Moral Estranha 

Perguntas e Respostas

1) Que se entende por moral? 

A moral é a regra da boa conduta e, portanto, da distinção entre o bem e o mal. Funda-se na observação da lei de Deus.

2) O que significa estranho?

De o verbo estranhar, achar extraordinário, oposto aos costumes, ao hábito. Achar diferente do que seria natural esperar-se. Fora do comum, desusado, anormal. Misterioso, enigmático.

3) As palavras perdem seu significado? 

Muitas palavras, ao longo do tempo, perderam o seu significado original. Há, para esse mister, os estudos da etimologia e da semântica. Sócrates, na Antiguidade dizia que, antes de começarmos uma discussão, deveríamos bem definir os termos a serem utilizados, pois esse procedimento evitaria os costumeiros "ruídos" na comunicação. 

4) E quanto ao significado das palavras de Cristo?

Há duas ressalvas: 1.ª) os apóstolos escreveram os Evangelhos muito tempo depois da morte de Cristo; 2.ª) os problemas de tradução de uma língua para outra.

5) Como está posto o texto evangélico?

“Se alguém vem a mim, e não odeia seu pai e sua mãe, sua mulher e seus filhos, seus irmãos e suas irmãs, e mesmo sua própria vida, não pode ser meu discípulo. E todo aquele que não carrega sua cruz e não me segue, não pode ser meu discípulo. Assim, todo aquele que dentre vós não renuncia a tudo o que tem, não pode ser meu discípulo”. (Lucas, 14, 25 a 27 e 33)

“Aquele que ama seu pai ou sua mãe mais do que a mim, não é digno de mim; aquele que ama seu filho ou sua filha mais do que a mim não é digno de mim”. (Mateus, 10, 37)

6) O que significa odiar?

Em latim, grego e hebreu, a palavra odiar não significa odiar como entendemos hoje, mas amar menos, não amar tanto quanto, igual a outro.

7) Como interpretar o "deixar pai e mãe"?

Deixar pai e mãe não significa abandoná-los, mas ter em mente que a vida futura tem mais importância do que as relações de parentesco.

8) Como o Espírito Emmanuel interpreta a palavra renúncia?

Renunciar ao pai, mãe e irmãos não é abandoná-los, mas aceitar cada qual tal qual é, sem querer que eles passem a pensar pela nossa cabeça. 

9) Como entender o “deixar os mortos enterrar os mortos”? 

Jesus não recomendou ao aprendiz deixasse “aos cadáveres o cuidado de enterrar os cadáveres”, e sim conferisse “aos mortos o cuidado de enterrar os seus mortos”. Há, em verdade, grande diferença. O cadáver é carne sem vida, enquanto um morto é alguém que se ausenta da vida. 

10) Como interpretar o "não vim trazer a paz, mas a espada"?

Toda a ideia nova gera oposição. O "novo", quando fundamentado na lógica e na razão, fere interesses pessoais. Isso acontece na Ciência, na Filosofia e, também, na Religião. Por isso a importância da nova ideia é proporcional à resistência encontrada. Pois, se julgada sem consequência, deixá-la-iam passar, mas, como sentem-se ameaçados, fazem de tudo para dificultar a sua propagação.

(Reunião de 08/06/2013)

Fonte de Consulta 

KARDEC, A. O Evangelho Segundo o Espiritismo. 39. ed. São Paulo: IDE, 1984.

KARDEC, A. O Livro dos Espíritos. 8. ed. São Paulo: Feesp, 1995.

XAVIER, F. C. Fonte Viva, pelo Espírito Emmanuel. Rio de Janeiro: FEB, [s.d.p.]

XAVIER, F. C. Caminho, Verdade e Vida, pelo Espírito Emmanuel. 6. ed. Rio de Janeiro: FEB, 1973. (https://sites.google.com/view/aprofundamentodoutrinario/moral-estranha?authuser=0  )


Texto Curto no Blog

Moral Estranha

Moral é a regra da boa conduta e, portanto, da distinção entre o bem e o mal. Funda-se na observação da lei de Deus. Estranho. De o verbo estranhar, achar extraordinário, oposto aos costumes, ao hábito. Achar diferente do que seria natural esperar-se. Fora do comum, desusado, anormal. Misterioso, enigmático.

Muitas palavras, ao longo do tempo, perderam o seu significado original. Há, para esse mister, os estudos da etimologia e da semântica. Sócrates, na Antiguidade dizia que, antes de começarmos uma discussão, deveríamos bem definir os termos a serem utilizados, pois esse procedimento evitaria os costumeiros "ruídos" na comunicação. Em se tratando das palavras de Cristo, há duas ressalvas: 1.ª) os apóstolos escreveram os Evangelhos muito tempo depois da morte de Cristo; 2.ª) os problemas de tradução de uma língua para outra.

O texto evangélico está posto nos seguintes termos: “Se alguém vem a mim, e não odeia seu pai e sua mãe, sua mulher e seus filhos, seus irmãos e suas irmãs, e mesmo sua própria vida, não pode ser meu discípulo. E todo aquele que não carrega sua cruz e não me segue, não pode ser meu discípulo. Assim, todo aquele que dentre vós não renuncia a tudo o que tem, não pode ser meu discípulo”. (Lucas, 14, 25 a 27 e 33) “Aquele que ama seu pai ou sua mãe mais do que a mim, não é digno de mim; aquele que ama seu filho ou sua filha mais do que a mim não é digno de mim”. (Mateus, 10, 37)

Algumas explicações:

Nesta reflexão, percebemos que o termo odiar que dizer amar menos e deixar pai e mãe não é lançá-los à própria sorte, mas adquirir condições de aceitá-los tais quais são como gostaríamos que nos aceitassem como somos. (http://sbgespiritismo.blogspot.com/2011/08/estranha-moral.html)


Em Forma de Palestra

Moral Estranha

1. Introdução 

O objetivo deste estudo é refletir sobre algumas frases evangélicas, tais como, “odiar pai e mãe”, “deixar os mortos enterrar os mortos”, que causam estranheza e desconforto aos nossos olhos e ouvidos.

2. Conceito

Moral - Da raiz latina mores = costumes, conduta, comportamento, modo de agir. É o conjunto sistemático de normas que orientam o homem para a realização do seu fim (essência).

A moral é a regra da boa conduta e, portanto, da distinção entre o bem e o mal. Funda-se na observação da lei de Deus. O homem se conduz bem quando faz tudo tendo em vista o bem e para o bem de todos, porque então tende a Deus. (Pergunta 629 de O Livro dos Espíritos)

Estranho. De o verbo estranhar, achar extraordinário, oposto aos costumes, ao hábito. Achar diferente do que seria natural esperar-se. Fora do comum, desusado, anormal. Misterioso, enigmático.

3. O Problema do Significado das Palavras 

Etimologia – ciência que investiga as origens próximas e remotas das palavras e sua evolução histórica – e semântica – estudo das mudanças que no espaço e no tempo, experimenta a significação das palavras consideradas como sinais das idéias – são os dois termos que usamos para apreender o real significado de uma palavra.

As contradições nos debates são muitas vezes fruto das diferentes interpretações que a mesma palavra oferece.  Nesse sentido, Sócrates, filósofo grego da Antigüidade, orientava-nos para bem definir o termo antes de começarmos a discutir.  Adquirindo o hábito de enunciar a terminologia correta, pouparemos o tempo que o grupo gasta na compreensão do seu significado.

Exemplos: 1) a palavra Philosophia, com ph, difere substancialmente da mesma palavra escrita sem o ph. A philosophia dos gregos que, enquanto palavra grega, é um caminho, caminho sobre o qual estamos a caminho. Quer dizer, há sempre uma procura renovada do arche, da ratio, do ti estin. Sem o ph pode significar simplesmente uma maneira de viver. 2) Na época de Sócrates, falava-se do daimon (Espírito protetor); hoje, entendido como demônio.

Com relação à doutrina evangélica, especifiquemos duas dificuldades: 1.ª) os apóstolos escreveram os Evangelhos muito tempo depois da morte de Cristo; 2.ª) os problemas de tradução de uma língua para outra.

Em vista do exposto, convém nos valermos das orientações dadas pelos Espíritos benfeitores, a fim de lançarmos um pouco de luz nas trevas de nossa ignorância.

4. Odiar Pai e Mãe 

4.1. O Texto Evangélico 

“Se alguém vem a mim, e não odeia seu pai e sua mãe, sua mulher e seus filhos, seus irmãos e suas irmãs, e mesmo sua própria vida, não pode ser meu discípulo. E todo aquele que não carrega sua cruz e não me segue, não pode ser meu discípulo. Assim, todo aquele que dentre vós não renuncia a tudo o que tem, não pode ser meu discípulo”. (Lucas, 14, 25 a 27 e 33)

“Aquele que ama seu pai ou sua mãe mais do que a mim, não é digno de mim; aquele que ama seu filho ou sua filha mais do que a mim não é digno de mim”. (Mateus, 10, 37)

4.2. O Significado da Palavra Odiar 

Non odit em latim, kai ou misei em grego, não quer dizer odiar mas amar menos. O que exprime o verbo grego misein, o verbo hebreu, do qual deve ter se servido Jesus, o diz ainda melhor; não significa somente odiar, mas amar menos, não amar tanto quanto, igual a um outro. No dialeto siríaco, do qual se diz que Jesus usava mais freqüentemente, essa significação é ainda mais acentuada. A palavra odiar se refere, portanto, ao sentido de ódio como o entendemos na atualidade. E mesmo que quiséssemos traduzir por odiar, iríamos de encontro ao caráter e a personalidade de Jesus. De duas uma: ou a palavra foi escrita de forma indevida, ou a tradução não pode captar o seu verdadeiro significado. De qualquer forma, tomá-la como amar menos faz mais sentido e dá uma conotação mais racional ao nosso modo de pensar.

4.3. Deixar Pai e Mãe 

Quando Jesus nos chama para o seu apostolado e pede-nos para deixarmos pai e mãe, isso não significa que devemos abandoná-los ao sabor da sorte, o que implicaria em falta de caridade, virtude constantemente pregada por Ele mesmo. O que se depreende daí é que devemos nos preocupar com a vida futura, a vida religiosa. Esta tem para nós mais importância do que os nossos parentes e amigos. Quantas não são as pessoas que não podem freqüentar uma religião porque um dos seus familiares não o permite? Quantas pessoas não vão às escondidas ao um Centro Espírita? E por que não proclamam abertamente a sua religião? Simplesmente para não perturbar o ambiente doméstico.

O Espírito Emmanuel nos alerta: “renunciar por amor ao Cristo é perder as esperanças da Terra, conquistando as do Céu”. Ele nos diz: “Se os pais são incompreensíveis, se a companheira é ingrata, se os irmãos parecem cruéis, é preciso renunciar à alegria de tê-los melhores ou perfeitos, a fim de trabalhar no aperfeiçoamento com Jesus. Acaso, não encontras compreensão no lar? Os amigos e irmão são indiferentes e rudes? Permanece ao lado deles, mesmo assim, esperando para mais tarde o júbilo de encontrar os que se afinam perfeitamente contigo”. (Xavier, 1973, cap. 154)

5. Deixar os Mortos Enterrar os Mortos 

5.1. O Texto Evangélico 

“Ele disse a um outro: Segui-me; e ele lhe respondeu: Senhor, permiti-me ir antes enterrar meu pai. Jesus lhe respondeu: Deixai aos mortos o cuidado de enterrar seus mortos, mas por vós ide anunciar o reino de Deus”. (Lucas, 9, 59 e 60)

5.2. O Significado de Deixar os Mortos Enterrar os Mortos 

Nas circunstâncias em que foram ditas, essas palavras não exprimem uma censura àquele que considera um dever de piedade filial ir enterrar o seu pai; elas encerram um sentido mais profundo, um sentido espiritual.

“A vida espiritual, com efeito, é a verdadeira vida; é a vida normal do Espírito; sua existência terrestre não é senão transitória e passageira; é uma espécie de morte comparada ao esplendor e à atividade da vida espiritual. O corpo não é senão uma veste grosseira que reveste momentaneamente o Espírito, verdadeira cadeia que o prende à gleba da Terra, e da qual se sente feliz de estar livre. O respeito que se tem pelos mortos não se prende à matéria, mas, pela lembrança, ao Espírito ausente; é análogo àquele que se tem pelos objetos que lhe pertenceram, que tocou, e que aqueles que o amam guardam como relíquias”. (Kardec, 1984, p. 277)

5.3. Acorda e Ajuda 

O Espírito Emmanuel, comentando o texto evangélico, diz-nos que Jesus não recomendou ao aprendiz deixasse “aos cadáveres o cuidado de enterrar os cadáveres”, e sim conferisse “aos mortos o cuidado de enterrar os seus mortos”. Há, em verdade, grande diferença. O cadáver é carne sem vida, enquanto um morto é alguém que se ausenta da vida. Nesta lição ele fala dos trânsfugas da evolução, dos que mergulham em sepulcros de ouro, de vício, de amargura e de ilusão, os verdadeiros mortos para os atributos da evolução espiritual. Conclui dizendo: “se encontrares algum cadáver, dá-lhe a bênção da sepultura, na relação das tuas obras de caridade, mas, em se tratando da jornada espiritual, deixa sempre “aos mortos o cuidado de enterrar os seus mortos””. (Xavier, s.d.p., cap. 143)

6. Não Vim Trazer a Paz, mas a Divisão 

6.1. O Texto Evangélico 

A paz e a espada representam um  ensinamento  transmitido  por Jesus.  Mateus, no cap. X, vv. 34 a 36, narra  essa  passagem evangélica  nos seguintes termos: "Não penseis que eu vim  trazer paz sobre a Terra; eu não vim trazer a paz, mas a espada;  porque eu vim separar o homem de seu pai, a filha de sua mãe e a nora de sua  sogra;  e  o homem terá por inimigos os de  sua  casa".  Lucas,  no  cap.  XII,  vv.  49 a 53,  trata  do  mesmo  assunto, acrescentando  que Jesus viera lançar fogo sobre a Terra e  tinha pressa que ele se acendesse.

6.2. O Significado de Paz e Espada 

Paz  -  do  lat. pax, pacis - é a tranqüilidade  da  ordem.  É a aspiração fundamental  de cada homem e de toda a  humanidade,  a ponto  de seu conceito quase ser confundido com o de  felicidade. Espada  -  do  gr. spáthe, pelo lat. spatha - é  a  arma  branca, formada de uma lâmina comprida e pontiaguda, de um ou dois gumes. Símbolo do  Estado Militar e de sua virtude. Relacionada com  a balança, significa justiça: separa o bem do mal, julga o culpado.

6.3. A Interpretação Simbólica da Paz e da Espada 

O ensinamento da paz e da espada, como tantos outros ensinamentos trazidos por Jesus, possui conteúdo alegórico. A interpretação do referido  trecho varia de seita para seita. A espada  do  Cristo, que  era de fraternidade, passa a ser instrumento de violência  e opressão  nas  mãos dos propagadores de determinadas  seitas.  Os próprios  cristãos, de perseguidos, passam a  ser  perseguidores. Não é, pois, de se estranhar que as guerras religiosas destruíram mais do que as guerras políticas.

Toda  a  idéia nova gera oposição. Eis  a  correta  interpretação dessa  passagem  evangélica.  O "novo",  quando  fundamentado  na lógica  e  na razão, fere interesses pessoais. Isso  acontece  na  Ciência,  na   Filosofia  e,  também,  na   Religião.  Por  isso   a importância   da   nova  idéia  é  proporcional   à   resistência encontrada.  Pois,  se  julgada  sem  conseqüência,  deixá-la-iam passar,  mas,  como  sentem-se  ameaçados,  fazem  de  tudo  para dificultar a sua propagação.

O Espiritismo, à semelhança do Socratismo e do Cristianismo, traz um novo paradigma para a humanidade, e pode ser interpretado como uma  nova  espada.  Não será aceita sem  lutas,  controvérsias  e oposições.  Sua pujança não está nas disputas sangrentas, mas  na modificação interior  que  proporciona  a  cada  um  de seus adeptos. A questão da espada será muito mais uma guerra de cada um contra si mesmo  e  contra  todo  o  mal,  fazendo  com  que  possamos  ser "promotores da paz".

7. Conclusão 

Nesta reflexão percebemos que o termo odiar quer dizer amar menos e deixar pai e mãe não é lançá-los à própria sorte, mas adquirir condições de aceitá-los tais quais são como gostaríamos que nos aceitassem como somos.

8. Bibliografia Consultada 

KARDEC, A. O Evangelho Segundo o Espiritismo. 39. ed. São Paulo: IDE, 1984.

KARDEC, A. O Livro dos Espíritos. 8. ed. São Paulo: Feesp, 1995.

XAVIER, F. C. Fonte Viva, pelo Espírito Emmanuel. Rio de Janeiro: FEB, [s.d.p.]

XAVIER, F. C. Caminho, Verdade e Vida, pelo Espírito Emmanuel. 6. ed. Rio de Janeiro: FEB, 1973.  

São Paulo, 12/05/2004.



Notas do Blog

Consciência (Moral)

Ao longo do tempo, porém, a lei escrita teve mais peso do que a lei moral. Os fariseus, por exemplo, quiseram aplicar a lei de forma objetiva e calculada. Jesus Cristo, ao contrário, procurou combater a moral exterior. Em Lucas 11, 33 a 35, ele diz: “E ninguém, acendendo uma candeia, a põe em oculto, nem debaixo do alqueire, mas no velador, para que os que entram vejam a luz. A candeia do corpo é o olho. Sendo, pois, o teu olho simples, também todo o teu corpo será luminoso; mas, se for mau, também o teu corpo será tenebroso. Vê, pois, que a luz que em ti há não sejam trevas”.  (http://sbgespiritismo.blogspot.com/2012/03/consciencia-moral.html)

Faculdades Morais e Intelectuais

Faculdade é uma potência inata da alma. Exemplo: a potência de sentir (a sensibilidade); a potência de pensar (inteligência). Moral é o conjunto das obrigações ou das proibições que a impomos a nós mesmos; concerne ao bem-estar de outras pessoas e nossa responsabilidade para com elas. Intelectual. Que pertence à inteligência, que está na inteligência. Inteligência. Faculdade que tem o espírito de resolver um problema, de compreender o complexo, o novo. (http://sbgespiritismo.blogspot.com/2019/05/faculdades-morais-e-intelectuais.html)

Ética e Moral

Ética — do grego ethos significa comportamento; Moral — do latim mores, costumes. Embora utilizamos os dois termos para expressarmos as noções do bem e do mal, convém fazermos uma distinção: a Moral é normativa, enquanto a Ética é especulativa. A Moral, referindo-se aos costumes dos povos nas diversas épocas, é mais abrangente; a Ética, procurando o nexo entre os meios e os fins dos referidos costumes, é mais específica. Pode-se dizer, que a Ética é a ciência da Moral. (http://sbgfilosofia.blogspot.com/2008/06/etica-e-moral.html)

Fundamento da Moral

A moral deve ser fundamentada no universal. Quando um conceito se universaliza, ele serve para qualquer situação. Para Kant, um comportamento pode ser considerado moral quando é universalizável. Por isso, a crença no imperativo categórico, ou seja, no comportamento que se prende a uma norma que ultrapassa o caso concreto, a utilidade ou o interesse pessoal. (http://sbgfilosofia.blogspot.com/2014/08/fundamento-da-moral.html)

Moral

A moral não tem necessidade de um porvir. O presente lhe basta. Por quê? O valor de uma ação não depende de seus efeitos esperados, mas simplesmente da regra à qual se submete. Se nos fosse anunciado o fim do mundo, em nada abalaria a nossa moral, pois para ela tanto faz estar neste mundo como em outros. (http://sbgfilosofia.blogspot.com/2011/10/moral.html)


Dicionário

Moral. Concernente ao bem-estar de outras pessoas e nossa responsabilidade para com elas. Problemas e preceitos morais referem-se a ações que podem ser maléficas ou benéficas para outrem. (1)

Moralidade. Sistema de preceitos morais. Sin. morais, código moral. Para ser viável, um código moral deve ser coercitivo (negativo) em alguns aspectos e permissivo (ou positivo) em outros. Isto é, deve equilibrar ônus e recompensas. Tipicamente, as moralidades religiosas pospõem recompensas e punições à vida após a morte, ao passo que as moralidades humanistas as procuram ou as encaram em vida. Em todo grupo social há um código moral dominante - muito embora ele seja algumas vezes transgredido por certos indivíduos. A ética pode ser definida como o estudo de problemas, preceitos e códigos morais. (1) 

Moral (morale). O conjunto dos nossos deveres; em outras palavras, das obrigações ou das proibições que impomos a nós mesmos, independentemente de qualquer recompensa ou sanção esperada, e até de toda esperança.

Imaginemos que nos anunciem o fim do mundo, certo, inevitável, para amanhã de manhã. A política, que necessita de um porvir, não sobreviveria ao anúncio. E a moral? Ela permaneceria, no essencial, inalterada. O fim do mundo, mesmo inevitável a curtíssimo prazo, não autorizaria ninguém a debochar dos enfermos, a caluniar, a violar, a torturar, a assassinar, em suma, a ser egoísta ou malvado. Não necessita de esperança. A vontade lhe basta. "Uma ação realizada por dever não tira seu valor do objetivo a ser alcançado por ela, mas da máxima segundo a qual é decidida", ressalta Kant. Seu valor não depende dos seus efeitos esperados, mas apenas da regra à qual se submete, independentemente de qualquer inclinação, de qualquer cálculo egoísta, enfim "sem levar em conta nenhum dos objetos da faculdade de desejar" e "fazendo-se abstração dos fins que podem ser alcançados por tal ação" (Fundamentos..., I)... É por isso que a moral é desesperada, pelo menos em certo sentido, e desesperadora talvez. "Ela não tem a menor necessidade da religião", insiste Kant, nem de um fim ou objetivo qualquer: "ela se basta a si própria" (A religião nos limites da simples razão, Prefácio).

A moral é livre, como diria Rousseau ("a obediência à lei prescrita para si mesmo é liberdade"), ou autônoma, como diria Kant (porque o indivíduo está submetido unicamente à "sua legislação própria e, no entanto, universal").

Essa moral é mesmo universal? Nunca completamente, sem dúvida: todos sabem que existem morais diferentes, que variam de acordo com os lugares e as épocas. Mas ela é universalizável sem contradição e, aliás, cada vez mais universal, de fato. 

De onde vem essa moral? De Deus? Não é impossível: ele pode ter colocado em nós, como queria Rousseau, "a imortal e celeste voz" da consciência, que prevaleceria, ou deveria prevalecer, sobre qualquer outra consideração, ainda que fosse esta a da nossa salvação ou da sua própria glória... Mas e se não há Deus? Nesse caso, devemos pensar que a moral é nada mais que humana, que é simplesmente um produto da história, o conjunto das normas que a humanidade, ao longo dos séculos, reteve, selecionou, valorizou. Por que essas? Sem dúvida porque elas eram favoráveis à sobrevivência e ao desenvolvimento da espécie (é o que chamo de moral segundo Darwin), aos interesses da sociedade (é a moral segundo Durkheim), às exigências da razão (é a moral segundo Kant), enfim às recomendações do amor (é a moral segundo Jesus ou Spinosa). (2)

Moral. deriva de mos, "costume", do mesmo modo ética vem de ___, sendo por essa razão que "ética" e "moral" são empregadas às vezes indistintamente. O termo "moral" costuma ter uma significação mas ampla que o vocábulo "ética". 

Kant distinguiu entre moralidade e legalidade. Hegel diferenciou a moralidade subjetiva (Moralität) da moralidade enquanto moralidade objetiva (Sittlichkeit). Traduz-se por vezes Moralität por "moralidade" e Sittlichkeit por "eticidade". De fato, enquanto a Moralität consiste no cumprimento do dever por um ato de vontade, a Sittlichkeit é a obediência à lei moral enquanto fixada pelas normas, leis e costumes da sociedade, que representa por sua vez o espírito objetivo ou uma das formas deste. 

O termo "moral" foi usado muitas vezes como adjetivo quando aplicado a uma pessoa determinada, da qual se diz então que "é moral". Isso evocou vários problemas: 1) em que consiste ser moral? 2) É possível ser moral? 3) Deve-se ser moral? Este último problema foi debatido na forma de "se se deve (ou não) fazer o que é justo (enquanto moralmente justo)". A resposta parece óbvia: deve-se ser moral ou fazer o (moralmente) justo. Contudo, tão logo se procura encontrar uma razão que explique por que se deve ser moral, surge toda espécie dificuldades. Trata-se de dificuldades inerentes ao "fundamento da moralidade", de que tratamos em diversos verbetes de temática ética (verbetes com bem; boa vontade; boas razões; dever; deôntico; ética etc.). (3)

(1) BUNGE, M. Dicionário de Filosofia. Tradução de Gita K. Guinsburg. São Paulo: Perspectivas, 2002. (Coleção Big Bang)

(2) COMTE-SPONVILLE, André. Dicionário Filosófico. Tradução de Eduardo Brandão. São Paulo: Martins Fontes, 2003.

(3) MORA, J. Ferrater. Dicionário de Filosofia. São Paulo: Loyola, 2004.


Pensamentos

"Nunca deixe seu senso moral impedir você de fazer o que é certo." (Isaac Asimov, Fundação (1951)

"A moral é uma, os pecados são diferentes." (Machado de Assis)

"Primeiro vem o estômago, depois a moral." (Bertolt Brecht)

"O que finalmente eu mais sei sobre a moral e as obrigações do homem devo ao futebol..." (Albert Camus)

"A moral consiste em fazer prevalecer os instintos simpáticos sobre os impulsos egoístas." (Auguste Comte)

"A personalidade criadora deve pensar e julgar por si mesma, porque o progresso moral da sociedade depende exclusivamente da sua independência." (Albert Einstein)

"Onde me devo abster da moral, deixo de ter poder." (Johann Goethe)

"Moral é o que te faz sentir bem depois de tê-lo feito, e imoral o que te faz sentir mal." (Ernest Hemingway)

"A moral, propriamente dita, não é a doutrina que nos ensina como sermos felizes, mas como devemos tornar-nos dignos da felicidade." (Immanuel Kant)

"Os nossos inimigos contribuem mais do que se pensa para o nosso aperfeiçoamento moral. Eles são os historiadores dos nossos erros, vícios e imperfeições." (Marquês de Maricá)

"Não há fenômenos morais, mas apenas uma interpretação moral de fenômenos..." (Friedrich Nietzsche)

"A consciência é o melhor livro de moral e o que menos se consulta." (Blaise Pascal)

"Para a política o homem é um meio; para a moral é um fim. A revolução do futuro será o triunfo da moral sobre a política." (Ernest Renan)

"Os homens hão-de aprender que a política não é a moral e que se ocupa apenas do que é oportuno." (Henry David Thoreau)

"Uma coletânea de pensamentos é uma farmácia moral onde se encontram remédios para todos os males." (Voltaire)


Mensagem Espírita

Paz do Mundo e Paz do Cristo

“A paz vos deixo, a minha paz vos dou; não vô-la dou como o mundo a dá.” Jesus. (João, 14:27.)

É indispensável não confundir a paz do mundo com a paz do Cristo.

A calma do plano inferior pode não passar de estacionamento.

A serenidade das esferas mais altas significa trabalho divino, a caminho da Luz Imortal.

O mundo consegue proporcionar muitos acordos e arranjos nesse terreno, mas somente o Senhor pode outorgar ao espírito a paz verdadeira.

Nos círculos da carne, a paz das nações costuma representar o silêncio provisório das baionetas; a dos abastados inconscientes é a preguiça improdutiva e incapaz; a dos que se revoltam, no quadro de lutas necessárias, é a manifestação do desespero doentio; a dos ociosos sistemáticos é a fuga ao trabalho; a dos arbitrários é a satisfação dos próprios caprichos; a dos vaidosos é o aplauso da ignorância; a dos vingativos é a destruição dos adversários; a dos maus é a vitória da crueldade; a dos negociantes sagazes é a exploração inferior; a dos que se agarram às sensações de baixo teor é a viciação dos sentidos; a dos comilões é o repasto opulento do estômago, embora haja fome espiritual no coração.

Há muitos ímpios, caluniadores, criminosos e indiferentes que desfrutam a paz do mundo. Sentem-se triunfantes, venturosos e dominadores no século. A ignorância endinheirada, a vaidade bem vestida e a preguiça inteligente sempre dirão que seguem muito bem.

Não te esqueças, contudo, de que a paz do mundo pode ser, muitas vezes, o sono enfermiço da alma. Busca, desse modo, aquela paz do Senhor, paz que excede o entendimento, por nascida e cultivada, portas a dentro do espírito, no campo da consciência e no santuário do coração. (XAVIER, Francisco Cândido. Vinha de Luz, pelo Espírito Emmanuel. FEB,capítulo 105)

A Espada Simbólica 

“Não cuideis que vim trazer a paz à Terra; não vim trazer a paz, mas a espada.” — Jesus. (Mateus, capítulo 10, versículo 34.)

Inúmeros leitores do Evangelho perturbam-se ante essas afirmativas do Mestre Divino, porquanto o conceito de paz, entre os homens, desde muitos séculos foi visceralmente viciado. Na expressão comum, ter paz significa haver atingido garantias exteriores, dentro das quais possa o corpo vegetar sem cuidados, rodeando-se o homem de servidores, apodrecendo na ociosidade e ausentando-se dos movimentos da vida.

Jesus não poderia endossar tranquilidade desse jaez, e, em contraposição ao falso princípio estabelecido no mundo, trouxe consigo a luta regeneradora, a espada simbólica do conhecimento interior pela revelação divina, a fim de que o homem inicie a batalha do aperfeiçoamento em si mesmo. O Mestre veio instalar o combate da redenção sobre a Terra. Desde o seu ensinamento primeiro, foi formada a frente da batalha sem sangue, destinada à iluminação do caminho humano. E Ele mesmo foi o primeiro a inaugurar o testemunho pelos sacrifícios supremos.

Há quase vinte séculos vive a Terra sob esses impulsos renovadores, e ai daqueles que dormem, estranhos ao processo santificante!

Buscar a mentirosa paz da ociosidade é desviar-se da luz, fugindo à vida e precipitando a morte. No entanto, Jesus é também chamado o Príncipe da Paz.

Sim, na verdade o Cristo trouxe ao mundo a espada renovadora da guerra contra o mal, constituindo em si mesmo a divina fonte de repouso aos corações que se unem ao seu amor; esses, nas mais perigosas situações da Terra, encontram, nele, a serenidade inalterável. É que Jesus começou o combate de salvação para a Humanidade, representando, ao mesmo tempo, o sustentáculo da paz sublime para todos os homens bons e sinceros. (XAVIER, Francisco Cândido. Caminho, Verdade e Vida, pelo Espírito Emmanuel. FEB, capítulo 104)