Mito e Mitologia

Perguntas e Respostas

1) O que é a mitologia?

Mitologia – do grego mito, narrar, contar e logia, estudo, ciência. É o estudo das fábulas, das narrativas, das histórias sobre a criação do mundo e dos seres que neles habitam.

2) Quais são a principais mitologias?

A mitologia grega (deuses imortais, criaturas semidivinas e musas), a mitologia romana (deuses e heróis, que foram admirados durante o Império Romano) e a mitologia egípcia (conjunto de fábulas que reuniu uma considerável variedade de deuses). Há, também, a mitologia nórdica, a mitologia céltica.

3) O que falar da mitologia pagã?

A mitologia pagã é o quadro alegórico das diversas faces, boas e más da Humanidade. É um vasto campo de estudo filosófico. O erro está em tomar a forma pelo fundo.

4) O que é um mito?

O mito é uma narrativa que procura explicar os principais acontecimentos da vida, os fenômenos naturais, as origens do Mundo e do Homem por meio de deuses, semideuses e heróis.

5) Como se explica o sentido próprio e o sentido figurado do mito?

Em sentido próprio, o mito significa uma fábula arquitetada pela fantasia humana para personificar entidades do espírito ou da natureza. Exemplo: Zeus é Deus na mitologia grega. Em sentido figurado, o mito é a atribuição de um valor absoluto a uma entidade relativa. Exemplo: modernamente, somos impelidos a enriquecer e ter posição de destaque; caso não o consigamos, somos desprezados pelos que o conseguiram.

6) Como podem ser divididos os mitos?

Os mitos podem ser divididos em “mitos com Criação” e “mitos sem Criação”. Nos “mitos com Criação”, admite-se o surgimento do Universo num tempo zero (Deus revelado do Cristianismo). Nos “mitos sem Criação”, não se admite um tempo zero (Universo pulsante do hinduísmo).

7) Qual é a fronteira entre o mito e o logos?

A fronteira entre o mytho e o logos não é percebida com facilidade. Observe a astrologia e as demais pseudociências do universo: vindas para desmoronar o sacrifício das religiões oficiais, terminam criando o cosmo como um grande Anthropos, um homem cuja inteligência reside no movimento eterno e harmônico das esferas celestes, cujos olhos correspondem ao Sol e à Lua e a cujos pés jaz a matéria, num jogo sutil de correspondências regido por um único tema que varia até o infinito.

8) Como a psicologia profunda interpreta os mitos?

A psicologia profunda afirma que, ao analisar os sonhos e os estados oníricos similares de pessoas psiquicamente perturbadas ou enfermas, tem-se deparado com autênticas imagens míticas, capazes, de explicar a essência do mito. Essas imagens – arquétipos ou imagens primordiais – ficaram guardadas no inconsciente, prontas a ressuscitar tão logo a alma precise delas.

9) Qual a principal falha na interpretação do mito?

É a nossa incapacidade de penetrar na vivência dos antigos, principalmente na sua forma de adorar a Deus. A postura – gestos, símbolos, linguagem e comportamento – tem um valor intrínseco que o homem moderno não consegue captar com a devida clareza.

10) Quais são os mitos da modernidade?

Há inúmeros mitos, entre os quais, citamos: o mito da mãe-mártir, do bom velhinho, da esposa perfeita, da mulher boazinha ("minha mulher é uma santa"), da juventude como uma glória e da obtenção do êxito. (https://sites.google.com/view/aprofundamentodoutrinario/mitologia)

 

Texto Curto no Blog

O Mito

O mito é uma palavra polissêmica. Admite tantas definições quanto a palavra cultura. Para Fernando pessoa, "o mito é o nada que é tudo". O mito pode, assim, ser visto como uma alegoria, um símbolo ou uma tautegoria. Tanto no sentido alegórico como no sentido simbólico, o relato mítico subentende outra coisa, e não precisamente o que está sendo dito. No sentido tautegorista, o mito é penas mito, só mito, nada mais do que mito. Quer dizer, o mito relata e expressa o que em verdade é; o mito não representa as coisas ou os eventos originados.

Os mitos podem ser divididos em "mitos com Criação" e "mitos sem Criação". Nos "mitos com Criação", admite-se o surgimento do Universo num tempo zero. Nesse caso, o Universo pode ter sido criado por Deus, emergido do Vazio absoluto, ou surgido da tensão entre a Ordem e o Caos. Exemplo: a criação bíblica, descrita em Gênesis, 1, 1 a 5. Nos "mitos sem Criação", não se admite um tempo zero. Nesse caso, o Universo existe e existirá para toda a eternidade ou o Universo será continuamente criado e destruído, em um ciclo que se repete para sempre. Exemplo: o Universo pulsante do hinduísmo, no qual a Criação surge e ressurge ciclicamente através da dança do deus Xiva.

O mito relaciona-se com a história, a sociedade, a ciência, a religião, a psicologia etc. Escolhamos a psicologia freudiana. Freud deu nova orientação à interpretação do mito e às explicações sobre a sua origem e função. O complexo de Édipo é um exemplo clássico: para Freud, o mito do rei que mata o pai e casa com a própria mãe simboliza e manifesta a atração de caráter sexual que o filho, na primeira infância, sente pela mãe e o desejo de suplantar o pai.

O mito adquiriu ao longo do tempo e, mais precisamente na vida hodierna, um sentido figurado, ou seja, evoca a narração fabulosa e fictícia, contrária à verdade. Equivale a engano, falsidade. Essa interpretação corresponde a uma mentalidade racionalista, para qual somente a razão é capaz de expressar a verdade. Alguns exemplos: o mito do progresso ininterrupto, o mito marxista da vitória dos oprimidos, o mito do socialismo da cidade ideal, o mito do super-homem com a sua vitória sobre o espaço e o tempo, o mito da raça pura etc.

Os mitos estão de tal forma arraigados em nosso subconsciente que, qualquer esforço para expulsá-los, acaba incorrendo em novas formas míticas. Atraímos para nós o que combatemos. Façamos uma analogia com o professor de português, que comete os mesmos erros que combate nos outros. Embora haja enormes dificuldades para suplantar o mito, o trabalho – passar do mito à razão – iniciado pelos gregos, há 2 500 anos, deve ser enfatizado. Estejamos sempre atentos neste empreendimento.

O mito deve ser captado pela sensibilidade e não pela racionalidade. Quando a razão discursiva tenta interpretá-lo, acaba criando a alegoria, que é a tentativa de explicar o inexaurível, o inexplicável. Analisemo-lo sob a forma tautegorista, em que mito deve ser o mito somente o mito e nada mais do que o mito. (http://sbgfilosofia.blogspot.com.br/2008/07/o-mito.html

O Mhyto e o Logos

A tese da evolução linear do mito à razão não só é historicamente inexata como também não consegue explicar certos fenômenos culturais complexos. No caso extremo, o mito é rebaixado a uma fábula sem valor. É preciso ponderar sobre a dialética mytho/logos, pois já se afirmou que o homem é um ser mítico. Quer dizer, trazemos jungidos ao nosso psiquismo os condicionamentos das diversas narrativas fantasiosas e dos feitos das divindades do politeísmo.

Platão, na Antiguidade, parte da narrativa mítica para fundamentar o seu logos filosófico. Criava uma situação utópica, principalmente nas suas teses políticas, a fim de explicar uma realidade efetiva. Aristóteles, por outro lado, exclui a narração mitológica, enfatizando que a razão do filósofo, o logos, manifesta-se através das suas próprias estruturas discursivas: a argumentação, o raciocínio, a ordem lógica da demonstração.

A fronteira entre o mytho e o logos não é percebida com facilidade. Nesse sentido, a astrologia e as demais pseudociências do universo acabaram caindo no mito que combatiam. Vindas para desmoronar o sacrifício das religiões oficiais, terminam criando o cosmo como um grande Anthropos, um homem cuja inteligência reside no movimento eterno e harmônico das esferas celestes, cujos olhos correspondem ao Sol e à Lua e a cujos pés jazem a matéria, num jogo sutil de correspondências regido por um único tema que varia até o infinito.

O mytho/logos do cristianismo primitivo apresenta uma novidade: o logos se divinizou e ao mesmo tempo se personalizou a ponto de coincidir com a própria pessoa do fundador. Observe que o mito da Trindade provindo das grandes religiões da Antiguidade – como vemos na trindade egípcia formada por Osíris, Ísis e Horus – deu à Igreja a possibilidade de incluir o Cristo na Mitologia Cristã como a segunda pessoa de Deus, de maneira que a Igreja, fundada pelo Cristo segundo a interpretação católica-romana, podia se apresentar como instituição divina do próprio Deus em pessoa.

A ciência e o mito se digladiam, mas nem sempre com muita razão. A ciência pelo seu próprio objeto, que é baseado nos fatos e nas comprovações estatísticas, acaba desmitificando o mito. Acontece que a ciência elabora apenas com o sensível. Ignora que a narração, o mito, é um instrumento de expressão certamente diferente da argumentação lógica do logos, mas no fim o mito não é menos lógico, não é menos racional, nem está menos ligado a uma exigência e a um projeto de conhecimento.

A ambígua conexão do mito com uma dimensão temporal não pode nos tirar o ensejo de penetrar-lhe na sua profundidade. Vejamo-lo sem preconceitos e poderemos lançar-nos no campo mais vasto de nossa compreensão espiritual. (http://sbgfilosofia.blogspot.com.br/2005/10/o-mytho-e-o-logos.html

Mito, Mística e Espiritismo

Em sentido próprio, o mito significa uma fábula arquitetada pela fantasia humana para personificar entidades do espírito ou da natureza; a mística, a união do homem com Deus. Em sentido figurado, o mito é a atribuição de um valor absoluto a uma entidade relativa; a mística representa uma dedicação passional a essa entidade.

Hodiernamente, os mitos e a mística são tomados no sentido figurado. Para bem entender a sutileza desta significação, devemos situar os mitos entre a realidade objetiva e a fantasia. A realidade objetiva mostra o que a coisa é independentemente da observação do sujeito; a fantasia, sendo uma criação mental, distancia-se da realidade. Em outras palavras, os mitos atribuem um valor à realidade: eles não são como a verdade, que descobre valores.

Em termos filosóficos e políticos, há que se considerar o existencialismo, o marxismo e o liberalismo. O existencialismo, por exemplo, atribui um valor absoluto à existência atual, negligenciando as vidas passadas; o marxismo convida-nos a conquistar a justiça e a igualdade através da luta de classes; esquecem-se de que somos desiguais e por isso precisamos de níveis diferentes de renda; o liberalismo apoiando-se na espontaneidade deixa que cada um aja de acordo com a subjetividade de sua consciência; esquecem-se de que devemos agir de acordo com a consciência bem formada.

Em termos práticos, temos o enriquecimento, a tecnologia, o sexo, cultura e a religião. Somos impelidos a enriquecer e ter posição de destaque; caso não consigamos, somos desprezados pelos que o conseguiram. A tecnologia possibilitou ao homem o domínio da natureza; trouxe, porém o inconveniente de colocar a técnica acima de Deus. O sexualismo foi uma reação contra o puritanismo; descambou, contudo, para o sexo descontrolado. A cultura desenvolveu a inteligência humana; deslocou, entretanto, os atributos da inteligência e da potência divina, para a criação humana. A religião desenvolveu a crença em Deus; criou, contudo, uma idolatria que deturpou os sentimentos mais nobres da verdadeira mística.

O Espiritismo não contém mitos, pois foi estruturado através do método teórico-experimental. Contudo nós, os espíritas, criamos muitos deles, entre os quais citamos: 1) o mito do mentor - quando aceitamos passivamente as determinações dos nossos mentores sem o cuidado de analisar racionalmente a mensagem transmitida; 2) o mito do trabalho forte - quando nos deixamos governar pela ilusão, aceitando que um trabalho espiritual, por exemplo, o de desobsessão é infinitamente superior ao trabalho de palestra evangélica; 3) o mito da pureza doutrinária – quando só consultamos os livros da codificação, negligenciando os ensinamentos trazidos pelos diversos médiuns espalhados pelo mundo todo.

Disponhamo-nos a ver o Espiritismo como ele é e não como gostaríamos que fosse. Se deixarmos de lado o nosso ponto de vista, não só nos libertaremos dos mitos como também adquiriremos uma vasta cultura espiritual. (http://sbgespiritismo.blogspot.com.br/2008/07/mito-mstica-e-espiritismo.html)

 

Em Forma de Palestra

Mito e Mitologia

1. Introdução

O objetivo deste trabalho é refletir sobre os diversos matizes do mito, da mística e da mitologia, a fim de que o nosso pensamento possa melhor captar a dimensão racional da vida espiritual que a Doutrina Espírita nos faculta. 

2. Conceito 

Mito – do grego mythos significa discurso, narrativa, boato, legenda, fábula, apólogo.

Sentido profundo: descrições religiosas antigas, que expressam os modelos, os arquétipos da ação humana através dos atos originários dos "deuses" nos diversos campos. Nesse sentido, os mitos são narrações sagradas primitivas, dotadas de grande autoridade e normatividade para a vida humana. 

Sentido pejorativo: uma narração fabulosa e fictícia, contrária à verdade.  Nesse sentido, "mito" equivale a engano, falsidade. Essa interpretação corresponde a uma mentalidade racionalista, para qual somente a razão é capaz de expressar a verdade. Hoje, no entanto, essa visão simplista está inteiramente superada, pois sabemos que muitos dos conhecimentos mais profundos e misteriosos são de tipo inconsciente e simbólico. (Idígoras, 1983)

Mística – do grego mystica, de myo, "eu fecho" os olhos, para me ensimesmar no meu íntimo.

Sentido profundo: ao contrário do conhecimento objetivante, base da ciência empírica e racional, as vivências místicas são uma forma de experiência psicológica, puramente subjetiva, por intuição ou "vidência espiritual", de natureza afetiva-extática, irracional. O místico vive o "numinoso", o contato e fusão do próprio Eu com o Ser absoluto, o Todo, o Cósmico, Deus.

O estado de êxtase acompanha-se de um estreitamento da consciência com eliminação e desinteresse por todos os estímulos e pelo mundo exterior real. A vivência do Alter ego, pela sua origem extra-consciente afigura-se como estranha ao próprio, vinda de fora, sobrenatural, divina.

Na Teologia Católica, as palavras misticismo, mística e mistério evocam a idéia de alguma coisa de secreto, que escapa mais ou menos à razão clara e não pode ser claramente divulgado ou expresso. S. Tomás define-o como "uma vista simples e afetuosa de Deus ou da coisas divinas". (Grande Enciclopédia Portuguesa e Brasileira)

Sentido figurado: dedicação passional aos mitos. 

Mitologia – do grego fábula, lenda significa conjunto de mitos.

Sentido profundo: originariamente era o estudo sistemático dos mitos, que significavam uma narrativa fantasiosa da genealogia e dos feitos das divindades do politeísmo registrados nas teogonias. Como narrações imaginosas, distinguiam-se dos escritos propriamente históricos, pelo fato de não se enquadrarem dentro das coordenadas do espaço e do tempo histórico.

Sentido figurado: aos poucos,  o termo se foi carregando de novos sentidos, entre os quais notamos os mais importantes: 1.º) explicações populares, espontâneas, isto é, não racionais, nem científicas dos fenômenos do mundo físico e social. Por exemplo: os raios são dardos flamejantes com que o deus do céu, Júpiter Tonante, descarrega a sua ira sobre a Terra; 2.º) a projeção, muitas vezes dramatizada, das grandes aspirações do grupo. Assim, um povo oprimido pela fome, cria mitos sobre uma era dourada de fartura e de paz. (Pequena Enciclopédia de Moral e Civismo)

3. Histórico

No Extremo Oriente o caos primordial era concebido como um ovo; na mitologia indiana, como um vazio e informe, algo em permanente estado de repouso e indiferenciação; entre os gregos, como matéria desordenada e informe.

Segundo a compilação de Hesíodo, o passo inicial para a criação não se dá com a união dos elementos, mas exatamente através do processo inverso. Tal ocorre quando se rompe o caos para que a Luz (Aithér), sucedendo à Noite (Nýks), ilumina o espaço entre Gaia ou Ge (Terra) e Ouranós (Céu), e o mundo emirja com a aparição de Póntos (Mar), oriundo da própria Terra.   

Os onze primeiros capítulos do "Gênesis" apresentam a criação do homem de forma mítica.

No processo histórico, temos lembrança de todo o arcabouço dos feitos dos deuses gregos, egípcios, romanos etc.

A explicação científica dos mitos começa com o antropólogo inglês Friedrich Max Müller (1823-1900) que considera os mitos como descrição poética de fatos da natureza (tempestades, terremotos etc.). A Antropologia moderna prefere a teoria da Claude Lévi-Strauss, que reconhece nos mitos o reflexo de determinadas estruturas sociais dos povos primitivos.

Na Renascença, Voltaire escreveu o seu Édipo (1718) para denunciar, por alusão, o poder do clero na França.

No século XIX, a mitologia grega não foi esquecida, mas um só de seus mitos parece ter ocupado a imaginação dos poetas: o de Prometeu, símbolo da rebelião, que é uma das características do século.

No século XX, registra-se surpreendente ressurreição dos enredos e personagens mitológicas gregas. O complexo de electra, por exemplo, é retratado nas obras de Hugo von Hofmannsthal (1903), Robinson Jeffers (1924) etc. (Enciclopédia Mirador Internacional)

4. Sentido Profundo

4.1. Retiro do Mundo

O retiro do mundo marca o modo e vida dos religiosos. Hugo de São Vitor distinguia cinco graus ascéticos: primeiro, lectio ou doutrina; segundo,  a santa meditação; terceiro, a oração; quarto, a operação; quinto, a contemplação. Em França, no século XVII, funda-se o Oratório, uma instituição religiosa, cujo objetivo era não uma Doutrina Comum mas uma tendência comum para a vida interior e mística, concedendo aos seus adeptos a liberdade mais completa de reverenciar Deus. (Mendonça, 1975)

4.2. Iluminação Súbita

A iluminação súbita pode ser verificada pesquisando a biografia dos grandes pensadores. O filósofo Sócrates que viveu no século V a. C. teve seu insight depois de uma visita que fizera ao Oráculo de Delfos, quando, a partir daí, passou a ensinar o conteúdo da autoconsciência do homem. René Descartes (1596-1650) teve sonhos que lhe indicaram sua missão divina: construir o método para a nova ciência. O íntimo da maioria dos grandes pensadores mostra essa relação com o divino.

5. Sentido Figurado

Os mitos, no sentido figurado, estão situados entre a realidade objetiva e a fantasia. A realidade objetiva mostra o que a coisa é independentemente da observação do sujeito; a fantasia é uma criação mental que se distância da realidade.  Nesse sentido, os mitos e a mística podem ser encontrados em todos os setores da atividade humana: na Política, na Sociologia, na Educação, na Economia, na Religião etc. isso acontece porque a maioria de nós prefere uma situação cômoda diante da vida.

5.1. Mitos Filosóficos e Políticos

Em termos filosóficos e políticos, podemos nos lembrar do existencialismo, do marxismo e do liberalismo. O existencialismo, por exemplo, atribui um valor absoluto à existência, quando a concebe em uma única vida, de 60, 70 anos, negligenciando a hipótese das vidas passadas. O marxismo convida-nos a construir a justiça plena e igualitária entre todos os homens, tendo por instrumento a luta de classes. Esquecem-se os seus propagadores que somos desiguais, necessitando níveis de renda desiguais. O liberalismo prega a liberdade, identificando-a com a espontaneidade; deixa tudo a gosto da subjetividade de cada consciência. 

5.2. Prática dos Mitos Modernos

Em termos práticos, anotamos o enriquecimento, a tecnologia, o sexo, a cultura etc. Na atualidade, somos impelidos ao enriquecimento e à obtenção de posição de destaque; caso não o consigamos, somos desprezados pelos detentores da riqueza. O avanço da tecnologia dá ao homem o domínio da natureza; ofusca-lhe, porém, o pensamento quando se considera como Deus ou mesmo superior a Ele. O sexualismo, uma reação contra o puritanismo de outrora, trouxe o sexo desenfreado. A obtenção da  cultura transforma-se em mito quando transferimos as potências divinas para o exercício da inteligência humana. Na religião o que se vê é uma vasta idolatria, que deturpa os sentimentos mais nobres da mística verdadeira. (Lima, 1956)

6. Espiritismo

O Espiritismo foi concebido dentro de uma ótica positiva, ou seja, baseado na observação e na constatação científica dos fatos espíritas. Nesse sentido, a estrutura dos seus princípios fundamentais não contém mitos e nem dogmas.

A Fé existe, mas é uma fé raciocinada. Quer dizer, cremos porque a nossa razão concebe racionalmente o motivo da nossa crença. Não é um sentimento transmitido pelos expositores da Doutrina ou mesmo por algum Espírito amigo, é uma percepção inata remodelada pelo logos que há em nós.

É possível que muitas pessoas taxem o Espiritismo de mitológico. Não resta dúvida que no meio espírita são muitos os que dizem professar o Espiritismo, mas nunca se debruçaram sobre as Obras Básicas de Allan Kardec. Antes de julgar, devemos analisar, pois a experiência histórica mostra que não foram poucos os cientistas que mudaram de opinião, depois de entrar em contato com o corpo doutrinário do Espiritismo.

Além do mais, há também, a transferência de imagens que a Sociologia nos ensina. Pertencendo a uma religião, não somos capazes de nos libertar de suas amarras, mesmo estando em outro nível de crença. No jargão popular diz-se que "levamos conosco o nosso baú"

6.1. Mitos Criados pelos Espíritas

Embora o Espiritismo não tenha mitos, nós, os Espíritas, criamos muitos deles em nosso dia a dia na Casa Espírita.

Vejamos alguns deles:

1) O Mito do Mentor: quando aceitamos passivamente as determinações dos nossos mentores não tendo o cuidado de analisar a mensagem, a informação sob o guante de nossa razão

2) O Mito do Trabalho Forte: quando nos deixamos governar pela ilusão, aceitando que tal trabalho espiritual resolveria melhor o nosso problema. Observe que a maioria de nós julga que o trabalho de desobsessão é infinitamente superior ao trabalho de palestra evangélica.

3) O Mito do Desenvolvimento Mediúnico: quando confundimos fundo mediúnico com mediunidade a ser desenvolvida, criamos problemas para aqueles que nos procuram pela primeira vez. Esse mito é muito frequente, pois achamos que a maioria das pessoas é médium e tem que desenvolver a sua mediunidade.

4) O Mito da Pureza Doutrinária: quando só consultamos os livros da codificação, criamos um viés em nosso pensamento. Hoje há muitos ensinamentos trazidos pelos diversos médiuns espalhados pelo mundo. Negligenciá-los é perder parte da cultura espírita.

6.2. Os Mitos sob a Ótica Espírita

Os princípios fundamentais da Doutrina Espírita fornecem-nos subsídios para tratarmos os diversos matizes referentes aos mitos, tanto modernos quanto antigos.

Observe o mito da criação: segundo a Bíblia, no princípio dos tempos Deus criou, simultaneamente, todas as plantas e animais superiores, a partir da matéria inerte. Deus, do pó da terra, forma o primeiro homem - Adão -, sopra-lhe as narinas e lhe dá vida. Retira-lhe uma de suas costelas e cria a Eva. Esta é tentada pela serpente e come, juntamente, com Adão o fruto proibido - a maçã. Literalmente considerada esta noção é mitológica e antropomórfica. Dá-se a impressão que Deus é um ceramista que manuseia os seres criados por Ele.

De acordo com o Espiritismo, o simbolismo bíblico pode ser interpretado da seguinte maneira: o pó da terra é a matéria, o corpo humano; o sopro é o Espírito. Quer dizer, para que um corpo humano tenha vida, ele deve ser animado por um Espírito.

Interpretemos, também, o modelo do pensamento místico à luz do Espiritismo. No capítulo I de A Gênese, Allan Kardec trata do problema da revelação divina. Diz-nos que a revelação direta de Deus não é impossível, porém faz-nos entender que a revelação é feita através da mediunidade, ou seja, pelos Espíritos mais próximos de Deus que pela perfeição se imbuem do seu pensamento e podem transmiti-lo. O codificador do Espiritismo pretende, ao analisar o caráter da revelação espírita, desmistificar a facilidade da obtenção do conhecimento divino. Diz-nos que a revelação espírita é de origem divina e da iniciativa dos Espíritos, sendo sua elaboração fruto do trabalho científico do homem. Procede da mesma forma que as ciências naturais: observa, formula hipóteses e tira conclusões.

7. Conclusão

Esperamos que a discussão dessas ideias possa abrir a nossa mente para uma melhor disposição de ânimo em ver o Espiritismo como ele é e não como gostaríamos que fosse. Se deixarmos de lado a nossa comodidade, o nosso ponto de vista pessoal, não só nos libertaremos dos mitos como também adquiriremos uma vasta cultura racional do conhecimento espírita.

8. Bibliografia Consultada

ÁVILA, F. B. de S.J. Pequena Enciclopédia de Moral e Civismo. Rio de Janeiro, M.E.C., 1967.

Enciclopédia Mirador Internacional. São Paulo, Encyclopaedia Britannica, 1987.

Grande Enciclopédia Portuguesa e Brasileira. Lisboa/Rio de Janeiro, Editorial Enciclopédia, s.d. p.

IDÍGORAS, J. L. Vocabulário Teológico para a América Latina. São Paulo, Edições Paulinas, 1983.

KARDEC, A. A Gênese - Os Milagres e as Predições Segundo o Espiritismo. 17. ed., Rio de Janeiro, FEB, 1976.

LIMA, A. A. O Existencialismo e Outros Mitos do Nosso Tempo. 2. ed., Rio de Janeiro, Agir, 1956 (Obras Completas XVIII) 

MENDONÇA, E. P. O Socratismo Cristão e as Origens da Metafísica Moderna. São Paulo, Convívio, 1975.


 

O Mito e o Logos

1. Introdução

O tema mito-logos sugere-nos algumas questões: qual o significado de mito? E de logos? Logos é sinônimo de razão? Como relacionar mito e logos (razão)? O racionalista age sempre pela razão? Qual a influência do emocional, do fantasioso e do quimérico em nossas atuações diárias?   

2. Conceito

Mito. A palavra mito tem um sentido próprio e um sentido vulgar. Vulgarmente, a sua noção está associada à ideia de alucinação, delírio, fantasia difícil de se realizar. Propriamente falando, a dimensão mítica do ser humano está vinculada à construção de sentido, sentido este que procura uma explicação para as suas necessidades vitais. Uma dessas necessidades refere-se à criação do mundo e dos seres humanos.

Logos. Nome atribuído a Jesus Cristo, peculiar ao Evangelho de João. Deus considerado como razão, a fonte das ideias na filosofia antiga, e em particular entre os estoicos, como criador que penetra todas as coisas. Verbo divino. Para os propósitos de nosso estudo, logos significa simplesmente razão.

3. Considerações Iniciais

Os mitos nascem pelo medo ao desconhecido. O ser humano, não sabendo explicar a origem da vida e do mundo, cria o mito. Este lhe dá tranquilidade à desordem interna. O mito foi a primeira forma de acesso ao conhecimento. Somente depois é que veio a razão.

Pode-se dizer que o mito fundamenta-se na imaginação; a razão, na explicação racional. Há dois mil anos na Grécia antiga, o ser humano começou a questionar o mundo externo, não pela via mítica, mas pela via da razão, pela explicação racional das coisas.

Na antiguidade, o nascimento da filosofia – que dava ênfase ao logos – tinha por objetivo desconstruir a visão mítica – fantasiosa – do mundo. O dualismo se fez presente. Assim sendo, o mito é atraso, a filosofia traz o progresso; o mito é treva, a filosofia é luz; o mito é obscuro, a filosofia é clara; o mito é a ignorância, a filosofia o saber; o mito é imobilismo, a filosofia representa o progresso histórico; o mito é simbologia, a filosofia constrói argumentos.

A verdade, porém, é que há uma (co) implicação mito-logos. O ser humano é um misto de fé e de razão, de imaginário e de racional. Se dermos muita atenção ao sentimento, prejudicaremos a razão; se dermos muita atenção à razão, poderemos cair na mesma armadilha em que caiu Descartes, ao afirmar que é pela razão que conhecemos a Deus. O pensamento correto seria: somente depois de sentirmos Deus dentro de nós é que teremos condições de analisá-Lo à luz da razão, e não o contrário. Antes de ser racional, o ser humano é afetivo. 

4. O Mito

4.1. “Mitos com Criação” e “Mitos sem Criação”

Os mitos podem ser divididos em “mitos com Criação” e “mitos sem Criação”. Nos “mitos com Criação”, admite-se o surgimento do Universo num tempo zero. Nesse caso, o Universo pode ter sido criado por Deus, emergido do Vazio absoluto, ou surgido da tensão entre a Ordem e o Caos. Exemplo: a criação bíblica, descrita em Gênesis, 1, 1 a 5. Nos “mitos sem Criação”, não se admite um tempo zero. Nesse caso, o Universo existe e existirá para toda a eternidade ou o Universo será continuamente criado e destruído, em um ciclo que se repete para sempre. Exemplo: o Universo pulsante do hinduísmo, no qual a Criação surge e ressurge ciclicamente através da dança do deus Xiva.

4.2. O Sentido Figurado do Mito

O mito adquiriu ao longo do tempo e, mais precisamente na vida hodierna, um sentido figurado, ou seja, evoca a narração fabulosa e fictícia, contrária à verdade.  Equivale a engano, falsidade. Essa interpretação corresponde a uma mentalidade racionalista, para qual somente a razão é capaz de expressar a verdade. Alguns exemplos: o mito do progresso ininterrupto, o mito marxista da vitória dos oprimidos, o mito do socialismo da cidade ideal, o mito do super-homem com a sua vitória sobre o espaço e o tempo, o mito da raça pura etc.

4.3. Mito e Subconsciente

Os mitos estão de tal forma arraigados em nosso subconsciente que, qualquer esforço para expulsá-los, acaba incorrendo em novas formas míticas. Atraímos para nós o que combatemos. Façamos uma analogia com o professor de português, que comete os mesmos erros que combate nos outros. Embora haja enormes dificuldades para suplantar o mito, o trabalho – passar do mito à razão – iniciado pelos gregos, há 2.500 anos, deve ser enfatizado. Estejamos sempre atentos neste empreendimento. 

5. A Razão

5.1. Enquanto Faculdade

A razão é uma faculdade de raciocinar discursivamente, de combinar conceitos e proposições. Para Descartes, é a faculdade de “bem julgar”, ou seja, de discernir o bem do mal, o verdadeiro do falso. Conhecimento natural enquanto oposto ao conhecimento revelado, objeto da fé. Sistema de princípios a priori cuja verdade não depende da experiência. Faculdade de conhecer diretamente o real e o absoluto, por oposição àquilo que é aparente ou acidental. (Lalande, 1993)

5.2. Enquanto Objeto de Conhecimento

Princípio de explicação, o que dá conta de um efeito. É a relação entre causa e efeito, o porquê dessa ligação. Seu sentido original está ligado à expressão “livro da razão”, em que se registram de um lado as receitas e do outro as despesas, para depois dar conta. Razão é aquilo que permite dar conta. Em sentido mais amplo, razão seria a atividade do espírito, que se fundamenta: na especulação, na sistematização do conhecimento e na ordem prática, a sistematização da conduta. (Lalande, 1993)

5.3. A Razão não Cria

Fundada na intuição intelectual generalizadora, a razão de per si não cria; ela é sintetizadora. Falta-lhe, assim, o papel poiético, o papel criador. Nesse sentido, é vicioso o pensamento racionalista que parte de um conhecimento racional aceito prioristicamente. Por outro lado, é fundamental o papel da razão que atua a posteriori, classificando, ordenando, condensando os dados da realidade. (Santos, 1966)

6. O Mito e o Logos

6.1. Evolução Linear do Mito à Razão

A tese da evolução linear do mito à razão não só é historicamente inexata como também não consegue explicar certos fenômenos culturais complexos. No caso extremo, o mito é rebaixado a uma fábula sem valor. É preciso ponderar sobre a dialética mytho/logos, pois já se afirmou que o homem é um ser mítico. Quer dizer, trazemos jungidos ao nosso psiquismo os condicionamentos das diversas narrativas fantasiosas e dos feitos das divindades do politeísmo.

6.2. Fronteira entre o Mito e o Logos

A fronteira entre o mytho e o logos não é percebida com facilidade. Nesse sentido, a astrologia e as demais pseudociências do universo acabaram caindo no mito que combatiam. Vindas para desmoronar o sacrifício das religiões oficiais, terminam criando o cosmo como um grande Anthropos, um homem cuja inteligência reside no movimento eterno e harmônico das esferas celestes, cujos olhos correspondem ao Sol e à Lua e a cujos pés jaz a matéria, num jogo sutil de correspondências regido por um único tema que varia até o infinito. (Enciclopédia Einaudi)

6.3. O Mito-Logos do Cristianismo

O mytho/logos do cristianismo primitivo apresenta uma novidade: o logos se divinizou e ao mesmo tempo se personalizou a ponto de coincidir com a própria pessoa do fundador. Observe que o mito da Trindade provindo das grandes religiões da Antigüidade – como vemos na trindade egípcia formada por Osíris, Ísis e Horus – deu à Igreja a possibilidade de incluir o Cristo na Mitologia Cristã como a segunda pessoa de Deus, de maneira que a Igreja, fundada pelo Cristo segundo a interpretação católico-romana, podia se apresentar como instituição divina do próprio Deus em pessoa.  (Enciclopédia Einaudi)

7. Conclusão

Transformemos a simbologia do mito em uma explicação racional. Vejamos o mito da criação bíblica, em que Deus, do pó da terra, fez o primeiro homem, Adão. Depois de moldá-lo, soprou-lhes a narina e deu-lhe vida. Explicação: o húmus da terra recebeu o sopro divino e se tornou homo. Em outros termos, a matéria (húmus) necessita do sopro (Espírito) para ter vida. A Doutrina Espírita acrescenta o Perispírito, elemento semimaterial próprio para a união entre Espírito e Matéria.

8. Bibliografia Consultada

GIL, F. (Editor). Enciclopedia Einaudi. Lisboa: Imprensa Nacional, 1985-1991.

LALANDE, A. Vocabulário Técnico e Crítico de Filosofia. Tradução por Fátima Sá Correia et al. São Paulo: Martins Fontes, 1993.

SANTOS, M. F. dos. Dicionário de Filosofia e Ciências Culturais. 3. ed. São Paulo: Matese, 1965.

 

Notas do Blog

O Mito e a Desmitologização

A desmitologização é uma necessidade para a vivência religiosa moderna. Contudo, deve ser empreendida de modo ponderado, a fim de se buscar, por detrás da narração mitológica de caráter cosmogônico, o seu autêntico significado existencial. Aquilo que nos mitos ocorre no espaço e no tempo, não é outra coisa do que a expressão da vivência profunda do ser humano em suas camadas mais profundas e do sentido último de sua existência. (http://sbgespiritismo.blogspot.com.br/2008/07/o-mito-e-desmitologizao.html)

Mito e Ritualismo Moderno

A explicação científica dos mitos começa com o antropólogo inglês Friedrich Max Müller (1823-1900) que considera os mitos como descrição poética de fatos da natureza (tempestades, terremotos etc.). A Antropologia moderna prefere a teoria da Claude Lévi-Strauss, que reconhece nos mitos o reflexo de determinadas estruturas sociais dos povos primitivos. Na Renascença, Voltaire escreveu o seu Édipo (1718) para denunciar, por alusão, o poder do clero na França. No século XX, registra-se surpreendente ressurreição dos enredos e personagens mitológicas gregas. O complexo de electra, por exemplo, é retratado nas obras de Hugo von Hofmannsthal (1903) e Robinson Jeffers. (http://sbgespiritismo.blogspot.com.br/2006/09/mito-e-ritualismo-moderno.html)

Thomas Hobbes e o Leviatã

Thomas Hobbes (1588-1679), por estar convencido de que um poder limitado jamais traria paz e harmonia ao Estado, denomina-o de Leviatã, aludindo ao monstro amedrontador da mitologia fenícia. Segundo esta mitologia, o monstro é um ser que não tem medo de nada, mas impõe medo e terror aos outros. Do mesmo modo, Hobbes concebe a instituição do Estado, ou seja, um Estado que deve impor medo e terror, a fim de ser obedecido. Se proceder de outra forma, poderá gerar desavenças e guerras entre os seus concidadãos. (http://sbgfilosofia.blogspot.com.br/2008/07/thomas-hobbes-e-o-leviat.html)


Frases

"Enquanto Pan Gu dormia, seu corpo se transformou em montanhas e seu sangue, em rios." Mito Chinês: A criação de Pan Gu e Nü Wa.

"Eles remaram de volta ao oceano profundo e nunca mais foram vistos." Mito Irlandês: A Viagem de Brân.

"Vivemos pelo mito e o incorporamos, e ele nos incorpora. O que é estranho é como o reconstruímos." Michael Ayrton, The Midas Consequence.

"Os mitos são sonhos públicos; os sonhos são mitos privados." Joseph Campbell, antropólogo.

"... Este homem poderoso, um heroi de peito largo, supremo dentre todas as criaturas, subirá por entre as estrelas até um trono no céu..." Teócrito, Idílio XXIV.

"... As sereias encantam a todos que se aproximam. Não há volta ao lar para o homem que inadvetidamente se aproxima delas..." Circe, na Odisseia, de Homero.

"... Ele era sábio, ele via os mistérios e sabia das coisas secretas, ele nos trouxe uma história dos dias anteriores ao Dilúvio..." A Epopeia de Gilgamesh.

""Um dia durou a batalha, mas infinitas foram as histórias a narrar..." O Ramayana.

"Verdadeiramente quieta em atos e palavras, Sita, em seu silencioso sofrimento, lamenta a ausência de seu senhor." O Ramayana.

"Foi determinado que o solo do fundo do oceano primitivo deveria ser trazido à tona e colocado sobre o casco firme e amplo da Tartaruga..." jeremiah Curtin e J.N.B. Hewitt, Legends, and Myths.

"... E quando a bola foi derrubada novamente, foi a cabeça de Hunahpú que rolou no campo..." Denis Tedlock, The Popol Vuh. 

Extraído de WILKINSON, Philip e Neil Philip. Guia Ilustrado Zahar: Mitologia. Tradução de Áurea Akemi. 2.ª ed., Rio de Janeiro: Zahar, 2010.( http://sbgfilosofia.blogspot.com.br/2011/04/mitologia-algumas-frases.html)

São Paulo, abril de 2018.


Dicionário

"Primeiro os homens sentem sem perceber, depois percebem com a alma perturbada e emocionada, finalmente refletem com a mente pura." (Vico)

O tema das origens exige uma segurança de temporalidade anterior (origens) e uma projeção para dimensões futuras. A busca das origens procura libertar o homem do seu sentimento de desânimo quanto ao seu "ser atualmente" e torna significativa a busca de um fio genealógico que o leva ao devir.

As origens da história privilegia o mito. Pettazzoni tipifica as mitologias genéticas nos seguintes termos: a) mitos cosmogônicos relativos à origem do mundo e da natureza na sua totalidade; b) mitos antropogônicos sobre a origem do homem e da humanidade; c) mitos relativos a deuses que se referem à origem e às vicissitudes primordiais de figuras divinas; d) mitos de fundação heroica e cultural, que narram a origem dos bens culturais, materiais e espirituais como por exemplo, as plantas úteis, as armas de caça, o matrimônio etc.; e) mitos de fundação e introdução da morte que narram o acontecimento primordial a partir da qual a morte entrou no mundo, modificando uma condição original de imortalidade do homem. (GIL, F. (Editor). Enciclopedia Einaudi. Lisboa: Imprensa Nacional, 1985-1991.)