Parábola do Filho Pródigo
Esta é uma das mais conhecidas e sugestivas parábolas evangélicas. Foi apresentada por Jesus, aos que o censuravam por dar bom acolhimento aos “pecadores”. Jesus quer chamar a atenção do ser humano quanto ao perdão incondicional. Quer ensinar-nos que o Pai, misericordioso que é, está sempre disposto a nos dar uma nova oportunidade, mesmo que tenhamos caído nos maiores deslizes.
A parábola do filho pródigo retrata a história de um mancebo que, tendo recebido a sua herança, parte para um país longínquo. Depois de muitas contradições e sofrimento, volta para o seio paterno, disposto a pedir-lhe perdão pelos erros cometidos. O seu pai o recebe com muita alegria e lhe dá uma grande festa, matando, inclusive, um novilho, para festejar. O outro filho, o que ficou cuidando dos negócios do pai, vendo aquela festa se sente menosprezado, censurando gravemente o seu pai.
Esta parábola procura mostrar os descasos do coração humano e o beneplácito do amor divino. O filho mais moço representa o ser humano sem experiência e, portanto, mais afoito pelas aventuras na vida. O lugar longínquo representa a distância dos conselhos e das recriminações do pai. É o lugar do erro, da liberdade viciosa, do dinheiro e dos prazeres. Distante dos ensinamentos morais, sofreu todo o tipo de indigência, precipitou-se no vazio espiritual e foi presa fácil do maligno.
Ponderemos o “caindo em si” desta parábola. Judas sonhou com o domínio político, mas quando caiu em si, Jesus já tinha sido entregue aos juízes. O “caindo em si” mostra a nossa percepção do erro, o arrependimento e a tomada de posição para a nova vida, como fizeram Maria de Madalena, Pedro, Paulo e outros. O Espírito Emmanuel, ao comentar essa passagem, diz: “Cai, contudo, em ti mesmo, sob a bênção de Jesus e, transferindo-te, então, da inércia para o trabalho incessante pela tua redenção, observarás, surpreendido, como a vida é diferente”.
Quando o filho se apresentou ao pai, este não esperou que o seu filho lhe explicasse toda a sua amargura. Teve compaixão. O pai, de relance, percebeu toda a dor que o seu filho tinha passado. Para que aumentá-la com exigências ou explicações? Simplesmente recebeu-o nos braços. Quis, em contrapartida, dar uma festa, para comemorar. O outro filho, porém, censurou-o. Moral da história: podemos tender tanto para a prodigalidade quanto para o egoísmo.
O filho mais novo foi dissipador; o que ficou procedeu como quem lastima o dever cumprido. Ambas as situações devem ser motivos de reflexão para a nossa caminhada espiritual. Estamos sempre sujeitos a cometer os mesmos erros dos outros. (http://sbgespiritismo.blogspot.com/2009/07/parabola-do-filho-prodigo.html)
Parábola do Filho Pródigo
1. Introdução
O que pretendia Jesus ao proferir esta parábola? Por que tantas pessoas famosas usaram-na em suas prédicas? O que ela contém de especial? Analisemos, portanto, o filho pródigo, o pai e o filho que ficou.
2. Conceito
Parábola. Do grego parabolé, que vem de pará (= ao longo de, ao lado de, passando perto, junto de) e bolé (= o que foi jogado). Bolé vem do verbo grego bállo, que significa jogar, lançar. Para expressar o ato de lançar uma pedra, que passa de raspão, os gregos usam o verbo paraboleúomai.
Pródigo. Que despende mais do que é necessário ou conveniente; gastador, esperdiçador; perdulário, dissipador; esbanjador: pródigo em excesso, deu cabo do seu e de muito alheio.
Prodigalidade Tendência particular da pessoa para despesas injustificadas e ruinosas, a qual pode conduzir, através de processo jurídico, a uma situação de incapacidade de exercício.
3. Resumo do Texto Bíblico
A parábola é introduzida com estas palavras: "Costumavam aproximar-se de Jesus os publicanos e os pecadores para escutá-lo. E os fariseus e os escribas murmuravam entre si: ‘Esse acolhe os pecadores e come com eles’. Então Jesus lhes disse esta parábola": (Lucas, 15, 11-32)
Um pai de família tinha dois filhos. O mais novo pediu-lhe parte da herança que lhe cabia. Tão logo a obtém, desloca-se para um país distante, gastando-a luxuriosamente. Sem um vintém no bolso, foi obrigado a trabalhar na roça e cuidar dos porcos. Nesse estado, sente até vontade de comer as lavagens que eram dadas aos porcos. Tem, contudo, um insight: pensa em voltar ao lar paterno, para pedir perdão ao seu pai. Foi o que fez.
Aproximando-se da antiga propriedade, é recebido pelo seu pai que, para comemorar o evento, manda preparar-lhe uma festa. Não pergunta sobre os motivos do retorno; apenas é movido pelo seu sentimento de compaixão.
Nos preparativos da festa, o outro filho, que estava labutando na fazenda, chega e indaga sobre a razão de tal festividade. Informam-lhe que é por causa da volta do seu irmão. A notícia deixou-o transtornado. Em seguida, parte para um confronto com o seu pai, dizendo-lhe: "O senhor nunca permitiu que eu matasse um novilho para que eu pudesse festejar com os meus amigos, mas o está fazendo para o filho que se prostituiu na vida".
"Então o pai lhe disse: Filho, você está sempre comigo, e tudo o que é meu é seu. Mas, era preciso festejar e nos alegrar, porque esse seu irmão estava morto, e tornou a viver; estava perdido, e foi encontrado".
4. O Filho Pródigo
4.1. País Longínquo
O país longínquo representa o estado de alma daqueles que não querem ouvir a voz da consciência, a voz de Deus. São as pessoas que optam por ficar distante das recriminações e admoestações de seus pais, pensando que adquirirão a perfeita liberdade. Agradam-lhe o a luxúria, a riqueza e o poder. Por isso, refocilam-se no vício.
4.2. Comer Lavagem dos Porcos
Desprovido dos conselhos paternos, o filho acaba na indigência. Transpassado para o campo da alma, é o vazio, a distância para com os ensinamentos morais, os avisos salutares. Os porcos representam as paixões desordenadas, a carência de virtudes. Daí, sua queda e submissão ao maligno. A misericórdia de Deus, porém, nunca falta: há sempre uma esperança, um despertamento para o retorno às leis naturais. "Então, caindo em si, disse: Quantos empregados do meu pai têm pão com fartura, e eu aqui, morrendo de fome... Vou me levantar, e vou encontrar meu pai, e dizer a ele: Pai, pequei contra o céu e contra ti. Já não mereço que me chamem teu filho. Trata-me como um dos teus empregados. Então se levantou, e foi ao encontro do pai".
4.3. Volta ao Lar Paterno
O sofrimento, longe do aconchego familiar, era tamanho que o abateu um arrependimento profundo. Pensou: lá, os empregados de meu pai têm comida e bebida, e eu aqui, estou morrendo de fome. Tomarei uma decisão e voltarei para o meu pai. Este insight é uma espécie de aviso espiritual, pois os benfeitores do espaço aproveitam todas as oportunidades para despertar as almas caídas, pois querem a nossa salvação e não a nossa ruína.
5. O Pai
5.1. Compaixão
A ideia central desta parábola é salientar a compaixão do pai, no caso Deus, o criador do universo. Deus está sempre pronto a ouvir qualquer um de seus filhos, mesmo aquele que, movido pela sua ignorância, acabou chafurdando nas trevas. Contudo, basta uma chispa de arrependimento sincero, que Ele já está prestes a nos receber em seus braços.
5.2. A Festa
A festa lembra-nos de uma outra passagem evangélica: "Haverá mais alegria no céu por um pecador que se converta que por noventa e nove justos que não tenham necessidade de conversão". O pai ficou contente com a volta do filho; para festejar, ofereceu-lhe o que há de melhor: a túnica, que representa a recompensa do perdão; o anel, o objeto de distinção; o calçado, a liberdade, pois os escravos não usavam calçados.
5.3. A Matança do Novilho
Os judeus muito raramente usavam a carne; deixavam-na para as grandes solenidades. Para o pai, a volta do filho pródigo é um motivo sobejamente solene, pois preenche o seu coração entristecido por longos anos. Quantas noites mal dormidas, quantas preocupações, quantas agonias não lhe perpassaram pela cabeça, pois nunca mais tivera notícia de seu filho. A sua volta é como ter um novo filho, uma nova experiência paternal, por isso o banquete.
6. O Filho que Ficou
6.1. Responsabilidade ou Comodidade?
Não se arriscar na vida é comodidade ou responsabilidade? O filho mais velho preferiu ficar para cuidar, juntamente com pai, da propriedade. É preciso verificar o móvel desta ação. Se o fez por obediência à sua consciência, ao seu dever, estará cumprindo a sua missão nesta vida. Se o fez por medo da aventura, dos riscos da vida, a sua missão estará comprometida. Para o nosso progresso espiritual, o mar alto das grandes provações tem mais valor do que passar uma vida inteira na comodidade.
6.2. Egoísmo
O Espírito Emmanuel, no capítulo 98 de Palavras de Vida Eterna, compara o filho mais velho a um censor: "Ele observa a alegria paternal, abraçando o irmão recuperado; entretanto, reprova e confronta. Procede como quem lastima o dever cumprido, age à feição de um homem que desestima a própria nobreza". Não percebe que a festa em nada diminuirá o que já possui. Em realidade, perde-se num misto de crueldade e carinho, sombra e luz. Ainda: "Deseja o pai somente para si, a fazenda e o direito, o equilíbrio e a tranquilidade somente para si".
6.3. As Sombras do Rancor
Quando alguém não reclama, na geme, todos à sua volta acham que não tem problema algum. É o caso do filho mais velho. Até o irmão retornar, tudo lhe corria a contento, sendo o queridinho do pai, inclusive com a possibilidade de herdar toda a propriedade, caso seu progenitor viesse a falecer. Ninguém percebia as suas sombras egoístas. Bastou, porém, uma modificação no seu quadro externo, que vociferou toda a sua mágoa, todo o seu rancor, todo o seu egoísmo. Daí, a veracidade do: "não há nada oculto que não venha a ser conhecido". Mais cedo ou mais tarde, o mundo toma conhecimento de nossos méritos e deméritos.
7. Conclusão
Em cada parábola, tenhamos mente o seu poder de despertamento. Nesse caso, esse poder está associado à compaixão que todo o pai deve ter para com os seus filhos, sejam bons ou ruins. Lembremo-nos de que a paternidade também é uma missão.
São Paulo, julho de 2009.
(https://sites.google.com/view/palestraespirita/par%C3%A1bola-do-filho-pr%C3%B3digo?authuser=0)