Fenomenologia do Ethos

1) O que se entende por fenomenologia?

Fenomenologia é definida como "um estado puramente descritivo dos fatos vividos de pensamento e de conhecimento".

2) O que significa ethos?

Ethos, e sua tradução mores, em latim, não tem um único significado. Ele toma sentidos diversos: na retórica, na moral, na política, na música etc. Pode ser interpretado como caráter, comportamento, valores e costumes.

3) O que se depreende da fenomenologia do ethos?

É a descrição do comportamento, do caráter, dos valores éticos do ser humano, das instituições, dos grupos sociais. Este tema, de grande amplitude, pode ser aplicado na retórica, no discurso, na política e nas ações, de um modo geral.

4) Em política, como o ethos pode ser analisado?

O ser humano tem necessidade de moradia, saúde, alimentação e infra-estrutura. O Estado tem o dever de prover o bem comum, que implica a distribuição justa dos recursos públicos. Numa democracia, por exemplo, os políticos podem atender a esse objetivo segundo um ethos autêntico ou um ethos demagógico.  

5) O que você argumentaria sobre o ethos retórico?

A retórica trata, em linhas gerais, das qualidades do orador perante o público. Quando se fala do ethos do discurso, fala-se da persuasão pelo caráter (= ethos) do orador. O discurso tem uma natureza que confere ao orador a condição de ser digno de fé. São os traços de caráter que o orador deve mostrar ao auditório (pouco importa a sua sinceridade). O ethos, muito mais que o logos, é bastante útil ao orador, principalmente ao orador político, que procura agradar mais pela emoção do que pelo conteúdo doutrinal.

6) Em que consiste o bem a-fazer e o mal a-evitar?

Há diversidade de opiniões, mas o fundo da questão está envolto com o procedimento autenticamente humano, em que não podemos praticar atos que sejam anti-humanos ou desumanos. Em termos evangélicos, “fazer aos outros que o gostaríamos que nos fosse feito”.

7) Pode existir um ethos sem Deus?

Há uma frase de um personagem de Dostoievski – “Se Deus não existe, tudo é permitido”. Esta frase condensa o seguinte: pode existir uma moral sem Deus? Pode um ateu ser moral? Precisamos distinguir a moral como uma conquista interior e não como regras impostas pelas religiões.

8) Relacione ethos e amor.

A reflexão sobre o ethos leva-nos à prática do amor. O verdadeiro exercício do amor longe está das proibições e interdições de que a moral propõe. É uma autodeterminação que envolve a autonomia da vontade na busca da atualização do ser. Assim, não é agir de qualquer jeito, mas de forma ordenada, generosa, que promova a pessoa e os direitos do outro, sobretudo quando esses direitos são espezinhados.

9) há um ethos espírita?  

Sim. Ele está embasado nos ensinamentos de O Evangelho Segundo o Espiritismo, de Allan Kardec. O comportamento ético-espírita só pode fixar-se e expandir-se em terra fértil. Para isto, o adepto do Espiritismo deve, em primeiro lugar, limpar, adubar e regar o “terreno interior”, a fim de criar condições favoráveis de receber a semente evangélica para, posteriormente, fazê-la frutificar cento por um.

(Reunião de 04/09/2010)