Epicuro

VidaEpicuro nasceu na Ilha de Samos, em 341 a.C., mas ainda muito jovem partiu para Téos, na costa da Ásia Menor. Quando criança estudou com o platonista Pânfilo por quatro anos e era considerado um dos melhores alunos. Certa vez ao ouvir a frase de Hesíodo, todas as coisas vieram do caos,ele perguntou: e o caos veio de que? Retornou para a terra natal em 323 a.C.. Sofria de cálculo renal, o que contribuiu para que tivesse uma vida marcada pela dor.

Epicuro ouviu o filósofo acadêmico Pânfilo em Samos, que não lhe foi de muito agrado. Por isso foi mandado para Téos pelo seu pai. Com Nausífanes de Téos, discípulo de Demócrito de Abdera, Epicuro teria entrado em contato com a teoria atomista — da qual reformulou alguns pontos. Epicuro ensinou filosofia em Lâmpsaco, Mitilene e Cólofon até que em 306 a.C. fundou sua própria escola filosófica, chamada O Jardim, onde residia com alguns amigos, na cidade de Atenas. Lecionou em sua escola até a morte, em 271 a.C., cercado de amigos e discípulos. Tendo sua vida marcada pelo ascetismo, serenidade e doçura.

Filosofia e obra

O propósito da filosofia para Epicuro era atingir a felicidade, estado caracterizado pela aponia, a ausência de dor (física) e ataraxia ou imperturbabilidade da alma. Ele buscou na natureza as balizas para o seu pensamento: o homem, a exemplo dos animais, busca afastar-se da dor e aproximar-se do prazer. Estas referências seriam as melhores maneiras de medir o que é bom ou ruim. Utilizou-se da teoria atômica de Demócrito para justificar a constituição de tudo o que há. Das estrelas à alma, tudo é formado de átomos, sendo, porém de diferentes naturezas. Dizia que os átomos são de qualidades finitas, de quantidades infinitas e sujeitos a infinitas combinações. A morte física seria o fim do corpo (e do indivíduo), que era entendido como somatório de carne e alma, pela desintegração completa dos átomos que o constituem. Desta forma, os átomos, eternos e indestrutíveis, estariam livres para constituir outros corpos. Essa teoria, exaustivamente trabalhada, tinha a finalidade de explicar todos os fenômenos naturais conhecidos ou ainda não e principalmente extirpar os maiores medos humanos: o medo da morte e o medo dos deuses. Naqueles tempos, Epicuro percebeu que as pessoas eram muito supersticiosas e haviam se afastado da verdadeira função das religiões e dos deuses. Os deuses, segundo ele, viviam em perfeita harmonia, desfrutando da bem-aventurança (felicidade) divina. Não seria preocupação divina atormentar o homem de qualquer forma. Os deuses deveriam ser tomados como foram em tempos remotos, modelos de bem-aventurança que servem como modelo para os homens e não seres instáveis, com paixões humanas, que devem ser temidos.

Desta forma procurou tranquilizar as pessoas quanto aos tormentos futuros ou após a morte. Não há por que temer os deuses nem em vida e nem após a vida. E além disso, depois de mortos, como não estaremos mais de posse de nossos sentidos, será impossível sentir alguma coisa. Então, não haveria nada a temer com a morte. No entanto, a caminho da busca da felicidade, ainda estão as dores e os prazeres. Quanto às dores físicas, nem sempre seria possível evitá-las. Mas Epicuro faz questão de frisar que elas não são duradouras e podem ser suportadas com as lembranças de bons momentos que o indivíduo tenha vivido. Piores e mais difíceis de lidar são as dores que perturbam a alma. Essas podem continuar a doer mesmo muito tempo depois de terem sido despertadas pela primeira vez. Para essas, Epicuro recomenda a reflexão. As dores da alma estão frequentemente associadas às frustrações. Em geral, oriunda de um desejo não satisfeito.

Encontra-se aqui um dos pontos fundamentais para o entendimento dessa curiosa doutrina, que também foi tomada por seus seguidores e discípulos como um evangelho ou boa nova, o equacionamento entre dores e prazeres.

Das 300 obras escritas pelo filósofo, restaram apenas três cartas que versam sobre a natureza, sobre os meteoros e sobre a moral, e uma coleção de pensamentos, fragmentos de outras obras perdidas. Estas cartas, com os fragmentos, foram coligidos por Hermann Usener sob o título de Epicurea, em 1887. Por suas proposições filosóficas Epicuro é considerado um dos precursores do pensamento anarquista no período clássico.

A certeza

Segundo Epicuro, para atingir a certeza é necessário confiar naquilo que foi recebido passivamente na sensação pura e, por conseqüência, nas idéias gerais que se formam no espírito (como resultado dos dados sensíveis recebidos pela faculdade sensitiva).

O atomismo

Epicuro defendia ardorosamente a liberdade humana e a tranqüilidade do espírito. O atomismo, acreditava o filósofo, poderia garantir ambas as coisas desde que modificado. A representação vulgar do mundo, com seus deuses, o medo dos quais fez com que se cometessem os piores atos, é obstáculo à serenidade. Todas as doutrinas filosóficas, salvo o atomismo, participam dessas superstições.

No sistema epicurista, os átomos se encontram fortuitamente, por uma leve inclinação em sua trajetória, que o faria chocar com outro átomo para constituir a matéria. Esta é a grande modificação em relação ao atomismo de Demócrito, onde o encontro dos átomos é necessário. A inclinação a que o átomo se desvia poderia ser por uma vontade, um desejo ou por afinidade com outro átomo. Precisamente este é o ponto fosco na teoria atômica de Epicuro. Provavelmente tenha explicado melhor em alguma de suas obras perdidas. Certo é que este encontro fortuito dos átomos que garante a liberdade (se assim não fosse, tudo estaria sob o jugo da Natureza) e garante a explicação dos fenômenos, sua elucidação, fazendo com que possam ser explicados racionalmente. Assim, ao compreender como opera a Natureza, o homem pode livrar-se do medo e das superstições que afligem o espírito.

O prazer

A doutrina de Epicuro entende que o sumo bem reside no prazer e, por isso, foi uma doutrina muitas vezes confundida com o hedonismo. O prazer de que fala Epicuro é o prazer do sábio, entendido como quietude da mente e o domínio sobre as emoções e, portanto, sobre si mesmo. É o prazer da justa-medida e não dos excessos. É a própria Natureza que nos informa que o prazer é um bem. Este prazer, no entanto, apenas satisfaz uma necessidade ou aquieta a dor. A Natureza conduz-nos a uma vida simples. O único prazer é o prazer do corpo e o que se chama de prazer do espírito é apenas lembrança dos prazeres do corpo. O mais alto prazer reside no que chamamos de saúde. Entre os prazeres, Epicuro elege a amizade. Por isso o convívio entre os estudiosos de sua doutrina era tão importante a ponto de viverem em uma comunidade, o "Jardim". Ali, os amigos poderiam se dedicar à filosofia, cuja função principal é libertar o homem para uma vida melhor.

O desejo

Local original do texto (wikipédia)

Conheça Alguns Aspectos da Escola do Filósofo Epicuro | infoEnem

Posted: 29 May 2015 12:43 PM PDT (Recebido pelo newsletter do InfoEnem)

Epicuro nasceu em uma família de exilados oriundos da ilha grega de Samos, localizada ao sul do mar Egeu. Este filósofo estabeleceu-se definitivamente em Atenas entre os anos de 306 e 271 a.C, fundando sua escola, a qual passou a denominar-se O Jardim, onde seus discípulos viviam humildemente e longe da vida pública da pólis.

Apesar de eficiente produção literária, a maioria dos escritos de Epicuro se perdeu no tempo, sendo que boa parte de nosso conhecimento sobre este pensador advém de um poema latino denominado “Da Natureza das Coisas”, escrito no primeiro século da era cristã por seu discípulo Lucrécio. Nesta obra, fica claro que o principal objetivo da filosofia de Epicuro é tornar possível a vida feliz mediante a eliminação do medo da morte, pois é este temor que leva o homem a procurar riqueza e poder, de modo que isto lhe faça esquecer-se da inevitabilidade da morte. Para Epicuro, esta insegurança adentra o homem a partir da religião, a qual prevê sofrimento e mazelas para este após a partida do mundo físico.

Sendo um filósofo atomista, Epicuro sugeriu que nosso corpo, formado por átomos (que tem [tinha] significado um pouco diferente nesta [naquela] época), perde sua identidade no momento em que morremos, pois a morte ocorre quando estes átomos se separam. Desta forma, a morte está presente em um momento em que não há mais o eu original, apenas os átomos que antes o compunham. Assim sendo, nunca poderíamos nos deparar com a morte, pois, na presença desta, já não somos mais, já não há mais o eu. Por não aderir a filosofia determinista, ele acreditava que os seres humanos possuíam livre-arbítrio, não havendo interferência dos deuses nas nossas escolhas.

Crente de que a filosofia deveria ter um caráter prático, a doutrina de Epicuro dizia que o prazer é o princípio e a finalidade da vida feliz. Para ele, nós evitamos a dor sempre que possível, pois ao eliminá-la tornamos nossa vida melhor. Prezando a simplicidade da vida cotidiana, Epicuro não valorizava a satisfação dos prazeres complexos, como aqueles ligados à comida, à bebida e ao sexo, mas sim àqueles considerados mais simples e, por consequência, mais refinados, como uma amizade privada e desejos simples de serem satisfeitos. Sua justificativa para ter uma vida moderada era que sucumbir a todas as vontades teria como consequência a criação de mais desejos.

Estes, ao se tornarem mais elaborados, por vezes seriam mais difíceis ou até mesmo impossíveis de serem satisfeitos, gerando angústia e tristeza por conta disto. Desta forma, ao fazer apologia a uma vida mais simples, Epicuro defendia que era possível saciar os desejos e obter prazer de modo mais fácil, obtendo uma vida feliz com maior facilidade. O objetivo final de Epicuro era perpetuar, através das recordações, os benefícios dos prazeres alcançados, os quais poderiam ser lembrados em momentos de dor física ou mental, amenizando-as.

ENEM 2014 – QUESTÃO 13

(Recebido pelo newsletter do InfoEnem)

Alguns dos desejos são naturais e necessários; outros, naturais e não necessários; outros, nem naturais nem necessários, mas nascidos de vã opinião. Os desejos que não nos trazem dor se não satisfeitos não são necessários, mas o seu impulso pode ser facilmente desfeito, quando é difícil obter sua satisfação ou parecem geradores de dano.

EPICURO DE SAMOS. Doutrinas principais. In: SANSON, V. F. Textos de filosofia. Rio de Janeiro: Eduff, 1974.

No fragmento da obra filosófica de Epicuro, o homem tem como fim

a) alcançar o prazer moderado e a felicidade.

b) valorizar os deveres e as obrigações sociais.

c) aceitar o sofrimento e o rigorismo da vida com resignação.

d) refletir sobre os valores e as normas dadas pela divindade.

e) defender a indiferença e a impossibilidade de se atingir o saber.

RESOLUÇÃO E COMENTÁRIO:

Alternativa A

Assim como é costume do Enem, essa questão também é iniciada por uma citação. O filósofo agora citado é Epicuro de Samos, apesar de ser menos conhecido do que Platão ou Aristóteles, ele também é um importante filósofo e essa questão vem resgatar suas reflexões. Para responder essa questão espera-se que o candidato não só conheça Epicuro como saiba quais são suas principais ideias filosóficas. Entre as principais delas, Epicuro procurou pensar os desejos e os prazeres como formas de alcançar a felicidade de forma segura e tranquila. É importante não confundir as ideias de Epicuro a qualquer forma de hedonismo: para ele o prazer e, por conseguinte o desejo, estão relacionados à Natureza, como, por exemplo, à saúde e às necessidades do corpo; ele preza a tranquilidade e foge dos excessos, assim como dos desejos frívolos e artificiais. O conhecimento das ideias de Epicuro, assim como e conjuntamente com a análise do trecho escolhido levariam o candidato à alternativa correta.