Guerra na Visão Espírita
Guerra. Refere-se à luta armada entre duas ou mais nações ou bandos. Implica o rompimento de um estado de paz. Etimologicamente, procede do germânico werra, que se transformou em war (inglês). Inicialmente, não representava um conflito sangrento, mas algo na linha da discordância, que podia nascer de uma discussão verbal e chegar, no máximo, a um duelo.
Há diversos tipos de guerras. Guerra preventiva (nação declara guerra antes que outra ataque), guerra civil (dentro do próprio país), guerra santa (motivos religiosos), guerra suja (ações fora do quadro legal ou declarado). Há, também, o sentido moral e psicológico como alusão ao combate ou oposição.
As guerras não acontecem por acaso; elas são frutos do livre-arbítrio das pessoas racionais. Nesse caso, elas podem ser justas ou injustas. Para que uma guerra seja justa, há algumas condições: 1) Que haja um direito líquido e certo, injustamente desrespeitado; 2) ocorrer somente depois de esgotados todos os esforços de acordo; 3) equivalência moral entre o bem que se espera, a reparação do direito do ofendido, e os males inerentes ao desencadear da violência.
Idígoras, em seu Vocabulário Teológico para a América Latina, diz que na Bíblia, há mandamentos divinos que conclamam a luta contra os adversários. Daí, percebemos que se trata de um profundo problema humano. Em outras palavras, para defender ou ampliar posses, os indivíduos entram em litígio. Quando as articulações não conseguem o seu fim, a luta se torna inevitável. Em certos casos, a guerra é certamente moral, quando se trata de defender os direitos atingidos ou impedir que os opressores explorem os mais fracos ou pacíficos. Assim, "não é a guerra que se apresenta como injusta, mas sim a sua utilização para causas ou objetivos de opressão".
Em O Livro dos Espíritos, Allan Kardec trata da guerra.
Pergunta 742 - Qual a causa que leva o homem à guerra?
Predominância da natureza animal sobre a espiritual e a satisfação das paixões.
Pergunta 743 - A guerra desaparecerá um dia da face da Terra?
Sim, quando os homens compreenderem a justiça e praticarem a lei de Deus. Então todos os povos serão irmãos.
Pergunta 744 - Qual o objetivo da Providência ao tornar a guerra necessária?
A liberdade e o progresso.
Pergunta 744 a - Se a guerra deve ter como efeito conduzir à liberdade, como se explica que ela tenha geralmente por fim e por resultado a escravização?
Escravização momentânea para sovar os povos, a fim de fazê-los andar mais depressa.
Pergunta 745 - Que pensar daquele que suscita a guerra em seu proveito? (p. 745)
Esse é o verdadeiro culpado e necessitará de muitas existências para expiar todos os assassínios de que foi causa, porque responderá por cada homem cuja morte tenha causado para satisfazer a sua ambição. (http://sbgespiritismo.blogspot.com/2019/08/guerra-na-visao-espirita.html)
Reflexões sobre a Paz
A história da humanidade retrata a história da guerra. Do "homem das cavernas" ao "homem informatizado", ocorreram diversas revoluções, guerras e revoltas. Paralelamente aos combates, os cientistas sociais, os filósofos e os religiosos têm procurado explicações para esse fenômeno. Uns falam que sem a guerra não teríamos atingido o estado do progresso econômico da atualidade; outros, os religiosos, que ela acabará somente quando o homem tiver vencido o egoísmo. Eis um dado assombroso: em 35 séculos tivemos apenas 268 anos de trégua. O terrorismo, depois do episódio de 11 de setembro de 2001, é a bola da vez.
As "pesquisas sobre a paz", que tiveram sua origem nos anos que antecederam a 2.ª grande guerra mundial, têm a incumbência de aplicar os métodos de pesquisa das ciências sociais aos fenômenos da guerra. Nesse mister, Keneth E. Boulding, em seu livro Paz Estável, explica-nos o binômino "guerra-paz", comparando-o com o par "conflito-não-conflito". Ele parte da ideia de que as atividades humanas causam dois tipos de reação: conflito e não-conflito. O não-conflito gera sempre paz; o conflito pode se transformar em guerra ou em paz, dependendo dos interesses e tabus envolvidos na questão. (http://sbgespiritismo.blogspot.com/2008/07/reflexes-sobre-paz_02.html)
Antagonismo
Na filosofia, poder-se-ia dar dois exemplos a respeito do antagonismo. Para Heráclito, o devir se realiza por meio de uma contínua passagem de um contrário ao outro. Daí, parecer que a guerra é o que regula o mundo. Isto é verdade, mas muito superficial. Para Hegel, tudo começa por uma tese (um). Da tese aparece a antítese (dois). O resultado desse antagonismo é a síntese (três). E isso se repete indefinidamente. (http://sbgespiritismo.blogspot.com/2014/07/antagonismo.html)
Involuído e Evoluído
O par de termo involuído/evolvido nos dá ideia da dimensão espiritual do ser humano. O involuído caracteriza o homem ainda envolto com o mal, com o ódio e com a guerra. O evolvido especifica o homem no esforço da grande batalha, que é a prática do bem, do amor e da justiça. Essa dicotomia é importante, porque não podemos ficar no meio termo: somos justos ou não somos. É a questão da formação do caráter que nos diz que devemos agir sempre da mesma maneira nas mesmas circunstâncias.
O involuído está preso ao mal. Procura através da força, da guerra eliminar o mal que lhe tenham causado. Na realidade combate um mal com outro maior. Observe o Estado aplicando a pena de morte naquelas pessoas que cometeram crimes hediondos. Isso não leva a nada, pois a conseqüência é um nível maior de violência, visto que o fogo não se apaga com mais fogo, mas com água. O perdão é o único elemento que verdadeiramente elimina o mal. Sem ele, a humanidade está moralmente perdida. (http://sbgespiritismo.blogspot.com/2008/07/involudo-e-evolvido.html)
Júpiter e Terra
No planeta Terra ainda temos necessidade da sombra do mal para sentir o bem, das trevas para admirar a luz, da doença para apreciar a saúde, da guerra para vislumbrar a paz. Em Júpiter, esses contrastes são desnecessários, pois a eterna luz, a eterna bondade e a eterna serenidade propiciam aos seus habitantes uma eterna alegria. Pelo fato de vivermos num mundo inferior, não conseguimos compreender esse estado de coisas. Mas, mesmo assim, não nos faltam os avisos espirituais para começarmos esse caminho de evolução. (http://sbgespiritismo.blogspot.com/2014/10/jupiter-e-terra.html)
Nos Momentos Graves
Use calma. A vida pode ser um bom estado de luta, mas o estado de guerra nunca será uma vida boa.
Não delibere apressadamente. As circunstâncias, filhas dos Desígnios Superiores, modificam-nos a experiência, de minuto a minuto.
Evite lágrimas inoportunas. O pranto pode complicar os enigmas em vez de resolvê-los.
Se você errou desastradamente, não se precipite no desespero. O reerguimento é a melhor medida para aquele que cai.
Tenha paciência. Se você não chega a dominar-se, debalde buscará o entendimento de quem não o compreende ainda.
Se a questão é excessivamente complexa, espere mais um dia ou mais uma semana, a fim de solucioná-la. O tempo não passa em vão.
A pretexto de defender alguém, não penetre o círculo barulhento. Há pessoas que fazem muito ruído por simples questão de gosto.
Seja comedido nas resoluções e atitudes. Nos instantes graves, nossa realidade espiritual é mais visível.
Em qualquer apreciação, alusiva a segundas e terceiras pessoas, tenha cuidado. Em outras ocasiões, outras pessoas serão chamadas a fim de se referirem a você.
Em hora alguma proclame seus méritos individuais, porque qualquer qualidade excelente é muito problemática no quadro de nossas aquisições. Lembre-se de que a virtude não é uma voz que fala, e sim um poder que irradia. (Xavier, Francisco Cândido. Agenda Cristã, pelo Espírito André Luiz, Capítulo 10)
Viver em Paz
“... Vivei em paz...” – Paulo. (2ª Epístola aos Coríntios, 13:11.)
Mantém-te em paz.
É provável que os outros te guerreiem gratuitamente, hostilizando-te a maneira de viver; entretanto, podes avançar em teu roteiro, sem guerrear a ninguém.
Para isso, contudo – para que a tranquilidade te banhe o pensamento –, é necessário que a compaixão e a bondade te sigam todos os passos.
Assume contigo mesmo o compromisso de evitar a exasperação.
Junto da serenidade, poderás analisar cada acontecimento e cada pessoa no lugar e na posição que lhes dizem respeito.
Repara, carinhosamente, os que te procuram no caminho...
Todos os que surgem, aflitos ou desesperados, coléricos ou desabridos, trazem chagas ou ilusões. Prisioneiros da vaidade ou da ignorância, não souberam tolerar a luz da verdade e clamam irritadiços... Unge-te de piedade e penetra-lhes os recessos do ser, e identificarás em todos eles crianças espirituais que se sentem ultrajadas ou contundidas.
Uns acusam, outros choram.
Ajuda-os, enquanto podes.
Pacificando-lhes a alma, harmonizarás, ainda mais, a tua vida.
Aprendamos a compreender cada mente em seu problema.
Recorda-te de que a Natureza, sempre divina em seus fundamentos, respeita a lei do equilíbrio e conserva-a sem cessar.
Ainda mesmo quando os homens se mostram desvairados, nos conflitos abertos, a Terra é sempre firme e o Sol fulgura sempre.
Viver de qualquer modo é de todos, mas viver em paz consigo mesmo é serviço de poucos. (Xavier, Francisco Cândido. Fonte Viva, pelo Espírito Emmanuel, capítulo 123)