Fraternidade

"O homem pouco pode sozinho; é um Robinson abandonado; somente na comunidade com os demais é que é poderoso."  (A. Schopenhauer)

1) O que se entende por fraternidade? 

Etimologicamente, significa "irmandade" ou "conjunto de irmãos". Em sentido estrito, exprime simplesmente o sentimento de afeição recíproca entre irmãos. 

2) O homem sempre fez parte de uma grande família? 

Desde a Antiguidade, todos os homens fazem parte de uma grande família. Sêneca dizia que "A natureza fez de nós uma família" e Marco Aurélio que "O universo é como uma cidade". Houve, contudo, a tendência de limitar tal sentimento aos membros de uma nação e de excluir dele os escravos. Aristóteles e outros filósofos, por exemplo, achavam que os escravos não podiam ser irmãos dos homens livres. 

3) Os homens são lobos ou irmãos em seus relacionamentos? 

A base do pensamento individualista moderno é constituído pela concepção de que o homem é lobo do homem. Nesse sentido, a vida é regida pela competição em que os mais aptos devem triunfar. Assim sendo, a irmandade fica reduzida a um pequeno grupo de amigos íntimos, unidos por laços de famílias ou interesses comuns. (Idígoras, 1983) 

4) Qual a atitude marxista com relação à fraternidade? 

O pensamento marxista desenvolve-se na mesma linha da do pensamento individualista, com a diferença de que já não fala dos indivíduos na luta pelos bens sociais, mas sim de classes sociais. Neste caso, uma classe social fica sendo o lobo da outra classe social. 

5) Há desvios políticos em torno da fraternidade? 

O ser humano, quando é alçado a um cargo público, deveria praticar a fraternidade universal, que é o devido cuidado do bem público. Mas o que vemos? Boa parcela dos políticos procura cuidar muito mais dos seus interesses particulares ou do seu partido do que os da nação. 

6) Como Jesus tratou a fraternidade? 

Jesus, em seus diversos ensinamentos, tinha por base a fraternidade universal. O amor pelo inimigo é o ponto alto de suas prédicas. Em qualquer contratempo, nossa reação automática é: "olho por olho e dente por dente". Contudo, para seguir o Mestre, devemos modificar a resposta do homem velho e transformá-la na do homem novo, ou seja, perdoar não sete mas setenta vezes sete. 

7) Devemos ser fraternos apenas com os nossos? 

Seja qual seja a condição em que nos encontramos, podemos estender os braços unindo-nos aos semelhantes, através da compreensão e do auxílio mútuo. O apóstolo não nos diz: "sede todos da mesma altura", mas sim: "sede todos fraternalmente unidos". Não nos exige, pois, o Evangelho venhamos a ser censores ou escravos uns dos outros, e, sim, nos exorta a que sejamos irmãos. (Xavier, 1986, p. 244) 

8) Pensamentos para reflexão. 

"Quem é minha mãe e quem são os meus irmãos" é um ensinamento de Jesus que nos remete à fraternidade universal, porque extrapola o círculo de convivência no reduto familiar.

"O amor ao próximo inclui o esclarecimento fraterno", porque a sujeição passiva pode dilatar o processo de agressividade.

"O homem terrestre tem inventado numerosos artifícios para a legitima defesa, mas toda a defesa legitima está em Deus". Evitar, a todo o custo, cair no nível do agressor, mesmo que todas as sugestões fraternas tenham fracassado.

A terra não deve ser considerada uma penitenciária, mas uma escola de fraternidade para o aperfeiçoamento e regeneração dos Espíritos encarnados.

"A indiferença dos homens é que os seres humanos ainda têm muito da tribo, encontrando-se ainda encarcerados nos instintos propriamente humanos na luta das posições e das aquisições, dentro de um egoísmo quase feroz, como se guardassem consigo, indefinidamente, as heranças da vida animal". (Xavier, 1977, perguntas 342 a 351) 

9) Como captar os anseios de fraternidade? 

A verdadeira fraternidade é um reflexo do caráter e da personalidade do ser humano. Conectemos o nosso cérebro às ondas mais elevadas do conhecimento superior e teremos como consequência ações cada vez mais voltadas para o bem geral.

Fonte de Consulta 

IDÍGORAS, J. L. Vocabulário Teológico para a América Latina. São Paulo: Paulinas, 1983.

XAVIER, F. C. O Consolador, pelo Espírito Emmanuel. 7. ed. Rio de Janeiro: FEB, 1977.

XAVIER, F. C. Palavras de Vida Eterna, pelo Espírito Emmanuel. 8. ed., Rio de Janeiro: FEB, 1986.

XAVIER, F. C. Vinha de Luz, pelo Espírito Emmanuel. 3. ed. Rio de Janeiro: FEB, 1971.

(Reunião de 08/03/2014)

 Compilação: https://sites.google.com/view/temas-diversos-compilacao/fraternidade