Paradoxo
1) Qual a origem do termo “paradoxo”?
Paradoxo vem do latim (paradoxum) e do grego (paradoxo). O prefixo “para” quer dizer contrário a, ou oposto de e o sufixo “doxa” quer dizer opinião.
2) O que se entende por paradoxo?
O paradoxo é uma proposição contrária à opinião comum. É o oposto do que alguém pensa ser a verdade. Representa, também, a ausência de nexo ou lógica. Declaração que se faz sobre as coisas que aparentemente implica alguma contradição, pois uma análise mais profunda faz desvanecê-la.
3) O que é opinião?
Segundo Platão, a opinião é faculdade própria, distinta da ciência, que nos torna capazes de “julgar sobre a aparência”. É a existência de algo intermediário entre ignorância e ciência. O que caracteriza o filósofo é o não ser “amigo da opinião”.
4) É condenável ir contra a opinião?
Não. Ir contra a opinião não prova que tenhamos razão, pois um paradoxo pode ser falso ou verdadeiro. Sugere apenas que não queiramos repetir o que se diz.
5) As opiniões devem ser destruídas?
Para Sócrates as opiniões devem ser destruídas. De acordo com o pensamento deste filósofo, o indivíduo, movido pela sensação, vai adquirindo conhecimentos falsos e incorporando muitos vícios ao seu patrimônio intelectual. Acha ele que esses pseudoconhecimentos são adventícios, e, que uma reflexão mais cuidadosa sobre eles fará o indivíduo mudar de parecer, motivando-o na busca do conceito.
6) Quais são os tipos de paradoxos?
Paradoxo lógico. Exemplo: o paradoxo de Bureli-Forti – chamado do maior número ordinal.
Paradoxo semântico. Exemplo: paradoxo do mentiroso.
Paradoxo existencial. Encontra-se em autores de caráter religioso, como Santo Agostinho, Pascal, Kierkegaard e Unamuno. Não é anti-racional, mas pode ser pré-racional. (1)
7) Cite frases que mostram um paradoxo.
“Quanto mais damos, mais recebemos”;
“O riso é uma coisa séria”;
“O melhor improviso é aquele que é mais bem preparado”;
“Quanto mais o ônibus demora, mais perto está de chegar”.
8) O que é o paradoxo da filosofia apriorística?
Se a filosofia é amor à sabedoria, não podemos restringi-la. A exclusão a priori de algum tema mostra o preconceito da época.
9) Como a fé se torna um paradoxo para Kierkegaard?
Para Kierkegaard, na fé o máximo amor de si mesmo convive com o máximo temor de Deus. É um paradoxo, mas a fé é isso mesmo, um paradoxo.
10) Podemos considerar Frankenstein um paradoxo?
A cinematografia faz de Frankenstein um ser com instinto de assassinar crianças, ações contrárias àquelas praticadas pelos seres humanos normais. No livro de Mary Shelley, ele é vegetariano, fala eloquentemente que quase convence o seu criador e o leitor de sua bondade intrínseca. O paradoxo está em ter certeza que conhecemos, mas raciocinamos com uma imagem falsa.
11) Por que a afirmação de Sartre “o homem está condenado à liberdade” é um paradoxo?
Como pode a pessoa ter liberdade se ela está condenada a ela?
12) Como a bem-aventurança se torna um paradoxo com Jesus?
A Bem-Aventurança é uma declaração de bênção com base em uma virtude ou na boa sorte. A fórmula se inicia com "bem-aventurado aquele..." Com Jesus toma a forma de um paradoxo: a bem-aventurança não é proclamada em virtude de uma boa sorte, mas exatamente em virtude de uma má sorte: pobreza, fome, dor, perseguição.
13) Como se explica o paradoxo do mentiroso?
Nome dado ao clássico sofisma "Eu minto", por referência ao lendário Epimênides (séc. IV a.C.), que diz: "Todos os cretenses mentem sempre; ora, ele é cretense; logo, mente. Conclusão: os cretenses não mentem. No entanto, se Epimênides diz a verdade, os cretenses mentem" etc. Logo, se Epimênides diz a verdade, está mentindo, e se mente diz a verdade. Fora da verdadeira conclusão lógica que se impõe e impede essa falsa regressão ao infinito ("não é verdade que os cretenses mentem sempre"), esse tipo de paradoxo é útil para distinguir a linguagem da metalinguagem, o que se diz e o fato de dizê-lo. (2)
14) Como explicar o paradoxo do perdão?
Se só as pessoas que merecem perdão devem ser perdoadas, então o perdão ou é injustificado, no caso de a pessoa não o merecer, ou é irrelevante, uma vez que se a pessoa merece perdão não há nada a perdoar. Logo, é impossível justificar o perdão para verdadeiros transgressores. No entanto, o perdão dos transgressores é frequentemente pedido e concedido e em alguns sistemas éticos chega a ser exigido que perdoemos os transgressores. (3)
Fonte de Consulta
(1) ENCICLOPÉDIA LUSO-BRASILEIRA DE CULTURA. Lisboa: Verbo, [s. d. p.]
(2) JAPIASSÚ, Hilton e MARCONDES, Danilo. Dicionário Básico de Filosofia. 5.ed. Rio de Janeiro: Zahar, 2008.
(3) BLACKBURN, Simon. Dicionário Oxford de Filosofia. Consultoria da edição brasileira, Danilo Marcondes. Tradução de Desidério Murcho ... et al. Rio de Janeiro: Zahar, 1977.
(Reunião de 31/05/2014)