Transe

Perguntas e Respostas

1) O que é o transe?

É um estado de baixa tensão psíquica com estreitamento do campo da consciência e dissociação. 

2) Quais são as formas de transe?

Há vários. Os mais comuns são o hipnótico e o mediúnico. Além desses, há os provocados pela debilidade física, pelas drogas, pela música, pela respiração etc. 

3) Qual a raiz do transe?

Embora o transe possa ter vários graus, desde o "transe leve" até à possessão extática, a raiz do problema está na dissociação da consciência. 

4) Como se dá o transe hipnótico?

No transe hipnótico, os hipnoterapeutas relaxam os sujeitos progressivamente até estes atingirem o grau de dissociação da consciência. Há, aqui, indução de terceiros. 

5) Como o homem primitivo descobriu o transe?

O homem primitivo descobriu o transe por acidente: uma concussão cerebral provocada por uma pancada na cabeça frequentemente vem associada a um estado indistinguível do transe. 

6) O uso de drogas psicotrópicas para induzir o transe é coisa recente?

Não. O oráculo de Delfos mascava as "ervas de Apolo", os xamãs da Sibéria tomavam agárico (o "cogumelo sagrado" das teorias modernas) e os heróis semidivinos da antiga Índia bebiam o misterioso soma.

7) Qual o mecanismo fisiológico do transe?

Não se sabe ao certo. Algumas hipóteses: 1) tensão forte prolongada, infligida ao cérebro, pelo corpo ou pela mente; 2) as drogas provocam falta parcial de oxigênio no cérebro; 3) os exercícios respiratórios inundam o sangue de oxigênio e privam o cérebro de açúcar. 

8) Como a parapsicologia explica o transe?

Wilhelm Reich fala-nos da misteriosa "energia orgone", os junguistas aludem à "descida ao inconsciente coletivo"e os behaviouristas modernos falam da inibição transmarginal.

9) O que é o transe mediúnico?

Considera-se em geral, auto-sugerido, uma forma de auto-hipnose. No transe mediúnico, os médiuns autênticos atingem voluntariamente a dissociação de consciência. 

10) Como se dá o transe mediúnico?

O transe mediúnico processa-se de forma progressiva. As fases do PACEM demonstram na prática esse raciocínio. 

11) O que é o PACEM?

O PACEM são as fases, segundo Edgard Armond, para a comunicação do Espírito. 

P - Percepção dos fluidos.

A - Aproximação do Espírito comunicante.

C - Contato do Espírito comunicante.

E - Envolvimento do médium.

M - Manifestação do Espírito comunicante. 

12) Qual a importância do mecanismo do transe para o médium autêntico?

Quase nula. Ele não está interessado no mecanismo fisiológico e psicológico, pois é a própria experiência o que mais importa. 

(Reunião de 09/05/2015)

Fonte de Consulta

CAVENDISH, Ricardo (org.). Enciclopédia do Sobrenatural. Tradução de Alda Porto e Marcos Santarrita. Porto Alegre: L&PM, 1993. (https://sites.google.com/view/aprofundamentodoutrinario/transe?authuser=0 )


Texto Curto no Blog

Transe

Transe. É um estado de baixa tensão psíquica com estreitamento do campo da consciência e dissociação. É caracterizado pela suspensão dos movimentos voluntários, e às vezes pelo automatismo da atividade ou do pensamento. 

O transe apresenta-se de várias formas: os mais comuns são o transe hipnótico e transe mediúnico. Além desses, há os provocados pela debilidade física, pelas drogas, pela música, pela respiração etc. Embora haja uma grande diversidade de modos, a raiz do transe é uma só, ou seja, a dissociação da consciência. O que varia, na realidade, são os graus do transe, que começa por um estado de "transe leve" e, depois, pode chegar até o estado da possessão extática. No transe hipnótico, por exemplo, há uma indução do hipnoterapeuta no sentido de relaxar progressivamente os sujeitos até estes atingirem o grau de dissociação da consciência.

Querer explicar o mecanismo do transe é entrar por um caminho nebuloso. O máximo que conseguiremos é expressar algumas hipóteses: 1) tensão forte prolongada, infligida ao cérebro, pelo corpo ou pela mente; 2) as drogas provocam falta parcial de oxigênio no cérebro; 3) os exercícios respiratórios inundam o sangue de oxigênio e privam o cérebro de açúcar. 

Os parapsicólogos dão, também, as suas explicações sobre o transe: para os discípulos de Wilhelm Reich, o transe é a reação da mente aos efeitos produzidos pela misteriosa "energia orgone"; para alguns junguianos, o transe é como "uma descida ao inconsciente coletivo"; para os behaviouristas modernos, o transe assemelha-se à inibição transmarginal, mecanismo de proteção do cérebro que, sob tensão, pode alterar a forma como responde aos estímulos externos. 

Quanto ao uso de drogas psicotrópicas, cabe uma observação: elas não são uma descoberta moderna, como a maioria tende a pensar. Na antiguidade clássica grega, o oráculo de Delfos mascava as "ervas de Apolo", os xamãs da Sibéria tomavam agárico (o "cogumelo sagrado" das teorias modernas) e os heróis semidivinos da antiga Índia bebiam o misterioso soma.

O transe mediúnico é considerado auto-sugerido, uma forma de auto-hipnose. No transe mediúnico, os médiuns autênticos atingem voluntariamente a dissociação de consciência. O transe mediúnico processa-se de forma progressiva. Observe o PACEM, fases do desenvolvimento mediúnico, criado pelo Comandante Edgar Armond: P - Percepção dos fluidos; A - Aproximação do Espírito comunicante; C - Contato do Espírito comunicante; E - Envolvimento do médium; M - Manifestação do Espírito comunicante.

A discussão do conceito e do mecanismo do transe é bastante útil. Para o médium autêntico, porém, o que importa é a vivência da comunicação mediúnica. 

Fonte de Consulta

CAVENDISH, Ricardo (org.). Enciclopédia do Sobrenatural. Tradução de Alda Porto e Marcos Santarrita. Porto Alegre: L&PM, 1993. (http://sbgespiritismo.blogspot.com/2015/03/transe.html)


Em Forma de Palestra

Transe

1. Introdução

O que se entende por transe? Quais são as formas de transe? Qual a raiz do transe? Como se processa o transe hipnótico? E o mediúnico? Qual o mecanismo fisiológico do transe? As drogas induzem o transe?

2. Conceito

Transe. É um estado de baixa tensão psíquica com estreitamento do campo da consciência e dissociação. É caracterizado pela suspensão dos movimentos voluntários, e às vezes pelo automatismo da atividade ou do pensamento.

Para os discípulos de Wilhelm Reich, o transe é a reação da mente aos efeitos produzidos pela misteriosa "energia orgone"; para alguns junguianos, o transe é como "uma descida ao inconsciente coletivo"; para os behaviouristas modernos, o transe assemelha-se à inibição transmarginal, mecanismo de proteção do cérebro que, sob tensão, pode alterar a forma como responde aos estímulos externos.

3. Considerações Iniciais

O transe varia desde o "transe leve" até à possessão extática.

Embora haja diversos graus de manifestação do transe, a raiz do problema está na dissociação da consciência.

O homem primitivo descobriu o transe por acidente: uma concussão cerebral provocada por uma pancada na cabeça frequentemente vem associada a um estado indistinguível do transe.

O uso de drogas psicotrópicas para induzir o transe não é coisa recente. O oráculo de Delfos mascava as "ervas de Apolo", os xamãs da Sibéria tomavam agárico (o "cogumelo sagrado" das teorias modernas) e os heróis semidivinos da antiga Índia bebiam o misterioso soma.

4. Consciência e Inconsciência 

4.1. Consciência 

Consciência significa etimologicamente um saber testemunhado ou concomitante. Por analogia, dualidade ou multiplicidade de saberes ou de aspectos num mesmo e único ato de conhecimento. Os psicólogos aceitam o termo consciência. Dividem-na, porém, em espontânea e reflexiva. A primeira refere-se à consciência direta, imediata; a segunda, à mediata, ou seja, ao retorno do espírito sobre as ideias.

4.2. Inconsciência 

Inconsciência. Apesar de sua base etimológica ser clara e precisa, enquanto negação da consciência, torna-se contudo extremamente difícil definir o inconsciente. O fato é devido não só à obscuridade como, também, aos vários conteúdos que o termo encerra. Quanto à inconsciência, são muitos os que a negam, alegando que, sendo a consciência própria do pensamento, o que não é consciência deixa de ser psicológico.

4.3. Dissociação da Consciência 

Dissociação é o ato de separação, usado na terminologia ocultista para descrever a separação entre corpo astral e corpo físico. Antes a psicologia não usava o termo "transe" para uma situação "transacional", que passa de um estado para outro, no caso, de um estado mental. Hoje o "transe" é um estado alterado da consciência, onde há dissociação psíquica, que pode ser superficial (consciente) hipnogógico (semiconsciente) e profundo (inconsciente). O transe é um estado ocasional.

5. Tipos de Transe

5.1. Transe Hipnótico

No transe hipnótico, os hipnoterapeutas relaxam os sujeitos progressivamente até estes atingirem o grau de dissociação da consciência. Há, aqui, indução de terceiros. A voz, os gestos e o olhar do hipnotizador têm grande peso no processo de sugestão mental.

5.2. Jejum e Drogas Psicotrópicas 

O transe que resulta da debilitação física é particularmente associada à religião catártica. Na Antiguidade Clássica, os sacerdotes de Trophonius parecem ter induzido o transe naqueles que consultavam o oráculo com uma combinação de jejum e maus tratos físicos. A descida à gruta se submetia a um severo regime de dieta, purgantes, eméticos e, suspeita-se, uma secreta administração de uma ou mais drogas psicotrópicas.

5.3. Transe Mediúnico

O transe mediúnico é considerado auto-sugerido, uma forma de auto-hipnose. No transe mediúnico, os médiuns autênticos atingem voluntariamente a dissociação de consciência. No espiritismo, um particular estado psicológico e de consciência, que permite a conexão com inteligências desencarnadas e a passagem de mensagens delas originadas. O estado de transe é sinônimo de estado mediúnico, estado hipnótico, etc.

6. Transe e Mediunidade

6.1. Mecanismo Fisiológico do Transe

Querer explicar o mecanismo do transe é entrar por um caminho nebuloso. O máximo que conseguiremos é expressar algumas hipóteses: 1) tensão forte prolongada, infligida ao cérebro, pelo corpo ou pela mente; 2) as drogas provocam falta parcial de oxigênio no cérebro; 3) os exercícios respiratórios inundam o sangue de oxigênio e privam o cérebro de açúcar.

6.2. O Médium 

O médium é o intermediário entre o plano físico e o plano espiritual. É através dele que o transe se concretiza. Para tanto, deve estar sempre equilibrado em pensamentos e ações no sentido de facilitar a comunicação com as inteligências desencarnadas.

6.3. Fases do Transe Mediúnico

O PACEM são as fases, segundo Edgard Armond, para a comunicação do Espírito.  

P - Percepção dos fluidos.

A - Aproximação do Espírito comunicante.

C - Contato do Espírito comunicante.

E - Envolvimento do médium.

M - Manifestação do Espírito comunicante.

7. Conclusão

A discussão sobre o mecanismo e os tipos de transe faz-nos pensar sobre o tema e, assim, aprendermos novos conceitos. Para o médium autêntico, porém, o que importa é a vivência da comunicação mediúnica. 

8. Bibliografia Consultada

CERVIÑO, J. Além do Inconsciente. Rio de Janeiro, FEB, 1968.

DRURY, Nevill. Dicionário de Magia e Esoterismo: Mais de 3000 Verbetes sobre Tradições Místicas e Ocultas. Tradução de Denise de C. Rocha Delela. São Paulo: Pensamento, 2011.

CAVENDISH, Ricardo (org.). Enciclopédia do Sobrenatural. Tradução de Alda Porto e Marcos Santarrita. Porto Alegre: L&PM, 1993.

PELLEGRINI, Luis. Dicionário do Inexplicado. São Paulo: Edições Planeta.

São Paulo, março de 2015. 


Dicionário

Transe. Estado de dissociação da consciência caracterizado pela suspensão dos movimentos voluntários, e às vezes pelo automatismo da atividade ou do pensamento. Na parapsicologia, trata-se de um estado de inconsciência mais ou menos profundo, no transcurso do qual pode manifestar-se uma atividade paranormal. No espiritismo, um particular estado psicológico e de consciência, que permite a conexão com inteligências desencarnadas e a passagem de mensagens delas originadas. O estado de transe é sinônimo de estado mediúnico, estado hipnótico, etc. (1)

Transe. É um estado de baixa tensão psíquica com estreitamento do campo da consciência e dissociação. (2)

Transe Mediúnico. No espiritualismo e em algumas formas de religião pré-literária, tipo de estado de transe caracterizado pela supressão dos padrões de comportamento conhecidos da personalidade consciente normal e pela sua substituição por uma personalidade secundária, que age como se fosse uma outra personalidade e tomasse "posse" do corpo do médium. Essa personalidade secundária é chamada, no espiritualismo, de comunicante e, nas sociedades pré-literárias, é em geral interpretada como uma divindade ou espírito ancestral.

Os médiuns não costumam ter nenhuma lembrança da "transformação" psíquica ocorrida durante o estado de transe e geralmente não tem consciência dos pronunciamentos e afirmações que fazem enquanto estão nesse estado. (3)

Transe Hipnótico. Estado alterado de consciência em que os poderes de concentração do sujeito são mobilizados e lembranças e percepções subconscientes vêm à superfície. Os hipnoterapeutas relaxam os sujeitos progressivamente, geralmente usando a contagem regressiva ou relaxando paulatinamente os membros do corpo desde os pés até a cabeça. Os pioneiros hipnoterapeutas europeus reconheceram a importância da imaginação em termos terapêuticos e combinaram técnica de relaxamento com a visualização orientada. Por exemplo, Alfred Binet incentivava os pacientes a "conversar" com as imagens visuais que surgiram no que ele chamava de "introspecção provocada", e Wolfgang Kretschmer definiu o processo em 1922 como bilderstreifendenken - "pensar na forma de um filme". (3)

Transe. As formas de transe - um estado anormal da mente caracterizado por certo grau de dissociação da consciência - são várias. Os mais familiares aos leigos são o transe hipnótico e o mediúnico, mas além desses existem outros tipos induzidos por debilidade física, por drogas, pela música e a dança, e por literalmente centenas de outras coisas. Na raiz, porém, todos os tipos de transe são idênticos. As diferenças são de grau, variando do "transe leve" da pessoa que consegue lembrar-se de tudo que aconteceu durante o estado anormal até a possessão extática de um devoto do vudu, que não tem qualquer lembrança do que ocorreu enquanto esteve "dominado" por uma divindade. Há também diferenças nos padrões de comportamento culturais, mas apesar do aparente abismo profundo entre, digamos, as atitudes de um frenético pai-de-santo dançando no Brasil e o porte digno e as declarações solenes de um oráculo tibetano, os dois estão passando pela mesma experiência, uma dissociação da consciência e um esvaziamento das camadas subliminares da mente. 

Não há dúvida de que o homem primitivo descobriu o transe por acidente, pois uma concussão cerebral provocada por uma pancada na cabeça frequentemente vem associada a um estado indistinguível do transe - uma situação em que parte da mente se "separa" do resto. A pessoa pode continuar a falar e mover-se ou ficar estendida meio comatosa, pode agir de maneira inteiramente compatível com seu padrão usual de comportamento ou de maneira muito diferente, mas na maioria dos casos não terá lembrança total do que ocorreu durante o período de dissociação. Na certa foi esse fenômeno, não inteiramente compreendido hoje e inteiramente misterioso para o homem primitivo, que motivou a teoria de que no transe a alma deixa o corpo, que é então momentaneamente ocupado por outro morador - deus, demônio ou fantasma (ver possessão).

Assim que se aceitou o transe como coisa desejável, um meio de pôr os seres humanos em contato direto com forças supra-humanas, era inevitável que os homens começassem a buscar métodos de induzi-lo deliberadamente. É possível que a trepanação - abertura de buracos em crânios de homens vivos - praticada com perícia por homens na Idade da Pedra fosse uma dessas técnicas de indução ao transe, mas, se era, as drogas, a privação física e os exercícios respiratórios a substituíram. 

É errônea a crença comum em que existe alguma coisa peculiarmente moderna no uso de drogas psicotrópicas - que produzem alterações na consciência. Ao contrário, o uso dessas substâncias para atingir a dissociação é extremamente antigo. O oráculo de Delfos mascava as "ervas de Apolo", os xamãs da Sibéria tomavam agárico (o "cogumelo sagrado" das teorias modernas) e os heróis semidivinos da antiga Índia bebiam o misterioso soma que era possivelmente uma infusão de agárico, ou álcool - um psicotrópico para quem não tem semi-imunidade genética aos seus efeitos. Hoje, os magos tântricos de Bengala ainda fumam haxixe como uma preliminar para os rituais de indução ao transe, e os médiuns dos cultos semi-espíritas e semi-vudus do Brasil tomam grandes quantidades de cachaça antes e até o fim da duração de seus estados de transe.

Não se sabe ao certo o exato mecanismo fisiológico pelo qual se induz ao transe, mas parece provável que qualquer tensão forte, prolongada, infligida ao cérebro, pelo corpo ou pela mente, seja em última análise capaz de produzir transe. As drogas, por exemplo, em essência produzem efeitos provocando uma falta parcial de oxigênio no cérebro: por outro lado, os exercícios respiratórios, que quase sempre envolvem um certo grau de hiperventilação, inundam o sangue de oxigênio e privam o cérebro de açúcar. Esse é o meio mais fácil de induzir transe, e a respiração suficientemente prolongada, profunda, muito rápida, produzirá transe em quase todo mundo. A prática pode ser extremamente perigosa, e não deve em nenhuma circunstância ser tentada sem aprovação e exame médicos prévios.

Transe mediúnico. O transe mediúnico é às vezes simulado, claro. Sempre houve, e com certeza sempre haverá, médiuns fraudulentos prontos a explorar os enlutados... A existência do dinheiro falso não anula a do artigo verdadeiro, e não há por que desconfiar da autenticidade da maioria dos médiuns.

Os médiuns autênticos parecem ser indivíduos que podem atingir voluntariamente a dissociação da consciência sem submeter-se às tensões que os magos e feiticeiros têm de se impor. Muitos médiuns descrevem a entrada nesse estado como uma passagem por "camadas de transe": em outras palavras, uma dissociação progressiva, começando com alguma coisa muito semelhante ao sonhar acordado, que todos já experimentaram, e passando por um estado em que os comunicadores são "vistos" ou ouvidos. Em alguns, mas não em todos os casos, o processo continua até que se chega ao estado de transe profundo. 

Nos últimos anos, parapsicólogos de todas as escolas de pensamento têm demonstrado grande interesse pelo transe e dado as mais variadas explicações sobre ele. Os discípulos de Wilhelm Reich explicaram-no como reação da mente aos efeitos físicos produzidos pela misteriosa "energia orgone". Alguns junguianos veem o transe como "uma descida ao inconsciente coletivo". Os behaviouristas modernos consideram o transe um aspecto do que chamam de inibição transmarginal, o mecanismo protetor através do qual o cérebro, sob tensão, pode alterar radicalmente a forma como responde aos estímulos externos. Os médiuns são pessoas que precisam de relativamente pouca tensão para chegar ao esse estado e sua inibição se torna um padrão condicionado da atividade cerebral. Num sentido, pelo menos, as explicações não têm importância. A pessoa que experimenta o transe em geral não está interessada em seu mecanismo, fisiológico ou psicológico: para ela, é a própria experiência que importa. (4)

(1) PELLEGRINI, Luis. Dicionário do Inexplicado. São Paulo: Edições Planeta.

(2) CERVIÑO, J. Além do Inconsciente. Rio de Janeiro, FEB, 1968.

(3) DRURY, Nevill. Dicionário de Magia e Esoterismo: Mais de 3000 Verbetes sobre Tradições Místicas e Ocultas. Tradução de Denise de C. Rocha Delela. São Paulo: Pensamento, 2011.

(4) CAVENDISH, Ricardo (org.). Enciclopédia do Sobrenatural. Tradução de Alda Porto e Marcos Santarrita. Porto Alegre: L&PM, 1993.


Mensagem Espírita

O Teu Dom

“Não desprezes o dom que há em ti” - Paulo. (I Timóteo, 4:14.)

Em todos os setores de reorganização da fé cristã, nos quadros do Espiritismo contemporâneo, há sempre companheiros dominados por nocivas inquietações.

O problema da mediunidade, principalmente, é dos mais ventilados, esquecendo-se, não raro, o impositivo essencial do serviço.

Aquisições psíquicas não constituem realizações mecânicas.

É indispensável aplicar nobremente as bênçãos já recebidas, a fim de que possamos solicitar concessões novas.

Em toda parte, há insopitável ansiedade por recolher dons do Céu, sem nenhuma disposição sincera de espalhá-los, a benefício de todos, em nome do Divino Doador. Entretanto, o campo de lutas e experiências terrestres é a obra extensa do Cristo, dentro da qual a cada trabalhador se impõe certa particularidade de serviço.

Diariamente, haverá mais farta distribuição de luz espiritual em favor de quantos se utilizam da luz que já lhes foi concedida, no engrandecimento e na paz da comunidade.

Não é razoável, porém, conferir instrumentos novos a mãos ociosas, que entregam enxadas à ferrugem.

Recorda, pois, meu amigo, que podes ser o intermediário do Mestre, em qualquer parte.

Basta que compreendas a obrigação fundamental, no trabalho do bem, e atendas à Vontade do Senhor, agindo, incessantemente, na concretização dos Celestes Desígnios.

Não te aflijas, portanto, se ainda não recebeste a credencial para o intercâmbio direto com o plano invisível, sob o ponto de vista fenomênico. Se suspiras pela comunicação franca com os espíritos desencarnados, lembra-te de que também és um espírito imortal, temporariamente na Terra, com o dever de aplicar o sublime dom de servir que há em ti mesmo. (XAVIER, Francisco Cândido. Vinha de Luz, pelo Espírito Emmanuel. Rio de Janeiro: FEB, capítulo 127)