Ontologia e Ontoteologia

1) O que se entende por ontologia?

Ontologia é a teoria dos entes. Ramo da metafísica que se interessa pela natureza do ser. A metafísica interessa-se pelos princípios primeiros das coisas, incluindo conceitos abstratos como ser e conhecer. (1)

2) Qual a concepção de ente?

“Ente” representa todas as coisas sobre as quais se pode dizer que são. Nesse caso, a ontologia é a teoria do ser enquanto tal. (1)

3) Qual a tarefa da ontologia?

É perguntar pelas características básicas que tornam possível dizer que algo ou um estado de coisas, um evento, é. (1)

4) Quando foi criado o termo “ontologia” e qual a sua relação com a metafísica?

A palavra ontologia foi criada por R. Goclenius para o seu Lexicon Philosophicum, publicado em 1613. Ela é o resultado do grego onta (ente) e logos (teoria, discurso, palavra). A partir da obra de Christian Wolff, Ontologia (1730), esta passou a ser considerada parte da metafísica geral. (1)

5) Que é ontoteologia?

Ontoteologia é a teoria do ser divino. O “onto”, que se refere ao ente (ou ao ser); o “teo”, que se refere a Deus (ou aos deuses); o “logos”, que se refere ao saber, ou ao saber enquanto “falar”. (2)

6) Em que momento houve a necessidade de se criar o termo “ontoteologia”?

Os termos “ontologia” e “teologia” constam dos nossos dicionários há muito tempo. O problema surge quando Heidegger questiona esses termos ao verificar que Hegel equipara “Ser” com “a Ideia Absoluta”. A estrutura “ontoteológica” da metafísica tem de revelar por que entraram na filosofia Deus e o Ser, e, além disso, por que se apresentam como “objetos” do “logos”, com o sistema articulado de saberes. (2)

7) Como a ontologia pode ser vista sob a ótica espírita?

A teoria do ser tem sua síntese na filosofia espírita, quando pela revelação e cogitação faz-se uma relação entre o Espírito, o Perispírito e o Corpo Físico. Quer dizer, ao se introduzir o conceito de perispírito, eliminamos a dualidade existente entre mente e corpo. Nós somos um Espírito que momentaneamente está habitando um corpo de carne. (3)

8) Como a ontoteologia pode ser vista sob a ótica espírita?

Para Aristóteles, o Ser é “aquilo que é”. Na Bíblia é Deus quem fala, embora figuradamente, e se explica: “Eu sou o que é”. Deus é e se afirma na intuição cartesiana de Um Ser supremo, como se afirma no sentimento intuitivo kardeciano. Na Filosofia Espírita o conceito de Ser abrange todas as categorias daquilo que é, concordando portanto com o pensamento filosófico antigo e moderno. (3)

9) Onde podemos encontrar a definição do Ser supremo?

A definição do Ser supremo está na pergunta 1 de O Livro dos Espíritos: “Deus é a inteligência suprema, causa primária de todas as coisas” . 

10) Como, à luz do Espiritismo, se processa a relação entre Deus, Espírito e Matéria?

Deus é a causa primária de todas as coisas. Dele vertem-se dois princípios: material e espiritual. O principio espiritual individualizado torna-se espírito; a  individualização do principio material dá origem à matéria. No ser humano, para haver a ligação entre espírito e matéria, há necessidade de um intermediário, o perispírito. 

11) Como se dá a evolução do princípio inteligente?

Os seres têm essência e essa essência se desenvolve através da evolução: é o princípio inteligente. No ser humano, essa realidade se apresenta no complexo Espírito, Perispírito e Matéria. Entre os dois últimos existe ainda o fluido vital. Toda essa complexidade, entretanto, é simplesmente a expressão  pluralista de um monismo fundamental. A essência é que tudo domina. Ela é a realidade última. Mas só através da existência conseguimos atingi-la. (3)

12) A essência pode ser destruída?

A essência do Espírito é indestrutível, pois representa a atualização das potencialidades do princípio inteligente, uma criação de Deus para fins que ainda desconhecemos. (3)

Nota: A metafísica foi dividida em metaphysica generalis e metaphysica specialis. A metaphysica generalis trata de analisar as características do ser em geral, enquanto a metaphysica specialis analisa alguns seres em especial, como os seres celestes (cosmogonia) ou o ser divino (teologia). (1)

Fonte de Consulta

(1) CASTRO, Susana de. Ontologia. Rio de Janeiro: Zahar, 2008 (Filosofia passo-a-passo, 83) 

(2) MORA, J. Ferrater. Dicionário de Filosofia. São Paulo: Loyola, 2004. 

(3) PIRES, J. Herculano. Introdução à Filosofia Espírita. São Paulo: Paideia, 1983. 

(Reunião de 22/06/2013)