Vida

1) A vida é um problema? Por quê?

A vida é um problema porque a cada instante nos perguntamos: de onde viemos? Para onde vamos? O que estamos fazendo aqui? Qual a essência da vida? Por que existe a morte? Tudo acaba com a morte?

2) O que é a vida?

Não existe uma definição suficiente. Para Lalande, em seu Vocabulário Técnico e Crítico de Filosofia, “A vida é um conjunto dos fenômenos de toda a espécie (particularmente de nutrição e reprodução) que, para os seres que têm um grau elevado de organização, se estende do nascimento (ou da produção do germe) até a morte”. 

3) A vida surgiu através da geração espontânea?

Sim. De acordo com Allan Kardec, na pergunta 44 de O Livro dos Espíritos, “A Terra continha os germes, que esperavam o momento favorável para desenvolver-se... Os germes permaneceram em estado latente e inerte até o momento propício à eclosão de cada espécie”.

4) O Espiritismo esclarece a origem da vida?

Não. O Espiritismo se compatibiliza com a Ciência. A diferença: faz intervir a ação dos Espíritos. Há geração espontânea, mas o desenvolvimento da vida é conduzido pelos operários espirituais.

5) Qual a essência da vida?

A esta pergunta filosófica a Ciência só pode responder através de hipóteses: uma delas é a cadeia evolutiva do germe trazido de outros planetas. A Filosofia tenta penetrar no âmago da questão. Platão, em seu "Mito da Reminiscência das Ideias", informa-nos que a alma  preexiste ao corpo. Ela, antes de encarnar, pertence ao mundo das essências  - o  “topus uranus”. Depois de sua passagem aqui na Terra voltaria ao lugar de origem.

6) Qual o caráter da vida?

O primeiro caráter da vida é a ocupação - viver é fazer, praticar. Mas a ocupação é, antes de tudo, preocupação.

7) Como interpretar o quehacer?

Não nascemos prontos, acabados. A vida nos foi dada, mas não feita. Para construí-la, temos que lhe dar sentido e valor. Nesse sentido, o quehacer é luta, é garra, é movimentar-se. O quehacer, porém, que é individual, não pode perder de vista o fim total. Deve estar envolto com a Cosmovisão transcendental da própria vida. Saber não é erudição; saber é saber ater-se. 

8) Qual a relação entre o eu e as circunstâncias?

Ortega y Gasset diz que o eu não é apenas eu, mas eu e minhas circunstâncias. A vida é sempre a nossa vida. Embora devamos respeitar a vida dos outros e não que sejamos o mais importante dos mortais, a vida é sempre a nossa vida, porque é através de nossas próprias lentes que conseguimos ver o "eu", o "outro" e o "nós". Assim, faz muita diferença olhar o mundo sem defesas, sem melindres e sem segundas intenções.

9) Pode a vida não ser vivida?

Sim. É o estado de indiferença. A pedra, o vegetal, o animal existem, mas são indiferentes. O homem, ao contrário, tem que atualizar a essência e o faz na existência. A atualização envolve a construção do seu destino. A atuação do homem pressupõe escolha. Escolher é selecionar, é buscar alternativas, é construir.

10) Há vida antes da morte?

Biologicamente, sim. A pergunta, contudo, exige um aprofundamento no campo filosófico e religioso. Será que realmente vivemos, ou já vamos mortos para a morte? Quantos de nós não nos encontramos mortos em plena vida? Lembremo-nos da passagem evangélica: "Segue-me e deixa aos mortos o cuidado de enterrar os mortos." (Mateus, 8, 22.) Nessa passagem, Jesus explica-nos que os mortos são aqueles que não se preocupam com a vida espiritual, pois só dão valor à matéria e, por isso, mortos para as coisas essenciais do espírito.

11) Como passar do “humano” ao “cristão”?

Pela revisão de vida. De acordo com a Igreja católica, a revisão de vida serve apenas para vermos como estamos nos portando diante dos ensinamentos do Evangelho de Jesus. Ela não é um método, não é um procedimento psicológico. Na verdade, é dirigir a atenção aos apelos que o Senhor nos endereça, apelos estes de conversão, de contemplação, de prática de seus ensinamentos.

12) Nossa vida é mecânica ou dinâmica?

A mecanização dos nossos atos pode ser comparada ao indivíduo que anda sobre uma esteira rolante, ou seja, caminha muito mas não sai do lugar. Quer isto dizer que podemos ficar estacionados em nossa superficialidade. Porém, a lei do progresso, sendo natural, é inexorável e, mais tempo ou menos tempo, teremos que modificar o nosso comportamento. Infelizmente, na maioria das vezes, através da dor.

13) Quais são as dificuldades para a compreensão da vida?

Por que uma essência pura se contamina? Por que existe a doença? Por que as dores e os sofrimentos de toda a espécie? Por que as crises? Allan Kardec, em O Livro dos Espíritos, analisando o problema da idiotia e da loucura deixa-nos claro que tanto uma como a outra são limitações da matéria e não da essência, que mantém a sua pureza intacta. A comunicação mediúnica dos internados das "Casas André Luiz", que abriga portadores de deficiências físicas e mentais, mostrou que por detrás da deficiência orgânica há um Espírito lúcido em sua manifestação. Por aí, vemos que as doenças são limitações do corpo físico e não do Espírito. Não são poucos os Espíritos, uma vez desencarnados, que voltam a ter a sua procedência normal.

14) Cite alguns pensamentos sobre a vida.

"Os anos ensinam muitas coisas que os dias desconhecem." (Autor desconhecido); "O que dá sentido à vida é mais importante que a própria vida." (Autor desconhecido); "Não queira acrescentar dias à sua vida, mas vida aos seus dias." (Harry Benjamin); "Todos tentam realizar algo grandioso, sem reparar que a vida se compõe de coisas pequenas." (Frank Clark); "Medi minha vida com colherinhas de café." (Th S. Eliot); "Aquele que desperdiça o dia de hoje, lamentando o de ontem, desperdiçará o de amanhã, lamentando o de hoje." (P.Raskin); "Cada criança, ao nascer, traz-nos a mensagem de que Deus ainda não perdeu a esperança no homem." (Tagore).

15) Como dar plenitude à nossa vida?

Estejamos inteiros naquilo que estivermos fazendo. Todos os nossos atos, para se tornarem autônomos, devem ter um livre consentimento de nossa vontade e de nossa atividade. A autonomia da vida é seguir os ditames de nossa vocação. Não a vocação das profissões, mas aquela determinação que está dentro de cada um de nós. Em outras palavras, deve haver concordância entre a nossa vontade e a do Criador.

(Reunião de 09/03/2013)

Compilação: https://sites.google.com/view/temas-diversos-compilacao/vida?authuser=0