Preconceito

1) O que se entende por preconceito?

É a fixação de um juízo anterior à análise objetiva da realidade, atingindo, desfavoravelmente, pessoas, idéias, instituições ou objetos. Os preconceitos são característicos dos indivíduos de mentalidade estreita, incapazes de uma análise serena e desapaixonada da realidade.

2) Como surgem os preconceitos?

Construímos, ao longo do tempo, conceitos que, sem a devida problematização, tornaram-se dogmáticos e superficiais.

3) Que relação há entre crenças e preconceito?

Há crenças de caráter científico, tal qual a de que a Terra gira ao redor do Sol. Porém, a maioria delas, é o resultado da tradição e da autoridade. Ao atendermos cegamente os ditames da autoridade e da tradição, estaremos perpetuando muitos preconceitos, sem imaginarmos que os são.

4) O preconceito dificulta a busca da verdade?

Não resta dúvida, pois a descoberta da verdade é impedida, muito mais pelo preconceito, do que pela falsa aparência que as coisas apresentam, e que podem induzir-nos ao erro. O preconceito é aquela erva daninha que obscurece o curso de nosso raciocínio e impede-nos de ter uma visão mais clara da realidade.

5) Como romper com um preconceito?

Podemos fazê-lo de duas maneiras: a) de forma natural, quando nos defrontarmos com as crenças antagônicas e tivermos que tomar nova decisão; b) pelo próprio esforço, quando tomarmos consciência da necessidade de nossa modificação interior. É o princípio da problematização fornecendo as diretrizes para a aquisição do conhecimento.

6) A crítica da universalidade ajuda-nos a vencer alguns preconceitos?

Sim. A universalidade é pensar no todo. A sua crítica leva-nos ao seguinte raciocínio: ser religioso é preferível a ter uma religião. O religioso está aberto a qualquer tipo de experiência; o que tem uma religião, apenas aos seus dogmas. Pensar – fora dos parâmetros estabelecidos – exige a postura do pensamento que está sempre à procura da verdade, esteja ela onde estiver.

7) Como transformar o homem preconceituoso no novo homem de que nos fala o evangelho?

De acordo com Krishnamurti, em O Mistério da Compreensão, o cérebro se torna novo quando há uma distância entre um fato e a reação do sujeito em relação a este mesmo fato. Quando reagimos imediatamente, estamos apenas confirmando o nosso ponto de vista, as nossas opiniões, o nosso preconceito, a nossa superficialidade. Para que um cérebro se torne novo, devemos conceder-lhe um tempo para refletir, para pensar, para sopesar, para meditar.

8) Quais são as dificuldades do cérebro velho?

O cérebro velho está acostumado com um tipo de resposta, com um tipo de comportamento. O novo causa-lhe incômodo. Quando propomos ao cérebro outro tipo de resposta, fazemo-lo agir em nosso benefício.

9) Combater o preconceito pode criar novos preconceitos?

Sim. Descartes diz que a força dos preconceitos se deve ao fato de que “todos nós fomos crianças antes de sermos homens” e começamos a pensar muito antes de saber raciocinar (se é que sabemos). O remédio, segundo Descartes, é a dúvida e o método mas forçoso é constatar que o cartesianismo dará razão, no fim das contas, à maioria dos preconceitos de sua época. Não é por ser homem, e mesmo um grande homem, que se deixa de ser criança.

10) Qual a tarefa da reflexão crítica?

O nosso pensamento inevitavelmente inclui sempre preconceitos, originários de sua própria formação, sendo tarefa da reflexão crítica precisamente desmascarar os preconceitos e revelar sua falsidade. 

(Reunião de 2012)

(Reunião de 2024)

Compilação: https://sites.google.com/view/temas-diversos-compilacao/preconceito