Romance Mediúnico Espírita

1) O que se entende por romance?

1. Narração verdadeira ou falsa, escrita em prosa ou verso. 2. Narrativa de fatos imaginários dispostos com verossimilhança, formando uma história fictícia. 3. Enredo de coisas falsas ou inacreditáveis. 4. Objeto imaginário; fantasia; urdidura fantástica do espírito.

Há, ainda, o romance de costumes, o romance didático, o romance épicoromance familiar (Psicanálise). (1) 

2) O que se entende por romance mediúnico?

O móvel dos romances espíritas é a propaganda da Doutrina por meio suave e convidativo, tributando os Instrutores Espirituais grande apreço a essas obras, por julgá-las imensamente úteis em virtude dos exemplos vivos oferecidos aos leitores.

O Espírito Adolfo Bezerra de Menezes, em Dramas da Obsessão, classifica os romances espíritas de similares das parábolas messiânicas, visto serem eles extraídos da vida real do homem, enquanto as parábolas igualmente foram inspiradas ao Divino Mestre pela vida cotidiana dos galileus, dos judeus e de suas azáfamas diárias. (2)

3) Todo romance mediúnico é romance espírita?

Não. Para que um romance mediúnico seja cognominado romance espírita é preciso que o teor de seus relatos, fictícios ou verdadeiros, ajustem-se aos imperativos do corpo doutrinário do Espiritismo. Sem esse cuidado, os romances acabam entrando no rol do Espiritismo, prejudicando o bom entendimento dos princípios fundamentais da Doutrina Espírita. Neste particular, temos que diferenciar aqueles eminentemente anímicos, em que a maioria das informações saiu da cabeça do próprio médium, e aqueles em que houve um empenho intenso do Espírito comunicante.

4) Como nos portarmos diante de um romance?

Num romance, há o aspecto emotivo, o aspecto histórico e o aspecto doutrinário. É preciso buscar, em cada uma dessas leituras, a instrução doutrinal. Os que estão sendo introduzidos no Espiritismo, através do romance, ainda terão alguma dificuldade para discernir esses aspectos. Aqueles, porém, que já estão inseridos nas práticas espíritas, têm de primar pela divulgação correta dos princípios espíritas.

5) Que tipo de erro é mais frequente na leitura de um romance?

É transformar em universal o que é particular. O fato narrado pode ser verdadeiro; ele não tem, contudo, o poder de se tornar geral. O rigor drástico, em muitos deles, para com a lei de ação e reação não necessariamente é uma tese geral. Há muitos atenuantes e agravantes que estão muito além do fato narrado.

6) Que críticas podemos fazer aos romances?

Em muitos romances, há o abuso de descrições minuciosas de crimes hediondos cometidos pelos personagens, ou de abusos de poder, desfilando em páginas e mais páginas imagens sanguinolentas e brutais. Há, também, casos em que as informações prestadas pelos autores espirituais estão em desacordo com os registros históricos. (3) No site Orientação Espírita: o Espiritismo iluminando a vida, há a crítica literária de diversos livros espíritas. 

7) Quais são os cuidados do médium psicógrafo?

Allan Kardec, em O Livro dos Médiuns, chamou a nossa atenção para as conseqüências do médium fascinado, que dá guarida aos Espíritos brincalhões, pseudo-sábios, mistificadores e interessados unicamente em combater o Espiritismo. Ele diz:

"A fascinação tem conseqüências muito mais graves. É uma ilusão produzida pela ação direta do Espírito sobre o pensamento do médium e que, de certa maneira, lhe paralisa o raciocínio, relativamente às comunicações. O médium fascinado não acredita que o estejam enganando: o Espírito tem a arte de lhe inspirar confiança cega, que o impede de ver o embuste e de compreender o absurdo do que escreve, ainda quando esse absurdo salte aos olhos de toda gente. A ilusão pode mesmo ir até ao ponto de o fazer achar sublime a linguagem mais ridícula. Fora erro acreditar que a este gênero de obsessão só estão sujeitas as pessoas simples, ignorantes e baldas de senso. Dela não se acham isentos nem os homens de mais espírito, os mais instruídos e os mais inteligentes sob outros aspectos, o que prova que tal aberração é efeito de uma causa estranha, cuja influência eles sofrem". (4)

Bibliografia Consultada

(1) GRANDE ENCICLOPÉDIA PORTUGUESA E BRASILEIRA. Lisboa/Rio de Janeiro: Editorial Enciclopédia, [s.d. p.]

(2) EQUIPE DA FEB. O Espiritismo de A a Z. Rio de Janeiro: FEB, 1995.

(3) http://www.orientacaoespirita.org/critica.htm

(4) KARDEC, A. O Livro dos Médiuns ou Guia dos Médiuns e dos Doutrinadores. São Paulo:Lake, [s.d.p.], capítulo 23, item 239, p. 228.

(Reunião de 12/04/2009)