Antístenes

Àντισθένης

Antístenes (em grego: Àντισθένης; Atenas, c 445 a.C. — id., 365 a.C.) foi um filósofo grego, pupilo de Sócrates. Aprendeu retórica com Górgias antes de se tornar um ardente discípulo socrático. Adotou e desenvolveu o lado ético dos ensinamentos de seu mestre, advogando uma vida ascética, vivida de acordo com a virtude. Escritores posteriores consideraram-no fundador da filosofia cínica.

Era filho de um ateniense com uma escrava trácia, por isso, não tinha nem o título nem o direito de cidadão ateniense. Nenhuma de suas obras sobreviveu, e de sua produção restaram apenas fragmentos.

Biografia

Antístenes, nascido em 445 a.C., era filho de Antístenes, um ateniense, e de uma trácia.[1] Em sua juventude lutou na Tânagra (426 a.C.), e foi discípulo de Górgias e, posteriormente, de Sócrates, do lado quem acabou permanecendo até sua condenação e morte.[2] Nunca perdoou os responsáveis pela perseguição de seu mestre, e diz-se que teria até mesmo tido um papel instrumental na punição deles.[3] Sobreviveu à Batalha de Lêuctra (371 a.C.), e teria comparado a vitória dos tebanos a um grupo de alunos escolares espancando seu professor.[4] Embora uma fonte nos diga que teria morrido com 70 anos de idade,[5] aparentemente ainda estava vivo em 366 a.C.,[6] e teria aproximadamente 80 anos quando morreu em Atenas, por volta de 365 a.C.. Teria lecionado no Cinosarges,[7] um ginásio destinado a atenienses filhos de mães estrangeiras, situado próximo ao templo de Héracles. Diógenes Laércio afirma que suas obras ocupavam dez volumes, porém hoje em dia só restam poucos fragmentos. Seu estilo favorito parece ter sido os diálogos, alguns deles ataques contundentes a contemporâneos, como Alcibíades, na segunda de suas duas obras chamadas Ciro, Górgias em seu Arquelau, e Platão em seu Satão.[8] Seu estilo era puro e elegante, e Teopompo chegou a dizer que Platão teria roubado diversas de suas ideias.[9] Cícero, no entanto, o chama de "um homem maias inteligente do que culto" (em latim: homo acutus magis quam eruditus).[10] Tinha uma força considerável de sarcasmo e ironia, e tinha o hábito de fazer trocadilhos, como dizer, por exemplo, que preferia ficar entre corvos (korakes) do que bajuladores (kolakes), pois os primeiros devoram os mortos, e os segundos os vivos.[11] Duas de suas declamações sobreviveram, Ajax e Odisseu, ambas puramente retóricas.

Filosofia

Fotografia acima, nesta página:

Busto em mármore de Antístenes, baseado no mesmo original que a peça do Museu Pio-Clementino (Museu Britânico).

Ética

Antístenes foi um pupilo de Sócrates, de quem ele aprendeu o preceito ético fundamental de que a virtude, e não o prazer, é a meta da existência. Tudo o que um sábio faz, disse Antístenes, está em conformidade com a virtude perfeita,[12] e o prazer não apenas é desnecessário, como é mesmo um mal positivo. Relatou-se que teria acreditado que a dor[13] e até mesmo a má reputação (em grego: ἀδοξία)[14] seriam bençãos, e que teria afirmado: "prefiro enlouquecer a sentir prazer."[15] Parece, provável, no entanto, que ele não considerasse todo tipo de prazer desprezível, mas apenas aquele que resulta da gratificação dos desejos sensuais ou artificiais, pois é possível encontrar palavras suas louvando os prazeres que brotam "de dentro da alma de alguém",[16] e o gozo de uma amizade escolhida com sabedoria.[17] Antístenes colocava o bem supremo numa vida vivida de acordo com a virtude - virtude esta que consistia da ação, que quando obtida nunca é perdida, e exime o sábio do erro.[18] Está fortemente ligada à razão, porém para que ela possa se desenvolver na ação, e para ser suficiente para a felicidade, precisa do auxílio da força socrática (em grego: Σωκρατικὴ ἱσχύς).[12]

Física

Sua obra sobre a filosofia natural (Physicus) continha uma teoria sobre a natureza dos deuses, onde Antístenes argumentava que existiam diversos deuses nos quais as pessoas acreditavam, porém apenas um Deus natural.[19][20] Também afirmou que Deus não lembrava em nada qualquer coisa existente na Terra, e que portanto não poderia ser compreendido a partir de qualquer representação sua.

Lógica

Na lógica, Antístenes foi atormentado pelo problema do Um e dos Muitos. Como um nominalista de fato, acreditava que a definição e o predicado são ou falsos ou tautológicos, já que só se pode afirmar que cada indivíduo é o que ele é, e não pode fornecer mais do que uma mera descrição de suas qualidades.[21] Desacreditava, assim, o sistema platônico das Ideias. "Um cavalo", segundo Antístenes, "eu vejo, porém a qualidade inerente a todos os cavalos eu não vejo."[22] A definição seria um mero método circular de declarar uma identidade: "uma árvore é um vegetal que cresceu" não faria mais sentido, portanto, em termos de lógica, do que "uma árvore é uma árvore".

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Antístenes (440 - 365 a.C.)

Fundador da Escola Cínica, Antístenes foi discípulo de Sócrates e destacou das teorias deste em especial as práticas morais como o autodomínio a auto-suficiência a força de ânimo e a capacidade de superar as dificuldades como o cansaço.

Para ele não existe uma simples definição das coisas, o que acontece é que nós conhecemos as coisas através da nossa percepção e vamos descrever essas coisas através das relações de semelhança que elas tem com outras coisas. Descrevemos os traços comuns entre as coisas através de analogias. Para podermos fazer uma descrição mais complexa das coisas o que fazemos é descrever cada um dos elementos de que são constituídas.

Antístenes levou ao extremo uma das idéias de Sócrates que é a da auto-suficiência. O homem deve bastar-se a si mesmo, isso é, não depender dos outros para nada ou para o mínimo possível, as pessoas em sua auto-suficiência precisam não ter necessidade de nada de que venha de outras pessoas.

Além da auto-suficiência Antístenes radicaliza também o conceito de autodomínio proposto por Sócrates. O ser humano tem que dominar além dos prazeres as dores. Antístenes vê o prazer como um mal e dele temos que nos separar sempre e de qualquer forma. A busca pelo prazer e o prazer em si tira das pessoas o controle que elas tem delas mesmas. O homem deve portanto combater os impulsos que o levem a buscar prazer e se separar das riquezas que o acomodam a uma vida fácil.

A glória e a fama são para Antístenes ilusões criadas pela sociedade e que destroem a liberdade das pessoas fazendo com que se tornem escravas dessas ilusões. Para ele a pessoa sábia deve viver segundo as regras da virtude e não segundo as regras da sociedade. O homem para libertar-se dessas ilusões deve afastar-se das relações sociais e buscar em si mesmo algo que lhe baste, a virtude.

É creditada também a Antístenes uma grande valorização do trabalho o que em sua época vai contra o senso comum de que o trabalho é algo negativo e que inferioriza o homem. O homem digno encontra sua dignidade no trabalho que está diretamente ligado a busca da virtude. O modelo era Hércules que em seus trabalhos superou grandes fadigas e venceu monstros tornando-se símbolo da sabedoria cínica por superar os prazeres e vencer as dores demonstrando sua auto-suficiência e a força do seu ânimo.

O fim do homem é a felicidade e o homem alcança a felicidade vivendo na virtude que é suficiente em si mesma. A virtude é o bem maior e os prazeres só fazem afastar os homens da virtude fazendo com que se distanciem da felicidade.

Sentenças

- Observe o teu inimigo porque é ele que primeiro vê teus defeitos.

- Eu prefiro enlouquecer a sentir prazer.

- Os corvos devoram os mortos e os aduladores devoram os vivos.

- As paixões têm causas mas não tem princípios.

- Não imagine que os outros tem tanto desejo de te escutar como você tem de falar.

- A gratidão é a memória do coração.

- Devemos converter nossa alma em uma fortaleza inexpugnável.

- A virtude é mesquinha nas palavras; o vício fala sem parar.

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