Teoria Espírita do Conhecimento
A Filosofia, depois que se desprendeu do tronco geral do conhecimento ficou, na atualidade, dividida em três partes fundamentais: a Ontologia ou teoria do ser, a Gnosiologia ou teoria do conhecimento e a Axiologia ou teoria dos valores. A teoria do conhecimento, objeto de nossa atenção, procura estudar a origem e a validade do conhecimento, inclusive distinguindo a verdade e o erro.
O conhecimento é a relação que existe entre o "observador" e a "coisa observada". A realidade é o que é. Ela não é falsa nem verdadeira. Verdadeiros ou falsos são os nossos juízos acerca da mesma. Se a imagem que fazemos de um objeto coincide com o que ele é, estamos de posse da verdade; se, ao contrário, houve um viés, estamos em erro. Assim sendo, é muito mais importante a imagem que fazemos do objeto do que ele próprio.
Como é que o conhecedor conhece? Conhece pelo Espírito? Ou conhece pelo sentido? Embora Aristóteles tenha dado sua contribuição a essa contradição, quando elaborou a teoria dos dois espíritos do homem - formativo e receptivo -, ainda persiste muitas dúvidas. Para os materialistas, conhecemos pelos sentidos; para os idealistas, conhecemos pelo espírito.
Para o Espiritismo essa dualidade de Espírito e Matéria não existe. O homem é essencialmente um Espírito. Nesse sentido, o Espírito é a substância do homem e o corpo seu acidente. A percepção é uma faculdade do Espírito e não do corpo físico. O Espírito não percebe através dos órgãos, não vê pelos olhos nem ouve pelos ouvidos. Vê e ouve por todo o seu ser.
Como vemos há a percepção objetiva que estabelece a relação sujeito-objeto, e a percepção subjetiva, que faz do sujeito o seu próprio objeto. Isto quer dizer que há ciência e filosofia. Não há, assim, uma separação total entre ciência e Filosofia. É justamente esse viés do pensamento que divide o mundo em duas partes: numa o pensamento materialista como ideologia oficial dos Estados; noutra o pensamento espiritualista na mesma posição. A Filosofia Espírita coloca-se entre ambas e oferece-nos a síntese, no sentido de compreender a realidade como um todo.
A convicção de que somos um todo formado por Espírito, Perispírito e Corpo Físico, auxilia-nos sobremaneira na construção dos conhecimentos verdadeiros que nem a traça e nem a ferrugem desgastam.
Fonte de Consulta
BAZARIAN, J.. O Problema da Verdade. São Paulo, Círculo do Livro, s/d.
PIRES, J. H.. Introdução à Filosofia Espírita. 1.ed., São Paulo, Paideia, l983. (http://sbgespiritismo.blogspot.com/2008/07/teoria-do-conhecimento-e-espiritismo.html)
Teoria Espírita do Conhecimento
1. Divisão da Filosofia
Como ciência que estuda as leis mais gerais do ser, do conhecimento e da ação, podemos distinguir na filosofia três partes fundamentais:
1ª) Ontologia ou teoria do ser: estuda a origem, a essência e a causa primeira do cosmos, da vida e do pensamento; e a relação entre o ser e o pensamento;
2ª) Gnosiologia ou teoria do conhecimento: estuda a origem e a validade do conhecimento;
3ª) Axiologia ou teoria dos valores: estuda a origem, a essência e a evolução dos valores existenciais e indica os princípios da ação (1).
2. O Conhecimento
Diante da pergunta como conhecemos, a tradição filosófica mostra duas posições clássicas: a platônica ou socrático-platônica, que envolve a questão da reminiscência, das idéias inatas, e a sofística ou empírica que se refere apenas aos nossos sentidos.
Surge a contradição: 1ª) “conhecemos pelo espírito”; 2ª) “conhecemos pelos sentidos”.
O primeiro a dar uma resposta conciliatória, ao que nos parece, foi Aristóteles, com sua teoria dos dois espíritos do homem: o formativo e o receptivo.
Essa dualidade é resolvida pela Filosofia Espírita (2).
3. Espírito e Corpo
Para a Filosofia Espírita, portanto, a dualidade de espíritos da teoria aristotélica não existe. O homem é essencialmente um espírito.
O Espírito é a substância do homem e o corpo seu acidente.
A percepção é uma faculdade do espírito e não do corpo. É o escafandrista que vê através dos vidros do escafandro e não este que vê pelos seus vidros.
Veja-se o ensaio teórico sobre as sensações dos espíritos, em O Livro dos Espíritos. O Espírito não percebe através dos órgãos, não vê pelos olhos nem ouve pelos ouvidos. Vê e ouve por todo o seu ser (2).
4. Percepção Objetiva e Subjetiva
Há a percepção objetiva que estabelece a relação sujeito-objeto, e a percepção subjetiva, que faz do sujeito o seu próprio objeto.
Isso quer dizer, em termos epistemológicos (na teoria das ciências) que há Ciência e há Filosofia.
A Ciência investiga os objetos exteriores, a Filosofia investiga a si mesma, é o pensamento debruçado sobre si mesmo.
Hoje, temos o mundo dividido em duas partes: numa, se desenvolve o pensamento materialista como ideologia oficial dos Estados; noutra, o pensamento espiritualista na mesma posição (2).
A Filosofia Espírita se coloca entre ambas e nos oferece a síntese, mostrando o equívoco desse divisionismo artificial e anunciando o advento global da realidade.
5. O Progresso Gnoseológico
A lei dos três estados da evolução gnoseológica segundo Auguste Comte são:
1º) o estado teológico em que tudo se explica pela intervenção dos deuses;
2º) o estado metafísico das explicações abstratas (o ópio faz dormir porque tem a virtude dormitiva);
3º) o estado positivo em que predominam as Ciências.
Kardec acrescentou a essa teoria, por sugestão de um leitor da “Revista Espírita”, o estado psicológico iniciado pelo Espiritismo (2).
6. Humanidade Cósmica
A Teoria Espírita do Conhecimento amplia a nossa visão.
Não pensamos mais em termos geocêntricos, organocêntricos ou antropocêntricos e, por isso mesmo, não vivemos mais apegados a temores e superstições.
O Espiritismo nos confere a emancipação espiritual de cidadãos do Cosmos (2).
7. Conclusão
A convicção de que somos um todo formado por Espírito, Perispírito e Corpo Físico, auxilia-nos sobremaneira na construção dos conhecimentos verdadeiros que nem a traça e nem a ferrugem desgastam.
QUESTÕES
1) Quais as duas posições clássicas diante da pergunta como conhecemos?
2) Como o Espiritismo responde à pergunta como conhecemos?
3) O que é a Filosofia Espírita?
4) Quais são os estados da evolução gnoseológica?
TEMAS PARA DEBATE
1) O Espírito vê e ouve por todo o seu ser?
2) Percepção objetiva, percepção subjetiva e Espiritismo. Comente
3) O Espiritismo nos confere a emancipação espiritual de cidadãos do cosmos?
8. Bibliografia Consultada
(1) BAZARIAN, J. O Problema da Verdade.
(2) PIRES, J. H. Introdução à Filosofia Espírita.
São Paulo, dezembro de 1996.
(https://sites.google.com/view/filosofiaespirita/teoria-esp%C3%ADrita-do-conhecimento?authuser=0)
Metafísica e Espiritismo
Teoria do conhecimento. Para Platão, que pressupunha a reminiscência das idéias, conhecemos pelo Espírito; para os sofistas e empíricos, conhecemos pelos sentidos. Para o Espiritismo, a percepção é uma faculdade do Espírito e não do corpo. É uma faculdade geral do Espírito que abrange todo o seu ser. Em realidade, o Espiritismo sintetiza as duas formas de conhecer. (http://sbgespiritismo.blogspot.com/2009/12/metafisica-e-espiritismo.html)
Filosofia e Espiritismo
A Gnosiologia ou Teoria do Conhecimento estuda a origem, a essência e a validade do conhecimento. Da Antiguidade aos nossos dias, o problema do conhecimento, para a Filosofia, apresenta-se contraditório: conhecemos pelo espírito ou pelos sentidos? Essa dualidade, para a Filosofia Espírita, não existe, pois o homem é essencialmente Espírito. Assim, segundo a Doutrina Espírita, a percepção é faculdade geral do espírito, que abrange todo o seu ser, isto é, o Espírito, o Perispírito e o Corpo Físico. (http://sbgespiritismo.blogspot.com/2008/07/filosofia-e-espiritismo.html)
Teoria e Prática no Espiritismo
O termo teoria – do grego theoria – é usado em várias acepções. Na Origem, designava o ato de ver e de ser visto em locais abertos a todos, tais como o templo, o circo, a ágora e em espetáculos e cerimônias públicas. Pode ser também a ação de contemplar, ter uma visão do espírito. Os gregos, de maneira nenhuma opunham, como hoje, teoria e prática. O conhecimento teórico, em toda a antiguidade clássica grega, era entendido como a contemplação da verdade (aletheia) em si mesma. A supremacia do conhecimento teórico sobre o prático ou técnico provém do fato de ele ser útil em si mesmo, independentemente de sua aplicação exterior. (http://sbgespiritismo.blogspot.com/2009/02/teoria-e-pratica-no-espiritismo.html)
Teoria
Os gregos, de maneira nenhuma opunham, como hoje, teoria e prática.O conhecimento teórico, em toda a antiguidade clássica grega, era entendido como a contemplação da verdade (aletheia) em si mesma. A supremacia do conhecimento teórico sobre o prático ou técnico provém do fato de ele ser útil em si mesmo, independentemente de sua aplicação exterior. (http://sbgfilosofia.blogspot.com/2019/04/teoria.html)
"Depois da virtude, é o conhecimento real e essencial o que coloca um homem acima dos demais." (Joseph Addison)
"Conhecer de verdade é conhecer pelas causas." (Francis Bacon)
"Uma vaga noção de tudo, e um conhecimento de nada." (Charles Dickens)
"Não se pode pretender que alguém conheça tudo, mas que, conhecendo alguma coisa, tenha conhecimento de tudo." (H. von Hofmannsthal)
"Todo novo conhecimento provoca dissoluções e novas integrações." (H. von Hofmannsthal)
"O conhecimento é de duas espécies: podemos conhecer nós mesmos um assunto ou saber onde podemos encontrar informações a respeito." (Samuel Johnson)
"Todo nosso conhecimento inicia com sentimentos." (Leonardo da Vinci)
"B. C.: Não entende, mas não entende com grande autoridade e competência." (L. Longanesi). A alusão é feita a Benedetto Croce.
"Pois procurar e aprender não passa de recordar." (Platão)
Corrigendas
“Porque o Senhor corrige ao que ama e açoita a qualquer que recebe por filho.” - Paulo. (Hebreus, 12:6.)
Quando os discípulos do Evangelho começam a entender o valor da corrigenda, eleva-se-lhes a mente a planos mais altos da vida.
Naturalmente que o Pai ama a todos os filhos, no entanto, os que procuram compreendê-lo perceberão, de mais perto, o amor divino.
Máxima identificação com o Senhor representa máxima capacidade sentimental.
Chegado a essa posição, penetra o espírito em outras zonas de serviço e aprendizado.
A princípio, doem-lhe as corrigendas, atormentam-no os açoites da experiência, entretanto, se sabe vencer nas primeiras provas, entra no conhecimento das próprias necessidades e aceita a luta por alimento espiritual e o testemunho de serviço diário por indispensável expressão da melhoria de si mesmo.
A vida está repleta de lições nesse particular.
O mineral dorme.
A árvore sonha.
O irracional atende ao impulso.
O homem selvagem obedece ao instinto.
A infância brinca.
A juventude idealiza.
O espírito consciente esforça-se e luta.
O homem renovado e convertido a Jesus, porém, é o filho do céu, colocado entre as zonas inferiores e superiores do caminho evolutivo. Nele, o trabalho de iluminação e aperfeiçoamento é incessante; deve, portanto, ser o primeiro a receber as corrigendas do Senhor e os açoites da retificação paterna.
Se te encontras, pois, mais perto do Pai, aprende a compreender o amor da educação divina. (XAVIER, Francisco Cândido. Vinha de Luz, pelo Espírito Emmanuel. Rio de Janeiro: FEB, capítulo 22)