Carta 13

ÀS VEZES parece-me que o amor não é mais transcendente, parece-me que ele é agora equivalente.

Os homens deste tempo parecem agir em suas relações afetivas sob o princípio da equivalência, tendo as coisas como fim e a si mesmos, individualmente, como meio. O princípio parece ser: - amo-te na medida do que tens, solidarizo-me, a ti, na medida do meu bem-. Parece ser esta a maneira de buscarem a felicidade, mas que por todo lado, acabam sempre se tornando mais infelizes, uma infelicidade às vezes escondida no fundo falso de suas almas vazias.

Às vezes me sinto mal por acreditar no amor dos homens, mas em maior intensidade, sinto-me bem por não ter perdido a capacidade de acreditar. Porém, ante os desprazeres do desamor e dos dissabores da desilusão, meu amor emudeceu-se e a voz do seu grito não é mais que um murmurar em gemidos inaudíveis, por ter sido condenado ao silêncio sepulcro de um lugar solitário. Sua pena durará por tempo indeterminado, até que meus pensamentos não se ocupem mais com o outro e que este não ocupe mais meu coração.

Abril, de 2000

Westerley

Carta Filosófica Nº 13

O amor é sem dúvida, a capacidade

supra-humana de doar e receber

as incapacidades humanas uns dos outros.