Muito além do Nosso Eu

Cientista defende a possibilidade de movimentos através do pensamento

Livro “Muito além do nosso eu” fala sobre o aprimoramento do cérebro por meio das máquinas

Thábata Mondoni Saúde

21/06/11 13:52 - Atualizado em 21/06/11 14:06

Nesta quarta-feira, 22, o neurocientista brasileiro Miguel Nicolelis, lança o livro “Muito além do nosso eu”, durante o seminário “Fronteiras do Pensamento”. A obra traz uma abordagem diferenciada, na qual fala de um mundo onde as pessoas usam computador, dirigem seus carros e se comunicam entre si através do pensamento, em que há uma possibilidade de uma espécie de homem robô, que mesmo com problemas cerebrais consiga se movimentar através do apoio das máquinas.

Em “Muito além do nosso eu”, Nicolelis diz que o cérebro cria o pensamento e a noção que o ser humano tem de si mesmo — o seu self —, e como isso pode ser incrementado com o auxílio de máquinas.

Este é o primeiro livro sobre o assunto feito para o público leigo e conta a história da neurociência recente e como a disputa entre duas grandes teorias que tentavam explicar como o cérebro funciona que levou a criação dessa nova área de pesquisa chamada: interfaces cérebro-máquina. Segundo neurocientista, essa nova área de pesquisa “abriu e continua abrindo desde a última década uma série de oportunidades, tanto de pesquisa básica, com de potenciais indicações clínicas e aplicações na vida cotidiana de todos, permitindo que a atividade elétrica do cérebro seja traduzida em comandos digitais, que podem controlar máquinas e artefatos computacionais”.

Além do livro, Nicolelis também tem desenvolvido um trabalho de ensino de ciência para crianças em Macaíba, no Rio Grande do Norte desde 2005. “Nos últimos quatro anos nós temos trabalhado com mil crianças das escolas públicas de Macaíba e também da periferia de Natal. Com isso, temos demonstrado que quando um método científico é usado como uma ferramenta pedagógica para educar crianças, tanto nos conceitos sociais e acadêmicos, elas tem uma ascensão educacional”, explica.

Dessas mil crianças cerca de 20, antes de ingressar no ensino médio, começaram a participar de um programa chamado “Jovens Cientistas”, onde elas atuam dentro do instituto de pesquisa do projeto. “A ideia é que elas sejam treinadas para se inserirem na cadeia produtiva do instituto, demonstrando que é possível acelerar o processo de formação de cientistas no Brasil e usar a ciência como agente alavancador de uma reforma educacional abrangente para a escola pública”.

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