Ter Educação é uma virtude em extinção

Por que ter educação está cada vez mais distante da nossa realidade?

As pessoas, hoje em dia, não se respeitam mais, se agridem o tempo todo, não são cordiais e nem amáveis. Nem por cortesia as pessoas são educadas. Ou pior ainda, nem fingem serem educadas. Parece que a nova onda é ser grosso, mal educado e chulo.

E não estou falando apenas da realidade de nosso país, mas de uma realidade muito mais abrangente. Até a Europa e os europeus (que se julgam finérrimos) não escapam dessa.

Será que o problema está na criação? Ou está na escola? Ou dentro de cada pessoa?

Vou mais além, será que a escola tem essa função?

Até que ponto a escola tem a responsabilidade de fazer esse papel de educar os filhos dos outros? Se for assim, então é melhor lermos “A República”, de Platão.

Neste livro da Grécia Antiga o filósofo propõe que os filhos sejam entregues ao Estado, e só após terem terminado os seus estudos são integrados na Cidade Ideal. Mas a cidade é ideal, é utópica. E aí entram os direitos humanos e um “monte” de entidades que nunca permitiriam isso. E também quem garante que isso daria certo?

O que eu sei é que parece que estamos estagnados quanto ao nível do intelecto, e as pessoas não têm interesse em mudar. Mudar é um verbo que não se conjuga. As pessoas não reconhecem as suas falhas. Infelizmente vivemos em um tempo que o pragmatismo e o utilitarismo imperam, sem falar no individualismo excessivo.

O aluno não respeita o professor, porque não vê nele a figura do mestre. O professor não respeita o aluno, por acreditar que esse já vem para a aula com o estigma de preguiçoso e mal-educado. Com isso geramos um ciclo vicioso, e não saímos do lugar, não evoluímos.

Na última quinta-feira (15), às vésperas de completar 80 anos a estátua do Cristo Redentor foi pichada – braços, peito e rosto. Pela primeira vez o “pichamento” atingiu pastilhas de pedra sabão que compõe a estátua. Escreveram coisas como: “onde está a engenheira Patrícia?” (desaparecida desde junho de 2008) e “quando os gatos saem, os ratos fazem a festa”. Eu não vou entrar no mérito da questão se é crime ou não, ou o que quiseram dizer à engenheira Patrícia. O que me interessa nesse caso é como a má-educação é um problema geral, de todos.

O que a estátua de Cristo tem a ver com o problema da engenheira? O Cristo Redentor é um símbolo. Necessitamos de símbolos para, exatamente, simbolizar, no caso a fé. E o Cristo pichado é o símbolo do Rio de Janeiro após mortes nos morros, após injustiças, após criminalidade, após chuva, alagamento e deslizamentos. Mas também o Cristo pichado é símbolo de nossa educação falida, de nosso descaso e de nossa conformidade com todas as barbáries que acontecem nessa “terra de nosso senhor”.

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Postado por Ju às 09:15

Professora universitária e mestre em filosofia pela UNESP-Marília