Humberto de Campos
1) Quem foi Humberto de Campos?
Humberto de Campos (H. de C. Veras) (1886-1934) foi jornalista, crítico, contista e memoralista, nascido em Miritiba, Maranhão. Terceiro ocupante da Cadeira 20, eleito em 30 de outubro de 1919, na sucessão de Emílio de Menezes e recebido pelo Acadêmico Luís Murat em 8 de maio de 1920.
2) Como foi a sua infância?
Filho de Joaquim Gomes de Faria Veras, pequeno comerciante, e Ana de Campos Veras. Perdendo o pai aos seis anos, Humberto de Campos deixou a cidade natal e foi levado para São Luís. De infância pobre, desde cedo começou a trabalhar no comércio como meio de subsistência.
3) Como se tornou escritor?
Aos 17 anos, no Pará, já era colaborador e redator na Folha do Norte. Em 1910 publicou seu primeiro livro a coletânea de versos intitulada Poeira. Em 1912 no Rio de Janeiro, entrou para O Imparcial, em que teve contato com Goulart de Andrade, Rui Barbosa, José Veríssimo e outros. Escreveu com diversos pseudônimos, entre os quais, o Conselheiro XX.
4) Dentre as suas inúmeras obras, qual sobressaiu?
Memórias, em 1933, que são as crônicas dos começos de sua vida. O seu Diário secreto, de publicação póstuma, provocou grande escândalo pela irreverência e malícia em relação a contemporâneos.
5) Em termos espirituais, o que representa passar pela infância pobre?
No processo da reencarnação, os Espíritos trazem dentro de si os talentos ocultos. O estado de pobreza é, para muitos deles, um período de reflexão, no sentido de bem aproveitar a sua missão na Terra.
6) Qual o principal traço no comportamento de Humberto de Campos?
A perseverança é a sua marca registrada. Dizia: "Gosto de subir, mas não gosto de mudar de escada".
7) Como resumir a sua psicografia?
A partir de 1937, três anos após a morte de seu corpo físico, começou a ditar mensagens, crônicas e romances através da psicografia de Francisco Cândido Xavier. "Brasil, Coração do Mundo, Pátria do Evangelho" foi a obra de maior notoriedade.
8) Quais outras obras mediúnicas são de sua autoria?
Crônicas do além-túmulo, Novas mensagens, Boa nova, Reportagens do além-túmulo... A tônica de sua comunicação mediúnica baseava-se em mensagens que redundavam em consolo aos tristes e esperança aos desafortunados.
9) Qual a polêmica no meio jurídico sobre o valor probatório da psicografia?
A viúva de Humberto de Campos, em 1944, moveu um processo contra a Federação Espírita Brasileira e Francisco Cândido Xavier, no sentido de obter uma declaração, por sentença, de que essa obra mediúnica "era ou não do 'Espírito' Humberto de Campos", e que em caso afirmativo, que ela obtivesse os direitos autorais da obra.
O juiz João Frederico Mourão Russell proferiu a seguinte parecer: ao morrer, o indivíduo deixa de possuir direitos civis, logo Humberto de Campos não poderia reavê-los. Direitos autorais herdáveis limitam-se àqueles referentes a obras produzidas pelo escritor antes de sua morte. A consulta com base em perícia científica sobre o Espiritismo foge às prerrogativas do Judiciário.
10) Por quê Irmão X?
Em vista do processo judicial, Humberto de Campos passa a assinar as suas obras com o pseudônimo de Irmão X, possivelmente relembrando o seu pseudônimo de Conselheiro XX, quando estava encarnado. Como Irmão X vieram Lázaro redivivo (1945), Luz acima (1948), Pontos e contos (1951), Contos e apólogos (1958), Contos desta e doutra vida (1964), Cartas e crônicas (1966) e Estante da vida (1969).
(Reunião de 26/04/2014)