do sistema de mercado absorver isto de modo lento, permitindo uma transição para as corporações (ou seja - a perpetuação dos carros "híbridos" nos EUA, em oposição aos totalmente elétricos, que poderiam existir, agora, em abundância.) Há, também, uma grande quantidade de evidências de que a FDA (Food and Drugs Administration – Administração de Alimentos e Medicamentos) tenha se envolvido em favoritismo/conluio com as empresas farmacêuticas, visando limitar/impedir a disponibilidade de medicamentos progressivos avançados que pudessem anular os existentes/lucrativos.

Em um MEBR, não existe nada que impeça o desenvolvimento/a implementação de coisa alguma. Se for seguro e útil, será imediatamente implementado na sociedade, com nenhuma instituição monetária se opondo à alteração devido à sua natureza monetária de autopreservação.

E) Uma obsolescência inerente que cria produtos imediatamente inferiores devido à necessidade de se manter "competitiva". Este atributo pouco conhecido da produção é outro exemplo do desperdício que é criado no sistema de mercado. Isto é prejudicial o suficiente para que várias empresas dupliquem constantemente cada item em uma tentativa de fazer as suas variações mais interessantes objetivando o consumo público, mas a realidade mais imoral é que, devido à base competitiva do sistema, há uma certeza matemática de que cada bem produzido é imediatamente inferior no momento em que é criado, devido à necessidade de se reduzir a base de custo inicial de produção e, portanto, de manter-se "competitivo" contra outra empresa... a qual está fazendo a mesma coisa, pelo mesmo motivo. A velha máxima do livre mercado onde os produtores "criam os melhores produtos possíveis com os preços mais baixos possíveis" é uma realidade desnecessariamente imoral e prejudicialmente enganosa, na qual é impossível para uma empresa usar o material ou os processos mais eficientes na produção de qualquer coisa, pois deste modo seria muito caro manter uma base de custos competitiva.

Eles simplesmente não podem fazer concretamente o "melhor estrategicamente", é matematicamente impossível. Se eles o fizessem, ninguém poderia comprar, pois seria inviável devido aos valores embutidos nos materiais e nos métodos de mais alta qualidade. Lembre-se - as pessoas compram aquilo que podem. Cada pessoa neste planeta incorporou um limite de acessibilidade ao sistema monetário, então, isto gera um ciclo de retorno de constante desperdício através da produção inferior, para atender à demanda inferior. Em um MEBR, os produtos são criados para durar, com a expansão e a atualização de certos produtos construídos diretamente no modelo, com a reciclagem estrategicamente viabilizada, também, limitando o desperdício.

Você notará que o termo "melhor estrategicamente" foi usado em uma afirmação, acima. Esta qualificação significa que os produtos são criados em relação ao estado do arranjo dos recursos planetários, com a qualidade dos materiais utilizados com base em uma equação, levando em conta todos os atributos relevantes, graus de diminuição, retroações negativas e afins. Em outras palavras, nós não usaríamos cegamente o titânio, digamos, em cada gabinete de computador produzido, apenas porque ele pode ser o material "mais forte" para o propósito. Esta prática limitada pode levar ao esgotamento. Preferivelmente, deveria haver um gradiente de qualidade do material o qual deveria ser acessado através da análise de atributos relevantes - tais como recursos equivalentes, índices de obsolescência natural de um determinado item, uso de estatística na comunidade, etc. Essas propriedades e conexões podem ser acessadas através de programas, com a solução mais estrategicamente viável, computadorizada e que dê vazão em tempo real. Isto é mera questão de cálculos.

F) A propensão para o monopólio e para o cartel, devido à motivação básica do crescimento e da quota de mercado. Este é um ponto que os teóricos econômicos irão frequentemente negar, sob a suposição de que a concorrência aberta é autorreguladora, e de que os monopólios e os cartéis são anomalias extremamente raras em um sistema de livre mercado. Essa suposição de uma "mão invisível" possui, historicamente, pouca validade, para não mencionar a legislação marcante em torno da questão, o que prova a sua inviabilidade. Nos Estados Unidos tem havido numerosos monopólios, como a Standard Oil e a Microsoft. Os cartéis, que são essencialmente Monopólios por meio de conluios entre os maiores concorrentes em uma indústria, são também persistentes até os dias de hoje, embora menos óbvios para o observador casual. Em qualquer caso, o "livre mercado", por si mesmo, não resolve esses problemas - ele sempre leva o governo a intervir e a dispersar os monopólios.

Nesse aspecto, o ponto mais importante é que em uma economia baseada em "crescimento", é natural para uma empresa querer se expandir e, portanto, dominar. Afinal de contas, esse é o fundamento da estabilidade econômica no mundo moderno - a expansão. A expansão de qualquer corporação sempre gravita em torno do monopólio ou do cartel, para, novamente, a diretriz fundamental da concorrência estar além do seu concorrente. Em outras palavras, o monopólio e o cartel são absolutamente naturais no sistema competitivo. De fato, é inevitável, mais uma vez, que o fundamento seja buscar o domínio sobre a quota de mercado. O prejuízo verdadeiro desta realidade vai voltar para o ponto acima – a inerente propensão a uma "Institucionalização" para preservar suas instituições. Se um cartel médico está influenciando o FDA, então, as novas ideias que anulam as fontes de renda do cartel irão, frequentemente, ser combatidas, independentemente dos benefícios sociais a serem frustrados.

G) O sistema de mercado é conduzido, em parte, pela Escassez. Quanto menos houver de alguma coisa, mais dinheiro poderá ser gerado em curto prazo. Isso configura uma tendência das corporações a limitarem a disponibilidade e, portanto, a negarem a abundância de produção. Isto é, simplesmente, contra a natureza daquilo que impulsiona a demanda a criar abundância. As minas de diamantes de Kimberly, na África, foram designadas no passado a queimar diamantes, a fim de manterem os preços elevados. Os diamantes são recursos raros que levam bilhões de anos para serem criados. Isso não é nada, senão, problemático. O mundo em que vivemos deve ser baseado no interesse de se gerar abundância para a população mundial, junto à preservação estratégica e a métodos aperfeiçoados que permitam a abundância. Essa é a principal razão pela qual, a partir de 2010, há mais de um bilhão de pessoas passando fome no planeta. Isso não tem nada a ver com a incapacidade de se produzir alimentos, mas, sim, tem a ver com a necessidade inerente de se criar/preservar a escassez, por causa dos lucros em curto prazo.

Abundância, Eficiência e Sustentabilidade são, muito simplesmente, os inimigos do lucro. Esta lógica da escassez também se aplica à qualidade dos produtos. A ideia de se criar algo que possa durar, digamos, um tempo de existência com pouco reparo, é um anátema para o sistema de mercado, pois isto reduziria os índices de consumo, o que desaceleraria o crescimento e criaria repercussões sistêmicas (perda de empregos, etc.). A característica de escassez do sistema de mercado não é nada, senão, prejudicial por estas razões, sem mencionar que sequer se presta ao papel da preservação eficiente dos recursos, que é frequentemente alegada.

Enquanto a oferta e a demanda determinam que quanto menos existir de alguma coisa, mais ela será valorizada e, portanto, o aumento do valor irá limitar o consumo, reduzindo a possibilidade de "esgotamento" --- o incentivo para se criar escassez, unido à recompensa inerente do curto prazo, a qual resulta da escassez orientada pelos preços nela baseados, invalida a ideia de que isto possibilita a preservação estratégica. Nós, provavelmente, nunca "esgotaremos" o petróleo no atual sistema de mercado. Preferivelmente, os preços ficarão tão altos que ninguém poderá arcar com estas despesas, enquanto as corporações que possuem o óleo remanescente farão uma grande quantidade de dinheiro a partir da escassez, independentemente dos desdobramentos sociais de longo prazo. Em outras palavras, manter os recursos escassos, existindo em valor econômico elevado a ponto de limitar o seu consumo, não deve ser confundido com preservação, a qual é funcional e estratégica. A preservação estratégica verdadeira só pode vir da administração direta do recurso em questão, considerando as aplicações técnicas mais eficientes do recurso na própria fábrica, não relações arbitrárias de preços superficiais, ausentes de distribuição racional.

2. Automação do Trabalho

Como tendência do que parece ser um aumento exponencial na evolução da tecnologia da informação, robótica e informatização, tornou-se aparente que o trabalho humano esteja se tornando cada vez mais ineficiente, no que diz respeito a atender as demandas necessárias para suprir a população global. Desde o início da Revolução Industrial, temos visto uma tendência crescente de "desemprego tecnológico", que é o fenômeno em que os humanos são substituídos por máquinas como força de trabalho. Esta tendência, enquanto discutível em relação ao seu efeito final a longo prazo sobre o emprego, cria uma propensão para deslocar o trabalhador e, portanto, o consumidor, desacelerando o consumo.

Posto isto, essa questão é, na verdade, ofuscada por um imperativo social maior: Que o uso do trabalho de máquinas (mecanização) é comprovadamente mais eficiente do que o desempenho humano em praticamente todos os setores. Se analisarmos, por exemplo, o desempenho da produção fabril, como o da indústria do aço nos EUA, durante os últimos 200 anos, não só descobriremos que há, agora, menos de 5% da força de trabalho trabalhando em tais fábricas, como a eficiência e a capacidade de produção aumentaram substancialmente. A tendência, de fato, agora mostra que "emprego é inverso à produtividade." Quanto maior a mecanização, mais produtiva torna-se uma indústria.

Hoje existem atividades repetitivas, as quais simplesmente não precisariam existir, dado o estado de automação e informatização ("cibernetização"). Não apenas a mecanização nestas áreas poderia reduzir a carga mundial e permitir mais tempo livre para as pessoas, como também poderia, sobretudo, aumentar a produtividade. Máquinas não precisam de pausas, férias, sono, etc. A utilização da mecanização é o meio próprio para se criar muitas formas de abundância neste planeta, desde alimentos até bens materiais.

No entanto, para fazer isto, o sistema de trabalho tradicional que temos, simplesmente, não pode existir. A realidade é que o nosso trabalho, associado ao sistema de renda, está sufocando o progresso, devido à sua necessidade de "manter as pessoas trabalhando" em prol da "estabilidade econômica". Nós estamos alcançando um estágio no qual a eficiência da automação está superando e tornando o sistema de trabalho associado à renda obsoleto. Esta tendência não mostra sinais de desaceleração, especialmente no que diz respeito ao serviço fabril, hoje em dia dominante, o qual está sendo crescentemente automatizado, na forma de pavilhões, robôs e outras formas. Do mesmo modo, devido ao fenômeno relacionado à lei de Moore e ao crescimento em despesas com computadores e máquinas, é provável que seja apenas uma questão de tempo até que as corporações simplesmente não mantenham mais o trabalho humano, já que os sistemas de automação se tornarão muito mais baratos. Obviamente, este é um fenômeno de mercado paradoxal, chamado por alguns teóricos de "a contradição do capitalismo", por que isto é, na realidade, a remoção do próprio consumidor (trabalhador) e, portanto, a redução do consumo.

Além destas questões, é importante considerar, também, as contribuições do trabalho humano baseadas em relevância social, e não no ganho monetário. Em uma EBR, não haveria nenhuma razão para haver atividades como as de bancário, comerciante, vendedor de seguros, despachante, corretor, publicitário... ou de qualquer coisa relacionada à administração de dinheiro.

Todas as ações humanas na forma de trabalho institucionalizado devem também ter o maior retorno social. Não há coerência em desperdiçar recursos, tempo e energia em operações que não têm uma função direta e tangível. Apenas este ajuste tiraria milhões de empregos, pois a ideia de "trabalhar por dinheiro" como um propósito não existiria mais.

Por sua vez, toda a pobreza, as mercadorias de má qualidade, os itens da vaidade, as criações culturalmente inventadas e concebidas para influenciar as pessoas por razões de status, para o bem único do lucro, também não existiriam mais, poupando quantidade incontável de tempo e de recursos.

Uma nota final sobre esta questão: Alguns ouvem isto e entendem que isto viola as Artes Comunicativas e expressões pessoais e sociais, tanto quanto a pintura, a escultura, a música e afins. Mas, não. Estes meios de expressão, provavelmente, prosperarão como nunca antes, pois a quantidade de tempo livre disponível das pessoas irá permitir um renascimento da criatividade, da invenção, juntamente com a comunidade e o capital social. A ausência do ônus da obrigação de trabalho também irá reduzir o estresse e criar uma cultura mais agradável.

3. Unificação Tecnológica da Terra através de "Sistemas"

Vivemos em um ecossistema planetário simbiótico/sinérgico, com um equilíbrio de causa-efeito, refletindo num sistema único de funcionamento terrestre. Buckminster Fuller definiu isto bem quando se referiu ao planeta como "EspaçonaveTerra". É hora de refletir sobre este estado natural das coisas em nossas questões sociais neste planeta. A realidade é que as sociedades humanas estão dispersas em todo o mundo e exigem recursos que estão não-uniformemente dispersos por todo o globo. Nosso procedimento atual para permitir a distribuição de recursos vem sob a forma de corporações que buscam e clamam como sendo sua "propriedade" os recursos terrestres, "vendendo-os" aos outros, em nome do lucro. Os problemas inerentes a esta prática são inúmeros, o que se deve, mais uma vez, ao caráter de autointeresse inerente em vender qualquer coisa para obter ganhos particulares, como apontado antes. Mas, notamos que isto é apenas uma parte do problema dentro do panorama maior das coisas, quando percebemos que vivemos em um planeta finito, no qual a gestão de recursos e a preservação deveriam ser a preocupação número um no que diz respeito à sobrevivência humana, especialmente com a explosão populacional nos últimos 200 anos. Duas pessoas nascem a cada segundo no planeta e cada um destes seres humanos precisa de uma vida inteira de comida, energia, água e afins. Dada a necessidade fundamental de entender o que temos, as taxas de esgotamento e, invariavelmente, a necessidade de racionalização da indústria da maneira mais eficiente e produtiva, um Sistema Global de Gestão de Recursos deve ser colocado em prática. Isto é apenas senso comum? Este é um assunto extenso, quando se considera as variáveis técnicas e quantitativas necessárias para a implementação.

No entanto, por causa da visão geral, pode-se afirmar que o primeiro passo é um levantamento global completo de todos os recursos terrestres. Em seguida, com base numa análise quantitativa das propriedades de cada material, um processo de produção estrategicamente definido é construído de baixo para cima, utilizando variáveis tais como reações negativas, capacidade de renovação, etc. Em seguida, as estatísticas de consumo são acessadas, as taxas de escassez monitoradas, a distribuição logicamente formulada, etc. Em outras palavras, trata-se de uma abordagem sistêmica completa para a produção, gestão e distribuição de recursos na Terra, com o objetivo de eficiência absoluta, conservação e sustentabilidade. Dado os atributos matematicamente definidos, com base em todas as informações disponíveis no momento, juntamente com o estado da tecnologia no momento, os parâmetros de funcionamento social no complexo industrial torna-se auto evidente, com as decisões chegando por meio de computação, e não da opinião humana. Aqui é onde a inteligência do computador se torna uma ferramenta importante para a governança social, pois apenas com a capacidade de cálculo/programação de computadores podemos acessar e, estrategicamente, regular tais processos de forma eficiente e em tempo real. Esta aplicação tecnológica não é novidade, é simplesmente 'desconsiderada pelos métodos atuais já conhecidos.

4. Acesso ao invés de Propriedade

Apesar de poucas pessoas saberem disto, o conceito social de propriedade é relativamente novo. Antes da revolução neolítica, nas sociedades de caçadores e coletores, as relações de propriedade não existiam da forma como as conhecemos hoje. Nem o dinheiro ou até mesmo o comércio, em muitos casos. Comunidades existiam de uma forma igualitária, existindo dentro da capacidade de transporte e de produção natural das regiões. Foi somente após o desenvolvimento da agricultura,seguido pela aquisição de recursos por parte dos mercadores de navios e afins, que a propriedade tornou-se o eixo muito bem definido da sociedade como a conhecemos hoje.

O entendimento disto descarta a noção comum de que a propriedade é resultado de algum tipo de "natureza humana" empírica. Porém, a noção de "nenhuma propriedade" também é, hoje, muitas vezes cegamente associada ao "comunismo" e às obras de Karl Marx. É importante ressaltar, no entanto, que a defesa do MZ de "nenhuma propriedade" é derivada de inferência lógica, baseada explicitamente em gestão estratégica de recursos e eficiência, e não tem qualquer influência dos ideais supostamente "comunistas". Não há relação entre o que o MZ defende e os ideais comunistas, pois este último não foi derivado das necessidades de se preservar e gerir os recursos do planeta de forma eficiente. O comunismo, na teoria e na prática, foi baseado em um relativismo social/moral que era especificamente cultural - não especificamente ambiental, o que é o caso do MEBR.

A verdadeira questão relevante para a satisfação das necessidades humanas não é a propriedade - é o acesso. As pessoas usam as coisas, elas não as "possuem". A propriedade é um advento protecionista não-operacional, derivada de gerações de escassez de recursos, atualmente agravada por publicidade de mercado que apoia o status e a divisão de classes pelo bem do ganho monetário. Em outras palavras, a propriedade é uma forma de restrição controlada, tanto física quanto ideologicamente. A propriedade como um sistema de restrição controlada, em conjunto com o valor monetário inerente, e, portanto, com as consequências de mercado, é insustentável, limitadora e impraticável.

Em um MEBR, o foco muda de propriedade estática para acesso estratégico, com um sistema projetado para a sociedade ter acesso àquilo de que necessita. Por exemplo, ao invés de se possuir vários equipamentos esportivos, Centros de Acesso são criados, geralmente em regiões onde ocorrem estas práticas, de modo que uma pessoa simplesmente "pegue" o equipamento - o utilize e o devolva. Este arranjo do tipo "biblioteca" pode ser aplicado à praticamente qualquer tipo de necessidade humana. Claro, aqueles que leem isto tendo sido condicionados a uma mentalidade mais individualista, materialista, muitas vezes objetam com questões como "e se eu quiser tacos de golfe verdes personalizados e só brancos estiverem disponíveis?". Este é um pensamento culturalmente tendencioso, artificial. O assunto em questão é a utilidade, e a não vaidade. A expressão humana tem sido moldada pelas necessidades do sistema atual baseado no mercado (consumo), em valores que são simplesmente não-funcionais e irrelevantes. Sim, isso exigiria um ajuste de valor à qualidade, ao invés de identidade. O fato é que, mesmo para aqueles que se opõem a partir do ponto de vista do seu interesse na identidade pessoal, as ramificações globais sociais de tal abordagem social irão criar benefícios que irão ofuscar completamente qualquer preferência arbitrária pessoal, criando novos valores para substituir os obsoletos.

Estes incluem: (a) Nenhum Crime contra o Patrimônio: Em um mundo de acesso ao invés de propriedade, sem dinheiro, não há incentivo para roubar, pois não há nenhum valor de revenda. Você não pode roubar algo que ninguém possui e você certamente não pode vendê-lo. (B) Abundância de Acesso: Foi indicado que os automóveis, em média, ficam em vagas de estacionamento durante a maior parte de seu tempo de vida, o que desperdiça tempo e espaço. Ao invés de haver esta consequência despendiosa do sistema de propriedade, um carro poderia auxiliar um grande número de usuários em uma determinada região, com apenas uma fração das necessidades de produção / recursos. (C) Eficiência no Pico de Produção: Ao contrário do que acontece hoje, onde o sistema de mercado deve perpetuar inerentemente produtos inferiores por causa de volume de negócios, podemos projetar produtos para durar, usando os melhores materiais e processos estrategicamente disponíveis. Nós já não faríamos produtos "baratos" para atender a um público desfavorecido economicamente (que representa a maioria). Só este atributo irá economizar quantidades cataclísmicas de recursos, permitindo ao mesmo tempo que a sociedade tenha acesso a bens e serviços que nunca teriam em um mundo baseado em dinheiro, em obsolescência e em propriedade.

5. Cidade Autônoma/Descentralizada e Sistemas de Produção

Há muitos engenheiros brilhantes que trabalharam para resolver a questão do design industrial, de Jacque Fresco a Buckminster Fuller, ou a Nicola Tesla. Por trás de tais projetos, como as famosas Cidades Circulares de Jacque Fresco ou o Domo Geodésico de Fuller, está uma corrente de pensamento básica: Eficiência Estratégica e Maximização da Produtividade.

Por exemplo, a "cidade circular" de Fresco "é construída com uma série de "cinturões", cada um com uma função social, tal como a produção de energia, a pesquisa, a recreação, a moradia, etc. Cada cidade é, portanto, um sistema no qual todas as necessidades são produzidas no complexo da cidade, de uma forma localizada, sempre que possível. Por exemplo, a geração de energia renovável ocorre próxima ao perímetro exterior. A produção de alimentos ocorre mais próxima ao centro, em estufas de porte industrial.

Isto é muito diferente, em sua lógica, da economia "globalizada", de acordo com a qual vivemos hoje - que desperdiça quantidades exorbitantes de energia e recursos relacionados a transporte e a processamento laboral desnecessários. Da mesma forma, o transporte dentro da cidade é estrategicamente criado para eliminar o uso de automóveis avulsos, com exceção de casos raros, tais como veículos de emergência. Lares são criados para serem micro-sistemas, com a geração de energia própria ocorrendo internamente, como luz solar absorvida pela estrutura do edifício utilizando tecnologia fotovoltaica. Mais informações sobre estes sistemas de cidade podem ser encontradas em www.thevenusproject.com.

A cúpula geodésica, aperfeiçoada por Buckminster Fuller, oferece outro meio baseado em eficiência dentro da mesma linha de pensamento. O objetivo de Fuller era construir projetos para fazer "mais" com menos recursos. Ele percebeu os problemas inerentes a técnicas de construção convencionais, e reconheceu a força nativa de estruturas que existem naturalmente. As vantagens incluem: haver maior força do que há em um edifício convencional, mesmo tendo sido usado menos material para construí-lo; as cúpulas podem ser construídas muito rapidamente, pois elas são de construção modular pré-fabricada e adequadas para serem produzidas em massa; também há menor uso de energia para manutenção de "quente/frio" do que há em uma estrutura de caixa convencional. Mais informações podem ser encontradas em http://www.bfi.org/.

Finalmente, o interesse fundamental é, novamente, sustentabilidade e eficiência em todos os níveis, desde o "design de habitação " até o "design da Terra". O sistema de mercado combate esta eficiência devido à sua natureza, inerentemente falha e competitiva.

6. A ciência como Metodologia de Governança

A aplicação do "método científico em benefício social" é o "mantra" muitas vezes repetido da base de operação social em um Modelo de Economia Baseado em Recursos. Enquanto a obviedade desta aplicação em relação à indústria é simples o suficiente para ser compreendida, é importante, também, percebermos o seu valor em relação ao comportamento humano. Ciência, historicamente falando, tem sido muitas vezes tratada como uma disciplina fria, restritiva, reservada meramente ao bem da tecnologia e da invenção. Pouca importância parece ser dada ao fato de ela ser usada no entendimento do comportamento humano.

O pensamento supersticioso, que tem sido fortemente dominante na evolução humana, parte da ideia de que o ser humano foi, de algum modo, separado do mundo físico. Temos "almas", "espíritos", somos "divinos"; estamos relacionados/guiados por um deus controlador, onisciente, onipresente, etc.

Por outro lado, embora estranhamente de modo similar, há um argumento de que os seres humanos têm "livre arbítrio" em suas decisões e de que temos a livre capacidade de escolher nossas ações, ausentes da influência do meio ambiente ou mesmo da educação.

Agora, quanto à vastidão das duas declarações anteriores, muitos lendo-as podem encontrar diversos argumentos culturais para afirmar o contrário, isto não muda a realidade básica de que nós, humanos, historicamente, "aprendemos" a pensar que somos especiais e diferentes do resto dos organismos e dos fenômenos naturais em torno destes.

No entanto, com o passar do tempo, tornou-se cada vez mais óbvio que não somos especiais e que não há tal coisa "especial" no mundo natural, pois tudo é especial considerando a singularidade de todos os organismos. Não há razão para assumir que o ser humano é mais importante, ou intrinsecamente diferente, ou especial, do que uma toupeira, uma árvore, uma formiga, uma folha ou uma célula cancerosa. Isto não é retórica da "Nova Era" - é lógica fundamental. Somos fenômenos físicos.

Somos muito influenciados pela nossa cultura e, nossos valores e comportamentos só podem ser, principalmente, um resultado de nosso condicionamento - à medida em que os fenômenos externos interagem com nossas predisposições genéticas. Por exemplo, temos uma noção chamada "talento", que é outra palavra para uma predisposição genética para um determinado comportamento, ou conjunto de comportamentos. Um prodígio do piano pode ter uma capacidade inerente que lhes permite aprender mais rapidamente e executar de forma mais perspicaz do que outra pessoa, que passou o mesmo tempo praticando, mas que não tem a predisposição genética. Seja como for, esta pessoa "talentosa" ainda tinha a aprender 'o que era um piano' e como tocá-lo. Em outras palavras, os genes não são iniciadores autônomos de comandos. É preciso um gatilho ambiental para permitir a propensão a se materializar.

De qualquer forma, não é o propósito deste artigo expandir o argumento da "natureza versus criação". O ponto aqui é que se provou, cientificamente, que somos produto de uma causalidade rastreável, e é este entendimento que pode nos permitir desacelerar e até mesmo dar fim ao comportamento "criminoso" ou aberrante que vemos em sociedade de hoje, tal como abuso, assassinato, roubo e semelhantes. A lógica, uma vez que os efeitos do condicionamento humano são compreendidos, é remover os atributos ambientais que estão possibilitando o surgimento de tais reações.

Assim como um cão que foi maltratado e que passou fome durante uma semana pode ter uma reação impensada e reagir violentamente a uma pessoa que está passando, nós, os seres humanos, temos o mesmo comportamento dinâmico. Se você não quer que as pessoas roubem comida, não as prive disto. Verificou-se que as prisões estão gerando mais violência do que contendo. Se você ensinar a uma criança a ser racista, então, há uma grande probabilidade de que ela leve esta característica consigo pelo resto da vida. Os valores e comportamentos humanos são moldados pelo ambiente, baseados em uma relação de causa e efeito; nada diferente de uma folha sendo levada pelo vento.

Em um MEBR, o foco central, em relação às ações humanas aberrantes, não é a sua "punição", mas, sim, encontrar os motivos que levam às mesmas, e trabalhar para eliminá-los. Os humanos são produtos do seu ambiente, e a reforma pessoal/social é um processo científico.

Nota do Webmaster: O texto acima foi recebido por e-mail. Por causa disso ficamos impossibilitados de citar a FONTE.