François Quesnay

François Quesnay foi a principal figura entre os Fisiocratas, geralmente considerados a primeira escola de pensamento econômico. O nome "Fisiocrata" vem das palavras gregas phýsis, que significa "natureza", e kràtos, que significa "poder". Os Fisiocratas acreditavam que o poder de uma economia vinha de seu setor agrícola. Eles queriam que o governo de Luís XV, que governou a França de 1715 a 1774, desregulamentasse e reduzisse impostos sobre a agricultura francesa, de modo que a França, país pobre, pudesse imitar a Inglaterra, mais rica, que tinha uma política relativamente laisse-faire. De fato, foi o próprio Quesnay quem cunhou a expressão "laissez-faire, laissez-passer" ("deixe fazer, deixe passar")[1].

Quesnay não publicou seus escritos antes dos sessenta anos. Seus primeiros trabalhos apareceram somente como artigos de enciclopédia em 1756 e 1757.

Em seu Tableau économique, ele descreveu em detalhes seu famoso diagrama em zigue-zague, um diagrama de fluxo circular da economia que mostrava quem produzia o quê e quem gastava o quê, em uma tentativa de entender e explicar as causas do crescimento econômico. O Tableau definia três classes: os proprietários rurais, os fazendeiros, e outras — consideradas classes "estéreis" — que consumiam tudo que produziam e não deixavam excedente para o próximo período. Quesnay acreditava que somente o setor agrícola poderia produzir um excedente que pudesse então ser usado para produzir mais no ano seguinte — e com isso auxiliar o crescimento. A indústria e a manufatura, segundo ele, eram estéreis. O interessante, no entanto, é que ele não chegou a essa conclusão consultando sua tabela. Na verdade, Quesnay construiu-a de modo a confirmar sua crença. E de fato, ele teve que torná-la incoerente para que se adequasse à premissa de que a indústria não produzia excedente.

Embora Quesnay estivesse errado sobre a esterilidade do setor manufatureiro, ele estava certo em atribuir a pobreza da França ao mercantilismo, que ele chamava de Colbertismo (por causa do ministro das finanças de Luís XV, Jean-Baptiste Colbert). O governo francês havia protegido manufatureiros franceses da competição estrangeira, aumentando assim o custo das máquinas para os fazendeiros, além de haver vendido a cidadãos ricos o poder de cobrar tributos dos fazendeiros. Esses cidadãos, então, abusavam esse poder.

Quesnay defendia a reforma de tais leis, consolidando e reduzindo impostos, livrando-se de portagens e outras regulamentações que impediam o comércio com a França, e de maneira geral livrando a economia do controle sufocante do governo. Essas reformas eram muito mais razoáveis do que suas teorias sobre a esterilidade da indústria. Como escreveu Mark Blaug, "Foi apenas o esforço de oferecer essas reformas com um argumento teórico claro que produziu alguns dos raciocínios forçados e conclusões levemente absurdas que eram expostas ao ridículo até mesmo pelos contemporâneos. [2]

Além disso, a obra de Quesnay abriu o caminho para a economia clássica — em particular Adam Smith, que se agarrou às noções fisiocratas de livre comércio e da preeminência do setor agrícola.

Que Quesnay tenha tido influência tão fundamental sobre a economia é ainda mais surpreendente quando se considera que ele serviu Luís XV em Versalhes não como economista, mas como médico.

[1] Na página de onde esta biografia foi copiada, existe o seguinte comentário de Paulo Bretas · UFMG: Não é de Quesnay a expressão "laissez faire, laissez passé" mas sim de Vincet Gournet.

[2] BLAUG, Mark. Great Economists before Keynes. Atlantic Highlands, N.J.: Humanities Press International, 1986, p. 196.

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