Justiça e Verdade

1) O que se entende por justiça?

A justiça é o bem maior da humanidade. Em seu sentido restrito, é a vontade de conceder o direito a si próprio e aos outros segundo a igualdade. Em seu sentido moral, respeitar cada um a si mesmo e ao próximo. "Dar a cada um o que é seu".

2) O que se entende por verdade?

É uma adequação entre o Sujeito (inteligência) e o Objeto (realidade). Do latim adaequatio intellectus et rei. Em sentido mais elevado, uma completa interpenetração de inteligência e ser.

3) Como é posta a justiça em Aristóteles?

Para Aristóteles, a justiça é o principal fundamento da ordem do mundo. Ela não está dissociada da polis, da cidade, ou da vida em sociedade. Ela não é adquirida nos livros ou mesmo pelo pensamento. Ela tem que ser construída na vida prática, isto é, pela obediência às leis da pólis e pelo bom relacionamento com os cidadãos.

4) Relacione justiça humana e justiça divina.

A justiça humana, através de leis estabelecidas pelas autoridades de um determinado país, julga e castiga os delitos cometidos. Uma pessoa fica reclusa por vários anos. Atendeu à lei do homem. E com relação à justiça divina? A justiça divina vê o sujeito na sua totalidade, incluindo as suas diversas encarnações. Pode-se dizer que a justiça humana pune os crimes factuais; a justiça divina, os essenciais. Nada fica incólume. Nesse caso, é possível que o sujeito tenha cumprido a sua pena na Terra, mas não o tenha saldado com relação à justiça divina, que vê o que se passa no íntimo do ser.

5) Como se adquire o conhecimento verdadeiro?

Conhecimento é o reflexo e a reprodução do objeto em nossa mente.

Conhecimento verdadeiro é aquele que reflete corretamente a realidade na mente.

Verdade é o reflexo fiel do objeto na mente, adequação do pensamento com a coisa.

É a relação entre o Sujeito cognoscente e o Objeto que precisa ser conhecido. Como depende de nosso juízo de valor, convém que estejamos sempre nos desfazendo dos dogmas e dos preconceitos, para melhor avaliar o que se nos chega à mente.

6) Como interpretar o "conhecereis a verdade e a verdade vos libertará"?

Cristo nos disse que deveríamos conhecer a verdade, que ela nos libertaria. Mas como? Ele não nos pede uma racionalização da verdade, mas uma transcendência em Deus. Transcendência esta que nos livra do erro, da mentira e do vício. Não podemos ficar presos aos "aspectos da verdade", ou às "verdades provisórias", mas à submissão do dever fielmente cumprido.

7) Tudo o que é justo é verdadeiro?

Em principio, tudo o que é justo deve também ser verdadeiro. Acontece que vivemos num mundo imperfeito. Nesse caso, podemos cometer muitas injustiças em nome da justiça, pois como determinar com exatidão o que é justo e o que é injusto? Conta-se o caso de um habitante de um mundo superior em visita ao nosso. Em suas observações, detectou: 1) uma pessoa ser presa por ter roubado um pedaço de pão para saciar a sua fome; 2) outra, que havia dizimado centenas de seres humanos em batalhas sangrentas, ser condecorada. Disse: vamos esperar mais uns 500 anos para ver como estará a justiça no Planeta Terra.

8) As aflições são justas?

Sim. Dada a limitação do nosso conhecimento, achamos que Deus é injusto, que Ele nos manda uma prova além de nossa força. Tudo isso é puro engano. Cada um de nós está no devido lugar, para a realização do seu progresso material e espiritual. Nada que se nos acontece, acontece por acaso.

9) Podemos refutar uma verdade? Ela pode ficar oculta?

Não. Os filósofos da antiguidade já nos diziam que, no justo momento em que quisermos refutar uma verdade, seremos por ela refutados. Cristo, nas suas pregações, disse: "Não há nada escondido que não venha a ser revelado, nem oculto que não venha a se tornar conhecido" (Mateus 10.16b). Daí, a certeza de que diante da verdade só nos resta aceitá-la de bom grado, seja agradável ou desagradável.

10) Cite algumas frases sobre justiça e verdade.

"Justiça e verdade são duas pontas tão finas que os nossos instrumentos são demasiadamente obtusos para nelas tocar com exatidão. Quando chegam a aproximar-se, destroem a ponta, e se apoiam em toda a volta, mais sobre o falso do que sobre o verdadeiro" (Pascal).

"Se sofreres uma injustiça, consola-te, que a verdadeira desgraça é cometê-la" (Pitágoras).

"Quem decide um caso sem ouvir a outra parte não pode ser considerado justo, ainda que decida com justiça" (Sêneca). 

"A verdade nunca é injusta; pode magoar, mas não deixa ferida" (Eduardo Girão)

"O homem é injusto, mas Deus é justo, e a justiça finalmente, triunfa" (H. L. Longfellow).

(Reunião de 29/05/2010)