Minha redação no ENEM-2011

Objetivando tornar mais visível (não digo transparente porque o Gustavo Adolpho disse que o transparente é quase invisível) o meu perfil aqui no Observador Político, neste meu primeiro texto como blogueiro, torno público o teor da redação que fiz no ENEM-2011 e ao mesmo tempo, agradeço aos observadores/debatedores e aos criadores da plataforma, pois, discorrer sobre o tema solicitado foi empreendimento fácil devido meu contato diário com todos vocês nos últimos 100 dias, e ao aprendizado que obtive por meio da minha participação aqui.

O ENEM me solicitou um texto dissertativo-argumentativo sobre o tema “viver em rede no século XXI – os limites entre o público e o privado”, em que eu apresentasse proposta de conscientização social que respeitasse os direitos humanos.

Preenchi todo o espaço fornecido para o texto manuscrito e lamentei ter que reduzir bastante a dissertação-argumentação que havia preparado em rascunho. A eliminação de vários argumentos e a concatenação dos que sobraram foi tarefa inglória, pois meu desejo era discorrer sobre todo o universo das redes.

Relendo minha redação em casa, avaliei como realmente muito pequeno o espaço concedido para discorrer sobre toda a gama de idéias e argumentos que o tema permitia. Gostaria de ter tido espaço para falar também do lado social-psicológico das redes, que atendem de forma incomum aos tímidos e também aos que, devido a circunstâncias quaisquer, vivem meio que isolados do convívio humano e, nas redes, encontram seus semelhantes e travam com eles verdadeiros relacionamentos virtuais.

Quisera também ter discorrido sobre a pedagogia inerente às redes, que disseminam idéias, opiniões e pensamentos, indicam fontes de conhecimento, mostram o contraditório e a diversidade das ideologias reinantes, trazendo visibilidade, possibilidade de compreensão e concatenação de toda essa complexidade e heterogeneidade que trespassa e pauta a existência e o agir humano.

Salutar teria sido poder abordar a proximidade proporcionada pelas redes entre as diferentes culturas e o contato entre seres humanos com acesso a computador e conexão, resultando em novas amizades, contatos profissionais e até casamentos. Transposição de situações que provavelmente encontrariam maior dificuldade em tornar-se realidade, não fossem as facilidades e possibilidades fornecidas pelas redes.

A ideia de delimitar, traçar uma fronteira rígida, entre o público e o privado dentro das redes não me é aceitável nem assimilável porque não cabe ao poder legalmente constituído determinar o que posso e o que não posso dizer quando estou em rede. Esta decisão cabe a mim e não a quem tenha a intenção de legislar exercendo controle absoluto sobre minha liberdade de expressar-me como quero, onde quero e da forma que me apraz, desde que eu o faça com ética.

Listas de endereços de e-mail colecionando os contatos de cada conectado e suas respectivas trocas de mensagens também é uma rede. Que o conteúdo destas mensagens continue sigiloso e somente possa ser acessado e consultado em situações específicas, bem definidas em lei e com ordem judicial.

A Word Wide Web ou em bom português, rede de alcance mundial é a grande rede que abriga dentro de si muitas outras redes. Cada uma com suas especificidades e maneiras operacionais diferenciadas. A possibilidade de estar em rede significa em última análise estar em contato com o mundo inteiro e com a maioria das informações e dados disponíveis, fidedignos ou não. A Grande Rede veio para ficar.

Eis o texto que redigi:

O advento mais ou menos recente das redes sociais permite infinitas possibilidades de ação e interação no ambiente virtual.

As atividades destes internautas, por tratar-se de algo muito novo na sociedade humana, não estão delineadas em leis e espera-se que esta imposição, quando vier, limite-se a coibir crimes e mantenha a liberdade de expressão.

A figura do moderador(es) e o respeito individual ao código de conduta de cada rede específica, ajudam na formação de padrões de comportamento aceitáveis por maioria dos usuários.

A combinação de uma moderação justa e incentivos constantes no sentido de promover o comportamento ético de todos os usuários em rede devem resolver a maioria dos conflitos no ambiente virtual das redes.

Ao legislador, apenas a previsão dos casos em que a rede esteja abrigando atividades ilícitas ou servindo de meio para consecução ou planejamento destas.

A liberdade de expressão nas redes sociais ajuda na construção da cidadania e na manutenção da democracia.

Foi isso que, com a minha caligrafia, preencheu as 30 linhas.

ALGUNS DOS COMENTÁRIOS: (Recebidos lá no Observador Político)

Por Juarez Dietrich, em 30/10/2011 às 06:18

Muito bom, José Antônio. Parabéns!. Abs.

Por Julia C. Silva, em 28/10/2011 às 23:14

Bão demais da conta sô. rsrsrs Estou brincando contigo pois acho que você é mineiro. acertei? abraços e continue nos brindando com sua sapiência, mineira ou não.

Por Gustavo Noronha, em 30/10/2011 às 07:41

Ótimo texto! Pena mesmo que o espaço tenha sido tão limitado, mas você abordou o tema de um ponto de vista que eu considero da maior importância. Nos encontramos em uma época em que justamente legislações sobre Internet estão sendo discutidas no Congresso Nacional. De um lado um marco civil, que pensa direitos e deveres, construído com ampla consulta à sociedade, uma iniciativa tocada entre outros pelo nosso colega observador Pedro Abramovay. Do outro uma lei relatada pelo Eduardo Azeredo que simplesmente tipifica crimes "digitais", cozinhada dentro dos gabinetes, com descrições extremamente amplas para os crimes e ideias de difícil implementação, que trataria como criminosos até mesmo aqueles que simplesmente fazem coisas como "jailbreak" num iphone. Já pensou ir pra cadeia por dispôr de algo que você comprou como bem entende? Além disso, há ainda a questão de as redes não se conterem dentro das bordas nacionais, o que indica que leis simplesmente nacionais podem não ser suficientes. Boa contribuição ao debate!

Por Carlos Augusto Rosa da Conceição, em 30/10/2011 às 11:31

Olá meu bom José Antônio, um texto inteligente e lúcido, uma ótima contribuição ao debate sobre as novas tecnologias de comunicação e informação e a necessidade urgente de termos uma legislação inteligente, coerente e sólida sobre tão importante área de informação e do conhecimento humano. Quanto ao ENEM, eu acho um erro limitar a redação em 30 linhas e lançar um tema tão desafiador! Coisas do ENEM, que precisa de mudanças na sua forma e conteúdo. Parabéns amigo pelo blog, estaremos sempre por aqui.

Por Gustavo Adolpho Junqueira Amarante, em 30/10/2011 às 17:15

Até que enfim você está aqui! Uma voz sóbria, lúcida, honesta e decente, compartilhando de forma mais ampla os seus pensamentos e credos, com todos e com os outros blogueiros. Sua participação nos faz maiores do que somos, e tenho certeza, agradecemos por isso; eu lhe agradeço por isso.

Seja bem vindo, muito bem vindo. Receba um grande abraço do seu admirador e amigo, Gustavo

Por luis paulo vieira braga, em 30/10/2011 às 21:57

O ENEM nivela por baixo.

Por esse motivo o limite reduzido de linhas.

Quem tem imaginação e sabe escrever sofre.

No ano passado muitos estudantes tiveram que recorrer à justiça para ter o direito de ver a correção.

O procedimento de correção é muito criticado, como todo o resto.

Por Elza A. Miranda, em 02/11/2011 às 02:30

Amigo José Antonio, Parabéns pela sua estréia como blogueiro. Gostei de seu texto sintético, apenas deveríamos apontar que se deixarmos ao alvedrio dos "legisladores" a aferição do que seja "atividades ilícitas", acho que estamos fritos... O que é "licito" hoje pode não ser amanhã...Ainda creio na liberdade total e absoluta da Net e espero que estas idéias brasileiras de "regular" a rede se esfumacem diante da vergonha que poderão passar diante do mundo.

Por paulo bitler, em 05/11/2011 às 09:23

Meu caro amigo virtual José Antônio, desculpe a demora em responde-lo; é com muita satisfação que vejo o seu Blog aqui no Observador e digo a você, se o texto do Enem foi conciso e ótimo o de apresentação do Blog que não tem a necessidade de ser conciso, disse muito mais, você tem verve de escritor, tem um ótimo conhecimento e sabe ser isento e medir o limite entre o que é política e o que é politicagem, te admiro muito.

No caso da Internet , ela vem se tornando ao longo dos tempos a mais democrática forma de comunicação e expressão, onde o seu pensamento é limpo quando pessoa séria e interessada, para discorrer sobre qualquer assunto sem censura prévia nem editores no seu pé.

A figura do moderador na maior parte das vezes apenas te conduz para que não ofendas e nem humilhes o seu semelhante, ou baixe demais o nível dos comentários e do debate se houver um.

Voce tem a escolha de se identificar por inteiro ou atuar com avatares , como fake ou anônimo, ou seja expor suas ideias da maneira o mais livre possível, um momento único que, por conta daqueles que não sabem usa-lo ou mesmo pelos que não gostam de democracia ou liberdade plena tentam regular.

Isso jamais poderia ser motivo para regular a net, jamais, ela perderia a sua essência; essas disfunções e maus comportamentos jamais poderiam ser justificativas para regulação, mesmo porque entraríamos no lugar comum de outras mídias e caminhos da comunicação atual onde os próprios jornalistase missivistas são regulados pelos editores ou servem de mulas da informação das opiniões e preferências dos vários"Cidadãos Kanes" tanto de interesses econômicos como políticos.

A internet é única como o nosso pensamento , a nossa máquina cerebral que tem "limites infinitos" comparados até mesmo ao universo em que vivemos e que muito pouco sabemos, mas a cada dia sabemos mais um pouco.

A Internet é isso a cada dia sabemos mais um pouco de acordo com o que queremos saber, e para isso basta querer, basta "clicar".

A internet é livre, ela é "hippie", ela é o próprio amor livre sem pudor, a própria liberdade de se falar e fazer o que quiser, desde que não seja criminoso ou fira o seu semelhante, pois aí se atinge a liberdade de outro e isso não tem a ver com a sua liberdade.

Regulação da internet e de redes sociais jamais, porem sempre cabe a presença de um moderador para manter o nível do debate e até mesmo para que essa liberdade se justifique.

Minhas Notas no Enem 2011

As três escolas que obtiveram as melhores notas no Enem de 2011 são: Colégio Objetivo Integrado, de São Paulo/SP, com média 737,15; Colégio Elite Vale do Aço, de Ipatinga/MG, com média 718,88 e Colégio Bernoulli - Unidade Lourdes, de Belo Horizonte/MG, com média 718,18. As três são privadas.

No outro extremo, registraram as menores notas no exame de 2011 apenas escolas estaduais: Colégio Estadual Aquiles Lisboa (São Domingos do Azeitão/MA) com a pior média: 383,71, Unidade Escolar João Pereira de Souza (Francisco Ayres/PI), com média 391,39 e Colégio Estadual José Maria de Araújo - Anexo I (Olinda Nova/MA), com a média 393,52.

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Minha média simples = 660,58