Bíblia e Filosofia

1) O que significa a palavra “Bíblia”?

Bíblia vem do grego plural grego ta biblia e significa “os livros”. Para os cristãos, a Bíblia é um livro inspirado por Deus para a santificação dos leitores. Seu objetivo é salvar o ser humano, não apenas um, mas toda a humanidade. 

2) O que significa filosofia? 

Filosofia vem do grego e significa "amor à sabedoria". Na prática, é a busca do conhecimento por intermédio das luzes da razão. 

3) Como colocar o problema: Bíblia e filosofia?

A filosofia está orientada para o universal, o testemunho bíblico situa-se no terreno do particular. Em filosofia, o universal é um princípio teleológico, que se traduz pelo desejo de pensar e de se comunicar. O testemunho bíblico narra um acontecimento, uma experiência individual. O problema: como dar status filosófico a algo que permanece no particular? 

4) Existe filosofia nas escrituras?

A Bíblia não é filosofia, pois não cogita da racionalidade. Nos seus relatos literários, encontramos argumentos que podem ser ligados a essa ou àquela filosofia. Exemplo: livro da sabedoria e as cartas paulinas. 

5) A revelação é luz para a razão?

Sim. A revelação não é algo mágico que nos conduziria ao insensato, ao irracional. Convém refletir que “Se a fé não for banhada pela luzes da razão, ela o será pela violência”.

6) Como analisar a inspiração das escrituras?

A inspiração bíblica está centrada na singularidade de uma história, mas voltada para o universal. Nesse sentido, a Bíblia é um precioso testemunho, um presente dado ao pensamento, que a filosofia pode receber e interrogar. A filosofia reconheceu que o literário, o simbólico ou o místico não eram sinônimos de irracional, de falacioso ou de primitivo: a racionalidade aí se expressa de outro modo.

7) De que maneira Averrois pode contribuir para essa discussão? 

Averrois (1126-1198), filósofo árabe, diz que aceitamos que o Alcorão é verdadeiro. Mas, algumas partes dele são demonstravelmente equívocas. Daí, o texto é uma verdade poética e deve ser interpretado pelo raciocínio filosófico. Conclusão: Filosofia e Religião não são incompatíveis. 

8) Como a “consciência de si” pode ser vista em Sócrates e Jesus?

Sócrates, aquele que sabe que nada sabe, acha que a verdade do “conhece-te a ti mesmo” dever ser buscada no fundo de si. Jesus, consciente de ser o Filho do Pai, orienta o interlocutor para relação filial com o Pai. 

9) Como Sócrates e Jesus se posicionam em relação à virtude e à felicidade?

Os dois interrogam a ordem moral da sociedade. Sócrates situa a felicidade ao termo de um esforço de aperfeiçoamento moral e do domínio de si, que associam a realização da virtude ao conhecimento do bem. Jesus, ao anunciar as bem-aventuranças, dá a moral, que não é uma condição, mas consequência do estar com Jesus.

10) De que maneira Sócrates e Jesus se relacionam com o divino?

O daimon socrático é um sinal divino submetido à interpretação de sua razão, exortando-o a seguir as suas injunções. O divino com o qual Jesus se revela em estreita relação é propriamente o Pai.

11) Como Sócrates e Jesus tratam a amizade?

Para Sócrates, essa amizade é fruto do amor de si – philautia – e busca recíproca do bem segundo as regras da justiça. Jesus, ao assumir o “amarás o teu próximo com a ti mesmo” propõe um dom total de si.

Fonte de Consulta

MIES, Françoise (org.). Bíblia e Filosofia: As Luzes da Razão. Tradução de Paula Sílvia Rodrigues Coelho da Silva. São Paulo: Loyola, 2012.

(Reunião de 04/05/2013)

Compilação: https://sites.google.com/view/temas-diversos-compilacao/b%C3%ADblia?authuser=0