Evangelho

Perguntas e Respostas

1) Qual o conceito de Evangelho?

Evangelho – Do grego Euangelion (eu = boa e angelion = notícia) que significa boa notícia. Para os gregos mais antigos, ela indicava a "gorjeta" que era dada a quem trazia uma boa notícia. Mais tarde passou a significar uma "boa-nova", segundo a exata etimologia do termo. (Battaglia, 1984)

2) Qual o contexto histórico do Evangelho?

Politicamente, havia o domínio do Império romano; religiosamente, o Judaísmo.

Embora o cristianismo seja uma religião revelada, diferente da judaica, apareceu historicamente como continuação e aperfeiçoamento da revelação dada por Deus ao povo de Israel. Jesus era um judeu, que nasceu e viveu na Palestina. Os apóstolos eram todos da sua gente e da sua religião. É dentro desse quadro que nasce o Evangelho. (Battaglia, 1984)

3) Enumere os tipos de Evangelho. O que significa cada um deles?

1) O Evangelho de Jesus – No Velho Testamento há o anúncio do Messias, o Salvador. Jesus, quando encarnado, é não só o conteúdo do anúncio, mas também o arauto.

2) O Evangelho dos Apóstolos – após a ascensão de Jesus, é a pregação oral dos ensinamentos do Cristo, feito pelos apóstolos.

3) Os Quatro Evangelhos – Evangelho, no singular, é a boa-nova trazida pelo Cristo. Evangelhos referem-se ao: "Evangelho Segundo Lucas", "Evangelho Segundo Mateus", "Evangelho Segundo Marcos" e "Evangelho Segundo João".

4) O Quinto Evangelho – Os Atos dos Apóstolos e as Cartas Apostólicas, dispostos cronologicamente, formariam um quinto evangelho.

5) Evangelhos Apócrifos – Muitas informações acerca de Jesus estão arroladas nos evangelhos apócrifos (escondidos) e nas ágrafas (ensino oral). (Battaglia, 1984)

4) Em que se fundamentam os dizeres do Evangelho?

Fundamentam-se no ensinamento religioso revelado, como livros inspirados, que contêm a verdadeira história e o verdadeiro ensinamento de Jesus. Os Evangelhos são o ponto de chegada da salvação e ponto de partida rumo à perfeição definitiva por eles anunciada. Observe que a Reforma Protestante do século XVI não tocou na doutrina da divina inspiração da Bíblia, que pelo contrário foi formulada de maneira ainda mais rígida.

5) Que são os Evangelhos sinóticos? Por que Santo Agostinho usou a frase "concordância discorde"?

Sinótico. Do grego synóptikos "percebido com uma só olhada". São os Evangelhos Segundo Marcos, Mateus e Lucas. Os três seguem uma mesma linha de raciocínio. Contudo, há diversidade entre eles. Cada evangelista tem um material próprio não transmitido por outros. Mateus tem cerca de 330 versículos exclusivamente seus; Marcos, 30; Lucas, 548. Algumas vezes não seguem a mesma ordem na disposição cronológica dos fatos.

Sobre essas discrepâncias, Santo Agostinho fala de "concordância discorde" e atribuía a causa à influência recíproca, à personalidade própria de cada escritor, e à orientação da inspiração de Deus. (Battaglia, 1984)

6) Pode-se interpretar o Evangelho como sendo Dynamis e Enérgeia divina?

Sim. Dynamis e enérgeia, além de pneuma e logos são termos da terminologia científica que passaram rapidamente ao âmbito religioso, exprimindo as forças e as virtudes sobrenaturais, das quais se consideravam invadidas por elementos do universo.

Paulo considerou então o Evangelho como uma potência (dynamis), como uma força-energia (enérgeia), como uma palavra dotada do Espírito divino (pneuma). Exemplo: escrevendo aos romanos, ele afirma: "Não me envergonho do Evangelho: este é a potência de Deus (dynamis) para a salvação de quem crê" (Rm 1,16). Em Tessalonicense, 1,4; 2,13, há o uso dos outros termos.

7) Quais são as 5 partes contidas nos Evangelhos? Por que Allan Kardec escolheu apenas os ensinamentos morais?

Allan Kardec na Introdução de O Evangelho Segundo o Espiritismo diz que as matérias contidas nos Evangelhos podem ser divididas em cinco partes: os atos comuns da vida de Cristo, os milagres, as profecias, as palavras que serviram para o estabelecimento dos dogmas da Igreja e o ensinamento moral. Se as quatro primeiras partes foram objeto de controvérsia, a última manteve-se inatacável. Este é o terreno onde todas as crenças podem se reencontrar, porque não é motivo de disputas, mas sim regras de conduta abrangendo todas as circunstâncias da vida, pública e privada. (Kardec, 1984)

(Reunião de 13/10/2007)

Bibliografia Consultada

BATTAGLIA, 0scar. Introdução aos Evangelhos — Um Estudo Histórico-crítico. Rio de Janeiro: Vozes, 1984.

KARDEC, A. O Evangelho Segundo o Espiritismo. 39. ed. São Paulo: IDE, 1984. (https://sites.google.com/view/aprofundamentodoutrinario/evangelho?authuser=0 )


Texto Curto no Blog

Evangelho

Evangelho – Do grego Euangelion (eu = boa eangelion = notícia) que significa boa notícia. Para os gregos mais antigos, ela indicava a "gorjeta" que era dada a quem trazia uma boa notícia. Mais tarde passou a significar uma "boa-nova", segundo a exata etimologia do termo.

Politicamente, na época de Jesus, havia o domínio do Império romano; religiosamente, o Judaísmo. Embora o cristianismo seja uma religião revelada, diferente da judaica, apareceu historicamente como continuação e aperfeiçoamento da revelação dada por Deus ao povo de Israel. Jesus era um judeu, que nasceu e viveu na Palestina. Os apóstolos eram todos da sua gente e da sua religião. É dentro desse quadro que nasce o Evangelho.

Diz-se que há cinco tipos de Evangelho:

1) O Evangelho de Jesus – No Velho Testamento há o anúncio do Messias, o Salvador. Jesus, quando encarnado, é não só o conteúdo do anúncio, mas também o arauto.

2) O Evangelho dos Apóstolos – após a ascensão de Jesus, é a pregação oral dos ensinamentos do Cristo, feito pelos apóstolos.

3) Os Quatro Evangelhos – Evangelho, no singular, é a boa-nova trazida pelo Cristo. Evangelhos referem-se ao: "Evangelho Segundo Lucas", "Evangelho Segundo Mateus", "Evangelho Segundo Marcos" e "Evangelho Segundo João".

4) O Quinto Evangelho – Os Atos dos Apóstolos e as Cartas Apostólicas, dispostos cronologicamente, formariam um quinto evangelho.

5) Evangelhos Apócrifos – Muitas informações acerca de Jesus estão arroladas nos evangelhos apócrifos (escondidos) e nas ágrafas (ensino oral). (Battaglia, 1984)

Os dizeres do Evangelho fundamentam-se no ensinamento religioso revelado, como livros inspirados, que contêm a verdadeira história e o verdadeiro ensinamento de Jesus. Os Evangelhos são o ponto de chegada da salvação e ponto de partida rumo à perfeição definitiva por eles anunciada. Observe que a Reforma Protestante do século XVI não tocou na doutrina da divina inspiração da Bíblia, que pelo contrário foi formulada de maneira ainda mais rígida.

Que são os Evangelhos sinóticos? Por que Santo Agostinho usou a frase "concordância discorde"? Sinótico. Do grego synóptikos "percebido com uma só olhada". São os Evangelhos Segundo Marcos, Mateus e Lucas. Os três seguem uma mesma linha de raciocínio. Contudo, há diversidade entre eles. Cada evangelista tem um material próprio não transmitido por outros. Mateus tem cerca de 330 versículos exclusivamente seus; Marcos, 30; Lucas, 548. Algumas vezes não seguem a mesma ordem na disposição cronológica dos fatos. Sobre essas discrepâncias, Santo Agostinho fala de "concordância discorde" e atribuía a causa à influência recíproca, à personalidade própria de cada escritor, e à orientação da inspiração de Deus.

O Evangelho é interpretado como sendo Dynamis e Enérgeia divina. Dynamis e enérgeia, além de pneuma e logos são termos da terminologia científica que passaram rapidamente ao âmbito religioso, exprimindo as forças e as virtudes sobrenaturais, das quais se consideravam invadidas por elementos do universo. Paulo considerou então o Evangelho como uma potência (dynamis), como uma força-energia (enérgeia), como uma palavra dotada do Espírito divino (pneuma). Exemplo: escrevendo aos romanos, ele afirma: "Não me envergonho do Evangelho: este é a potência de Deus (dynamis) para a salvação de quem crê" (Rm 1,16). Em Tessalonicense, 1,4; 2,13, há o uso dos outros termos.

Allan Kardec na Introdução de O Evangelho Segundo o Espiritismo diz que as matérias contidas nos Evangelhos podem ser divididas em cinco partes: os atos comuns da vida de Cristo, os milagres, as profecias, as palavras que serviram para o estabelecimento dos dogmas da Igreja e o ensinamento moral. Se as quatro primeiras partes foram objeto de controvérsia, a última manteve-se inatacável. Este é o terreno onde todas as crenças podem se reencontrar, porque não é motivo de disputas, mas sim regras de conduta abrangendo todas as circunstâncias da vida, pública e privada.

Bibliografia Consultada

BATTAGLIA, 0scar. Introdução aos Evangelhos — Um Estudo Histórico-crítico. Rio de Janeiro: Vozes, 1984.

KARDEC, A. O Evangelho Segundo o Espiritismo. 39. ed. São Paulo: IDE, 1984. (http://sbgespiritismo.blogspot.com/2009/06/evangelho.html)


Em Forma de Palestra

Evangelho e Espiritismo

1. Introdução 

O objetivo central deste estudo é enaltecer os esforços constantes de evangelização das criaturas. Para que possamos atingir tal desideratum, preparamos o seguinte roteiro: conceito, conotações do termo "Evangelho", Evangelho no contexto histórico, o Evangelho Segundo o Espiritismo e Evangelho e Educação.

2. Conceito 

O uso frequente de uma palavra pode provocar, com o tempo, a perda do seu significado original. Isto aconteceu com muitos de nós que dizemos e ouvimos pronunciar tantas vezes o termo "Evangelho".

De acordo com Battaglia em Introdução aos Evangelhos, o primeiro significado lembrado pelo som desta palavra é o de um livro, um dos quatro que foram legados pela era apostólica e que contém a vida e a doutrina de Jesus. A palavra "Evangelho" suscita em muitos cristãos uma vaga ideia de respeito e solenidade ligada à liturgia da Missa dominical, quando o som deste termo faz-nos ficar todos de pé para ouvi-lo devota e respeitosamente. Mas normalmente, tudo pára aí.

Evangelho é a tradução portuguesa da palavra grega Euangelion que foi notavelmente enriquecida de significados. Para os gregos mais antigos ela indicava a "gorjeta" que era dada a quem trazia uma boa notícia. Mais tarde passou a significar uma "boa-nova", segundo a exata etimologia do termo.

Falava-se de "evangelho", nas cidades gregas, quando ecoava a notícia de uma vitória militar, quando os arautos noticiavam o nascimento de um rei ou de um imperador. Ao termo estava unida a ideia de festa com cânticos, luzes e cerimônias festivas. Era, em suma, o anúncio da alegria, porque continha uma certeza de bem-estar, de paz e salvação. (1984, p. 19 e 20)

3. Conotações do Termo "Evangelho"

O Evangelho de Jesus - Deus, no Velho Testamento, havia comunicado os seus anúncios de alegria aos patriarcas, a Moisés e aos profetas do seu povo; no Novo Testamento, dá o maior dos "anúncios", o anúncio de Jesus. Jesus não é só conteúdo do anúncio, mas é também o primeiro portador e arauto. Ele apresenta a si mesmo e a sua obra como o "Evangelho de Deus", isto é, a "boa-nova" que Deus envia ao mundo que espera. (Battaglia, 1984, p. 21 e 22)

O Evangelho dos Apóstolos - Desde o momento da ascensão de Jesus, a palavra "Evangelho" designou a pregação oral dos apóstolos, pregação que tinha como argumento a pessoa e atividade de seu Mestre divino. (Battaglia, 1984, p. 23)

Os Quatro Evangelhos - Desde os primeiros anos do cristianismo preferiu-se falar de "Evangelho", no singular, também quando se referia aos livros. isto porque os escritos dos apóstolos traziam todos o mesmo e idêntico "alegre anúncio" proclamado por Jesus e difundido oralmente. Quando se desejou, porém, indicar de maneira específica cada um dos quatro livros, encontrou-se uma fórmula particularmente eficaz e significativa: "Evangelho Segundo Lucas", "Evangelho Segundo Mateus", "Evangelho Segundo Marcos" e "Evangelho Segundo João". Desse momento em diante, o singular e o plural se alternam para indicar, um a identidade do anúncio, o outro a diversidade de forma e redação. Ficará, porém, sempre viva a convicção de que o Evangelho é um só: o alegre anúncio de Jesus. (Battaglia, 1984, p. 25 e 26)

O Quinto Evangelho - Os Atos dos Apóstolos e as Cartas Apostólicas dispostos cronologicamente formariam um quinto evangelho. O Nascimento de Jesus, por exemplo, poderia ser encontrado em Gl 4,4; Rm 1,4; At 3, 18-24; At 1,14. Sua atividade missionária em At 10,36; At 2,22; At 1,13; At 1, 21-22; 2 Pd 1, 16-18; 1 Jo 1, 1-3. Este mesmo exercício poderia ser feito com relação às condições de sua vida, o início da vida pública, a última ceia, a traição de Judas etc. (Battaglia, 1984, p. 32 a 36)

Evangelhos Apócrifos - Muitas informações acerca de Jesus estão arroladas nos evangelhos apócrifos (escondidos) e nas ágrafas (ensino oral).

4. Contexto Histórico do Evangelho 

4.1. Ambiente Político-Religioso

O povo judeu, ao qual Jesus e os apóstolos pertenciam fazia parte do grande império romano que estendia as asas das suas águias do Atlântico ao Índico. O jugo romano, porém, pesava de modo especial sobre a Palestina ao contrário dos outros povos. O poder político-religioso na Palestina, naquela época, era exercido pelo procurador romano, pelo sumo sacerdote e pelo senado judeu.

O procurador romano era sobretudo um chefe militar, encarregado de vigiar, com 3.000 homens à sua disposição. Competia-lhe cobrar os tributos a serem enviados ao erário imperial. Administrava a justiça só nos casos em que era prevista a pena de morte, pena que o tribunal ordinário do sinédrio, ou os tribunais locais das várias regiões e cidades não podiam executar. Por esse motivo Jesus, embora tivesse sido condenado à morte pelo sinédrio, teve de comparecer diante de Pilatos para responder por delito capital.

O sumo sacerdote era assistido, no governo político e religioso da nação, por uma espécie de senado judeu, o sinédrio.

Pertenciam ao sinédrio três categorias de pessoas:

- "príncipes dos sacerdotes" (chefes das famílias e das classes sacerdotais e os sumos sacerdotes depostos do cargo)

- "anciãos" (membros das famílias nobres e ricas de Jerusalém).

- "escribas" ou "doutores da lei" (mestres judeus peritos na Lei e na tradição). Todos esses membros pertenciam às duas seitas principais do judaísmo: a dos saduceus e a dos fariseus. (Battaglia, 1984, p. 105 a 107)

4.2. O Judaísmo Palestinense no Tempo de Cristo 

O ambiente histórico-religioso em que o Evangelho nasceu é o do judaísmo formado e alimentado pelos livros sacros do Antigo Testamento, condicionado pelos acontecimentos históricos, pelas instituições nas quais se encontrou inserido e pelas correntes religiosas que o especificaram.

Embora o cristianismo seja uma religião revelada, diferente da judaica, apareceu historicamente como continuação e aperfeiçoamento da revelação dada por Deus ao povo de Israel. Jesus era um judeu, que nasceu e viveu na Palestina. Os apóstolos eram todos da sua gente e da sua religião.

Por isso, nos Evangelhos encontramos descrições, alusões e referências a pessoas, instituições, idéias e práticas religiosas do ambiente judaico, frente às quais Jesus e os apóstolos tomaram posição, aceitando-as ou rejeitando-as. (Battaglia, 1984, p. 118)

4.3. De Cristo a Kardec 

A divulgação do Evangelho, desde as suas primeiras manifestações, não foi tarefa fácil. A começar pela construção desses conhecimentos - realizada sob um clima de opressão -, pois o jugo romano, como vimos anteriormente, pesava de maneira especial sobre a Palestina. As mortes dos primeiros cristãos, nos circos romanos, ainda ecoa de maneira indelével em nossos ouvidos. Além disso, tivemos que assistir à ingerência política em muitas questões de conteúdo estritamente religioso. Fomos desfigurando o Cristianismo do Cristo para aceitarmos o Cristianismo dos vigários, como disse o Padre Alta. A fé, o principal alimento da alma, torna-se dogmática nas mãos de políticos e religiosos inescrupulosos. Para ganhar os céus, tínhamos que confessar as nossas culpas, pagar as indulgências e obedecermos aos inúmeros dogmas criados pela Igreja. É dentro desse quadro de fé dogmática que surge o Espiritismo, dando à fé uma direção racional, no sentido de iluminar a vida espiritual de toda a humanidade.

5. Kardec e O Evangelho Segundo o Espiritismo

O Evangelho Segundo o Espiritismo é o 3.º Livro da Codificação. O Livro dos Espíritos surgiu em 18/04/1857, seguido pelo O Livro dos Médiuns, em 1861. Somente em 1864 Kardec publicou O Evangelho Segundo o Espiritismo. Isso para não chocar a crença católica das penas eternas.

Allan Kardec na Introdução de O Evangelho Segundo o Espiritismo diz que as matérias contidas nos Evangelhos podem ser divididas em cinco partes: os atos comuns da vida de Cristo, os milagres, as profecias, as palavras que serviram para o estabelecimento dos dogmas da Igreja e o ensinamento moral. Se as quatro primeiras partes foram objeto de controvérsia, a última manteve-se inatacável. Este é o terreno onde todas as crenças podem se reencontrar, porque não é motivo de disputas, mas sim regras de conduta abrangendo todas as circunstâncias da vida, pública e privada.

Kardec, para evitar os inconvenientes da interpretação, reuniu nesta obra os artigos que podem constituir, propriamente falando, um código de moral universal, sem distinção de culto. Nas citações conservou tudo o que era útil ao desenvolvimento do pensamento, não eliminando senão as coisas estranhas ao assunto. Como complemento de cada preceito, ajuntou algumas instruções escolhidas entre as que foram ditadas pelos Espíritos em diversos países, e por intermédio de diferentes médiuns.

Cabe lembrar que o Espiritismo não tem nacionalidade, está fora de todos os cultos particulares e não foi imposto por nenhuma classe social, uma vez que cada um pode receber instruções de seus parentes e de seus amigos de além-túmulo. Ele veio dar uma nova luz à moral do Cristo. (1984, p. 8 a 12)

6. Evangelho e Educação 

No âmbito do Espiritismo, o Evangelho deixou de ser apenas a fonte de meditação e oração para a ligação do homem com um Deus antropomórfico, no insulamento, para transformar-se num instrumento de aperfeiçoamento do indivíduo, de renovação íntima constante e continuada; de adequação, adaptação à vida, no torvelinho de suas modalidades, na incessante variação de suas manifestações. Em síntese, o objetivo do Espiritismo é transformar o Evangelho de crença em conhecimento - conhecimento das leis que governam o Espírito.

Com o Evangelho, a ideia de Educação se transforma. Ela continua sendo a transmissão de cultura de uma geração a outra, mas com a finalidade de estimular a criatividade, de adaptar o indivíduo à vida, de conduzi-lo à integração na sociedade, através do trabalho produtivo, das realizações conjuntas, de forma ordenada e pacífica. (Curti, 1983, p. 85 a 87)

A vinda do Mestre modificou o cenário do mundo. Emmanuel em Roteiro diz-nos que antes de Cristo, a educação demorava-se em lamentável pobreza, o cativeiro era consagrado por lei, a mulher aviltada qual alimária, os pais podiam vender os filhos etc. Com Jesus, entretanto, começa uma era nova para o sentimento. Iluminados pela Divina influência, os discípulos do Mestre consagram-se ao serviço dos semelhantes; Simão Pedro e os companheiros dedicam-se aos doentes e infortunados; instituem-se casas de socorro para os necessitados e escolas de evangelização para o espírito popular etc. (Xavier, 1980, cap. 21)

Emmanuel diz ainda em Emmanuel que "O Evangelho do Divino Mestre ainda encontrará, por algum tempo, a resistência das trevas. A má-fé, a ignorância, a simonia, o império da força conspirarão contra ele, mas tempo virá em que a sua ascendência será reconhecida. Nos dias de flagelo e de provações coletivas, é para a sua luz eterna que a Humanidade se voltará, tomada de esperança". (Xavier, 1981, p. 28)

7. Conclusão 

O Evangelho (segundo o Espiritismo) deixa de ser fonte de meditação e oração e passa a ser um instrumento de aperfeiçoamento do indivíduo. É um guia insubstituível para a adaptação do homem às crescentes formas de vida. Refletindo sobre os seus conteúdos morais, o homem começa a evangelizar-se, ou seja, começa a criar novos hábitos e atitudes, a tornar operante a sua fé, a exercitar mais e mais vezes a paciência.

Adquire, assim, uma nova postura com relação à vida e ao seu próximo, porque aprendeu que o único evangelho vivo é aquele em que os outros o observam.

8. Bibliografia Consultada 

BATTAGLIA, 0. Introdução aos Evangelhos - Um Estudo Histórico-crítico. Rio de Janeiro, Vozes, 1984.

CURTI, R. Espiritismo e Questão Social (Problemas da Atualidade I). São Paulo, FEESP, 1983.

KARDEC, A. O Evangelho Segundo o Espiritismo. 39. ed., São Paulo, IDE, 1984.

XAVIER, F. C. Emmanuel (Dissertações Mediúnicas), pelo Espírito Emmanuel. 9 ed., Rio de Janeiro, FEB, 1981.

XAVIER, F. C. Roteiro, pelo Espírito Emmanuel. 5. ed., Rio de Janeiro, FEB, 1980.


Notas do Blog

Os Quatro Evangelhos

Em realidade, o Evangelho é um só, o alegre anúncio. Como esse alegre anúncio foi feito por diversas pessoas, para cada uma dessas pessoas torna-se um Evangelho, que reunidos formam os Evangelhos. Entre eles, há alguns que se assemelham (Mateus, Marcos e Lucas) e, por isso, são chamados de sinóticos (do grego sýn, "junto" e opsis, "visão"). O Evangelho de João não segue o padrão desses três. Isto permite que as concordâncias dos três evangelistas sejam impressas em forma de synopsis (sinopse). Dos 661 versículos do texto autêntico de Marcos, cerca de 610 foram incluídos em Mateus e cerca de 350 em Lucas, enquanto alguns parágrafos não apareceram nem em Mateus nem em Lucas (Mc 4,26-29; 7,32-37; 8,22-26). (http://sbgespiritismo.blogspot.com/2009/05/os-quatro-evangelhos.html)

Evangelhos Apócrifos

Em se tratando dos Evangelhos Apócrifos, Léon Denis, em Cristianismo e Espiritismo, diz: "Esses Evangelhos, hoje desprezados, não eram, no entanto, destituídos de valor aos olhos da Igreja, pois que num deles, ela foi buscar a crença na descida de Jesus aos Infernos, crença imposta a toda a Cristandade pelo símbolo do Concílio de Niceia, de que não fala nenhum dos Evangelhos canônicos". (http://sbgespiritismo.blogspot.com/2018/06/evangelhos-apocrifos.html)

O Evangelho Segundo o Espiritismo

Evangelho – Do grego Euangelion (eu = boa eangelion = notícia) que significa boa notícia. Para os gregos mais antigos, ela indicava a "gorjeta" que era dada a quem trazia uma boa notícia. Mais tarde passou a significar uma "boa-nova", segundo a exata etimologia do termo. Há diferença entre Evangelho e Evangelização? Uma só palavra grega (euaggélion) é traduzida já por evangelho, já por evangelização, segundo o contexto e segundo dos tradutores. Assim, por exemplo, quando São Paulo escreve: "Antes, pelo contrário, tendo visto que me tenha sido confiado o Evangelho para os não circuncidados, como a Pedro para os circuncidados" (Gál, 2,7), traduziríamos com mais precisão por "evangelização", em vez de Evangelho. (http://sbgespiritismo.blogspot.com/2009/06/o-evangelho-segundo-o-espiritismo.html)

Evangelho e Espiritismo

O Evangelho, para o Espiritismo, é processo educacional constante. Ele deixa de ser apenas a fonte de meditação e oração para a ligação do homem com Deus, no insulamento, para transformar-se num instrumento de aperfeiçoamento do indivíduo: substituição dos automatismos no mal pelos da prática do bem. quando os preceitos evangélicos estiverem aclimatados nos corações dos homens, a evolução pode dispensar o concurso religioso, pois toda a Humanidade estará integrada na religião, que é a própria verdade. (http://sbgespiritismo.blogspot.com/2008/07/evangelho-e-espiritismo.html)

Boa Nova

Boa nova é o mesmo que Evangelho. Quando o termo grego euangelion passou para o latim, o "eu" transformou-se em "ev", daí evangelho. Em se tratando da boa nova de Cristo, deve-se escrever com e maiúsculo, ou seja, Evangelho. Segundo os exegetas, Jesus Cristo foi ao mesmo tempo a boa nova e o arauto. Jesus, quando pregava o Evangelho, foi escolhendo os seus apóstolos, como nos conta o Espírito Irmão X, no capítulo 5, "Os Discípulos", no livro "Boa Nova", psicografado por Francisco Cândido Xavier. (http://sbgespiritismo.blogspot.com/2013/10/boa-nova.html)


Dicionário

Evangelho. Do latim eclesiástico evangelium,ii. 1. A boa-nova de Cristo, a doutrina cristã (inicial maiúscula). 2. Cada um ou o conjunto dos quatro livros dos apóstolos Mateus, Marcos, Lucas e João, incluídos no Novo Testamento, que narram especialmente a vida, a doutrina e a morte de Cristo (inicial maiúscula). 3. Cada um dos 27 livros do Novo Testamento que anunciam o Reino de Deus. 4. Leitura proclamada pelo padre na missa (inicial maiúscula). (1)

O uso freqüente de uma palavra pode provocar, com o tempo, a perda do seu significado original. Isto aconteceu com muitos de nós que dizemos e ouvimos pronunciar tantas vezes o termo "Evangelho". De acordo com Battaglia, em Introdução aos Evangelhos, o primeiro significado lembrado pelo som desta palavra é o de um livro, um dos quatro que foram legados pela era apostólica e que contém a vida e a doutrina de Jesus. A palavra "Evangelho" suscita em muitos cristãos uma vaga idéia de respeito e solenidade ligada à liturgia da Missa dominical, quando o som deste termo faz-nos ficar todos de pé para ouvi-lo devota e respeitosamente. Mas normalmente, tudo pára aí. Evangelho é a tradução portuguesa da palavra grega Euangelion que foi notavelmente enriquecida de significados. Para os gregos mais antigos ela indicava a "gorjeta" que era dada a quem trazia uma boa notícia. Mais tarde passou a significar uma "boa-nova", segundo a exata etimologia do termo. Falava-se de "evangelho", nas cidades gregas, quando ecoava a notícia de uma vitória militar, quando os arautos noticiavam o nascimento de um rei ou de um imperador. Ao termo estava unida a ideia de festa com cânticos, luzes e cerimônias festivas. Era, em suma, o anúncio da alegria, porque continha uma certeza de bem-estar, de paz e salvação. (2)

Evangelho (évangile). Do grego euaggélion, bom mensageiro, o que traz uma boa nova. Com maiúscula e eventualmente no plural, é o nome dado aos quatro livros que narram a vida e o ensinamento de Jesus Cristo. Voltaire lembra que foram "fabricados cerca de um século depois de Jesus Cristo" e que há vários outros, ditos apócrifos, que mereceriam igual interesse. Isso confirma a singularidade dessa história. Mesmo que não passasse de um romance, o que não creio, e embora às vezes seja um bocado chato, esse romance nem assim deixaria de ser, de todos os livros da humanidade, um dos mais esclarecedores. Porque nos fala de Deus? Não. Porque nos fala de nós mesmos. Por causa da ressurreição do seu personagem principal? Também não. Por sua vida. 

Se deixarmos de lado a incrível exploração que se fará deles, os Evangelhos são o relato de uma existência e o retrato, ainda que aproximado, de um indivíduo. Seria um erro abandoná-los às Igrejas. Jesus, para mim, não é um profeta - não creio nos profetas -, ainda menos o Messias ou Deus. Era um homem, aliás ele próprio nunca pretendeu ser outra coisa. É por isso que ele me interessa. É por isso que ele me comove. Pela simplicidade. Pela fragilidade. Pela idade nua. Quem pode imaginar, lendo os Evangelhos, que esse homem possa ter se tomado por Deus? Por seu filho? Todos nós somos, já que esse Deus, de acordo com a própria prece que Jesus nos deixou, seria Nosso Pai... Em outras palavras, Jesus, tal como o vejo, tal como creio compreendê-lo ao ler os Evangelhos, nunca foi cristão. Por que seríamos? Era um judeu piedoso. Era um homem cheio de sabedoria e de amor. A única maneira de lhe ver verdadeiramente fiel, para os que não são nem judeus nem crentes, é ser um pouco mais sábios, um pouco mais amantes, um pouco mais humanos e, para tanto, antes de mais nada, respeitar a justiça e a caridade, que são toda a lei. É o que Espinosa chamava de "espirito de Cristo", que é o espírito tout court e a principal mensagem dos Evangelhos. (3) 

Evangelho Eterno. Lat. Evangelium aeternum. Orígenes empregou essa expressão para designar a revelação das verdades superiores que Deus faz aos sábios em todas as épocas do mundo, capaz de integrar e corrigir a revelação contida no Evangelho Histórico. (4)

(1) DICIONÁRIO ENCICLOPÉDICO ILUSTRADO LAROUSSE. São Paulo: Larousse, 2007.

(2) BATTAGLIA, 0. Introdução aos Evangelhos — Um Estudo Histórico-crítico. Rio de Janeiro: Vozes, 1984, p. 19 e 20. 

(3) COMTE-SPONVILLE, André. Dicionário Filosófico. Tradução de Eduardo Brandão. São Paulo: Martins Fontes, 2011.

(4) ABBAGNANO, N. Dicionário de Filosofia. São Paulo: Mestre Jou, 1970.