Empirismo e Espiritismo

1) O que é o empirismo?

O empirismo refere-se às doutrinas filosóficas que admitem que o conhecimento humano deduz tanto seus princípios quanto seus objetos ou conteúdos, da experiência.  

2) Quais são os termos opostos ao empirismo? 

Racionalismo, intelectualismo e intuicionismo são os termos opostos ao empirismo, pois admitem o conhecimento que não venha apenas pela experiência, ou somente pelas vias sensoriais. 

3) No início do empirismo inglês, qual era a filosofia predominante? 

Quando John Locke dá início ao empirismo inglês, a filosofia predominante é a cartesiana, cujo problema metafísico é resolvido pela teoria substancialista (três substâncias) de Descartes: res cogitans – a substância pensante – (alma), res extensa – a substância extensa – (o corpo) e Deus, a substância infinita criadora. 

4) Que tipo de mudança Locke propõe à filosofia de Descartes?   

Descartes falava de três tipos de ideias: adventícias, fictícias e inatas. As ideias adventistas são as que sobrevêm em nós postas pela presença da realidade externa; as ideias fictícias são aquelas que por nós mesmos formamos em nossa alma; as ideias inatas são as que constituem o acervo próprio do espírito, da mente e da alma; são as que estão na alma sem que as tenha posto nenhuma coisa real nem tenham sido formadas por nossa imaginação. Seu ponto de partida foi negar essas ideias inatas. Depois, tentou explicar como as restantes ideias se originam na mente. Supôs, assim, que a alma fosse um papel em branco (tabula rasa) onde tudo o mais deveria ser escrito pelas sensações da experiência. A explicação de Locke funda-se essencialmente no psicologismo. Para tanto, inclui a sensação e a reflexão. Locke entende por sensação o estímulo mínimo para a modificação de algo na mente; por reflexão, o perceber a alma aquilo que nela própria acontece. (Garcia Morente, 1970, p. 179-180) 

5) Quais são os outros empiristas ingleses? O que eles propõem? 

Berkeley e Hume dão prosseguimento às ideias sobre o empirismo. Berkeley elimina a substância material (res extensa) ficando apenas com a de pura vivência ou pura percepção. Hume faz desaparecer também as substâncias: res cogitans e Deus. Dizia que toda ideia que não tiver um correlacionado na existência real é falsa. 

6) Como o método empirista pode ser visualizado na Doutrina Espírita? 

Allan Kardec, o codificador do Espiritismo, aplicava o método teórico-experimental em suas pesquisas. Dizia: “Fatos novos se apresentam, que não podem ser explicados pelas leis conhecidas; ele os observa, compara, analisa e, remontando dos efeitos às causas, chega à lei que os rege: depois, deduz-lhes as consequências e busca as aplicações úteis”. 

O Espiritismo não teve uma teoria preconcebida sobre a existência e comunicação dos espíritos. Foi pela observação, análise e estudo rigoroso dos fatos que se construiu o edifício espírita. (Kardec, 1975, cap. I, item 14) 

7) Como Allan Kardec tratou o fato de que no mundo dos Espíritos há espíritos que não se consideram mortos? 

Ele nos explicou da seguinte maneira: os Espíritos superiores, que conhecem esse fato, não vieram dizer antecipadamente: “Há espíritos que julgam viver ainda a vida terrestre, que conservam seus gostos, costumes e instintos”. Provocaram a manifestação de Espíritos dessa categoria para que os observássemos. Estudando as diversas manifestações desses Espíritos, pode-se deduzir uma regra. (Kardec, 1975, cap. I, item 15) 

8) Que subsídios a lei da reencarnação nos empresta para compreender suplantar o empirismo inglês?

Ela mostra-nos que o Espírito, eventualmente num corpo carnal, já teve outras experiências, outras vivências. Daí ser possível fazer ilações, que vão além daquelas feitas pelo empirismo, que só aceita o aqui e o agora da experiência. Com a reencarnação penetramos em outras memórias, as memórias espirituais, o que nos dá ensejo de enfatizar a existência de ideias inatas, negadas pelo empirismo.

9) E o corpo espiritual? Que tipo de ajuda nos oferece? 

O perispírito ou corpo espiritual é o elo de ligação entre o corpo físico e o Espírito propriamente dito. O problema da obtenção do conhecimento — pelos sentidos ou pelo espírito — tem aqui o seu esclarecimento: o Espírito é um todo, pois engloba o espírito propriamente dito, o perispírito e o corpo físico. 

10) E a imortalidade da alma?  

A certeza de que há vida além da vida faz-nos ampliar o conceito de um determinado fato (ele é presente, mas tem conexões com as vidas passadas e as futuras). Presentemente, estamos passando por uma experiência. Ela não está isolada, porque é reflexo de uma ação passada, englobando as existências passadas. Pode ser também um projétil para o futuro, e influenciando nossas futuras encarnações. 

11) Que tipo de conclusão podemos inferir deste estudo? 

O Espiritismo, sendo a síntese do processo do conhecimento filosófico, não só elucida o problema da origem das ideias, como também nos fornece subsídios para entendermos a mecanismo das ideias inatas, negado pelo empirismo.

Fonte de Consulta 

GARCIA MORENTE, M. Fundamentos de Filosofia - Lições Preliminares. 4. ed. São Paulo: Mestre Jou, 1970.

KARDEC, A. A Gênese - Os Milagres e as Predições Segundo o Espiritismo. 17. ed. Rio de Janeiro: FEB, 1975. 

(Reunião de 09/10/2010)

Compilação: https://sites.google.com/view/temas-diversos-compilacao/empirismo-e-espiritismo