Evangelho

1) Qual o conceito de Evangelho?

Evangelho – Do grego Euangelion (eu = boa e angelion = notícia) que significa boa notícia. Para os gregos mais antigos, ela indicava a "gorjeta" que era dada a quem trazia uma boa notícia. Mais tarde passou a significar uma "boa-nova", segundo a exata etimologia do termo. (Battaglia, 1984)

2) Qual o contexto histórico do Evangelho?

Politicamente, havia o domínio do Império romano; religiosamente, o Judaísmo.

Embora o cristianismo seja uma religião revelada, diferente da judaica, apareceu historicamente como continuação e aperfeiçoamento da revelação dada por Deus ao povo de Israel. Jesus era um judeu, que nasceu e viveu na Palestina. Os apóstolos eram todos da sua gente e da sua religião. É dentro desse quadro que nasce o Evangelho. (Battaglia, 1984)

3) Enumere os tipos de Evangelho. O que significa cada um deles?

1) O Evangelho de Jesus – No Velho Testamento há o anúncio do Messias, o Salvador. Jesus, quando encarnado, é não só o conteúdo do anúncio, mas também o arauto.

2) O Evangelho dos Apóstolos – após a ascensão de Jesus, é a pregação oral dos ensinamentos do Cristo, feito pelos apóstolos.

3) Os Quatro Evangelhos – Evangelho, no singular, é a boa-nova trazida pelo Cristo. Evangelhos referem-se ao: "Evangelho Segundo Lucas", "Evangelho Segundo Mateus", "Evangelho Segundo Marcos" e "Evangelho Segundo João".

4) O Quinto Evangelho – Os Atos dos Apóstolos e as Cartas Apostólicas, dispostos cronologicamente, formariam um quinto evangelho.

5) Evangelhos Apócrifos – Muitas informações acerca de Jesus estão arroladas nos evangelhos apócrifos (escondidos) e nas ágrafas (ensino oral). (Battaglia, 1984)

4) Em que se fundamentam os dizeres do Evangelho?

Fundamentam-se no ensinamento religioso revelado, como livros inspirados, que contêm a verdadeira história e o verdadeiro ensinamento de Jesus. Os Evangelhos são o ponto de chegada da salvação e ponto de partida rumo à perfeição definitiva por eles anunciada. Observe que a Reforma Protestante do século XVI não tocou na doutrina da divina inspiração da Bíblia, que pelo contrário foi formulada de maneira ainda mais rígida.

5) Que são os Evangelhos sinóticos? Por que Santo Agostinho usou a frase "concordância discorde"?

Sinótico. Do grego synóptikos "percebido com uma só olhada". São os Evangelhos Segundo Marcos, Mateus e Lucas. Os três seguem uma mesma linha de raciocínio. Contudo, há diversidade entre eles. Cada evangelista tem um material próprio não transmitido por outros. Mateus tem cerca de 330 versículos exclusivamente seus; Marcos, 30; Lucas, 548. Algumas vezes não seguem a mesma ordem na disposição cronológica dos fatos.

Sobre essas discrepâncias, Santo Agostinho fala de "concordância discorde" e atribuía a causa à influência recíproca, à personalidade própria de cada escritor, e à orientação da inspiração de Deus. (Battaglia, 1984)

6) Pode-se interpretar o Evangelho como sendo Dynamis e Enérgeia divina?

Sim. Dynamis e enérgeia, além de pneuma e logos são termos da terminologia científica que passaram rapidamente ao âmbito religioso, exprimindo as forças e as virtudes sobrenaturais, das quais se consideravam invadidas por elementos do universo.

Paulo considerou então o Evangelho como uma potência (dynamis), como uma força-energia (enérgeia), como uma palavra dotada do Espírito divino (pneuma). Exemplo: escrevendo aos romanos, ele afirma: "Não me envergonho do Evangelho: este é a potência de Deus (dynamis) para a salvação de quem crê" (Rm 1,16). Em Tessalonicense, 1,4; 2,13, há o uso dos outros termos.

7) Quais são as 5 partes contidas nos Evangelhos? Por que Allan Kardec escolheu apenas os ensinamentos morais?

Allan Kardec na Introdução de O Evangelho Segundo o Espiritismo diz que as matérias contidas nos Evangelhos podem ser divididas em cinco partes: os atos comuns da vida de Cristo, os milagres, as profecias, as palavras que serviram para o estabelecimento dos dogmas da Igreja e o ensinamento moral. Se as quatro primeiras partes foram objeto de controvérsia, a última manteve-se inatacável. Este é o terreno onde todas as crenças podem se reencontrar, porque não é motivo de disputas, mas sim regras de conduta abrangendo todas as circunstâncias da vida, pública e privada. (Kardec, 1984)

Fonte de Consulta

BATTAGLIA, 0scar. Introdução aos Evangelhos — Um Estudo Histórico-crítico. Rio de Janeiro: Vozes, 1984.

KARDEC, A. O Evangelho Segundo o Espiritismo. 39. ed. São Paulo: IDE, 1984.

(Reunião de 13/10/2007)

Compilação: https://sites.google.com/view/temas-diversos-compilacao/evangelho